Rock na madrugada – Foo Fighters, “Everlong”

POR GERSON NOGUEIRA

Everlong é o maior sucesso da carreira do Foo Fighters. Sintetiza bem a caminhada da banda nascida de um braço do Nirvana e que se consolidou no circuito roqueiro a partir de uma base de fãs impressionante. Esta apresentação ocorreu em Wembley (Londres), em 2008, e é seguramente uma das mais vibrantes do rock moderno. Público e banda alinhados no mesmo nível de envolvimento. Som poderoso nas caixas e guitarras afiadas.

Dave Grohl, líder, fundador e principal compositor do grupo, sabe comandar a massa com extremo talento. O Foo Fighters é daqueles grupos que de fato suam a camisa, fazendo shows energéticos e arrebatadores. E foi assim desde as primeiras apresentações.

Everlong é do álbum “The Colour and the Shape”, de 1997. Sobre a composição, Grohl contou que é apenas uma canção de amor, cujo refrão fala sobre cantar junto com alguém. “Eu estava apaixonado e uma das coisas que eu amava tanto sobre essa pessoa era quando cantávamos juntos”, recordou em entrevista à revista Rolling Stone.

“A ideia é que represente aquele momento. Todos os momentos são passageiros, mas se você pudesse estar naquele momento, você pensaria que alguma coisa pode ser boa assim novamente”, disse o frontman do Foo Fighters, que montou o grupo em 1994 como ‘projeto de um homem só’, após o fim do Nirvana.

Na ocasião, ele recrutou alguns bons músicos, entre os quais o guitarrista Pat Smear, espécie de quarto integrante do grupo de Kurt Cobain. Hoje, Grohl tem como fiéis escudeiros Nate Mendel, Chris Shiflett, Smear e Josh Freese.

No vídeo acima, a banda tinha ainda o intenso Taylor Hawkins na bateria. Ele morreu em 2022, em Bogotá (Colômbia), dias antes de um show programado para o Lollapalooza Brasil.

Leão tropeça nos próprios erros

POR GERSON NOGUEIRA

Foram quatro gols perdidos no primeiro tempo, duas bolas na trave e zagueiro salvando em cima da linha, mas o Remo sucumbiu no período final. Sofreu o gol em falha de Paulinho Curuá, perdeu um zagueiro após erro do volante João Afonso (que gerou a falta cometida por Ligger e a consequente expulsão) e tornou um jogo de domínio em total desespero. A ineficiência do Leão foi superada pela objetividade do adversário. A derrota mantém o time em situação de risco na competição.

Os primeiros movimentos foram totalmente favoráveis ao Leão, apesar da chuva que castigou o gramado do Baenão. Tudo parecia ajustado. O São Bernardo se encolhia, assustado com a pressão nas jogadas de bola aérea e nos avanços de Marco Antônio, Jaderson e Raimar pelos lados.

Teve bola no travessão em cabeceio de Pavani, bola afastada em cima do gol por defensor do São Bernardo, goleiro salvando chute certeiro de Marco Antônio, outra bola na trave de Pavani, cabeceio de Ligger rente ao travessão. O Remo sufocou, ameaçou e não acertou o gol.

Os cruzamentos se repetiam e confundiam os defensores do São Bernardo, deixando o Leão à vontade no campo de ataque. Nem era brilhante o jogo desenvolvido pelos azulinos, mas tinha intensidade e determinação. O torcedor incentivava, percebendo a superioridade da equipe.

Veio a segunda etapa e as coisas mudaram por completo. Logo aos 2 minutos, Paulinho Curuá dominou mal uma bola no meio-de-campo e propiciou um ataque fulminante ao São Bernardo. Kaiki dominou e lançou Luiz Felipe, que invadiu pela direita e bateu rasteiro para fazer 1 a 0.

O gol abalou o Leão e calou a torcida. Sem a mesma pegada do 1º tempo, o time remista começou a mostrar insegurança. Errava passes curtos e não investia mais pelas extremas. Marco Antônio, bem vigiado, não levava mais vantagem sobre a marcação e Jaderson pouco arriscava. Na área, Ytalo era peça decorativa.

Diante de um quadro claramente desfavorável, o técnico Rodrigo Santana não mexeu na formação e manteve o 3-4-3. Até Ligger ser expulso em lance de infelicidade – a bola ficou presa na água –, o Remo não esboçava uma reação clara em busca do empate. Com um a menos, o quadro ficou ainda mais dramático.

Só então vieram as mudanças, com Kelvin, Pedro Vítor e Ribamar, mas o time continuou engessado e sem criatividade para buscar o gol. O São Bernardo se defendia sem dificuldade e, de vez em quando, dava pontadas perigosas. Aos 44’ minutos, o técnico lembrou de colocar em campo Ronald e Matheus Anjos, no lugar de Raimar e Bruno Bispo. Inutilmente. O cansaço físico também se manifestou e o Remo só ameaçou nos instantes finais, em cabeceio de Paulinho Curuá, que tirou tinta do travessão.

Uma derrota que quebra o otimismo deixado pelo bom resultado contra o Sampaio e recoloca o Remo na desesperança, apesar de ainda estar na 13ª posição. O problema do time, mais do que eventuais erros do comando técnico, é mesmo a qualidade dos jogadores.  

Papão sem presença da Fiel contra o Sport

Por decisão da própria diretoria do clube, o PSC não terá torcida na Arena Pernambuco, no confronto desta segunda-feira contra o Sport. A Polícia Militar informou, em ofício, que o Papão renunciou ao direito de ingressos para o seu torcedor. 

Com isso, o time não terá o tradicional apoio, presente em todos os estádios do país onde o PSC se apresenta. Uma pena porque o momento é extremamente favorável ao Papão, que está invicto há oito partidas, acaba de conquistar a Copa Verde e finalmente venceu um jogo (contra o América-MG) na competição.

De toda sorte, a intensidade que marcou os últimos jogos da equipe deve ser a principal arma contra o Leão pernambucano, que foi derrotado nas três últimas rodadas. Aproveitar o viés de alta diante de um adversário combalido é um trunfo e tanto para o Papão.  

Pikachu levanta uma nova taça com o Fortaleza

Com a bandeira do Pará desenhada na camisa comemorativa, o paraense Yago Pikachu confirmou a condição de ídolo do Fortaleza, ontem, no estádio Rei Pelé, em Maceió, na conquista do terceiro título da Copa do Nordeste. 

A atuação do time foi abaixo das expectativas. Sofreu dois gols no segundo tempo e perdeu a vantagem estabelecida no jogo de ida. Na série de penalidades, porém, brilhou a estrela do Tricolor cearense. 

O triunfo de 5 a 4 nos penais foi sacramentado justamente pelo capitão Pikachu, consagrado definitivamente como xodó da torcida do Fortaleza – com todo merecimento. 

Endrick mostra mais juízo que a mídia trepidante

Ao refutar as comparações com jogadores consagrados da Seleção Brasileira, o atacante Endrick demonstra ser mais ajuizado que a maioria dos saltitantes repórteres, comentaristas e apresentadores, que passaram a tratá-lo como “gênio”, “prodígio”, “craque” depois do gol da vitória sobre a fraca seleção do México, sábado à noite. Verdadeiros magnetos.

A babação de ovo prosseguiu no pós-jogo. Todos os programas de debate insistiam na mesma tecla: o menino Endrick é o novo fenômeno, bradavam. Não precisa nem dizer onde deu essa história de “menino” em relação a um outro jogador aí, que hoje brilha mais nos desfiles de moda e nos cruzeiros de subcelebridades.

É preciso prudência nos rapapés. Primeiro, porque o gol foi na bacia das almas e contra a sonolenta zaga do México, meus amigos. Marcaram com os olhos e o baixinho Endrick subiu livre para testar. E havia Paquetá logo atrás, pronto para cabecear também.

Na Globo, a gritaria foi típica de final de Copa do Mundo, o que dá a medida do que teremos nas próximas partidas de Endrick. A Copa América, mesmo fraca, vai permitir observar melhor o nível do jovem atacante.

O amistoso de sábado, com uma plateia de 85 mil pessoas, não deixou a melhor das impressões. Cheio de reservas, o escrete fez 2 a 0 sem maior esforço, mas de repente veio o apagão e o empate. Vinícius Jr. e Endrick entraram e foram responsáveis pelo lance do terceiro gol.

Cá pra nós, com todo respeito, um time com Yan Couto e Savinho não pode ser levado a sério. O escrete pentacampeão não é para qualquer um.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 10)