Empate para ser comemorado

POR GERSON NOGUEIRA

Podia ter sido pior. O Operário, apesar de ter sofrido o gol logo no começo, foi superior ao longo da partida e poderia ter vencido, tamanha a quantidade de chances perdidas no 2º tempo, incluindo uma bola na trave. No fim das contas, o empate foi um bom negócio para o Papão. Frustração mesmo ficou para a torcida que lotou a Curuzu na tarde ensolarada de domingo.

Os primeiros movimentos mostraram um Operário-PR mais desenvolto e organizado. Defendia-se bem e saía sempre em velocidade rumo ao ataque. Logo aos 7 minutos, Pedro Lucas disparou da entrada da pequena área. Diogo Silva fez boa defesa.

Minutos depois, Felipe Augusto se destacou em dois lances. No primeiro, mandou para Ronaldo, que falhou no cabeceio. Mas, aos 22 minutos, Felipe marcou para o Operário-PR, mas a jogada foi revisada pelo VAR e o gol foi anulado, para alívio da Fiel Bicolor.

Só então o PSC pareceu acordar. Jean Dias avançou pela direita e chutou para Rafael Santos agarrar, aos 26’. No minuto seguinte, a arbitragem foi chamada pelo VAR, que apontou um pênalti sobre Nicolas. Na cobrança, João Vieira bateu bem e converteu, abrindo o placar. Ainda houve tempo para Esli García perder o que poderia ter sido o segundo gol bicolor.

Com a entrada de Vinícius Diniz no intervalo, o Operário ganhou mais força ofensiva e partiu para a tentativa de empate. Logo de início, Pedro Lucas acertou uma bola na trave de Diogo Silva, depois da cobrança de escanteio.

Rodrigo e Felipe Augusto também desperdiçaram grandes oportunidades antes de completar cinco minutos de jogo na etapa final. Em função do protocolo médico – Jacy Maranhão sofreu concussão – o Operário fez um total de seis substituições, e passou a mandar em campo.

As chances foram se repetindo e o ataque paranaense colecionando erros. Até que, aos 42 minutos, uma bola cruzada na área encontrou Vinícius Diniz, que tocou para Ronald marcar o gol.

Assustado, o PSC quase permitiu o desempate, mas, aos 52’, Edinho cobrou escanteio e Nicolas cabeceou com firmeza, mas o goleiro Rafael Santos tocou com a ponta dos dedos, salvando o Fantasma.

O PSC deixou escapar (de novo) a chance de engrenar uma sequência vitoriosa e avançar mais na classificação. Adiou também a promessa de fazer o adversário sofrer na Curuzu. Quem sofreu foi o torcedor bicolor, apreensivo e tenso na maior parte do jogo.

Leão sofre no final, mas obtém grande resultado

Os 20 minutos finais da partida foram um suplício para a torcida azulina, mas o Remo conseguiu sustentar a vantagem e derrotou o Ferroviário, no sábado à noite, cravando sua quarta vitória na Série C. Com um primeiro tempo razoável, o Remo conduziu melhor as ações na segunda etapa, marcou dois gols e poderia até ter feito mais. Num descuido, porém, sofreu um gol e quase botou tudo a perder.

Agressivo, o Remo começou com pinta de quem pretendia atropelar o adversário. Aos 8 minutos, Ytalo foi lançado na área, mas o goleiro Geaze bloqueou a finalização. Aos 14′, o ala Raimar chutou rasteiro, com perigo.

O Ferroviário tentava sair do cerco, mas não encaixava boas jogadas no ataque. Aos 37′, Pavani cobrou falta, a bola foi escorada para Ytalo, que bateu de voleio, mas errou o alvo. Em seguida, Felipinho fez rápida jogada e lançou Ytalo. Este tocou para Pavani, que disparou um chute forte, mas o goleiro defendeu bem.

Após o intervalo, o Remo voltou atacando e conseguiu o gol logo aos 8 minutos. Após cruzamento de Pavani, a bola passou por Ytalo e Jaderson desviou para o fundo do barbante. O Ferroviário foi ao ataque em busca do empate, e teve duas boas chances.

O Remo voltou a cercar a área cearense e, aos 23′, chegou ao segundo gol: Matheus Anjos cobrou escanteio e Pavani se antecipou à zaga, testando para as redes, sem chances para Geaze.

Com 2 a 0 no placar, as coisas pareciam tranquilas para o Leão. Puro engano. Para não fugir à sua característica nesta Série C, se encolheu e abriu espaço para o Ferroviário.

Aos 31′, o Ferroviário surpreendeu com um avanço rápido. Kiwan recebeu lançamento na entrada da área e finalizou de cabeça da entrada da área no canto esquerdo de Marcelo Rangel, que não conseguiu tocar na bola.

A sequência da partida iria reabilitar o guardião azulino, que fez defesas que garantiram a vitória. A mais importante foi nos acréscimos. Em cobrança de escanteio, o Ferrão tentou por três vezes a finalização no mesmo lance. No bate-rebate, a bola foi empurrada em direção ao gol, mas o goleiro azulino foi ágil no salto e evitou o empate.

Com o resultado, o Remo chegou a 13 pontos e voltou a ocupar a 10ª posição. A próxima partida será longe de casa, contra o Caxias na segunda-feira (8), às 20h, no estádio Francisco Stédile, em Caxias-RS.

Vini Jr. e Bellingham duelam com grandes atuações

As especulações indicam que o maior concorrente de Vinícius Jr. na corrida pela Bola de Ouro da temporada é seu companheiro de time, o meia inglês Jude Bellingham. O fim de semana reservou um interessante duelo à distância entre ambos.

Vini fez seu melhor jogo com a camisa da Seleção contra o Paraguai, na Copa América, marcando dois gols. Bellingham devolveu na mesma moeda, com um golaço de bicicleta contra a Eslováquia, na Eurocopa.

Além do gol que iniciou a reação da Inglaterra no jogo, Bellingham esteve muito bem no segundo tempo, comandando as ações com grande categoria e levando sempre perigo à zaga eslovaca.

Diante do Paraguai, Vini Jr. foi decisivo como não tinha sido até então com a camisa canarinho. Foi insistente no ataque, sem economizar nos dribles e levando sempre vantagem sobre a marcação.

Marcou o primeiro gol, tocando a bola sob o goleiro Morínigo. O segundo foi um lance de puro oportunismo, aproveitando um cochilo do zagueiro Alderete. Foi uma participação decisiva, como protagonista, como tanto se cobra do melhor jogador brasileiro em atividade.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 01)

Bola na Torre – domingo, 30.06

Apresentação de Guilherme Guerreiro, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba e blogueiro baionense.

Papão sai na frente, mas cede empate dentro da Curuzu

O Papão frustrou a torcida que superlotou (mais de 15 mil pagantes) a Curuzu, neste domingo, empatando em 1 a 1 com o Operário-PR pela 13ª rodada da Série B do Brasileiro. Depois de um susto aos 17 minutos, quando o time visitante abriu o placar (lance anulado pelo VAR), o Paysandu pressionou e conseguiu abrir o placar aos 28 minutos, com João Vieira, que bateu pênalti sofrido por Nicolas.

O Operário sofreu mudanças para o segundo tempo e assumiu o controle das ações, com melhor desempenho em Campo. Chegou ao empate aos 42 minutos, com Ronald após assistência de Vinícius Diniz, mas perdeu várias oportunidades antes disso.

O empate deixa o PSC com 16 pontos, na 15ª colocação na tabela.

Leão vence Ferroviário e se aproxima da zona de classificação

O Remo conquistou contra o Ferroviário, neste sábado à noite, a sua quarta vitória na Série C. O jogo terminou 2 a 1 para os azulinos, que fizeram um bom primeiro tempo, mas falharam muito nas finalizações. Os gols vieram no 2º tempo, mas o Leão sofreu a habitual pressão na reta final da partida, deixando o torcedor tenso no Baenão até o apito final.

O jogo começou com o Remo melhor e mais agressivo. Aos 8 minutos, Ytalo foi lançado na área, mas o goleiro atrapalhou a finalização. Aos 14′, o ala Raimar chutou rasteiro, com perigo. O Ferroviário ensaiou uma pressão, mas sem levar perigo. Aos 37′, Pavani cobrou falta, a bola foi escorada para Ytalo, que bateu de voleio e errou o alvo. Logo em seguida, Felipinho fez rápida jogada e lançou Ytalo. Este tocou para Pavani, que disparou um chute forte, mas o goleiro Geaze defendeu bem.

Veio o 2º tempo e o Leão balançou as redes logo aos 8 minutos. Após cruzamento de Pavani, a bola passou por Ytalo e Jaderson deu um leve toque para o fundo do barbante. O Ferroviário foi ao ataque em busca do empate, e teve duas boas chances. O Remo voltou a pressionar e, aos 23′, chegou ao segundo gol: Matheus Anjos cobrou escanteio e Pavani se antecipou à zaga, testando para as redes.

Com 2 a 0 no placar, o jogo parecia controlado. Ocorre que, em falha da defesa, aos 31′, o Ferroviário surpreendeu em lance rápido. Kiwan recebeu lançamento e finalizou de cabeça para diminuir. O goleiro Marcelo Rangel não interceptou a bola, que entrou no canto esquerdo.

O desdobramento da partida iria reabilitar o guardião azulino, que fez defesas que salvaram o Leão. Com muitas mudanças, o time permitiu ao adversário exercer forte pressão. Em cobrança de escanteio, o Ferrão tentou por três vezes a finalização. No bate e rebate, a bola foi empurrada para o gol, mas o goleiro azulino foi ágil e saltou para evitar o empate.

Com o resultado, o Remo chegou a 13 pontos e agora ocupa a 10ª posição. A próxima partida será contra o Caxias na segunda-feira (8), às 20h, no estádio Francisco Stédile, em Caxias-RS. 

Rock na madrugada – Garbage, “Stupid Girl”

Apresentação consagradora do Garbage no festival de Glastonbury de 2006. “Stupid Girl”, sucesso do primeiro álbum do grupo, é um dos pontos altos do show. Shirley Mason arrasa nos vocais, à frente dos guitarristas Steve Marker e Duke Erikson, do baixista Eric Avery e do baterista Butch Vig.

Famosa pela capacidade de dar grandes espetáculos ao vivo, a banda fundada em Madison (Wisconsin, EUA) em 1994 acumula discos de estúdio impecáveis. Flerta positivamente com variações do rock psicodélico e pós-punk, incorporando até elementos de hip hop e metal.

Em entrevista à New Musical Express, Shirley Manson posicionou-se sobre o cenário da música atual. Sugeriu que as novas produções estão nas mãos de quem tem dinheiro e não poupou as gravadoras. Articulada, afirma que hoje é possível ouvir o que classificou de “tensão capitalista e econômica” na música. Mesmo mantendo críticas ao mercado dos anos 90, ela deixa claro que a situação piorou: “Costumávamos pensar que as gravadoras eram ruins o suficiente quando estávamos chegando [1993], mas elas eram anjos em comparação com o que está acontecendo agora. É realmente assustador e deprimente”.

O Garbage está em estúdio, finalizando o próximo álbum. À Rolling Stone, Manson caracterizou o trabalho – que deve ser lançado em breve – como “um holofote” e acrescentou: “Depois de queimar a terra, estamos saindo de uma caverna imunda com um holofote. Procuramos fragmentos de vida e de humanidade”.

Um dia qualquer

Mané Garrincha, Alegria do Povo, e Nilton Santos, A Enciclopédia, vestidos elegantemente, chegam para um dia normal de treinos em General Severiano, em 1957. O Botafogo não tinha um time, possuía um ninho de cobras. Só craques. Craques indiscutíveis, Mané e Nilton são até hoje incluídos nas listas de melhores de todos os tempos. Pela Seleção Brasileira, conquistaram duas Copas do Mundo (1958 e 1962). Iniciante ainda, Mané tinha Nilton como seu mentor no Botafogo. Graças a isso, teve tranquilidade e apoio para desenvolver seu futebol.

Conselho dos Direitos da Criança e do Adolescente denuncia impunidade de Luiz Seffer

Nota de repúdio do Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Pará (Cedca) às ações protelatórias na Justiça envolvendo o caso Luiz Afonso Seffer:

O Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Pará (Cedca) vem a público repudiar veementemente as estratégias do Judiciário paraense frente ao caso envolvendo o médico, empresário e ex-deputado estadual Luiz Afonso Seffer, condenado por estupro de uma criança durante 4 anos seguidos. Às vésperas do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA) completar 34 anos, manifestamos nosso descontentamento e indignação pela protelação do cumprimento da pena a Seffer determinada e confirmada por várias instâncias judiciárias.

A alegação dos defensores de Seffer para garantir a impunidade, baseia-se numa decisão do STF de que quem tem foro privilegiado, para ser julgado no Judiciário, tem que ter autorização prévia do Legislativo. Porém, cabe destacar que, na época, o atual condenado por estupro tinha renunciado ao mandato para não ser cassado, impedindo que a própria Assembleia Legislativa do Pará julgasse o caso.

Lamentavelmente, o Judiciário paraense acatou o absurdo pedido, que disfarçado de medida legal, esconde um ataque aos direitos das crianças e dos adolescentes, pois pretende protelar o início da execução da pena até o ano que vem, evitando que Seffer, condenado 14 anos atrás, a 20 anos de prisão, fique inimputável por idade! Este comportamento do Judiciário paraense faz coro ao que se diz: se tem poder econômico e político pode estuprar à vontade. Uma vergonha!

Não aceitaremos e iremos denunciar esta manobra em todas as instâncias, inclusive ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ), a fim de restabelecer a dignidade humana da menina vítima de estupro e resguardar os direitos de nossas crianças e adolescentes, sentido de existir deste Conselho.

Belém, 29 de junho de 2024.

Conselho Estadual dos Direitos da Criança e do Adolescente do Pará (Cedca)

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Abaixo, na íntegra, a matéria publicada no blog Uruá-Tapera, da jornalista Franssinete Florenzano:

A ESTRATÉGIA PARA IMPUNIDADE DE SEFER

O médico, empresário e ex-deputado estadual Luiz Afonso Proença Sefer, condenado a 20 anos de prisão por estupro de uma criancinha durante quatro anos em sua própria residência, acaba de ganhar mais um benefício protelatório, enquanto aguarda a impunidade definitiva. O caso se arrasta há cerca de 14 anos e agora o Tribunal de Justiça do Estado do Pará suspendeu a aplicação da pena por conta da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 7.447. O Supremo Tribunal Federal, na sessão virtual do último dia 20, confirmou a necessidade de autorização judicial prévia para a investigação de agentes públicos com prerrogativa de foro no TJPA.  Sefer alega que isso vale inclusive com efeitos retroativos a políticos já condenados, como é o caso dele.

Acontece que o crime de Sefer foi descoberto em 2009 durante a CPI da Pedofilia instaurada pela Assembleia Legislativa do Pará, assim como a CPI do Senado Federal e da Câmara Municipal de Belém. Na época ele era deputado do DEM. No início seus pares lhe davam abraços e tapinhas nas costas, em solidariedade. Depois, quando ficou evidente o aterrorizante sofrimento a que aquela criança fora submetida pelo deputado, seus correligionários obviamente o repudiaram, e ele se desligou do partido para não ser expulso. Logo em seguida, renunciou ao mandato para não ser cassado, ainda durante a CPI, que só quando foi concluída enviou seu relatório final ao Ministério Público do Estado do Pará, quando então foi feita a denúncia, em 2010, e Sefer já não era parlamentar e não tinha, nem tem, direito a exigir qualquer benefício. Ao contrário. A Constituição e toda a legislação pátria exigem a sua imediata prisão. Tudo isso está provado nos autos. Está lá no processo com milhares de provas o documento oficial protocolado na Alepa e assinado por ele mesmo. O TJPA deve ler em voz alta na sessão de julgamento do mérito do novo recurso protelatório.

Além de não haver o que falar em licença prévia da Alepa, pois não era mais deputado porque ele mesmo renunciou, portanto sem qualquer prerrogativa de foro, o autor da ADIN no STF é o PSD, ao qual Luiz Afonso Sefer não era filiado, e muito menos sucedeu ao DEM, mas é comandado no Pará pelo deputado Gustavo Sefer, filho do condenado, que usa a estrutura partidária para obter vantagem pessoal. Qual a legitimidade ativa ad causam?

O Superior Tribunal de Justiça já decidiu com clareza solar sobre a questão, reconhecendo o acerto da decisão de primeiro grau, da lavra da juíza Maria das Graças Alfaia, e o TJPA, cumprindo determinação do STJ, também deliberou de forma unânime quanto ao mérito e à dosimetria da pena: 20 anos de prisão em regime fechado, mais o pagamento de indenização por dano moral no valor de R$120 mil. Ínfimo a considerar o poderio econômico do condenado e o sofrimento atroz da vítima, que precisou entrar no Programa de Proteção à Testemunha, mudar de Estado, de nome e condenada está a viver com medo de seu algoz livre, leve e solto, além do trauma psicológico que deixou marcas para sempre nessa pobre menina.

Ademais, a tentativa de prequestionamento, que seria a base para poder guindar o processo ao STF, não foi aceita pelo TJPA. A desembargadora Eva do Amaral Coelho fulminou a pretensão da defesa ao frisar, no julgamento anterior, que a 3ª Turma acolheu o voto do então relator, desembargador Mairton Marques Carneiro, de que não cabe ao TJPA conhecer da questão referente à suposta violação ao princípio do juiz natural, notadamente porque havia ordem expressa do STJ para que o julgamento examinasse única e exclusivamente as teses formuladas no recurso de apelação interposto por Sefer em 10 de setembro de 2010, cujas razões nunca trataram da questão. A magistrada apontou que a defesa suscitou a mesma tese, expressamente rejeitada em três níveis distintos de jurisdição: pelo STJ, pelo relator em decisão interlocutória e, também, pela Turma, tudo com fim de prequestionar a matéria para a futura interposição de recursos extraordinários junto aos tribunais superiores.

Conforme a relatora enfatizou em seu voto, a Súmula 211 do STJ é claríssima ao estabelecer que é “inadmissível recurso especial quanto à questão que, a despeito da oposição de embargos declaratórios, não foi apreciada pelo Tribunal a quo”. E como a questão de ordem não foi requerida na apelação e, por isso mesmo, não enfrentada pelo TJPA, é descabido prequestionamento pela mera oposição dos embargos aclaratórios.

As manobras sucessivas são para que o processo fique parado até que Sefer complete 70 anos, o que está próximo (28.09.2025), e assim a sua pena seja prescrita. Mas o caso será levado à Corte Interamericana de Direitos Humanos.

Uma vitória que vale 6 posições

POR GERSON NOGUEIRA

O PSC vive uma situação curiosa na Série B. Atravessa um momento vitorioso, após rodadas de bom desempenho – vitórias fora de casa (Ituano e Chapecoense) e empate com o CRB –, com atuações convincentes e excelente performance ofensiva, com 8 gols em três jogos. Apesar disso, o time não consegue se deslocar da parte inferior da classificação.

Ocupa hoje a 15ª posição, com 15 pontos, está mais perto do Z4 do que da primeira página da tabela. O jogo contra o Operário-PR, neste domingo à tarde (com transmissão da RBATV), surge como a oportunidade para começar a fugir dessa posição incômoda.

Com mais três pontos, o Papão pode chegar à 11ª posição, ficando colado ao Novorizontino (10º). Seria uma escalada de seis colocações. O adversário cumpre uma campanha consistente. Está em 3º lugar, com 21 pontos e 6 vitórias.  

O Operário tem a melhor defesa da competição, com apenas 6 gols sofridos – contra 13 do Papão. Como se vê, é um adversário respeitável. Ocorre que, na Curuzu, a invencibilidade bicolor é de quase um ano. Ficou famosa a frase de que os adversários sofrem quando encaram o caldeirão bicolor, ainda mais com recorde de público, como previsto.

A necessidade de acumular vitórias tem feito a equipe se comportar agressivamente como visitante, o que lhe garantiu 8 pontos até agora. Em casa, porém, os números são mais tímidos: foram apenas 7 pontos ganhos, a terceira pior posição entre os mandantes.

Passar pelo Operário é, portanto, mais que uma necessidade de afirmação. É a chance de melhorar os números do time e garantir que o PSC finalmente chegue às proximidades do primeiro pelotão.

As dúvidas se concentram no meio-de-campo, onde Leandro Vilela será substituído por Wesley Braga ou Val Soares. Na meia, Juninho deve ser o titular. Caso não possa jogar, será substituído por Netinho.

Para o ataque, nenhum mistério: Jean Dias, Nicolas e Esli García. Nas últimas partidas, o centroavante é o que teve menor rendimento. Sem conseguir marcar, Nicolas vive uma espécie de crise criativa. Nada melhor do que dar a volta por cima diante da melhor defesa do campeonato. (Foto: Jorge L. Totti/Ascom PSC)  

Leão luta contra o Ferroviário e o quase desespero

Estacionado na 12ª posição há duas rodadas, o Remo entra em campo neste sábado à noite para tentar retomar a tranquilidade e voltar a pontuar. O confronto com o Ferroviário, 11º colocado, é um teste para a confiabilidade do sistema 3-4-3 e os nervos do torcedor.

A derrota por 3 a 1 para o ABC na última rodada trouxe abatimento e preocupação. Apesar da colocação na tabela, o Leão está sob a permanente ameaça de equipes que estão na parte baixa da tabela e que têm jogos atrasados – Caxias, São José, Confiança, Aparecidense e Náutico.

Com o retorno confirmado de Ligger à zaga, o Remo deve buscar como referência a atuação contra o Ypiranga, na melhor partida do time no campeonato. Mostrar afinco na marcação e rapidez na transição ofensiva é o desafio para os azulinos.  

Vencer é missão obrigatória contra o Ferroviário. Qualquer outro resultado faz o Remo mergulhar no desespero. (Foto: Luís Carlos/Ascom Remo)

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, a partir das 22h, na RBATV. Em destaque, os jogos de PSC e Remo nas séries B e C. Participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. Edição de Lourdes Cezar.

Uruguai de Bielsa é melhor time da Copa América

Os jogos têm sido tediosos nesta Copa América, por isso precisamos falar da grande sensação do torneio até agora: o Uruguai, que deu um baile na Bolívia, cravando uma goleada por 5 a 0, na quinta-feira, em Nova Jersey. Por trás disso, meu técnico favorito, Marcelo Bielsa.

O placar não foi o mais importante. O que merece destaque é a brilhante atuação do time liderado por De La Cruz e Darwin Nuñez. Desde os primeiros movimentos, o Uruguai partiu para o ataque. Fez dois gols, controlou o jogo e marcou incansavelmente, sem dar qualquer chance à Bolívia.

Ao contrário de boa parte das equipes atuais, a Celeste Olímpica joga com seriedade o tempo todo. Vencia por 3 a 0 no 2º tempo e seus volantes e atacantes marcavam a saída de bola, fechando espaços e levando os bolivianos ao erro. Depois de chegar ao quinto gol, seguiu na mesma toada, cercando e buscando desarmes. 

De La Cruz foi o grande maestro da noite, com assistências precisas e posicionamento impecável, mas o que impressiona é a força do jogo coletivo e a intensidade. Não há um minuto de desatenção ou firula desnecessária. É foco total.

Mestre Bielsa é conhecido pela solidez de seus times, cuja entrega física não anula o talento individual. Com El Loco no comando, o Uruguai deixou de lado a mania de sair distribuindo pancada. É um time que sua a camisa, mas joga bola em nível muito superior às demais seleções.

Biela estava de férias quando foi convidado a assumir o Uruguai, depois de uma campanha empolgante com o Leeds United na 2ª divisão inglesa. Admirado por gente do quilate de Pep Guardiola, ele não tem nada de louco, mas é cerebral e estudioso, qualidades raras no ofício.  

(Coluna publicada na edição do Bola de sábado/domingo, 29/30)

Leão ganha reforço no jogo aéreo

POR GERSON NOGUEIRA

Apesar das falhas que permitiram a vitória do ABC na última rodada, o Remo se prepara para o confronto com o Ferroviário, no sábado, sem abrir mão do esquema de três zagueiros, implementado pelo técnico Rodrigo Santana desde sua chegada ao Evandro Almeida.

Foram quatro partidas no sistema 3-4-3, duas vitórias e duas derrotas, quatro gols marcados e cinco sofridos. Santana não muda de ideia nem mesmo com o déficit de gols sob o seu comando.

Talvez esteja certo em manter suas convicções. De maneira geral, o Remo demonstra mais segurança defensiva com três zagueiros na última linha. Contra o Ferroviário, partida decisiva para as pretensões da equipe na Série C, há a boa notícia do retorno de Ligger à escalação.

Ele foi expulso contra o São Bernardo, cumpriu suspensão diante do Ypiranga e ficou no banco de reservas em Natal. Fez falta neste último jogo. As falhas da zaga foram todas no jogo aéreo, justamente uma especialidade de Ligger.

O zagueiro é o melhor cabeceador da equipe, tanto no ataque quanto na defesa. Seu retorno é garantia de mais firmeza na grande área e força nas ações ofensivas. Vai substituir João Afonso, que teve atuação muito criticada contra o ABC.

No 3-4-3, o Remo teve que mudar completamente a maneira de atacar e se defender. Por vezes, o time ainda demonstra instabilidade, principalmente quando precisa sair para o ataque. A presença de João Afonso na zaga era uma tentativa de dar qualidade ao primeiro passe, mas isso não funcionou.

O novo sistema valorizou a presença dos alas, resgatando Raimar pelo lado esquerdo e apresentando Diogo Batista na direita. Quando tem a posse de bola do meio para a frente, o time fica mais encorpado, chegando a ter cinco jogadores na frente – Diogo, Jaderson, Ytalo, Marco Antonio e Raimar.

Às vezes, quando o passe encaixa e os espaços são ocupados, tudo flui muito bem. Foi assim no 1º tempo com o Sampaio Corrêa e nos 90 minutos contra o Ypiranga. A rigor, o sistema só deu errado diante do ABC, quando o Remo só conseguiu atacar em bloco no 2º tempo.

Ligger pode não resolver todos os problemas de articulação do time, mas contribui para um trio defensivo mais consistente na bola aérea, fundamento que costuma ser utilizado exaustivamente na Série C.

É possível que, mais entrosado, o Remo ainda evolua no 3-4-3, alcançando os resultados necessários para crescer na pontuação nas nove partidas que restam. O primeiro desafio será neste sábado à noite, no Baenão. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Brasil tem uma batalha decisiva contra o Paraguai

Ainda sob o peso da má impressão da estreia contra Costa Rica, a Seleção Brasileira entra em campo hoje, às 21h30, em Las Vegas, para buscar sua primeira vitória e afastar eventuais riscos de eliminação na primeira fase da Copa América. O adversário é o Paraguai, que no passado foi um freguês do Brasil, mas que hoje endurece qualquer duelo.

Para se classificar, a Seleção terá que vencer pelo menos um de seus próximos compromissos no grupo – contra paraguaios e colombianos. Como a Colômbia tem um time bem ajustado e é uma das favoritas ao título, o time de Dorival Júnior não pode tropeçar hoje.

Nem é bom avaliar as consequências de uma eliminação precoce. Da forma como o Brasil se conduz nas Eliminatórias, um insucesso na Copa América pode provocar uma das piores crises da história do futebol nacional.

Para passar pelo Paraguai, Dorival precisará ser mais ousado na busca pelo gol. Rodrygo é seu principal jogador e, por isso, merece total liberdade de movimentos do meio para a frente, e o mais próximo possível de Vini Jr.

O técnico deveria se inspirar no Uruguai de El Loco Bielsa, que sufocou a Bolívia ontem à noite, sem dar qualquer chance de reação. Está mais do que na hora de o Brasil voltar a ser respeitado e temido.

Custo das camisas expõe desigualdades sociais entre países

A Copa América apresenta o preço médio de R$ 300,00 (60 dólares) por camisas de seleções, sendo que as mais em conta custam R$ 200,00 (40 dólares) e as mais caras, R$ 500,00 (100 dólares). O levantamento é do site Footy Accumulators, especializado em bônus e custos de uniformes esportivos.

O estudo levantou o preço oficial das camisas atuais de cada uma das 16 seleções participantes do torneio, cruzando com o PIB per capita de cada país e a quantidade de unidades vendidas em 2023.

Para muita gente, a paixão pelo futebol vem acompanhada do orgulho de exibir o manto sagrado de sua seleção. Para surpresa de quase ninguém, a camisa mais valorizada é a verde-amarela, ainda.

A camisa canarinho é a mais cara da Copa América 2024. Custa R$ 500,00 na loja oficial da CBF. No extremo oposto, a camisa da Bolívia é a mais barata do torneio, custando R$ 200,00 (40 dólares). 

Resta saber se o torcedor paga um preço justo pelas camisas. Uma das economias mais fortes do planeta, o Brasil pratica um preço considerado acima da média e das posses do torcedor.

Apesar do preço, em 2023 a Seleção Brasileira comercializou mais de 1 milhão de peças. A CBF parece não se importar em negociar um preço mais acessível junto aos fornecedores. Ao mesmo tempo, as camisas do escrete são confeccionadas em material de alta qualidade e possuem tecnologia de ponta, o que de certo modo justifica o preço mais salgado.

É preciso entender que a camisa da Seleção não é apenas um simples item do vestuário. É um símbolo do orgulho que o torcedor nutre pela história do futebol pentacampeão do mundo.

Além da camisa canarinho, outras que se destacam pelo alto custo são as de Argentina, Colômbia e Estados Unidos, todas na faixa dos 90 dólares. As mais acessíveis são, além da boliviana, as do Peru (50 dólares), Panamá (55 dólares) e Costa Rica (60 dólares).

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 28)

Rock na madrugada – Patti Smith, “Glitter in Their Eyes”

POR GERSON NOGUEIRA

Patricia Lee Smith, conhecida pelo nome artístico Patti Smith, tem múltiplos talentos: poeta, cantora, fotógrafa, escritora, compositora e musicista norte-americana. Tornou-se conhecida mundialmente em pleno movimento punk com seu cultuado álbum de estreia, Horses, em 1975. Sou suspeito para escrever sobre Patti, admirável em sua caminhada destemida como compositora e ativista da liberdade.

A carreira seguiu em alta após Horses, mesmo que nos últimos anos não tenha lançado trabalhos inéditos. Ao mesmo tempo, angariou prestígio e respeito pelos livros que lançou (estou devorando no momento “Só Garotos”, obra autobiográfica recheada de relatos afetivos).

Figura icônica do circuito alternativo, Patti tem registros magníficos e arrebatadores de shows nos Estados Unidos e Europa, como este de 2000, quando se cercou de uma banda poderosa e roqueira, extraindo o máximo vigor na execução de “Glitter in Their Eyes”.

Aos 77 anos, Patti se consolida como a grande dama do rock. Humilde, emocionou-se ao ter o nome citado em música do álbum The Tortured Poets Department, de Taylor Swift. Um trecho da faixa-título da estrela pop diz, em tradução livre: “Eu ri na sua cara e disse / ‘Você não é o Dylan Thomas, não sou a Patti Smith / Isso não é o Chelsea Hotel / Não somos idiotas modernos'”.

A música faz referência ao relacionamento entre a dona do hit “Gloria” e o frontman do The 1975, Matty Healy. Ela reagiu à citação de Taylor Swift, publicando foto em preto e branco com Portrait of the Artist as a Young Dog (1940), livro de Dylan Thomas. “Isto é para dizer que fiquei emocionada por ser mencionada ao lado do grande poeta galês Dylan Thomas. Obrigada, Taylor”, escreveu a eterna contestadora. Grande Patti.

Projeto de Lei sobre pagamento do Fundef é aprovado na Alepa

Nesta terça-feira (25), a Assembleia Legislativa do Estado (Alepa) aprovou o projeto de Lei encaminhado pelo Governo do Estado, por meio da Secretaria de Estado de Educação do Pará (Seduc), referente à concessão de abono aos profissionais do magistério da educação básica da rede pública estadual, a partir dos recursos a serem recebidos pelo Estado do Pará em razão de precatório judicial decorrente da complementação do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef). Agora, o projeto de Lei segue para sanção do Governador do Estado, Helder Barbalho.

“O projeto de Lei aprovado hoje pela Alepa trata sobre a proposta do Estado de repasse e investimentos a partir dos recursos do Fundef. Esse é um projeto e um momento muito importantes, pois é um direito que o Estado tem após uma vitória judicial a nível federal. Uma parte desse recurso que vem para o Estado deve ser repassado para as pessoas que trabalhavam na época, e a Assembleia Legislativa debateu justamente as regras que vão nos permitir realizar isso. Além disso, ali tem definições de que uma parte do recurso vai para a manutenção de escolas, essa que é uma demanda tanto do Governo do Estado quanto da própria comunidade escolar, para melhoria do espaço pedagógico. Portanto, é um dos projetos mais importantes para avançarmos com os próximos passos na educação paraense”, disse Rossieli Soares, secretário de Estado de Educação.

A Lei dispõe sobre o repasse aos profissionais do magistério que estavam em efetivo exercício de suas funções nas escolas da rede pública estadual durante o período de 29 de abril de 1999 a 31 de dezembro de 2003, referente ao recurso a ser recebido, pelo Estado do Pará, a título de precatório judicial de complementação, pela União, do Fundef, instituído pela Lei Federal n° 9.424, de 24 de dezembro de 1996.

O planejamento apresentado dá cumprimento ao pagamento de abono aos profissionais do magistério, correspondente a 60% do valor principal do Fundef, já os 40% serão destinados aos investimentos contínuos em melhorias e manutenção das escolas, evidenciando o compromisso com a valorização da educação básica.

A força que vem do meio-campo

POR GERSON NOGUEIRA

A ocorrência de lesões e suspensões é rotineira na Série B, o que obriga os clubes a não descuidar do chamado almoxarifado – reserva de qualidade para suprir ausências importantes. É exatamente o que ocorre com o PSC a esta altura da competição, com perdas expressivas na equipe titular, casos de Juninho e Leandro Vilela.

Com um farto contingente de meio-campistas, a comissão técnica tem alternativas interessantes para o time que vai enfrentar o Operário-PR no próximo domingo, na Curuzu. Se Vilela está fora, Val Soares, Netinho, Carlos Maia e Brendon são opções imediatas.

Caso o meia-atacante Juninho não esteja em condições de voltar contra o Operário, Netinho é a peça mais indicada para substituí-lo. Christophe é outro que pode ser lançado, sem esquecer do experiente Robinho, que pode entrar ao longo do confronto.  

Os dois últimos jogos, contra CRB e Chapecoense, mostraram a força das peças alternativas. O elenco respondeu bem quando o PSC precisou lançar mão de substitutos. Já havia sido assim contra o América-MG, primeira vitória do time no campeonato.

Naquela ocasião, Val Soares saiu de campo consagrado pela bela atuação no segundo tempo. Marcou o gol que abriu caminho para o triunfo e ainda participou intensamente do duelo de meio-campo.

É importante que o time tenha jogadores capazes de contribuir positivamente, mesmo que tenham estilos e características diferentes dos que vêm jogando. Longe de representar uma perda qualitativa, funciona como rejuvenescimento de repertório, o que é sempre positivo.

A saída de bola, item fundamental da estratégia ofensiva do PSC, precisa estar bem sincronizada, sob pena de prejudicar as jogadas no ponto de origem. Quando atua com Vilela, João Vieira e Juninho, a formação titular da meia-cancha, o time acelera e consegue surpreender os adversários.

Mesmo quando não conta com dois desses titulares, a equipe pode ser igualmente poderosa no movimento de avanço sobre o campo inimigo. Val Soares é vertical e agressivo nas finalizações.

Netinho também é um volante com perfil de meia, que gosta da aproximação no ataque e dos chutes de média distância. À sua maneira, ambos tornam o PSC mais forte ofensivamente. (Foto: Matheus Vieira/Ascom PSC)

Felipinho está certo: tumulto ferrou o Leão em Natal

Muito oportuno o desabafo de Felipinho, autor do gol do Remo na derrota para o ABC, em Natal, por 3 a 1. O atacante lamentou o tumulto criado pelas facções organizadas, culminando com a invasão do gramado exatamente depois do gol remista. A interrupção provocada pelo confronto prejudicou o Leão, que vivia seu melhor momento no jogo.

O gol de Felipinho, aos 30 minutos, coroou a melhor atuação azulina na etapa final. O problema é que não houve tempo para continuar pressionando e aproveitando o momento de instabilidade do setor defensivo do ABC.

Além de avaliar que o resultado surpreendeu o próprio time, que fazia planos de sair com pelo menos um ponto de Natal, Felipinho expressou o sentimento geral dos jogadores. Deve ser frustrante ter uma evolução de jogo neutralizada pela ação irresponsável da própria torcida.

Em Belém, contra o S. Bernardo, a parte baderneira da torcida azulina – ou elementos que se disfarçam de torcedores – já tinha se exibido, quebrando assentos e agredindo pessoas, incluindo um policial militar.

Felipinho observou, com razão, que a confusão esfriou o jogo quando o ABC já havia baixado suas linhas e estava claramente atordoado, tanto que o Remo manobrava com extrema liberdade em campo.

Facções uniformizadas se transformaram em problema para os clubes paraenses, não apenas em Belém. O PSC foi punido no ano passado por tumultos causados por torcedores em Florianópolis. Agora, em função da baderna contra S. Bernardo e ABC, o Remo corre o risco de sofrer uma punição pesada no STJD.

Messi, gênio solitário, deve muito aos operários valorosos

A Copa América, com jogos ainda desinteressantes na primeira fase, tem comprovado que o super craque Lionel Messi depende cada vez mais dos carregadores de piano da seleção argentina. Jogadores como De Paul funcionam como verdadeiros cães de caça a serviço do camisa 10.

Os demais jogadores, inclusive os da linha de zagueiros, trabalham o tempo todo em função dele. Limpam a área, criam espaço e lutam do começo ao fim em alta intensidade para que o solista possa brilhar.

Foi assim na Copa de 2022, mas o jogo coletivo (ou comunitário) da Argentina não se desfez depois do título mundial. Pelo contrário, acabou se intensificando, pela consciência de que todos são coadjuvantes ante a grandeza individual do gênio.

Um tabu que desafia a lógica e os investimentos

Alguns tabus nacionais são teimosos, insistem em se manter de pé apesar das óbvias diferenças técnicas entre os times. É o caso de Flamengo e Juventude. Ontem, o rubro-negro do Rio sofreu nova derrota jogando na Serra Gaúcha. Foi o oitavo tropeço diante do Juventude na era dos pontos corridos.

Tudo começou em 2003, com o empate em 2 a 2. No ano seguinte, vitória do Juventude por 1 a 0. Empate em 2 a 2, em 2005; vitória gaúcha por 1 a em 2006; empate, 2 a 2, em 2007; triunfo do Juventude em 2021, por 1 a 0. Novo 2 a 2 em 2022 e, finalmente, ontem, 2 a 1.

Desta vez, o Flamengo estava há nove partidas sem perder. A melhor fase do time desde a chegada de Tite, mas nem isso foi capaz de resistir à força do tabu. Só mesmo a saudável e maravilhosa incerteza que ronda o futebol para justificar uma escrita entre duas forças desiguais.

O Juventude tem o segundo menor orçamento dos clubes que disputam a Série A. Já o Flamengo é o segundo em investimentos na temporada (R$ 162 milhões), abaixo apenas do Cruzeiro, com R$ 188 milhões.  

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 27)