Mitos e enganos olímpicos

POR GERSON NOGUEIRA

Os atletas brasileiros estão se comportando nas Olimpíadas absolutamente dentro das expectativas para um país que não é potência olímpica. Alguns lamentam e reclamam, sempre de quatro em quatro anos. Nos três anos de intervalo, os críticos olímpicos ignoram a necessidade de apoio a políticas públicas direcionadas ao esporte.

Quando se observa que o programa Bolsa Atleta existe há apenas 20 anos – foi instituído em 2005, no primeiro governo Lula –, é possível ter a exata dimensão do pouco que o esporte olímpico teve antes disso.

Da atual equipe brasileira nos Jogos de Paris, formada por 277 atletas, 247 fazem parte do Bolsa Atleta e 77 do Bolsa Pódio, programa instituído no governo de Dilma Rousseff em 2013. E há quem reclame, desavisadamente, como o desinformado apresentador Marcos Mion.

Com ar choroso, ele gravou um vídeo lamentando que os atletas brasileiros se desculpem após insucessos nas Olimpíadas. Afirma, enganosamente, que a média de ganhos de um atleta olímpico no Brasil é de R$ 2 mil – o Bolsa Atleta paga, em média, mais de R$ 6 mil.

As emissoras de TV que transmitem competições costumam omitir essa ajuda exponencial que o governo federal dá aos atletas. Parece proposital, por várias motivações e interesses, o que acaba gerando uma cadeia de ignorância acerca das fontes de apoio ao esporte no país.

Os próprios atletas silenciam sobre as bolsas que recebem, talvez pelo receio de dificultar a captação de patrocínios junto às empresas, embora a Lei 12.395/11 permita que tenham outros patrocínios, o que propicia que consigam mais uma fonte de recurso para suas atividades.

Sob o governo Lula, em 2023, as bolsas tiveram expressivo reajuste depois de quatro anos de congelamento na gestão de Jair Bolsonaro, que também extinguiu o Ministério do Esporte, cancelou o edital do Bolsa Atleta e vetou auxílio emergencial para atletas durante a pandemia de Covid-19.

Pela tabela atual da Bolsa Atleta, os atletas olímpicos recebem entre R$ 3.437,00 a R$ 16.629,00, dependendo do nível de desempenho e das chances de conquista olímpica em cada modalidade.

Ganha mais quem tem melhores resultados a apresentar ao longo da carreira. Desde que a categoria Pódio foi incorporada ao Bolsa Atleta, em 2013, foram beneficiados 815 atletas, com 2.605 bolsas concedidas, configurando um investimento de R$ 347 milhões.

É, portanto, um suporte expressivo e raro, que nem todos os países concedem. Claro que muito ainda precisa ser feito, inclusive quanto à mudança de mentalidade e investimentos, mas é desonesto negar o que já existe em termos de apoio aos atletas.  

Medina, Marta e as pachecadas da mídia brazuca

A cena de Marta dando pontapé na cabeça de uma adversária, ontem, no jogo entre Brasil e Espanha, chocou não apenas pela violência do lance, mas pelo posicionamento da camisa 10 no time brasileiro. Ela estava na defesa, dando chutão e ajudando a enfrentar o bombardeio espanhol.

O time de Artur Elias parecia uma equipe de 3ª divisão enfrentando um time de primeira linha. E olha que a Espanha estava poupando várias titulares. Enquanto o Brasil passava maus pedaços, a mídia reagiu com condescendência, passando pano para a ruindade da seleção.

A crítica é fundamental quando exercida construtivamente, mas é deletéria quando é substituída pelo elogio gratuito e despropositado. Depois da partida, uma mesa-redonda na ESPN se dedicou a relativizar o fracasso, deixando de dimensionar a importância do torneio olímpico.

Afinal, daqui a três anos, tem uma Copa do Mundo no Brasil. Portanto, é legítimo cobrar evolução técnica de um time que tem sido tratado como prioridade. Há investimentos e estruturação da modalidade, o que inclui os certames estaduais e nacionais.

Narradores, repórteres e comentaristas adquiriram um cacoete que muitas vezes atrapalha, pelo excesso de oba-oba. Começou com o voleibol, cujos times sempre foram tratados com infantilismo adulatório. “Meninas e meninos do vôlei”, gritava Galvão Bueno lá nos primórdios.

Aos berros, os locutores seguem tratando veteranos desse mesmo jeito, prática que se estende ao futebol feminino, mesmo que Marta já tenha 38 anos. Judô, natação e surfe não merecem o mesmo tratamento. Justo seria acriançar apenas as equipes de ginástica rítmica e skate.

São ganchos que buscam agradar um público receptivo a esses truques apelativos. O problema é que alguns atletas parecem incorporar essa síndrome de Peter Pan, com efeitos quase sempre nocivos.

Sorte de Gabriel Medina, protagonista da cena mais icônica das Olimpíadas até agora, pairando sobre as ondas da Polinésia Francesa com o dedo para cima. Pouco badalado, faz uma Olimpíada de altíssimo nível. O mesmo vale para o mesatenista Hugo Calderano, que avançou às quartas, sem ser zicado pela turma do pachequismo midiático.

Fogueira de vaidades contamina ambiente no Papão

Coincidência ou não, bastou uma derrota em casa para que o ambiente interno do PSC se revelasse um autêntico paiol de pólvora. O primeiro sinal foi dado pelo lateral Edilson, que após o jogo com o Novorizontino disse que, para voltar a vencer, o Papão precisa resolver “problemas internos”.

Horas depois, surgiu a informação de que o técnico Hélio dos Anjos teria procurado a diretoria para pedir a saída do executivo Ari Barros, na base do “ou eu ou ele”. Não seria a primeira vez. Em 2020, Hélio entrou em choque com o então executivo Felipe Albuquerque.

Presidente à época, Ricardo Gluck Paul criticou a postura do treinador e decidiu demiti-lo, prestigiando Albuquerque. Hélio saiu disparando contra o executivo e o próprio mandatário do clube.

Nesse retorno ao Papão, Hélio não havia tido nenhum conflito sério, mas a desavença com Ari Barros chega no pior momento possível, após uma sequência de duas derrotas e antes de dois compromissos difíceis na Série B, contra Vila Nova (fora) e Santos, em Belém.

A diretoria tem a obrigação de agir para estancar o problema. Não se pode esquecer que, em meio à fogueira de vaidades, só quem tem a perder é o clube.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 01)

Rock na madrugada – Fleetwood Mac, “Oh Well”

POR GERSON NOGUEIRA

Registro do Fleetwood Mac da era Peter Green em apresentação ao vivo no programa “Monster Music Mash”, da rede BBC, em 1969. Apesar do sucesso junto aos roqueiros mais devotos – Slash acaba de gravar um cover da canção em seu novo disco solo -, “Oh Well” não estourou como merecia. Pertence à seleta galeria do blues-rock, quase no mesmo nível de “Black Dog”, clássico do Led Zeppelin.

Festejado guitarrista, Peter Green foi fundamental na chamada primeira encarnação do Fleetwood Mac, mas teve a carreira abreviada pelo consumo de drogas e problemas sérios de saúde. Para parte da mídia inglesa, Green foi o melhor guitarrista britânico dos anos 1960 – e ele foi contemporâneo da trinca Eric Clapton/Jimmy Page/Jeff Beck.

BB King, lenda do blues, afirmou certa vez que Green “tem o tom mais doce que eu já ouvi. Ele foi o único que me fez suar frio”. Mick Fleetwood, em entrevista à Associated Press, disse que Peter Green merece a maior parte do crédito pelo sucesso da banda.

“Peter foi perguntado por que batizou a banda de Fleetwood Mac. Ele disse: ‘Bem, você sabe que eu pensei que, talvez, eu continuasse em algum momento e queria que Mick e John (McVie) tivessem uma banda’. Fim da história, que explica o quão generoso ele era”, contou Mick, que também descreve Green como um grande virtuose da guitarra.

Green era tão fundamental para a banda, que nos primeiros anos era chamada de Peter Green’s Fleetwood Mac. Um pouco antes, em 1966, substituiu Clapton no Bluesbreakers de John Mayall e depois seguiu carreira com o Mac. Em 1971, deixou a banda após aprofundar os problemas com drogas. Em 1977, foi internado numa clínica psiquiátrica. Morreria, aos 73 anos, em julho de 2020.

O Fleetwood Mac sobreviveu muito bem sem ele, sob a liderança de Mick e John McVie. Mudou de estilo e flertou com o country rock e até com o som progressivo, sempre com muito sucesso.

Venezuela: espírito da Lava Jato baixou na mídia

Mídia se baseou em apenas uma prova, tão duvidosa quanto uma delação da Lava Jato: uma pesquisa da Edison Research

Por Luis Nassif

Não adianta. Nos momentos decisivos, entre fazer jornalismo ou fazer política, a mídia não vacila: e vê-se novamente o estupro do jornalismo pela política.

Shakespeare tem um poema clássico, “O estupro de Lucrécia”, a casta Lucrécia, por Tarquínio, o último rei de Roma. Para criar um fato político que derrubasse o cruel e sanguinário Tarquínio, Lucrécia se suicida. E o clamor popular derrubou Tarquínio, o Soberbo, o último rei de Roma.

A única diferença do caso venezuelano, é que a Lucrécia local, Maria Corina Machado, está longe das virtudes da castidade.

Vamos aos precedentes:

  1. A oposição venezuelana é dominada pela ultradireita. Tem ultradireita histórico golpista, como se testemunhou a tentativa frustrada de derrubada de Hugo Chávez e da entronização, na presidência do país, de Guaidó, o breve.
  2. A ultradireita mundial tem histórico de levantar dúvidas sobre as eleições que perde, para fomentar a revolta popular. Vide caso Trump, Bolsonaro e Aécio Neves.
  3. Por sua vez, o regime de Maduro se sustenta no Exército e em forças populares. E está longe de ser um modelo de governança

Ontem, no programa TVGGN 20 horas, no canal do GGN no Youtube, entrevistamos a jornalista Vanessa Martina Silva, que estava em Caracas e acabara de fugir de manifestações violentas estimuladas por Maria Corina. Segundo ela, a fúria dos manifestantes faria 8 de Janeiro parecer uma festa.

Sobre o sistema eleitoral venezuelano, diz ela:

  1. Há um fiscal da oposição em cada seção.
  2. Os votos são impressos, facilitando a conferência pelos fiscais.
  3. Depois da contagem, há uma ata, assinada por todos os fiscais.

Portanto, há condições objetivas de conferir se houve fraude ou não.

Até agora, a frondosa árvore de releases da mídia se baseou em apenas uma prova, tão duvidosa quanto uma delação premiada da Lava Jato: uma pesquisa da Edison Research, empresa especializada em monitoramento de redes sociais que se enveredou por pesquisas de boca de urna. Seu histórico é de 6 países: Azerbaijão, Iraque, República da Geórgia, Taiwan, Ucrânia e Venezuela, não por coincidência países de interesse geopolítico direto dos Estados Unidos. A pesquisa apontou a vitória da oposição por inacreditáveis 65 x 35. E só.

Não há um dado mais para comprovar a fraude. Houve um atraso na divulgação dos mapas, segundo a Venezuela, devido a um ataque hacker externo. Mas basta a apresentação dos mapas para se comprovar se houve ou não fraude.

No entanto, todos os veículos soltaram editoriais taxativos, tratando a fraude como fato consumado. Restou a voz do bom senso do ex-embaixador Marcos Azambuja, ouvido por algum canal, que ponderou o óbvio: só vai se saber se houve fraude quando houver a conferência dos mapas. Até lá, um mínimo de precaução antes de qualquer opinião.

Presidente da Alepa participa de reunião do BID com governador do Pará e líderes internacionais

O deputado Chicão (MDB), presidente do Poder Legislativo do Pará, participou de uma reunião com lideranças internacionais no sábado (21), no Museu Emílio Goeldi, em Belém. O encontro marcou o primeiro aniversário do programa Amazônia Sempre, iniciativa estratégica articulada pelo Grupo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID). O evento contou com a participação do governador Helder Barbalho; da secretária do Departamento do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen; e do presidente do BID, Ilan Goldfajn.

O presidente da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) acredita que Belém vive um momento de oportunidades únicas de transformação, que ultrapassam as fronteiras territoriais e trarão benefícios para toda a Amazônia. Nesse contexto, o deputado destacou a relevância da colaboração entre as diferentes esferas de governo e a iniciativa privada nacional e internacional, enfatizando a necessidade de políticas públicas integradas e de longo prazo para a região. “Este encontro reflete nosso compromisso coletivo com um futuro sustentável para a Amazônia, onde conservação ambiental e desenvolvimento econômico andam juntos”, afirmou.

O chefe do Executivo estadual, Helder Barbalho, ressaltou a importância da escolha de Belém para o aprofundamento das discussões voltadas para a sustentabilidade, inclusive durante reuniões do G20. O governador agradeceu também a parceria com o BID e o apoio dispensado aos estados da Amazônia, em especial ao Pará, e reforçou a importância do financiamento climático mundial para garantir o futuro do planeta. Helder fez, ainda, um apelo aos Estados Unidos, para que se engaje diretamente e lidere os financiamentos climáticos. “A solução passa por um aporte relevante e histórico na Amazônia, pois investir aqui é investir no futuro de toda a humanidade, de todos os continentes, de todo o planeta”.

Já o presidente do BID discursou sobre as iniciativas do programa Amazônia Sempre, que em um ano aumentou de US$ 1 bilhão para US$ 4,2 bilhões em recursos investidos na região, um aporte de cerca de R$ 25 bilhões. “O BID está comprometido em apoiar o Pará, o Brasil e a Amazônia. Estamos presidindo os bancos de desenvolvimento e vamos divulgar metas conjuntas com os bancos para a COP 30”, declarou Ilan Goldfajn.

Por fim, Janet Yellen ressaltou a importância das reuniões e debates, das estratégias de financiamento e do estabelecimento de metas para os desafios enfrentados pelas comunidades locais. Ela destacou, ainda, a necessidade de articulação dos bancos para investimento e suporte a países em desenvolvimento, e a contribuição dos Estados Unidos para iniciativas de preservação ambiental na região. Janet garantiu o apoio contínuo ao programa Amazônia Sempre.

Programa Amazônia Sempre

A iniciativa do BID tem como o objetivo de ampliar o financiamento, compartilhar conhecimento estratégico para os tomadores de decisões e aumentar a coordenação regional para acelerar o desenvolvimento sustentável, inclusivo e resiliente da região amazônica. O programa conta com a parceria com governos locais, bancos e outros organismos internacionais. Durante a sessão pública, foram apresentados os valores já investidos, as novas estratégias para enfrentar questões cruciais como desmatamento ilegal, transição energética e redução das emissões, e novos aportes voltados ao desenvolvimento econômico sustentável e à conservação ambiental na Amazônia.

A frase do dia

“Não há comprovação dos resultados anunciados pelo CNE nem provas de que houve fraude. Quando (e se) os boletins forem divulgados poderá haver clareza sobre isso. Mas um bando de jornalistas já agasalhou o discurso da direita como se fosse verdade absoluta. Isso não é jornalismo”.

Hélio Doyle, jornalista

Saiba como se vota na Venezuela

Por Álvaro Nascimento (*)

  1. Só após o chavismo chegar ao poder as eleições na Venezuela passaram a contar com Justiça eleitoral (não havia antes), cadastro de eleitores (não havia antes), circunscrições eleitorais (não havia antes) de modo a impedir fraudes. Até então, os eleitores tinham seu dedo polegar marcado com tinta (que deveria durar dias no dedo de cada um) para evitar que votasse de novo!
  2. A maior prova de que as eleições venezuelanas são limpas reside no fato da oposição ter conquistado maioria no parlamento em 2015, além de Nicolás Maduro ter vários governadores e prefeitos eleitos que se colocam publicamente contra seu governo. Parlamento, governadores e prefeitos estes que lhe fazem renhida oposição 24 horas por dia em todos os campos. Só lembrando, Maduro venceu as eleições de 2013 (após a morte de Hugo Chávez) com 50,61% dos votos contra 49,12% de Henrique Capriles, governou com minoria no parlamento e se viu obrigado a negociar diariamente com a oposição cada medida de governo que necessitaria de aprovação parlamentar. Isso nos lembra de alguma conjuntura, digamos, “más cerca”? Se as eleições fossem fraudadas, Maduro abriria mão de maioria parlamentar, apoio de vários governadores e de prefeitos de cidades importantes a troco de que?
  3. Nas eleições deste 28 de julho, Maduro enfrentou outros nove candidatos a Presidente tentando impedir, nas urnas, sua reeleição. Vale a pergunta: todos estes nove seriam “amigos de Maduro” e contariam com o seu beneplácito, concorrendo em eleições fraudulentas? Raciocinemos: as eleições na Venezuela são realizadas em um único turno. Logo, aquele que recebe mais votos na “primera vuelta” toma posse para um mandato de seis anos. Sendo claro que há candidatos que são ferrenhos opositores históricos do chavismo, porque Maduro cometeria a idiotice de lançar candidatos “simpáticos” a ele, se suas presenças na corrida presidencial só faria diminuir os seus próprios votos, abrindo espaço para a vitória da oposição?
  4. Sobre as eleições “fraudulentas”, os eleitores venezuelanos votam em urnas eletrônicas semelhantes às brasileiras em quase tudo, menos num quesito. Lá o sistema imprime – e entrega ao eleitor quando ele ainda está no interior da cabine eleitoral – um comprovante de votação após a digitação e inserção de seus candidatos no sistema eletrônico. Com o comprovante do voto na mão com a descrição de seus candidatos, cada eleitor, então, confere se o seu voto foi registrado de forma correta pelo sistema, deixa a cabine e deposita este comprovante em uma urna física, para eventual recontagem dos votos. Onde estaria localizada exatamente a fraude apontada pela mídia imperialista se tanto o sistema eletrônico como o comprovante impresso asseguram a inviolabilidade e eventual recontagem dos votos? Ainda sobre este sistema, o Conselho Nacional Eleitoral diz que a Venezuela “é o primeiro país do mundo a adotar esse tipo de mecanismo”, o que é feito há mais de 20 anos, desde 2003, tendo sido fiscalizado em cada pleito por vários organismos internacionais. É famosa a declaração do insuspeito ex-Presidente estadunidense Jimmy Carter atestando a correção e a legalidade dos pleitos venezuelanos: “O processo eleitoral na Venezuela é o melhor do mundo”.
  5. Em relação à ex-deputada ultraliberal María Corina Machado vale esclarecer que ela teve a candidatura vetada pela Justiça Eleitoral meses atrás por estar inabilitada a ocupar cargos públicos por 15 anos por seu apoio a tentativas de golpes contra a democracia venezuelana. Entre outros fatos gravíssimos, ela foi apoiadora inconteste das manifestações violentas quando, anos atrás, até bazucas foram usadas pela extrema direita para explodir e incendiar prédios de ministérios da área social. Além disso, a ex-deputada respondeu a processo no Tribunal Superior de Justiça (TSJ) venezuelano (iniciado em 2015) por “inconsistência e ocultação” de ativos na declaração de bens que ela deveria ter apresentado à Controladoria-Geral da República (CGR) enquanto foi deputada na Assembleia Nacional (2011-2014). A CGR confirmou, em 2023, que María Corina estava inabilitada para ocupar cargos públicos por 15 anos, apresentando novas provas ao processo. Por isso ela está inabilitada. Uma outra Corina (a Yoris) foi escolhida para concorrer em seu lugar, mas não se inscreveu no prazo legal alegando problemas no site do Conselho Nacional Eleitoral (o TSE deles), sendo que todos os demais nove candidatos de oposição a Maduro se inscreveram. Perguntada do porquê não foi pessoalmente à sede do Conselho se inscrever (há esta opção) ela declarou que não sabia ser possível fazê-lo. Na verdade, o partido dela sequer estava habilitado segundo as regras eleitorais a que todos os demais estão submetidos, como em qualquer país do mundo, inclusive no Brasil. Onde está, portanto, o tal “golpe” na oposição? O que há é um “show” mal produzido da mídia imperialista em relação a um fato tão ridículo quanto aquele que fez nações submetidas ao império considerar, anos atrás, Juan Guaidó Presidente da Venezuela. Guardadas as devidas proporções, o veto a María Corina Machado na Venezuela se assemelharia à situação criada no Brasil caso Jair Bolsonaro, inelegível por Lei e por decisão do nosso TSE por tudo o que fez, tentasse se inscrever para concorrer às eleições presidenciais de 2026. Aos progressistas que eventualmente achem que é atestado de falta de democracia o veto à Corina na Venezuela, vale o velho ditado de que “pimenta nos olhos dos outros é refresco”.
    Para além das questões relativas ao formato e legalidade das eleições, vale lembrar que a Venezuela e nada menos de 718 de seus dirigentes são, hoje, um país e um conjunto de autoridades bloqueados tanto pelo império estadunidense como por vários países a ele aliados, através de centenas de absurdas sanções. O mesmo ocorre com mais de 150 empresas venezuelanas e navios petroleiros. Estas 718 autoridades tiveram revogados os seus vistos de entrada em países subordinados aos ditames imperialistas. Além disso, a Venezuela teve roubadas todas as suas reservas internacionais depositadas em bancos europeus e teve embargados desde compra de armas ao acesso a seguro obrigatório de seus petroleiros, de forma a evitar que cruzassem tanto águas internacionais como a de outros países, na tentativa imperialista de impedir que comercializasse seu petróleo. Estas sanções obrigaram a Venezuela a navegar com navios próprios sob bandeira russa. O maior petroleiro venezuelano, o “Ayacucho”, precisou ser “rebatizado” com o nome de “Máximo Gorki” para poder acessar uma seguradora internacional.
    Nunca será demais ressaltar que mesmo sob tantos ataques patrocinados pelo império estadunidense (cuja preocupação obviamente não é o bem estar dos venezuelanos, mas sim o petróleo, que faz com que a Venezuela seja o país com maiores reservas no planeta) a democracia venezuelana é um exemplo para o mundo.

(*) Jornalista, doutor em Saúde Pública pelo Instituto de Medicina Social da Uerj.

Mal das pernas, Papão cai em casa

POR GERSON NOGUEIRA

O PSC perdeu a chance de se aproximar do bloco de cima da classificação e, de quebra, viu ruir a invencibilidade de 12 meses na Curuzu. O algoz foi o Grêmio Novorizontino, cirúrgico no aproveitamento de oportunidades e na exploração das falhas do time bicolor. A segunda derrota seguida liga o alerta no Papão. O baixo rendimento já havia se manifestado na partida anterior, diante do Brusque.

A partida foi movimentada, com troca de ataques nos primeiros momentos, mas com o Novorizontino sempre melhor posicionado em campo. Com três zagueiros, o time se postou no meio-campo sem permitir muito espaço para Cazares. Apesar disso, o meia equatoriano foi o primeiro a arriscar um chute perigoso.

Com mais precisão nos passes, o Novorizontino logo assumiu o controle da partida. Saía de seu campo em alta velocidade, com lançamentos longos buscando Neto Pessoa e Rodolfo dentro da área do PSC, causando sempre problemas à defensiva bicolor.

A marcação adiantada provocava seguidos erros dos zagueiros e dos volantes do Papão. O atacante Rodolfo perdeu uma grande chance ao receber cruzamento da direita. Finalizou junto à pequena área, mas a bola saiu à esquerda da trave.

Nicolas, que era a esperança de um ataque mais consistente, entrou em campo, mas saiu logo aos 18 minutos, em consequência da contusão sofrida no jogo anterior, contra o Brusque. Ruan Ribeiro entrou em seu lugar.  

E foi Ruan que deu a única alegria da noite à torcida. Aos 33 minutos, ele recebeu um presente do goleiro Jordi, que se atrapalhou ao tentar bater o tiro de meta. Ruan pressionou, ganhou a disputa e tocou a bola para o fundo das redes. A vantagem não fazia justiça à melhor atuação do Novorizontino, mas deu novo ânimo ao Papão.

A reação do Novorizontino não tardou. Nos instantes finais do 1º tempo, em rápida escapada pela esquerda, Rodolfo entrou na área e driblou Wanderson. Como último recurso, o zagueiro derrubou o atacante. Pênalti. O VAR revisou e confirmou. Rodolfo bateu rasteiro e empatou.

Depois do intervalo, o PSC voltou mais ágil e adiantou suas linhas, buscando o segundo gol. Aos 12 minutos, Cazares cobrou falta e a bola bateu no peito e no braço do zagueiro Luizão, após desvio de Rafael Donato. O VAR levou quase 10 minutos para revisar. O árbitro foi chamado na cabine e decidiu não dar o pênalti.

Aos poucos, o Novorizontino reequilibrou as ações e voltou a impor um jogo de transição rápida. A defesa do PSC continuou intranquila, rebatendo bolas e sem conseguir acertar a saída. João Vieira, que voltou à equipe, fez uma de suas piores atuações, errando muitos passes.

Apesar de melhor, o Novorizontino não criava chances claras. Voltou a ameaçar aos 34 minutos, com um chute que passou à direita da trave de Diogo Silva. Quatro minutos depois, a casa caiu.

Lucca, que havia acabado de entrar, foi lançado entre os zagueiros após erro de Paulinho Boia. Fez uma finta sutil e mandou um chute certeiro no ângulo esquerdo. Um golaço. Virada paulista na Curuzu.

Só então o técnico Hélio dos Anjos resolveu trocar peças. Lançou Robinho, Juninho e Esli Garcia nas vagas de Cazares, Paulinho Boia e Jean Dias. O efeito da mudança foi mínimo, pois o Novorizontino se fechava bem.

O tiro de misericórdia veio aos 51 minutos. João Vieira deu um passe torto e a bola chegou a Waguininho, que foi levando até a entrada da área sem receber combate. Diante de dois zagueiros, ele encontrou espaço para encaixar um chute no canto direito, sem defesa para Diogo Silva.

A última derrota na Curuzu tinha ocorrido em julho de 2023 diante do Brusque, também por dois gols de diferença. O revés de ontem marca a primeira sequência de duas derrotas consecutivas nesta Série B.

Veterano chega ao Remo com status de titular

Aos 37 anos, o andarilho Bruno Silva tem mais de 20 clubes no currículo. Passou pelas Séries A, B, C e D. Foi um volante eficiente, há 10 anos. Nos últimos tempos, vem espaçando as participações e reduzindo a quantidade de jogos. Passou o semestre parado, voltou a jogar em maio, pelo Paraná Clube.

Mesmo assim, desembarcou no Baenão com status de titular. O técnico Rodrigo Santana, que indicou a contratação, fez rasgados elogios a ele. Lembrou que é um jogador que tem perfil de líder dentro e fora de campo, o que pode ser útil ao combalido estado emocional do Remo.

Pode ser. A questão é que restam quatro jogos na fase de classificação.  Bruno Silva deve entrar já na partida diante da Aparecidense, na próxima segunda-feira, no Mangueirão. Sua chegada provoca uma rearrumação do setor de meio-campo.

Pavani deve ser seu parceiro à frente da zaga. Jaderson será liberado para as ações ofensivas, ao lado de Ytalo e o incrível Cachoeira, a nova descoberta de Santana para o ataque.

Surfe encanta com manobra espetacular de Medina  

O tricampeão mundial Gabriel Medina teve a participação mais brilhante entre as disputas individuais envolvendo brasileiros nos Jogos Olímpicos. Ele venceu sua eliminatória, superando Kanoa Igarashi, seu algoz nos Jogos Olímpicos de Tóquio, e conquistou um 9.90 espetacular.

Nas águas desafiadoras da Polinésia Francesa, Medina surfou uma onda quase perfeita e saiu de um tubo mostrando a nota 10 com as mãos. Não foi atendido pelos juízes, mas recebeu um impressionante 9.90, a maior nota já obtida no surfe olímpico. A manobra impressionante motivou um salto de comemoração sobre as ondas, que viralizou nas redes sociais.

O próximo rival de Gabriel Medina será o compatriota João Chianca. Com isso, um brasileiro já está na semifinal da competição. Por conta do mar agitado e a possibilidade de adiamento da prova feminina, as quartas de final devem acontecer nesta terça-feira.

Com poucos destaques brasileiros na Olimpíada, além de decepções no skate e na natação, Medina desponta como a primeira possibilidade real de uma medalha de ouro.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 30)

Papão joga mal, toma virada e perde invencibilidade dentro da Curuzu

A longa invencibilidade do PSC na Curuzu terminou na noite desta segunda-feira. O Novorizontino ganhou, de virada, por 3 a 1 e jogando muito melhor do que o time da casa. O começo foi equilibrado, com ligeira superioridade dos paulistas, que perderam chances com Neto Pessoa e Rodolfo, mas quem chegou ao gol foi o Papão. Aos 33 minutos, Ruan Ribeiro – que substituiu Nicolas – botou pressão no goleiro Jordi, ficou com a bola e tocou para o fundo do barbante. O gol incendiou a Curuzu e amofinou o Novorizontino por alguns minutos.

Sempre explorando os contra-ataques e lançamentos longos, o Novorizontino voltou a ameaçar e acabou chegando ao empate ainda no 1º tempo. Rodolfo foi lançado pela esquerda, driblou Wanderson na área e foi derrubado. O pênalti foi confirmado pelo VAR e o próprio Rodolfo converteu.

O melhor momento do Papão na partida foi nos primeiros minutos da segunda etapa. Com Juan Cazares, aos 8 minutos, os bicolores chegaram com perigo. A pressão continuou e, aos 12′, uma bola cruzada na área resvalou no zagueiro e o lance foi para revisão. Após 8 minutos de espera, o árbitro foi chamado no monitor, mas não deu a penalidade.

Os times foram modificados, mas aos 38′ o Novorizontino chegou ao segundo gol. Lucca, que havia entrado há poucos minutos, recebeu uma bola de Waguininho entre os zagueiros e mandou um chute no ângulo esquerdo de Diogo Silva: 2 a 1 no placar.

O Papão ficou desarvorado, errando passes e tentando empatar de qualquer maneira. Frio e objetivo, o Novorizontino avançou rápido pela direita e a bola chegou a Waguininho, que disparou um chute certeiro, aos 50′, fechando a contagem. Com a derrota, o PSC segue em 14º lugar, ameaçado de perto pelo Amazonas, que tem um jogo a menos. O Novorizontino chegou ao segundo lugar na classificação.