Rock na madrugada – Carly Simon, “You’re So Vain”

POR GERSON NOGUEIRA

Carly Simon dominou o pop rock norte-americano nos anos 70. Unia alcance vocal e um charme pessoal que desmontava resistências. Tornou-se ícone do chamado soft rock, um subgênero inventado para definir um ritmo mais melodioso. A canção é de 1972, do álbum “No Secrets” e foi um êxito monstruoso nas rádios do mundo todo. Além do solo fantástico da guitarra de Jimmy Rian, tem ainda a participação especialíssima e surpreendente de Mick Jagger nos backing vocals.

Muita gente, aliás, sempre apontou semelhança física – boca, principalmente – entre Carly e Mick, que andaram saindo nessa época. Outro ponto a destacar em “You’re So Vain” é a introdução, com um baixo nervoso (do craque Klaus Voorman), de efeito desconcertante. A própria cantora pilota o piano.

Em 1972, Mick Jagger deu uma passada no estúdio onde Carly Simon estava gravando. “You’re So Vain” já estava quase finalizada, mas Mick fez vocais de apoio. Por algum tempo, circulou a história de que o hit seria uma indireta para o líder dos Stones:

“Você é tão vaidoso /
Eu aposto que você pensa que essa música é sobre você /
Não é, não e, não é?”

A própria Carly desmentiu o boato, mas citou outro ex-namorado (Warren Beatty) como inspiração para outro verso da canção:

“Você me teve há vários anos atrás /
Quando eu era bem ingênua /
Bem, você disse que fazíamos um belo casal /
E que você nunca partiria /
Mas você se livrou das coisas que amava /
E uma delas era eu.”

Carly nasceu em berço de ouro, explodiu nas paradas com vários sucessos e virou namoradinha da América ao casar com James Taylor (“Sweet Baby James”). De família milionária, seu pai, Richard L. Simon, é um dos fundadores da famosa editora Simon & Schuster, e a mãe foi cantora de ópera. A família integra o circuito das mais ricas e famosas de Manhattan, Nova York.

Além da música, Carly é autora de livros infantis. Em 1994, foi incluída no Hall da Fama dos Compositores e, em 2020, no Hall da Fama do Rock and Roll.

Emoções compensam falta de gols

POR GERSON NOGUEIRA

O empate sem gols no Re-Pa de quarta-feira deixou um quê de frustração na torcida. Quase 33 mil espectadores no Mangueirão ficaram com o grito de gol preso na garganta. No 1º tempo, os azulinos quase desfrutaram desse prazer. Quatro chances claras, três delas desperdiçadas por Ribamar. Na etapa final, a sensação esteve mais ao lado dos bicolores.

Ao contrário do que era mais ou menos consenso sobre o jogo, Remo e PSC se lançaram à partida com volúpia, buscando o gol. Como a desmentir uma tendência de suas últimas partidas, os azulinos fizeram um 1º tempo de almanaque, com desempenho quase impecável.

A defesa atuou com firmeza, não dando oportunidades ao ataque alviceleste. O meio-de-campo, pela primeira vez formado pelo trio Paulinho Curuá-Jaderson-Pavani, adotou postura dinâmica, marcando forte e impondo velocidade às ações ofensivas.

Logo nos primeiros minutos, a situação parecia mais favorável para o Papão, que botou pressão e rondou a área azulina. Mas, aos 7 minutos, Jaderson avançou velozmente e lançou Kelvin na esquerda. O disparo assustou o goleiro Diogo Silva, passando perto do travessão.

Depois dos 10 minutos, com bolas esticadas para os atacantes, principalmente Ribamar e Kelvin, o Leão inverteu completamente as perspectivas. Edinho, melhor do PSC no período, cobrou falta rasante, para uma defesa arrojada de Marcelo Rangel.

Logo, porém, o Remo retomou as rédeas. Aquele time sempre hesitante ao longo da etapa inicial das partidas deu lugar a uma equipe resoluta, confiante. Parece que não haveria amanhã. Meio e ataque estavam calibrados para buscar o gol.

Em seguida, Kelvin entrou pela direita e bateu à meia altura para uma grande defesa de Diogo Silva. Na sequência, Edinho bateu escanteio e Wanderson cabeceou bola traiçoeira rente ao travessão. Marcelo Rangel espalmou com a ponta dos dedos.

Aos 20’, bola enfiada por Vidal apanhou a zaga do PSC adiantada e Ribamar em deslocamento para a esquerda. O centroavante dominou e chutou rasteiro, à esquerda da trave. Primeira chance desperdiçada.

Não dava tempo para respirar. Aos 24’, Jaderson limpou jogada na intermediária e fez um lançamento caprichado para Pavani, que avançou e tocou para Ribamar. Ele caiu de novo para a esquerda e, livre de marcação, mandou um chute no travessão. Segunda chance perdida.

Aos 27’, Pavani descolou uma inversão de bola para Ribamar. Ele chegou à frente de Gabriel Bispo, avançou até a área, mas perdeu o controle e a bola ficou nas mãos do goleiro. Só dava Remo.

De repente, o Papão acordou. Um cruzamento da direita foi escorado por Edinho e defendido por Marcelo Rangel. João Vieira pegou o rebote, mas finalizou à direita. O lance foi invalidado por impedimento.

O Remo voltou a pressionar depois de um passe em profundidade de Pavani para Ribamar. O atacante chegou, como sempre, na frente dos zagueiros e chutou forte, mas Wanderson conseguiu desviar a tempo.

Ainda houve tempo para um arremate de Raimar, bem defendido por Diogo Silva. O primeiro tempo terminou com a sensação de que os azulinos tinham conquistado o controle do clássico. O problema é que as chances criadas não têm repeteco.

Veio o 2º tempo e as coisas mudaram de lado. Logo de cara, o Remo perdeu seu jogador mais estratégico, Jaderson. O PSC já tinha Robinho no lugar de Biel. A troca de passes ficou mais afiada e Nicolas passou a dispor de espaço para manobrar na área azulina.

Aos 10 minutos, Nicolas disputou com Ícaro e a bola sobrou para Robinho bater rasteiro, à direita do gol. Faltou pouco. No instante seguinte, Bryan cruzou na medida para Nicolas cabecear no ângulo da trave azulina. Marcelo Rangel defendeu com a mão direita e evitou o gol.

Com o Papão predominante, o Remo só chegava de vez em quando, como num chute de Renato Alves aos 30’ e um tiro alto de Sillas, aos 33’. O jogo terminou assim, lá e cá, indefinição permanente quanto ao placar, mas sem lances agudos nos instantes finais.

Para um jogo que acabou em 0 a 0, o relato dos lances mostra que houve embate, luta e aplicação, fazendo com que as emoções aflorassem o tempo todo, como bem manda a tradição do clássico.

Expectativas de evolução para o 2º clássico

Para domingo, quando começa a série decisiva do Parazão, as expectativas aumentam. Podemos ter um jogo ainda mais brigado e tático, visto que os técnicos irão aproveitar o que foi visto na quarta-feira para corrigir seus sistemas e buscar formas de explorar as deficiências do adversário.

Sem Jaderson, lesionado, o Remo tende a enfrentar mais dificuldades para reeditar a boa atuação. O PSC terá o retorno de Jean Dias e Leandro Vilela, titulares que não atuaram. São detalhes que podem fazer muita diferença.

Leão lança camisa especial alusiva ao TEA

O Remo teve uma iniciativa interessante para saudar o mês de celebração de conscientização sobre o Transtorno do Espectro Autista (TEA): lançou uma camisa especial em alusão ao Dia Mundial do Autismo, comemorado na terça-feira, 2.

A camisa, em parceria com a fornecedora Volt, traz a cor azul marinho, mas tem detalhes de peças de quebra-cabeças coloridos, símbolo universal do TEA. A camisa tem um coração em relevo atrás do escudo, além do selo da campanha na parte de trás da camisa, com a frase “Jogamos pelo autismo. Hoje e sempre”.

“É preciso conscientizar a população sobre os desafios e a realidade de uma pessoa dentro do espectro autista, e o futebol é um grande meio para que possamos transmitir esse discurso”, disse o diretor de marketing do Remo, Bruno Carmona.

A comercialização da camisa ocorre nas lojas do clube ao preço de R$ 199,99. Parte do valor arrecadado com as vendas será destinado a instituições que apoiam a causa.

O objetivo é contribuir para a conscientização da população (e da torcida azulina) sobre o autismo e as necessidades e direitos de pessoas que fazem parte desse espectro. Agora fica com a torcida a missão de comprar o uniforme e abraçar a importante causa.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 05)

Tudo igual no Re-Pa: Leão superior no 1º tempo, Papão melhor no 2º

O primeiro Re-Pa da maratona de 4 jogos terminou empatado sem gols, em jogo válido pela semifinal da Copa Verde. Nos próximos dias, os rivais sem enfrentam três vezes seguidas. No domingo, 7, Remo e Paysandu voltam a campo pelo jogo de ida da final do Campeonato Paraense. Na quarta, 10, ocorre o duelo da volta da semifinal da CV. No domingo seguinte, 14, as equipes definem quem será o campeão estadual.

Os times tiveram desempenhos diferentes nos dois tempos. No primeiro, o Remo foi superior, criando várias chances com Ribamar, Kelvin e Raimar. O centroavante Ribamar, muito acionado, perdeu chances e chegou a mandar uma bola no travessão de Diogo Silva.

Na etapa final, o panorama mudou. O Remo perdeu seu principal homem de meio, Jaderson, lesionado, e o PSC ganhou muito com a entrada de Robinho no lugar de Biel. Com muita troca de passes, o Papão cercou a área do Remo e criou boas chances, obrigando o goleiro Marcelo Rangel a fazer boas defesas, como num cabeceio fulminante de Nicolas.

Com o empate, a disputa continua aberta pela vaga na final da Copa Verde.

Corações a mil: é noite de Re-Pa

POR GERSON NOGUEIRA

Quando Remo e Paysandu entram em campo, as emoções saltam à frente. O clássico de hoje vale pela semifinal da Copa Verde. Apesar de ainda não definir título, vale muito para a história de rivalidade que começou a ser construída no início do século passado.

O nervosismo, a tensão e a imprevisibilidade são ingredientes naturais de um jogo sempre tão ansiosamente aguardado. Havia quem receasse um ano reduzido a apenas um Re-Pa, aquele do Campeonato Paraense que terminou empatado.

De repente, por força dos resultados nas duas competições – Parazão e Copa Verde –, os velhos rivais terão quatro jogos para saciar a saudade das torcidas por emoções fortes. No total, teremos cinco clássicos, sendo que a partir de hoje serão quatro num espaço de 12 dias.

É preciso entender sempre que mesmo com um time em momento ligeiramente melhor, caso do PSC, que lidera o Parazão com 30 pontos, o Re-Pa não dá margem a favoritismos. Doido é quem arrisca prognósticos em duelo sempre tão imprevisível.  

Por outro lado, existem questões a considerar. Os times chegam a esse confronto sob baixa pressão, sem precisar provar nada a ninguém, afinal mostraram força para avançar à final do Parazão. Os técnicos têm seus trabalhos plenamente aprovados pelas duas torcidas.

Hélio dos Anjos, que nunca perdeu o clássico (por um ou outro lado), é o sustentáculo do Papão desde a grande campanha do acesso à Série B. Comanda o time com mão de ferro, é respeitado por todos no clube e seus números são impressionantes na temporada.

Já Gustavo Morínigo, que chegou há menos de um mês, teve o mérito de resgatar o Remo de uma fase instável que vinha desagradando a torcida. Com ele, mesmo repetindo erros nos jogos, o time se mantém invicto há sete partidas.

Os setores mais sólidos das duas equipes são zaga e ataque. No PSC, Lucas Maia se tornou o grande xerife da defesa, com atuações sempre seguras e bom aproveitamento nas bolas aéreas. No Remo, Jonilson vem se sobressaindo depois que Ícaro e Ligger se lesionaram. Firme, rápido no combate e nas antecipações, conquistou a posição.

Um ponto que torna ainda mais parelha a disputa é a deficiência de ambos no meio-de-campo. Nenhum dos times se destaca no setor, carecendo de ajustes e mais qualidade. As vitórias de ambos têm sido obtidas muito mais pela ação direta dos atacantes e dos homens de lado.

Nada impede, porém, que o clássico surpreenda com boa participação dos homens de marcação e criatividade. É uma excelente oportunidade para que o setor mais importante finalmente ganhe protagonismo, até para contribuir para a qualidade geral do jogo.

De toda sorte, alegrias e emoções estarão à flor da pele neste primeiro round da série de quatro que vai até o dia 14 de abril. Que vença o melhor futebol.

Por que Textor incomoda tanto os donos do futebol?

Para surpresa de muitos, o jornalismo esportivo do eixo Rio-São Paulo é, por enquanto, o mais incomodado com as denúncias que o dono da SAF Botafogo vem fazendo sobre o esquema de corrupção da arbitragem brasileira. Não há o cuidado nem mesmo de zelar pelas regras básicas da profissão, que ensinam a investigar, apurar e buscar a verdade sempre.

Vários colunistas e repórteres têm mostrado uma inesperada agressividade com o denunciante, unindo-se à previsível reação dos cartolas de alguns grandes clubes – Palmeiras, São Paulo e Flamengo. Todos parecem condenar com antecedência o autor das denúncias.

Gente até respeitável tem se exposto demasiadamente na tentativa de desacreditar John Textor, por motivações variadas. Uma coisa é clara: quem sempre se beneficiou de arbitragens espúrias no Brasil não tem, por óbvio, interesse em descobrir o que há escondido sob o tapete.

Os incomodados aplaudem a iniciativa do dirigente como um fato inusitado no futebol brasileiro moderno, onde boa parte dos envolvidos faz questão de fingir que tudo está bem. Arbitragens desastrosas são esquecidas após alguns dias e não acontece rigorosamente nada.

É lógico que o destemor de John Textor em botar o dedo na ferida está diretamente associado ao fato de que seus negócios vão além do Botafogo e não depende rigorosamente de ninguém – CBF, STJD e clubes. Por isso, virou persona non grata e já foi ameaçado até de banimento.  

Uma luz aponta no horizonte com a criação da CPI da Manipulação dos Jogos de Futebol, que já tem um escopo de atuação: vai começar pelo relatório anual de integridade da Sportradar, empresa líder global em tecnologia esportiva, parceira de CBF, Conmebol, Uefa e Fifa.

O relatório indica que o Brasil teve pelo menos 109 jogos suspeitos de manipulação de resultados em 2023. Nada tão absurdo diante da insatisfação geral com a turma do apito no país de Edilson Pereira de Carvalho.

As investigações do Ministério Público de Goiás descobriram a ponta do iceberg em relação à máfia das apostas esportivas e é o embrião da CPI do Senado. O problema é que a operação do MP e da PF ficou na superfície. O americano sustenta que há muito mais a apurar.

A questão é: se Textor não tem o que dizer, como alegam, por que incomoda tanto? Afinal, o velho ditado ensina: quem não deve, não teme. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 03)

A frase do dia

“No julgamento de Moro, jornalismo ainda erra ao tratar senador e ex-juiz com condescendência. A imprensa brasileira traiu o Brasil na cobertura da Lava Jato. Ela permitiu a destruição de setores importantes da economia e o desvirtuamento da lei processual penal, mas até hoje não fez mea culpa sobre o papel que fez, o que custou muito ao país”.

Kennedy Alencar, jornalista

CPI vai investigar 109 partidas de futebol sob suspeita de manipulação

A CPI da Manipulação dos Jogos de Futebol, recém-criada no Senado, deve começar os trabalhos neste mês. Presidente do Botafogo, John Textor será um dos primeiros depoimentos

A recém-criada CPI da Manipulação dos Jogos de Futebol começa a definir o escopo de atuação: o relatório anual de integridade da Sportradar, empresa líder global em tecnologia esportiva, além de parceira da CBF, Conmebol, Uefa e Fifa, indica que o Brasil teve 109 jogos suspeitos de manipulação dos resultados no ano passado.

Em entrevista à TV Senado, o senador Jorge Kajuru (PSD-GO) anunciou o início do trabalhos da CPI e afirmou que o dono do Botafogo, John Textor, deve ser um dos primeiros a serem ouvidos. Nesta segunda-feira (1º/4), Textor fez novas acusações de manipulação de resultados. Sem apresentar provas, citando análise de partidas com uso de inteligência artificial, o presidente do Botafogo afirmou que jogos do Palmeiras contra São Paulo e Fortaleza favoreceram o alviverde paulista.

“Ele fez uma denúncia gravíssima, dizendo que ele tem a gravação de um árbitro cobrando a propina prometida. Só que ele não quer apresentar o áudio. Então, cadê. Ele vai ser convocado na primeira reunião”, disse Kajuru, em relação à denúncia de Textor, feita no início de março, sobre a existência de um caso de corrupção de um árbitro do futebol brasileiro. Dos poucos detalhes citados por Textor, apontou que o jogo em questão seria de uma “divisão menor” e que o juiz tem sotaque carioca.

Em relação aos relatório feito pela Sportradar, 15 das 109 partidas sob suspeita de fraude foram organizadas pela CBF. Uma delas é o jogo Tombense x Londrina, pela Série B do ano passado. As outras 94 são competições estaduais.

Na avaliação de Kajuru, é necessário se fazer algo urgente em relação à manipulação de resultados porque a paixão do brasileiro pelo futebol está “morrendo”. “Hoje, em cada lugar que eu chego, 10 pessoas conversam comigo e oito dizem que não vão mais aos estádios de futebol e que perderam uma vontade até de assistirem os jogos pela tevê porque a gente não sabe se aquele pênalti foi realmente cometido, né?”, afirmou o senador.

Evento na UFPA debate os 50 anos da Revolução dos Cravos em Portugal

Card na cor vermelha. Sobre uma caixa bege, está escrito: Colóquio. Abaixo, em destaque, está escrito: Democracia Conquistada: 50 anos da Revolução dos Cravos. Em memória do Professor Eduardo Lourenço. Ao lado, está escrito: 04 de abril de 2024. 9h30 - 17h30. Universidade Federal do Pará. Centro de Eventos Benedito Nunes - CEBN. Rua Augusto Corrêa, 01 - Guamá. Setor Básico. Belém-Pará-Brasil. Entrada franca.

Na próxima quinta-feira, 4 de abril, no Centro de Eventos Benedito Nunes da Universidade Federal do Pará (UFPA), será realizado o Colóquio “Democracia Conquistada: 50 Anos da Revolução dos Cravos”, homenageando a memória do Professor Eduardo Lourenço, intelectual português, filósofo, crítico e ensaísta literário, falecido em 2020, aos 97 anos. O evento é uma realização da Reitoria da Universidade Federal do Pará, Vice-consulado de Portugal em Belém, Conselho da Comunidade Luso-Brasileira do Pará e Cátedra João Lúcio de Azevedo, parceria entre o Instituto Camões e a UFPA.

Com a presença do Embaixador de Portugal no Brasil, Luís Faro Ramos, do Reitor da UFPA, Emmanuel Zagury Tourinho, e da Vice-Cônsul de Portugal em Belém, Maria Fernanda Gonçalves Pinheiro, a sessão de abertura incluirá um depoimento online de Pilar del Río, Presidenta da Fundação José Saramago, sobre o Professor Eduardo Lourenço. O Colóquio contará com conferências do advogado José Antônio Pinto Ribeiro, Ex-Ministro da Cultura de Portugal e fundador e presidente do Fórum Justiça e Liberdades, da jornalista portuguesa Anabela Mota Ribeiro, mestra em Filosofia e membro do Conselho Geral da Universidade de Coimbra, e do filósofo Renato Janine Ribeiro, Presidente da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência e ex-Ministro da Educação.

A Revolução dos Cravos marcou o fim de uma ditadura que se estendeu por mais de quarenta anos em Portugal, encerrada com a deposição do então presidente Marcello Caetano, no dia 25 de abril de 1974. Na celebração de seus cinquenta anos, o debate se volta para as conquistas da democracia e as ameaças autoritárias que ainda rondam as sociedades.

Três conferências compõem a programação do Colóquio, iniciando com a de José Antônio Pinto Ribeiro, que falará sobre “O 25 de Abril em 1974 e em 2024, sem Trompetes nem Trombones“. Em seguida, a conferência da jornalista Anabela Mota Ribeiro terá como tema “Como casa limpa / Como chão varrido/ Como porta aberta: os habitantes de uma casa chamada Liberdade”. Fechando a programação, Renato Janine Ribeiro falará sobre “A conquista da democracia em Portugal e no Brasil”.

Toda a programação terá entrada franca. O Centro de Eventos Benedito Nunes fica localizado no Campus Guamá da UFPA, ao lado da Reitoria.

Rock na madrugada – The Kinks, “All Day and All of the Night”

POR GERSON NOGUEIRA

Lançado originalmente em 23 de outubro de 1964 no Reino Unido e em 9 de dezembro de 1964 nos EUA, “All Day and All of the Night” foi um sucesso instantâneo e que ajudou a moldar o novo som que era produzido na Inglaterra. Contemporâneos de Beatles e Rolling Stones, os Kinks são donos de façanhas memoráveis, com inovações rítmicas e arranjos que resistem ao tempo. Sessenta anos depois, dá para perceber o quanto o riff de guitarra na abertura da canção ainda é poderoso. Há quem entenda que é o grito primal do hard rock ou do próprio heavy metal, alguns anos antes de “Helter Skelter”, dos Beatles.

Não estou contente em estar com você durante o dia
Garota, eu quero estar com você o tempo todo
A única vez que me sinto bem é ao seu lado
Garota, eu quero estar com você o tempo todo
Todo o dia e toda a noite

Acima, o trecho inicial da música composta por Ray Davies, o líder da banda e reconhecidamente um dos grandes cantores/compositores da história do rock. Com o irmão Dave, ele formou uma dupla afinada musicalmente, mas turbulenta no relacionamento pessoal. Viviam como cão e gato, uma espécie de versão sessentista dos irmãos Gallagher.

Incontáveis brigas – algumas com troca de socos – marcaram a caminhada dos Kinks, que trocaram muito de formação ao longo da história. A última apresentação oficial foi em 1996. Os irmãos estão lançando um álbum comemorativo dos 60 anos do grupo.

Força explica ascensão remista

POR GERSON NOGUEIRA

O crescimento físico do Remo, visível desde que Ricardo Catalá foi substituído por Gustavo Morínigo, foi a principal alavanca do time nas últimas sete partidas. A força adquirida no processo de preparação teve papel fundamental na conquista da vaga na decisão do Parazão e da classificação à semifinal da Copa Verde.

Foi uma transformação radical a partir da estreia de Morínigo no comando do time, contra o Trem do Amapá, no dia 7 de março, no Baenão. Apesar de repetir alguns problemas herdados da era Catalá, a atuação foi marcada pela velocidade e evolução na marcação.

A torcida percebeu e aplaudiu a mudança. O time lento e dispersivo de antes passou a marcar em todo o campo e a utilizar a velocidade como arma. Os jogos seguintes confirmaram essa nova postura.

Desde então, foram sete partidas – seis vitórias e um empate – sempre encaradas da mesma forma. O segredo está na melhoria do aspecto físico, a partir de um esforço implementado pela comissão técnica de Morínigo. O Remo passou a treinar em horários diferentes (inclusive à noite) e com uma carga maior de exercícios.  

Vem desse incremento a vantagem física do time na reta final das partidas. Contra Santa Rosa, Amazonas e Tuna, o Remo terminou os jogos sempre correndo mais que os adversários e, por consequência, alcançando vitórias importantes.

Foram duas viradas – contra Amazonas e Tuna – e um empate obtido com reação fulminante na etapa final contra o representante amazonense na Copa Verde. É claro que, além da força e da resistência, o papel do técnico nessas mudanças de atitude não pode ser subestimado.

Morínigo tem pulso firme. Conquistou rapidamente a confiança do elenco e usa dessa condição para fazer o time jogar ao seu modo. Tem dado certo. De uma equipe desacreditada junto à torcida, o Remo passou a ser visto com respeito também pelos adversários.

Um dos efeitos naturais do crescimento no aspecto físico é a evolução técnica de alguns jogadores. O melhor exemplo é Jaderson, jogador de características ofensivas que se adaptou à função de meio-campista. No começo, tinha dificuldades em fazer o papel de elo entre meio e ataque.

Depois da chegada de Morínigo, Jaderson se tornou o principal jogador do Remo. Movimenta-se de uma área a outra, com a liberdade concedida pelo técnico, e faz com que a transição ofensiva se realize naturalmente. Foi a peça decisiva nos jogos com Amazonas e Tuna.

É claro que um time não se constrói apenas pela intensidade. É preciso bem mais que isso e, em alguns momentos, o Remo ainda sofre para se impor, como tem acontecido perigosamente no 1º tempo dos jogos. Um problema que Morínigo certamente terá que resolver, mas o fato é que ninguém pode acusar seu time de correr pouco ou ter baixa resistência.

Pelas beiradas, Edinho conquista espaço no Papão

O cearense Edinho chegou ao PSC no início da temporada na condição de reforço importante, com as credenciais de boa campanha na Série B 2023 pelo Sport-PE, cedido pelo Fortaleza. Depois de um período de adaptação, ele finalmente ficou à disposição do técnico Hélio dos Anjos para os jogos do Paraense e Copa Verde.

Sempre que entra em campo mostra as qualidades que fizeram o PSC se interessar pelo seu retorno – havia passado pelo clube em 2015. Destro, atua pelo lado esquerdo como avançado ou derivando para o meio no trabalho de aproximação com meias e volantes.

Diante do Manaus-AM, pela Copa Verde, foi autor do passe milimétrico que alcançou Nicolas entre as linhas do time baré. A jogada resultou no terceiro gol do Papão na partida em momento fundamental, quando a decisão estava indo para as penalidades.

Na mesma noite, marcou o quarto gol, escorando passe de Nicolas. Em 30 minutos, ele fez toda a diferença em campo. A capacidade de se posicionar bem e a habilidade para se livrar da marcação são virtudes que fazem de Edinho, aos 29 anos, figura cada vez mais necessária no PSC atual.

Polivalente, Edinho é uma opção de qualidade para a formação titular ou quando Hélio dos Anjos precisa substituir Jean Dias (ou Vinícius Leite).

Sem TV aberta, clubes transmitem a Copa Verde

As transmissões dos clássicos Re-Pa pela semifinal da Copa Verde (a partir de amanhã, 3) devem, pelo menos por enquanto, seguir o que aconteceu nos jogos anteriores de PSC e Remo na competição. Não haverá transmissão em TV aberta.

A Papão TV irá transmitir via YouTube, com cobrança de R$ 7,99. A Remo TV transmite sem cobrar taxa de adesão. Tudo pode mudar se a CBF conseguir algum streaming ou TV aberta para transmitir.

Diante do desinteresse das emissoras na transmissão, os canais dos clubes mostram sua utilidade. Se é fato que a qualidade por vezes é precária, mas pelo menos serve como opção para quem não puder ir ao Mangueirão.

Sem verba, Leão desiste do Brasileiro de Futsal

A ausência do Remo do Campeonato Brasileiro de Futsal, oficializada ontem, entristeceu os torcedores, mas desnuda o drama das modalidades amadoras nos clubes paraenses. Sem o apoio de baluartes, as despesas tornam-se proibitivas e inviabilizam a presença em competições importantes.

Convidado pela CBFS, o Remo abriu mão da vaga porque teria que pagar cerca de R$ 500 mil (taxas de inscrição, passagens, hospedagem, alimentação e ajuda de custo para atletas e comissão técnica).

Um terço do valor precisaria ser pago de imediato à empresa que gerencia o Brasileiro e o restante até o fim do torneio. Sem patrocínio, os esportes amadores tendem a ficar em segundo plano dentro das prioridades dos clubes.

A diretoria do clube explicou, em nota, que “está empenhada para o fortalecimento de todas as modalidades, entre elas o futsal, mas entende que é necessária uma estrutura básica para que a participação seja positiva de acordo com as tradições azulinas”. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 02)

A frase do dia

“O fim melancólico de Serjo Moro é uma derrota da Rede Globo. A emissora tentou criar um falso paladino da justiça da mesma forma que criou o falso caçador de marajás em 1989. O golpe funcionou por um tempo e o estrago para o Brasil foi enorme, mas, no fim, Moro e Globo perderam”.

Renato Pereira, jornalista e professor

Doze dias para sacudir a massa

POR GERSON NOGUEIRA

Para quem associa futebol a paixão, uma sequência de quatro clássicos Re-Pa é algo sempre digno de comemoração. Até agora só um jogo entre os rivais havia acontecido nesta temporada, no começo do Parazão. Ficou no 0 a 0 e com a expectativa de que se repetiria nas finais, como de fato se confirmou. Mais que isso: a semifinal da Copa Verde reserva mais dois clássicos entre os maiores clubes da Amazônia.

O palco para confrontos dessa magnitude está pronto: o novo Mangueirão lotado vai receber as quatro decisões, entre 3 e 14 de abril. No ano passado, a sequência foi menor: dois jogos pela Copa Verde e um (atrasado) pelo Parazão, na reabertura do Mangueirão. Haveria um quarto Re-Pa, mas dentro da Série C.  

Paysandu e Remo chegam à decisão do Parazão após superarem Águia e Tuna, respectivamente. O Papão foi avassalador contra o Azulão, na Curuzu, no sábado à tarde. Sapecou um 4 a 0 inquestionável, que, como disse o técnico Hélio dos Anjos, poderia ter sido cinco ou seis.

O Leão foi cirúrgico diante da Tuna, ontem, no Mangueirão. Jogou com a instabilidade habitual no primeiro tempo, irritando o torcedor, mas controlando a partida. Na etapa final, após dificuldades no começo, mudou de postura e partiu para cima da Lusa. Fez 2 a 0, tomou pressão no final e saiu com a classificação assegurada.

Na contagem geral de pontos, a melhor campanha é a do Papão, com 83% de aproveitamento, contra 72% do rival. Invicto e líder absoluto, com 30 pontos, tem a melhor defesa (4 gols), divide o melhor ataque (23) com o Remo e tem o artilheiro do campeonato – Nicolas, com 10 gols. O Remo tem 26 pontos, 23 gols e a segunda melhor defesa (7).

O equilíbrio é a marca mais característica do choque entre os dois times. Não será diferente dessa vez. Apesar da melhor trajetória bicolor no Parazão, a força da tradição e o duelo de torcidas fazem com que os clássicos não tenham um favorito.

Apesar de ter trocado de técnico, o Remo não demonstra ter sentido a mudança. Gustavo Morínigo está invicto após sete jogos – seis vitórias e um empate. O PSC tem em Hélio dos Anjos, que nunca perdeu o clássico, uma das forças de sustentação, desde a conquista do acesso à Série B no ano passado.

Tudo está em aberto, mas os bicolores perseguem uma marca histórica: o 50º título paraense. Por óbvio, os azulinos lutam para evitar que isso aconteça. A briga vai ser boa.  

Leão supera perrengues para chegar à final

O jogo começou do mesmo jeito que os três anteriores (Amazonas, ida e volta, e Tuna, ida): o Remo acanhado, chutando a esmo e se preocupando mais com a defesa do que com o ataque. Nas arquibancadas, o torcedor justificadamente perdia a paciência a cada passe errado. As mudanças feitas no time por Gustavo Morínigo não surtiram o efeito desejado.

À beira do campo, Júlio César orientava o time a atacar, pois só a vitória convinha à Tuna. Já Morínigo era só preocupação com o comportamento errático do Remo, que nem parecia estar em vantagem na disputa.  

Depois de algumas grandes defesas de Marcelo Rangel, evidenciando o poder de fogo da ofensiva tunante, o Remo foi disparar o primeiro chute (por cima) depois dos 30 minutos, com Kelvin.

Veio a etapa final e Morínigo fez a já habitual mexida na chave. Trocou Ribamar por Ytalo e Marco Antônio por Henrique, fazendo o time deixar a cautela de lado e partir para frente. Deu certo. Em 15 minutos, o Remo levou mais perigo do que em todo o 1º tempo.

Com as trocas de Sillas e Kelvin por Paulo Vítor e Ronald, o time ficou ainda mais ágil. Aos 24 minutos, Ronald foi à linha de fundo e descolou um cruzamento sob medida para Ytalo, que cabeceou para as redes – terceiro gol dele nas últimas três partidas.

A Tuna seguiu cruzando bolas na área e Marcelo Rangel fazendo das suas. Até que, aos 49’, Jaderson recebeu um belo passe de Pedro Vítor, ajeitou e chutou no canto esquerdo do gol de Iago Hass, fechando o placar.

O resultado de ontem fechou a semifinal com duas vitórias do Remo, mas o jogo de ontem teve números expressivos da Tuna. Mais tempo de bola, 60%, mais chutes a gol (11), escanteios (8) e ataques (80 a 64). Sinais que não devem ter passado despercebidos a Morínigo para a semifinal da Copa Verde, a partir da quarta-feira, 3.

Avassalador, Papão despacha o campeão Águia

Não houve muito tempo para o Águia se ambientar à Curuzu lotada. Logo aos 8 minutos, após passe de Jean Dias em jogada ensaiada, Leandro Vilela abriu o placar com um toque de categoria, encobrindo o goleiro Axel Lopes. O gol foi produto da insistência ofensiva do PSC, deixando o Azulão ainda mais desnorteado.

A pressão continuou e o Papão sentiu que cabia mais. Jean Dias (lesionado) foi substituído por Edinho, que já chegou cobrando falta com muito perigo. Aos 42’, também em bola erguida na área por Edinho, o zagueiro Lucas Maia subiu entre os zagueiros para marcar o segundo gol.

Logo após o intervalo, o lateral Alan Maia cometeu falta boba em Edilson dentro da área. Nicolas converteu o pênalti, fez 3 a 0 e chegou ao 10º gol. Sem demonstrar acomodação, o PSC seguiu no ataque e a recompensa veio aos 21 minutos: Carlão ampliou o placar, aos 21 minutos.

Depois da vitória consolidada, Hélio dos Anjos substituiu alguns jogadores já visando a semifinal da Copa Verde. Nicolas, Biel e Vinícius Leite saíram, mas o time não recuou. Poderia ter ampliado o placar, mas a festa já estava definitivamente garantida nas arquibancadas.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 01)