Projetos voltados para educação e garantia de direitos às Mulheres são aprovados na Alepa

Na Sessão Ordinária da Assembleia Legislativa (Alepa) desta terça-feira (25), que marcou o encerramento das atividades do primeiro semestre no Parlamento, os deputados aprovaram dois projetos de autoria do Poder Executivo. O primeiro institui no calendário oficial do estado uma campanha de conscientização; além disso, foram apreciados e tiveram parecer favorável dois pedidos de reconhecimento de Patrimônio Cultural de Natureza Material e Imaterial.

O Projeto de Lei de n° 263/2024, enviado pelo Poder Executivo, altera a Lei Estadual nº 8.847, de 9 de maio de 2019. A matéria dispõe sobre o Programa Estadual de Alimentação Escolar no Estado do Pará (PEAE), vinculado à Secretaria de Estado de Educação (Seduc) e foi aprovada por unanimidade. A segunda proposição (n° 353/2024), também de autoria do Poder Executivo, altera a Lei Estadual nº 9.594, de 16 de maio de 2022, que regula o Conselho Estadual dos Direitos das Mulheres e o Fundo Estadual dos Direitos das Mulheres.

Os Projetos de Lei de n° 508/2023 e de n° 829/2023, propostos pelos deputados Renato Oliveira (MDB) e Josué Paiva (Republicanos), declaram Patrimônio Cultural e Artístico de Natureza Imaterial do Pará a Semana da Pátria em Bragança e o Congresso da Paz de Santarém, respectivamente. Já o PL de n° 297/2020, de autoria do deputado Dirceu Ten Caten (PT), institui a Semana Estadual de “Combate ao Contrabando e Valorização da Legalidade”. As proposições seguem para sanção governamental.

Aprovado PL sobre concessão de abono aos profissionais do magistério da educação básica

A Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) aprovou, na manhã desta terça-feira (25), o Projeto de Lei nº 331/2024, de autoria do Poder Executivo, que dispõe sobre a concessão de abono aos profissionais do magistério da educação básica da rede pública estadual. A proposição é referente aos recursos a serem recebidos em razão de precatório judicial decorrente da complementação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef).

Em mensagem enviada à Casa de Leis, o Governo do Pará diz que o recebimento dos recursos obedece decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na Ação Cível Originária (ACO) n°718 (numeração única 0001364-79.2004.1.00.0000). Com o PL, fica determinado o repasse de 60% do valor principal a ser recebido pelo Estado aos profissionais do magistério da educação que estavam em efetivo exercício na rede pública estadual que ofertavam o ensino fundamental no período de 29 de abril de 1999 a 31 de dezembro de 2003.

A matéria em pauta recebeu votação contrária dos parlamentares Lívia Duarte (PSOL), Erick Monteiro (PSDB), Toni Cunha (PL) e Rogério Barra (PL). O deputado Wescley Tomaz (Avante) se absteve da votação. “Todo o recurso deve ser distribuído entre os professores que compõem todo o quadro da educação do Pará”, comenta o deputado Erick Monteiro.

Já o deputado Iran Lima (MDB), líder de governo na Alepa, disse que “o projeto segue uma lei federal aprovada em 2021 e que faz o regramento da distribuição dos recursos oriundos dos precatórios da diferença do FUNDEF. O governo do estado estabeleceu essa lei para fazer esse regramento.

Os professores terão que se habilitar para receber e já há um regulamento de como será feito isso”. O deputado completa sua fala dizendo que “o governo do Pará pagará os 60%, conforme decisão do Supremo Tribunal Federal”. Já os 40% serão utilizados em ações de manutenção e desenvolvimento do ensino, como reforma e manutenção de escolas, e renovação de mobiliário com equipamentos.

A proposta recebeu 11 emendas, sendo uma aditiva e 10 modificativas. Duas modificativas foram aprovadas. O debate da matéria foi acompanhado pelo secretário de Estado de Educação, Rossieli Soares.

O que esperar (ainda) de Neymar?

POR GERSON NOGUEIRA

Neymar marcou presença nas tribunas do estádio Sofi, em Los Angeles, para acompanhar a estreia do Brasil na Copa América, segunda-feira à noite. Parece pronto para desfilar e abrilhantar o mundo fashion. Sem previsão de voltar a jogar, sua presença reavivou questionamentos sobre sua real importância que tem para a Seleção.

A pífia atuação do Brasil contra a Costa Rica acentuou o debate a respeito do futuro de Neymar no escrete. Aos 32 anos, não há obstáculo para que volte a atuar como protagonista. As dúvidas se concentram no grau de competitividade e comprometimento com a busca por títulos.

Neymar passa a impressão, desde a Copa do Mundo de 2022, de que não tem interesse em alcançar conquistas pela Seleção. É como se hoje preferisse jogos de exibição, onde tivesse liberdade para mostrar todo o seu formidável repertório de dribles, sem maiores responsabilidades.

Justamente aí se estabelece o conflito. A torcida espera um Brasil capaz de se impor nas Eliminatórias Sul-Americanas, na Copa América e na Copa do Mundo de 2026. Um time historicamente vencedor não pode se contentar em ser mero coadjuvante, como nos últimos anos, justamente o espaço de tempo que se convencionou chamar de “era Neymar”.

Os atributos de Neymar são inegáveis. Coleciona passes, fintas e jogadas bonitas dignas dos grandes craques da era de ouro. Acontece que nunca ganhou uma Copa, como Pelé, Romário e Ronaldo, até porque teve o infortúnio de jogar pela metade em 2014, meia-boca em 2018 e pouco decisivo em 2022.

Ao mesmo tempo, o insucesso na Seleção foi acompanhado por decepções nas premiações de melhor do mundo. Entre 2012 e 2020, quando no apogeu, deixou-se levar pela indisciplina, a falta de foco e o desvio de prioridades. Passou a ser visto como mais um pagodeiro ilustre, envolvido com eventos de moda e baladas.

Muitos de seus defensores alegam que sofreu com dificuldades circunstanciais, como o azar de jogar em seleções “erradas” (ruins), o que é verdade, mas impõe questionamentos. Exemplo: Messi é o que é, apesar de ter jogado sempre em seleções fracas da Argentina, incluindo a atual.

Nos debates acalorados sobre Neymar nas redes sociais sempre aparece alguém para louvar um lado supostamente libertário e destemido, como o suposto ato de peitar a Globo, por exemplo. Na prática, representado pelo pai, ele bateu o pé para algumas imposições, mas não a ponto de estabelecer uma ruptura radical com a emissora.

As posições que adota, seja em relação à política ou ao meio ambiente, costumam ser equivocadas. Gente mais jovem do que ele – e mais vitoriosa –, como Mbappé, não se priva de manifestar opinião clara sobre os rumos de seu país. (Em entrevista sobre o Real Madrid, o francês conclamou os jovens de seu país a enfrentar a onda extremista de direita).

Hoje, mesmo na limitada Seleção de Dorival Júnior, Neymar teria pouco a acrescentar. Nas Eliminatórias, antes de se lesionar, foi um jogador mediano, de rendimento discreto. O fato é que o camisa 10 está mais para um boleiro talentoso que optou pelo legítimo direito de acumular fortuna.

Essa decisão pessoal leva a um caminho sem volta, o da irrelevância a médio prazo, o que é uma pena. Comporta-se hoje como um aposentado em permanente desfrute de férias nababescas – um direito dele.

Não deixa esperanças quanto ao futuro imediato. O papel de ídolo é cada vez mais contestado e ele não demonstra ter a intenção de reescrever a caminhada, como Ronaldo Fenômeno. Tende a passar para a história como exemplo de um monumental desperdício de talento e habilidade.

Netinho, a novidade que já estava dentro de casa

O PSC tem apresentado um inesperado “reforço”: Netinho, volante com vocações ofensivas e um poderoso chute de média distância. Depois de quase ter sido dispensado antes da Série C, chegando a ser sondado pelo rival Remo, ele tem sido lançado nos últimos jogos, sempre com muito destaque.

Foi assim contra o CRB, quando esteve perto de marcar, com dois chutes perigosos. Depois, veio o confronto com a Chapecoense e ele novamente marcou presença, desta vez com um tiro espetacular.

O volante entrou na 2ª etapa. Aos 35 minutos, o PSC tentava o gol de desempate e avançou suas linhas. Netinho recebeu uma bola na intermediária, penteou e driblou um marcador. Em seguida, acertou um disparo perfeito, no ângulo direito da trave de Cavichioli, sem defesa.

A característica de bater de fora da área é um trunfo de Netinho na carreira. Destaca-se porque a coragem de arriscar de longe é incomum entre jogadores brasileiros. Melhor para o Papão, que, além dele, tem outro especialista nesse tipo de jogada, o também volante Val Soares.

Surpresas, novidades e algumas decepções na Euro

A Eurocopa chega aos últimos jogos da primeira fase, mas já está consolidada a imagem de um torneio repleto de novidades e surpresas, como a Áustria e a Turquia. E algumas decepções, como Inglaterra e França, que se classificaram sem encantar.

Dos favoritos, somente a Espanha tem demonstrado qualidade e ambição para brigar pelo título. Venceu os três jogos iniciais e vai entrar fortalecida na fase de mata-mata. A Alemanha remoçada também pode fazer estragos, contando com o apoio da torcida.

A seleção de Portugal tem cumprido seu papel, mas sem brilho. Que ninguém se iluda: Cristiano Ronaldo ainda pode fazer a diferença nesta que deve ser sua última Euro. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 26)

Bourdain Day: saudades do chef que glorificou a comida de rua

Por Nenel, no canal Baixa Gastronomia

Anthony Bourdain foi um oásis de sanidade em um mundo insano, pasteurizado, de plástico e de aparências. Nem todos sacaram isso, mas, na verdade, o foco dele estava nas pessoas, sendo a comida o delicioso fio condutor para que a mágica acontecesse.

Tony nos ensinou a respeitar pessoas de outras culturas e religiões, a reverenciar os pequenos trabalhadores do ramo e os grandes também, é claro, e a ver a comida de rua como algo grandioso.

Vivemos um momento de busca incessante por ambientes quase hospitalares, desumanos mesmo, que geram uma falsa sensação de segurança.

Viajar, pra longe ou pra perto, ou mesmo conhecer sua cidade mais amplamente, fará de você alguém com a cabeça mais aberta para as diferenças. Expandir a mente é preciso.

Talvez, assim, vejamos menos preconceito, desrespeito e xenofobia em postagens de comida e comentários nas redes sociais.

Obrigado, professor, por nos mostrar que o mundo é grande demais e que há espaço para todas as tradições gastronômicas e culturais.

Nota do editor: Bourdain é homenageado no sensacional documentário “Roadrunner” (Netflix), um inventário de sua trajetória brilhante.

Leão cai para o ABC e fica mais longe do sonho do acesso

O ABC venceu o Remo por 3 a 1 na noite desta segunda-feira, no Frasqueirão, em Natal (RN), em duelo pela 10ª rodada da Série C do Campeonato Brasileiro. Os gols do Alvinegro foram marcados por Jenison, Lucas Sampaio e Daniel Cruz; Felipinho descontou para o time paraense. Um tumulto provocado pela torcida do Remo interrompeu a partida por cerca de 15 minutos, logo depois do gol de Felipinho.

Com a vitória, o ABC chegou aos 12 pontos, passando a ocupar a 10ª posição. O Remo segue com 10 pontos, caindo para o 11º lugar. O Remo volta a jogar no sábado, às 19h, contra o Ferroviário no Baenão.

A partida foi decidida na etapa inicial. A primeira chance coube ao Remo, mas Ytalo parou no goleiro Pedro Paulo. Um apagão da zaga remista levou aos gols do ABC: aos 22 minutos, Lima deu assistência para Jenison, que bateu de primeira e abriu o placar; aos 25′, Lucas Sampaio chutou de fora da área e ampliou. O Remo sentiu o golpe, mas ainda teve a oportunidade para diminuir com Felipinho, após falha de Eduardo Thuram, mas o goleiro Pedro Paulo salvou.

O Remo voltou melhor no 2º tempo, pressionando o ABC, principalmente com Ytalo e Felipinho. O Alvinegro se virava para impedir as investidas do Leão. O crescimento do Remo levou ao gol de Felipinho aos 31 minutos, batendo cruzado. No mesmo instante, eclodiu a confusão entre os torcedores, que chegaram a invadir o campo. A paralisação foi de 12 minutos e atrapalhou a reação do Leão. Na retomada, o Remo ainda tentou pressionar, mas não criou chances. Nos acréscimos, o ABC fez o terceiro, com Daniel Cruz.

Rock na madrugada – The Beatles, “Old Brown Shoe”

POR GERSON NOGUEIRA

Um clássico atemporal dos Beatles. Contribuição genial de George Harrison, que de vez em quando entregava pérolas admiráveis para quebrar o domínio da dupla Lennon-McCartney. No vídeo, extraído do documentário “Get Back”, os quatro gênios estão na sala do estúdio, brincando, improvisando e apreciando os solos de Harrison na guitarra.

Old Brown Shoe (Velho sapato marrom) é da mesma fornada de Something, Here Comes The Sun, if I Needed Someone e While My Guitar Gently Weeps, clássicos da banda, todos de autoria de Harrison, cujo talento foi muito subestimado por John e Paul ao longo da existência dos Beatles.

A versão captada pelo filme mostra uma espetacular performance de Harrison nos vocais, guitarra solo e baixo – cujo riff é um dos pontos altos da música. Nas baquetas, um show particular de Ringo, principalmente na primeira parte da canção. Backing vocals de Lennon e McCartney, que também tocou piano. O grande Billy Preston não tocou na gravação, só ficou passeando e conversando com os quatro.

Quando ouvi Old Brown Shoe é uma das canções do Lado B do álbum “Hey Jude”, de 1970. As origens da letra têm a ver com a visão religiosa de Harrison. Para ele, era preciso se libertar da realidade do mundo material por ser ilusória.

Os versos condensam um jogo de palavras baseado em conceitos opostos, mas não contam uma história lógica. O título vem da primeira estrofe – “Stepping out of this old brown shoe” -, que permite interpretação variada:

“Eu quero um amor que seja certo, mas o certo é apenas parte do que é errado. Quero uma garota de cabelos curtos que às vezes use-os muito mais compridos. Por ora estou me livrando desse velho sapato marrom”.

O compacto que precedeu o álbum Hey Jude tinha “The Ballad Of John & Yoko”/”Old Brown Shoe” e foi lançado em 30 de maio de 1969 no Reino Unido e em 4 de junho de 1969 nos Estados Unidos. Foi número 1 nas paradas dos dois países.

Prestes, Brizola, Lula

Lula e Brizola no palanque (Miguel Arraes ao fundo)

Por Breno Altman

A esquerda brasileira, em mais de cem anos, desde a greve geral de 1917, produziu somente três grandes lideranças nacionais, capazes de ter suficiente apoio para assumir protagonismo e comandar o país.

A primeira delas, a mais heroica, foi Luiz Carlos Prestes, principal figura dos levantes tenentistas. Seu período de real influência foi dos anos 20 até os 60. Chefiou a coluna que levaria seu nome, conduziu a insurreição de 1935, passou quase dez anos preso e, apesar da clandestinidade e do clima anticomunista da guerra fria, além dos graves erros cometidos por seu partido e por si mesmo, desempenhou papel de relevo até o golpe de 1964. Não é à toa que encabeçava a primeira lista de cassação da ditadura.

A segunda foi Leonel Brizola. Por seu papel na crise de 1961, quando era governador do Rio Grande do Sul e comandou a resistência que derrotaria o golpe militar em andamento contra a posse de João Goulart, vice do renunciante Jânio Quadros, transformou-se em referência central do trabalhismo, a partir de uma perspectiva nacional-revolucionária que levaria amplas frações dessa corrente, fundada por Getúlio Vargas, ao campo de esquerda. Era a grande alternativa eleitoral das forças populares para o pleito de 1965: em boa medida, a reação militar-fascista se deu para barrar sua caminhada. Desde o retorno do exílio, em 1979, foi perdendo protagonismo, particularmente após 1989, quando não teve votos para passar ao segundo turno das primeiras eleições presidenciais desde o golpe de 1964.

A terceira é Luiz Inácio Lula da Silva. Ao contrário de seus antecessores, chegou à Presidência da República. Filho do movimento operário e popular que emergiu nos anos 70, seu líder incontestável, logrou forjar base social e eleitoral para, pela primeira vez na história brasileira, levar a esquerda e um partido orgânico da classe trabalhadora à direção do Estado.

Antes que alguém reclame, a nominata não inclui Getúlio Vargas porque o mentor do trabalhismo não era nem nunca se reivindicou de esquerda. Sua trajetória é a de um chefe do nacionalismo burguês que, em seu segundo mandato presidencial, rompeu com os setores hegemônicos da classe à qual pertencia e deu curso a uma inconclusa transição para o campo anti-imperialista.

Tampouco inclui Jango, pelas mesmas razões.

Também Dilma Rousseff está fora dessa tríade. Mesmo eleita e reeleita presidente, sua ascensão, em que pese biografia de bravura e dedicação, é essencialmente expressão do projeto construído por Lula e o PT.

Retomando o fio da meada: apenas três protagonistas de esquerda em cem anos.  Não seria motivo suficiente para, apesar de críticas e discordâncias eventualmente procedentes, o conjunto das forças progressistas tratar esses personagens com a prudência devida aos nossos maiores patrimônios?

Mesmo que os listados tenham distintos alinhamentos ideológicos, é inegável seu papel comum, cada qual em um ciclo determinado, de simbolizar a esperança e a unidade do povo contra a oligarquia. Mais que isso, a possibilidade real de derrotá-la.

Dos três, apenas Lula segue vivo e em função.

Como os demais, é nossa dor e nossa delicia. Sofremos com possíveis vacilações e erros, lamentando e até nos revoltando contra certas decisões que parecem desastrosas, além de apoiarmos e aplaudirmos tudo o que fez de positivo. Mas, como cada um de seus antecessores, representa o que de melhor o povo brasileiro conseguiu produzir em sua longa luta emancipatória.

Por essas e outras, defender Lula contra os inimigos de classe é tão importante. A burguesia o ataca com tamanha intensidade exatamente pela esperança que representa junto à classe trabalhadora. Porque ele continua a expressar o caminho mais visível para os pobres da cidade e do campo se imporem sobre os interesses oligárquicos.

Quem não consegue entender isso, e se julga de esquerda, deixa-se paralisar pelo sectarismo, vira as costas para a história e, infelizmente, joga o jogo que a direita joga.

De virada, Papão supera Chape

POR GERSON NOGUEIRA

Com dois golaços e uma atuação equilibrada e agressiva, o PSC derrotou a Chapecoense por 2 a 1, ontem à tarde, na Arena Condá, e saltou da 17ª posição para a 13ª na Série B. Uma vitória maiúscula, centrada no bom futebol que a equipe apresentou em grande parte do jogo e pela performance de dois jogadores: Leandro Vilela e Netinho.

No início, o Papão parecia à vontade, controlando a posse de bola. De repente, a Chapecoense investiu contra a área bicolor e abriu o placar. Em jogada de Giovanni Augusto, Marcinho foi vencendo a vigilância dos zagueiros e marcou o gol, aos 15 minutos. Falha de marcação do miolo de zaga bicolor.

A equipe paraense já havia feito a primeira substituição. O lateral direito Edilson se lesionou e foi substituído por Michel Macedo.

O Papão não alterou a maneira de jogar, recorrendo a várias alternativas para se aproximar da área da Chape, que se defendia em bloco. Aos 41’, depois de um escanteio, a bola chegou a Jean Dias, que devolve para o interior da área. Esli Garcia tenta cabecear, mas a bola saiu pelo fundo.

O empate saiu aos 45’, através do volante Leandro Vilela, e foi uma pintura. Ele recebeu bom passe de Jean Dias junto à linha da grande área e mandou a bola no ângulo direito, sem qualquer chance de defesa.

O 2º tempo começou com o PSC impondo pressão para virar o placar, mas foi a Chape que quase desempatou. Marcinho superou Michel Macedo na corrida e quase da linha de fundo cruzou rasteiro. Thomás finalizou, mas a bola bateu em Quintana.

A resposta bicolor foi imediata. Aos 4 minutos, o ponta Jean Dias passou pela marcação e bateu cruzado, com muito perigo, assustando a Chape. O jogo era movimentado, aberto e interessante.

Aos 7’, Juninho teve nos pés uma boa chance de virar o jogo. Após belo passe de Michel Macedo, substituiu Edilson, o meia mirou o gol de Cavichioli, mas o chute saiu torto, sem perigo. Intenção boa, execução ruim.

Em exibição novamente destacada, Jean Dias se insinuou no ataque e levou vantagem sobre a marcação. Aos 9 minutos, ele cruza na área e o atacante Nicolas tenta o cabeceio, mas a bola sai pela linha de fundo.

Aos 12’, uma mudança importante. Esli García foi substituído por Edinho, ampliando a força de ataque pelos lados do campo. Aos 27’, o PSC quase desempatou. O volante Netinho solta uma bomba em cobrança de falta. Cavichioli fez uma bela defesa.

Oito minutos depois, porém, não deu para segurar. O mesmo Netinho iria coroar sua boa atuação, assinalando o gol da vitória – e que gol! Ele avançou da intermediária até a entrada da área, passou o pé sobre a bola e disparou um chute perfeito, no ângulo direito da trave de Cavichioli. O goleiro se esticou todo, mas não alcançou a bola. Golaço.

A Chape ainda tentou chegar ao empate, mas o Papão soube controlar as ações e garantiu sua segunda vitória fora de casa, importantíssima na luta para se recuperar dentro da competição.

Confiante, Leão busca triunfo diante do ABC

O adversário tem um ponto a menos que o Remo, mas vem pressionado por uma derrota para o Volta Redonda em Natal e tenta a reabilitação. As circunstâncias do confronto podem favorecer o Leão, que tem atuado bem sob o comando de Rodrigo Santana.

Com nenhuma mudança na escalação do time, que é a mesma desde a partida contra o Sampaio Corrêa, o Leão tende a evoluir nas ações coletivas. O início do jogo vai dar a medida da postura da equipe. Para quem ainda sonha com a classificação, atacar é fundamental.

Restam 10 rodadas nesta fase da Série C. Com 10 pontos, o Remo precisa conquistar pelo menos 20 dos 30 pontos em disputa. É uma tarefa desafiadora, que vai exigir do time a mesma postura determinada dos últimos jogos, principalmente quanto à performance do trio de atacantes: Marco Antônio, Jaderson e Ytalo.

Com arbitragens caolhas, Mengão avança sem freios

Bruno Henrique vem se especializando, com a doce ajuda dos árbitros, a se tornar o maior cavador de pênaltis do futebol mundial. Havia tentado enganar contra o Grêmio, mas não colou. Ontem, diante do Fluminense, finalmente deu tudo certinho.

O atacante empurra Calegari nas fuças do árbitro, o lance prossegue e ele tropeça nas pernas do tricolor. Final feliz para ele. Pênalti marcado, inapelavelmente, sem que o VAR aconselhasse a revisão.

Vale lembrar que, na rodada passada, diante do Bahia, Gabigol deu um pescoção em Gilberto, que cai. Agressão clara, para expulsão. O notório árbitro Bráulio Machado (Fifa-SC) fingiu não ver – e o VAR não interferiu.

Da forma como este Brasileiro vai se desenhando, não há mais dúvida: o Fla é mesmo um fortíssimo candidato ao título – por razões óbvias.

Brasil estreia na Copa América contra modesta Costa Rica

Contra a Costa Rica, o Brasil estreia hoje à noite na Copa América, nos Estados Unidos. O torneio continental apresenta um cenário novo para o escrete canarinho: depois de décadas, o favoritismo não mais pertence aos pentacampeões do mundo. A Argentina, campeã mundial e da última Copa América, é a principal cotada para o título.

Essa condição pode ajudar Dorival Júnior a construir uma campanha sem cobranças excessivas, que pode permitir à nova formação ir engrenando ao longo das etapas da competição. O ataque com Vinícius, Rodrigo e Raphinha está praticamente confirmado.

Mesmo sem favoritismo, vencer a Costa Rica – e vencer bem – é mais do que uma obrigação. Afinal, o adversário é da quinta prateleira do futebol e não pode de maneira alguma atrapalhar o escrete. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 24)

O passado é uma parada

A Grande Família, episódio “Seu Popozão vale 1 milhão”.

Desafio para o Papão, e para Nicolas

POR GERSON NOGUEIRA

O jogo com a Chapecoense neste domingo à tarde, em Chapecó (SC), representa um novo desafio para o PSC em busca de afirmação dentro do Brasileiro da Série B. Em 16º lugar, com 12 pontos, a um passo da zona da degola, a equipe paraense busca retomar o bom desempenho dos jogos contra América-MG e Ituano, seus melhores momentos na competição.

O sistema não mudou, as peças continuam basicamente as mesmas, mas o desempenho varia muito, tanto em casa quanto fora. É um problema que a comissão técnica não consegue resolver. Por conta dessa instabilidade, o Papão continua marcando passo na parte inferior da tabela.

Time por time, o adversário não é de assustar. Na classificação, a Chape não está tão à frente. Está tem apenas duas colocações acima. Ocupa a 12ª posição, com 14 pontos. As atuações da equipe catarinense têm sido muito criticadas, com altos e baixos.

No PSC, cada vez mais se consolida a impressão de que o time sente falta da liderança técnica de Nicolas, ídolo da torcida e principal goleador na temporada. Com discreta participação no campeonato, eclipsado pelo sucesso de Esli García, o camisa 9 precisa reagir.

Foto: Jorge Luís Totti/Ascom PSC

O posicionamento mais recuado, que é alvo de questionamento até do treinador, talvez explique as dificuldades do artilheiro na Série B. Nicolas é um exímio cabeceador e tem recursos técnicos que fazem dele um atacante extremamente eficiente dentro da área.

Quando ele sai para buscar jogo ou auxiliar na troca de passes, fica longe demais da área e abre mão de seus maiores trunfos. Um exemplo disso foi o confronto com o Sport, em Recife, quando ele se manteve distante das poucas tramas ofensivas do PSC.

No único cruzamento perigoso em direção à área pernambucana quem apareceu para cabecear foi o volante João Vieira. Curiosamente, Nicolas estava junto à linha da grande área, acompanhando o lance à distância.

Diante do Ituano, quando o ataque bicolor foi avassalador, Nicolas não conseguiu marcar. Encabulado, apresentou-se para cobrar o pênalti e desperdiçou, como havia ocorrido diante do América-MG na Curuzu.

É evidente que o inesperado sucesso de Esli tem efeito sobre o desempenho do centroavante, o que é mais do que natural em função da competitividade. Ocorre que Nicolas pode contribuir para que o ataque seja ainda mais forte. É fundamental que reencontre o caminho do gol e, para isso, tem que jogar ao lado de Esli.

A distância entre ambos facilita o trabalho das defesas adversárias. O sistema 4-3-3 utilizado pelo PSC muitas vezes se transforma em 4-4-2 porque Nicolas renuncia ao papel de protagonista no ataque. Corrigir essa distorção é missão e responsabilidade da comissão técnica. Nicolas precisa voltar a jogar em bom nível.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, a partir das 22h deste domingo, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. Em debate, as rodadas das Séries B, C e D. A edição é de Lourdes Cezar.

Quatro campeões nacionais na zona do rebaixamento

Fazia tempo que não se via uma zona de rebaixamento tão pontilhada de estrelas do futebol brasileiro. Disputadas dez rodadas, Vasco, Corinthians, Grêmio e Fluminense ocupam as últimas posições da Série A, algo impensável quando a competição começou.

Que o Vasco vive momentos difíceis, não é novidade. Já o Corinthians, mesmo sem ter um grande time, faz um esforço desmedido para tornar tudo ainda pior. O Grêmio tem uma justificativa válida: o time virou visitante, em função da tragédia ambiental no Rio Grande do Sul.

Problema de alto calibre é o do Fluminense. Campeão da Libertadores, o Tricolor tem somente seis pontos, já sofreu 18 gols e vem acumulando derrotas inexplicáveis. Fernando Diniz, que até meses atrás era celebrado, passou a ser hostilizado e apontado como culpado pela má campanha.

Pode ser um retrato de momento, afinal o campeonato está só começando, mas é um cenário difícil de explicar em relação ao desempenho daquele que foi o melhor time da América do Sul em 2023.  

Leão festeja a simplicidade de critérios na escalação

Em 10º lugar, o Remo entra em campo na segunda-feira à noite, no Frasqueirão, em Natal. Vai enfrentar o ABC, que está um ponto abaixo, ocupando a 13ª colocação. É jogo para alavancar posições dentro da Série C. Caso ainda ambicione a classificação, o Leão terá que lutar pela vitória, a fim de entrar pela primeira vez no G8.

O empate não é um resultado totalmente ruim, mas praticamente inviabiliza o fim do “projeto do acesso”, pois restariam nove rodadas e possibilidades reduzidas de terminar entre os oito classificados.

Foto: Samara Miranda/Ascom Remo

Em meio a isso, o ambiente no Baenão é visivelmente melhor do que no começo da competição. Gustavo Morínigo não conseguiu estabelecer uma comunicação clara e transparente com o elenco. Exagerava nas mudanças e a cada jogo inventava uma nova escalação.

Rodrigo Santana, que chegou sem despertar grande entusiasmo, tem surpreendido com um método prático: moldou um novo sistema, com três zagueiros, e acabou com as alterações que tanto intranquilizavam a todos.

Desde o jogo de estreia, contra o Sampaio Corrêa, o Remo tem uma escalação oficial. Os titulares são os mesmos, de Marcelo Rangel a Ytalo. O desempenho melhorou significativamente, tanto no aspecto coletivo quanto no individual. 

Não por acaso, em 9 pontos disputados, o time conquistou 6. Nos seis jogos anteriores, a equipe somou apenas 4 pontos.

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 22/23)