Sarna do Mito: cidade de SC enfrenta surto pelo uso prolongado de ivermectina

Bolsonaro mandou tomar o remédio para vermes e parasitas que os “protegeria” da Covid. Agora, escabiose pode estar se espalhando por superresistência ao fármaco, dizem especialistas

Desde o começo da catastrófica pandemia da Covid-19, nos primeiros meses de 2020, o governo federal, então liderado pelo extremista Jair Bolsonaro (PL), fez pouco caso do problema de nível global e negligenciou medidas. À época, o então presidente recomendava que todos tomassem por conta própria dois medicamentos perigosos que não têm qualquer eficácia contra o coronavírus: a cloroquina e a ivermectina.

Agora, passados alguns anos, e após inúmeros brasileiros passarem muito tempo tomando esses remédios, um problema pode estar se instalando: a escabioso. Em português claro, sarna.

Sim, a sarna, por ser uma doença provocada por um pequeno parasita, pode estar se proliferando na cidade de Balneário Camboriú, no litoral, um dos lugares mais bolsonaristas do Brasil, por conta do uso indiscriminado e irresponsável da ivermectina, que é um antiparasitário.

Tomar esse fármaco por longos períodos, sem qualquer necessidade, gera um fenômeno chamado de superresistência, da mesma maneira que ocorre com os antibióticos. O medicamento não apresenta mais os efeitos desejados e a pessoa, então, fica muito mais vulnerável àquela doença, que passa a se espalhar facilmente.

Especialistas da Universidade Federal de Alagoas (UFAL), que tem um dos setores mais respeitados do Brasil na área de farmacoterapia, passaram a estudar o surto. Eles lembram que em outros municípios do país, desde 2021, já ocorreu algo parecido e que o uso prolongado da ivermectina sempre é uma hipótese a ser analisada.

A Superintendência de Vigilância em Saúde de Santa Catarina não confirma a explicação para o surto de sarna, mas admite que uso de ivermectina é uma das hipóteses prováveis. “Não podemos afirmar que seja o caso de Balneário Camboriú sem a avaliação da resistência do parasita. Mas é uma possibilidade, sim”, disse ao site NSC o médico infectologista Fábio Gaudenzi de Faria, responsável pelo órgão.

(Com informações da Revista Fórum)

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