Leão tenta ajustes para estreia

POR GERSON NOGUEIRA

Não é segredo para ninguém, principalmente depois dos quatro clássicos, que o Remo precisa de ajustes para o Brasileiro da Série C. O meio-de-campo ainda não tem uma formação definitiva. Faltam volantes e o setor de criação é uma incógnita, sem definição de um articulador.

Jaderson, o principalmente homem do setor, muitas vezes parece jogar sozinho, isolado pela falta de conexão no setor. Nos jogos decisivos do Parazão e da Copa Verde, o técnico Gustavo Morínigo sofreu para montar um trio eficiente e funcional.

A melhor atuação do time foi contra o PSC na partida inicial da semifinal da Copa Verde, com um trio formado por Paulinho Curuá, Pavani e Jaderson. Nos jogos seguintes, sem Jaderson (lesionado), a meia-cancha perdeu mobilidade e força de marcação.

João Afonso, volante recém-contratado, com passagens pela Série B, onde defendeu o Novorizontino, foi apresentado ontem. Aos 29 anos, tem características de marcação forte. É o que o Remo precisa para salvaguardar sua linha de zagueiros.

Renato Alves não mostrou qualidades para o papel. Como Henrique perdeu espaço, Paulinho Curuá deve revezar com João Afonso, embora pelo esforço na contratação a vaga de titular pareça destinada ao novato.

Catarinense de Criciúma, defendeu Chapecoense, Brasil de Pelotas, Internacional, Criciúma, Goiás, além de times de Gil Vicente e Marítimo, de Portugal. O problema é que, no Novorizontino, atuou apenas seis vezes desde o ano passado e uma vez em 2024.

Caso esteja fisicamente pronto, é provável que João Afonso estreie contra o Volta Redonda (sábado, 17h), no Baenão. Apesar disso, cabe observar que a chegada do novo volante não é a solução para todos os problemas azulinos. Além do meio, há muito a ser definido por Morínigo no ataque, ponto mais frágil (e falho) dos recentes confrontos com o PSC.

Águia vai encarar o campeão da Copa do Brasil

Saiu o resultado do sorteio da terceira fase da Copa do Brasil e coube ao Águia enfrentar o São Paulo, atual campeão do torneio. O mando do primeiro jogo é do representante paraense, o que abre chance de um bom faturamento para o Azulão, caso o local escolhido seja o Mangueirão.

No ano passado, quando teve o Fortaleza como adversário, o Águia perdeu dinheiro ao optar pelo Mangueirão. Ocorre que a situação era inteiramente desfavorável. O Azulão havia sofrido uma goleada humilhante jogando na capital cearense, além da falta de interesse maior pelo Tricolor.

De toda sorte, a diretoria do clube estuda a possibilidade de mandar a partida em Imperatriz (MA) ou Tocantinópolis (TO). As duas cidades têm estádios apertados, com baixa capacidade de público.

O Mangueirão seria o caminho óbvio, pois o São Paulo tem grande torcida em Belém e pode atrair um público pagante superior a 25 mil espectadores. O jogo deve ser realizado no dia 2 de maio.  

Em situações envolvendo equipes interioranas, o Mangueirão recebeu público de 22 mil pagantes no confronto entre Independente e o mesmo São Paulo, em 2012. Vitória tricolor por 1 a 0, com gol legítimo do Galo (de Tiago Floriano) anulado. No Morumbi, novo triunfo do São Paulo, por 4 a 0, com falhas terríveis do goleiro Dida.

O Águia botou 25 mil pagantes na partida contra o Fluminense, na Copa do Brasil de 2009. O Tricolor meteu 2 a 1. Na volta, no Maracanã, 3 a 0 para o time treinado por Parreira, com a arbitragem prejudicando o Águia.

Apito caseiro não poupa ninguém no Brasileiro

Rolava o 1º tempo de Flamengo x São Paulo e, logo aos 10 minutos, uma exibição supimpa do poder rubro-negro sobre a arbitragem. Anderson Daronco, um dos mais experientes do quadro da CBF, teve a pachorra de marcar falta num lance de canelada do atacante Pedro junto à linha lateral.

O camisa 9 inventou um toque de letra, tropeçou nas próprias pernas e caiu, sozinho, sem ser tocado pela marcação. Apesar da cena ridícula, o Fla acabou beneficiado: Daronco, incontinenti, apontou infração sobre Pedro! Deveria assinalar a falta na bola, vítima indefesa da presepada.

Não há jeito, a arbitragem doméstica é uma instituição brasileira e o lance citado é apenas um sutil exemplo desse aleijão.

Série A: média de público pode superar a da Europa

Passou o tempo em que os estádios lotados da Europa causavam inveja ao futebol brasileiro. Aos poucos, depois que foram construídas arenas confortáveis e modernas, o Campeonato Brasileiro atingiu seguidos recordes de público. Em 2023, o número foi de 26,5 mil espectadores.

A tendência é de crescimento. Projeção inédita e ousada do site Torcedores.com mostra que em oito anos a média por partida deve superar a do Velho Continente. Hoje, a diferença é de mais de 11 mil pessoas.

A projeção recorreu à ciência de dados para concluir que o Brasileiro de 2032 terá média de 33,8 mil pessoas. O site “Worldfootball” serviu como fonte das informações sobre público no Brasil e nas cinco grandes ligas nacionais europeias: Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França.

Foram coletados os dados referentes a público entre 2003 e 2023, descartados os anos de 2020 e 2021, afetados pela pandemia de Covid-19, que impôs restrições de torcida nos estádios.

Portanto, daqui a cinco anos, o Campeonato Brasileiro deve cruzar a linha dos 30 mil torcedores em média por partida. Aumenta a perspectiva de crescimento o fato de a taxa de ocupação dos estádios ainda não ser tão alta. Na edição deste ano, a média de capacidade dos estádios onde as equipes mandarão seus jogos é de 44,6 mil pessoas.

Quatorze estádios dos 19 onde os times irão mandar seus jogos em 2024 têm capacidade para 30 mil pessoas ou mais. Há espaço disponível para um aumento de demanda. Diferente do que acontece na Europa, onde os estádios têm taxa de ocupação acima dos 90%.

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 18)

Gilmar Pereira é eleito reitor da UFPA com 62,6% dos votos válidos

Por volta das 21h02 da noite desta quarta-feira, 17, foi finalizado o resultado da Consulta Prévia à Comunidade, como é tratada a eleição dentro da Universidade Federal do Pará, que deu a vitória à chapa 2, encabeçada pelo atual vice-reitor Gilmar Pereira.

Após o resultado à comunidade da UFPA, os nomes de Gilmar Pereira (candidato a reitor) e Loiane Verbicaro (vice-reitora) comporão uma lista tríplice, que será encaminhada ao presidente Lula. Eleito com 9.340 votos (62,6% de um universo 14.913 votos válidos), Gilmar Pereira se firma como o primeiro reitor negro ao longo de 66 anos de existência da instituição.

Natural de Governador Archer, no Maranhão, Gilmar Pereira nasceu em uma família muito humilde, que dependia da agricultura familiar. A escola mais próxima fez os 10 quilômetros da casa da família, percurso que ele fez a pé. Só concluiu o Ensino Médio aos 18 anos, por meio de supletivo. Foi operário da indústria da construção civil e ingressou no Ensino Superior por meio da interiorização, no final da década de 80.

Formou-se pedagogo pela UFPA e logo entrou no Mestrado e Doutorado. “Quero que os meninos e meninas que entram na UFPA, vindos de lugares de onde eu vim, possam sonhar alto e acreditar, sim, no poder transformador da Educação Superior Pública, de qualidade e democrática”, disse emocionado em seu discurso, no hall da reitoria, ao fim da apuração dos votos.

Confira os quantitativos e percentuais de voto de cada chapa, em ordem decrescente de votos:

Chapa 2Gilmar Pereira da Silva (candidato a reitor) e Loiane Prado Verbicaro (candidata a vice-reitora): 62,6% dos votos válidos (9.340 ao todo), contabilizando 64,9% dos votos dos docentes (1.478 votos), 60,8% dos técnicos-administrativos (1.036) e 62,4% dos discentes (6.826).

Chapa 1Armando Lírio de Souza (candidato a reitor) e Eliana Maria de Souza Franco Teixeira (candidata a vice-reitora): 19,1% dos votos válidos (2.848 ao todo), contabilizando 20,2% dos votos dos docentes (459 votos), 26,9% dos técnicos-administrativos (458) e 17,7% dos discentes (1.931).

Chapa 3: Denise Machado Cardoso (candidata a reitora) e Patrícia Bittencourt Tavares das Neves (candidata a vice-reitora): 10,3% dos votos válidos (1.543 ao todo), contabilizando 8,2% dos votos dos docentes (186 votos), 7,1% dos técnicos-administrativos (121) e 11,3% dos discentes (1.236).

Chapa 4: Hito Braga de Moraes (candidato a reitor) e Marilena Loureiro da Silva (candidata a vice-reitora): 7,9% dos votos válidos (1.182 ao todo), contabilizando 6,8% dos votos dos docentes (154 votos), 5,2% dos técnicos-administrativos (89) e 8,6% dos discentes (939).

A apuração dos votos foi realizada pela COC, a partir das 21h desta quarta-feira, dia 17 de abril, imediatamente após o encerramento da votação no sistema, conforme calendário previsto. Todo o processo da consulta por sistema eletrônico contou com o suporte do Centro de Tecnologia da Informação e Comunicação (CTIC) da UFPA.

A votação eletrônica foi auditada para garantia de segurança e inviolabilidade dos votos. A partir do horário de divulgação do resultado da consulta no site consulta2024.ufpa.br, passou a contar o prazo de 24 horas para interposição de recursos ao resultado.

Gilmar Pereira deverá assumir, após nomeação, em outubro, sucedendo ao atual Reitor, Emmanuel Tourinho, que ficou no cargo por oito anos. (Da Assessoria de Comunicação da UFPA)

Rock na madrugada – Pearl Jam, “Sittin’ on the Dock of the Bay”

POR GERSON NOGUEIRA

Do alto de sua elegância, Otis Redding certamente aprovaria este cover do Pearl Jam para seu maior sucesso, “Sittin’ on the Dock of the Bay” (Sentado na doca da baía). A canção foi executada pela banda no ginásio Murfreesboro, no campus da Faculdade do Tennessee, em março de 1994. Para emoldurar ainda mais o tributo a um dos gigantes da soul music, Eddie convidou o guitarrista Steve Cropper, que tocava com Otis e foi responsável pelo arranjo original da música.

Ao longo da curta carreira, Redding dominou o soul e o rhythm and blues no começo dos anos 1960, influenciando muitos astros que surgiriam depois. Morreu aos 26 anos, em dezembro de 1967, quando o avião em que viajava com sua banda Bar Kays caiu no lago Monona, perto de Madison (Wisconsin). Apenas o músico de apoio Ben Cauley sobreviveu à tragédia.

James Brown contou em sua autobiografia que teria avisado o amigo Otis a não embarcar naquele voo devido ao mau tempo. As gravações de Sittin’ on the Dock of the Bay haviam sido finalizadas apenas três dias antes. O sucesso foi bombástico e foi a primeira canção póstuma a atingir o topo da parada da Billboard.

Em 2003, a revista Rolling Stone elegeu Sittin’ on the Dock of the Bay (lançado em 1968) na posição 161 da lista dos 500 discos mais importantes de todos os tempos. Grande fã de Otis e da música negra em geral, Vedder deu um tratamento impecável à canção neste cover de pegada roqueira, que contribuiu para a redescoberta da música.

Na versão original de Otis, Sittin’ on the Dock of the Bay aparece gloriosamente na trilha sonora do belíssimo Dias Perfeitos, filme do alemão Wim Wenders, lançado em 2023.

Instagram da Alepa ocupa há 100 dias o 1º lugar entre as redes de todas as casas legislativas do país

O envolvimento que faz parte das diversas interações com o público como: curtidas, visualizações, compartilhamentos e comentários são as principais métricas de avaliação de uma rede social. Todas essas análises levaram o perfil do Instagram da Assembleia Legislativa do Pará (Alepa) a completar, nesta segunda-feira (8), 100 dias ocupando o primeiro lugar dentre as redes de todas as Casas Legislativas do Brasil em 2024. A avaliação é feita pela plataforma Social Media Gov, que usa várias métricas para avaliar a influência das redes sociais de diversas instituições brasileiras.

Criatividade, originalidade e planejamento são algumas das características que garantem o topo ao Instagram da Alepa. A equipe responsável pelo perfil garantiu, ainda, os dois primeiros lugares e quarto dentre as 10 postagens com mais envolvimento entre todas as publicações feitas pelos legislativos estaduais brasileiros este ano.

O Instagram da Alepa faz uma conexão do serviço prestado pelo legislativo com as bandeiras sociais atualmente empunhadas pela população. Alda Dantas, coordenadora de comunicação da Casa de Leis paraense, acredita ser fundamental que as instituições potencializem o alcance de uma ferramenta tão importante no acesso da população à informação.

“Trabalhamos muito para alavancar uma ferramenta de comunicação tão importante como hoje é o Instagram, o Facebook. Avalio como excelente o planejamento de conteúdo feito pelo nosso coordenador das redes sociais, o jornalista Rogério Paiva, que está sempre atento ao que acontece, no que está sendo pautado na mídia. O Rogério tem o timing de postar conteúdos relacionados ao que estamos vivenciando enquanto sociedade. Ou seja, as redes sociais da Alepa servem para despertar o público para situações cotidianas, mas também para levantar discussões importantes que talvez passassem despercebidas”, comenta Alda Dantas, jornalista e mestra em Marketing. “Esses 100 dias de primeiro lugar são o resultado de muito trabalho e dedicação”, completa.

À frente da coordenação das redes sociais da Alepa está Rogério Paiva, jornalista, especialista em Mídias Digitais e em Comunicação Corporativa, e mestre em Comunicação e Jornalismo. Segundo ele, todo o resultado do Instagram da Alepa e demais redes é 100% orgânico.

“Nosso trabalho é feito de maneira totalmente orgânica. Não são feitos impulsionamentos nos conteúdos publicados pela Alepa, então todos os números alcançados são obtidos sem nenhum tipo de investimento de recurso financeiro”, disse.

Rogério Paiva acrescenta: “Usamos muito o dia a dia para alavancar os nossos materiais, que fazem parte de uma comunicação política, porque somos uma Casa de Leis. Então, quando a gente coloca um material que trata de assuntos sociais importantes, você traz a população para estes conteúdos e também para os nossos conteúdos políticos. Projetos aprovados na Alepa de grande relevância sempre chamam atenção das pessoas, mas postagens sobre o bairrismo, que tem a ver com o orgulho de pertencimento do paraense ao nosso estado, sempre são bastante visualizados, exemplo disso é aniversário de Belém e outros que já chegam até mais de 350 mil visualizações”. Ao final, Rogério Paiva e Alda Dantas afirmam que: “os bons resultados dos últimos anos do Instagram da Alepa se devem à originalidade e criatividade”.

Vale ressaltar que, mesmo não sendo, atualmente, a métrica mais importante do universo digital, a Alepa saltou de 9º para 4º lugar em seguidores no Instagram de 2023 para 2024. O perfil do Instagram da Alepa contabiliza, hoje, 51 mil usuários que seguem a página do Poder Legislativo do Pará.

Devido ao seu trabalho que é realizado com planejamento, o perfil do Instagram da Alepa é um dos finalistas na 2° edição do prêmio Social Media Gov de Comunicação Pública, na categoria inclusão e diversidade. A comunicação digital da Alepa concorre com instituições que se esforçaram no combate às informações falsas. A premiação acontece no dia 25 de abril, em Florianópolis. 

FPF celebra Parazão renovado

POR GERSON NOGUEIRA

Mensagem do presidente da FPF, Ricardo Gluck Paul, celebra os resultados e números do Campeonato Paraense de 2024, finalizado no domingo com a conquista do título máximo pelo PSC. “Além dos números esportivos, obtivemos recorde de arrecadação (R$ 9 milhões) e patrocínios (R$ 2 milhões). Quase 300 mil pagantes, com média de 4.910 pagantes por jogo e o maior público registrando a marca de 48.180 torcedores. Sem dúvida alguma, uma temporada extraordinária!”, afirma o dirigente.

A FPF destaca ainda a criação e realização de mais duas competições inéditas, que fizeram do certame estadual uma espécie de 3×1: Supercopa Grão Pará, Copa Grão Pará e Estadual. A Supercopa e a Copa são apêndices do Estadual e ampliaram o acesso a taças. E, no caso da Copa Grão Pará, o direito a disputar a Copa do Brasil 2025.

Ideias excelentes que fizeram a diferença, de fato, na competição deste ano. Ricardo Gluck Paul menciona ainda outro fato inédito em campeonatos estaduais: todos os presidentes dos clubes participantes, com exceção dos finalistas PSC (campeão) e Remo (vice), participaram da entrega das medalhas, vestindo a camisa de seus próprios clubes e parabenizando o campeão.

“Esse gesto de urbanidade, além de reforçar a liderança da federação, transmite uma poderosa mensagem de camaradagem e respeito mútuo. Mostrou que, apesar de serem rivais no campo, são parceiros fora dele e a importância dessa união. Foi um momento extraordinário que trouxe alegria e um pouco de informalidade ao evento, mas que, ao mesmo tempo, reforçou importantes valores para todos nós do esporte”, afirma o presidente. A mensagem acompanha um relatório minucioso e repleto de estatísticas sobre a competição.

A acrescentar apenas a preocupação, que deve ser de todos, FPF principalmente, com o caráter estadual do campeonato. A inversão de mando, aprovada pelo conselho técnico, põe em risco essa condição, batendo de frente com os objetivos do principal patrocinador e investidor do Parazão, o Governo do Estado.   

Seleção oficial premia atletas de quatro times

Marcelo Rangel (Remo); Bruno Limão (Águia), Lucas Maia (PSC), Wanderson (PSC) e Wesley (Tuna); Biel (PSC), Germano (Tuna), Jaderson (Remo) e Junior Dindê (Águia); Chula (Tuna) e Nicolas (PSC). Técnico: Hélio dos Anjos.

A escolha dos melhores do campeonato, anunciada ontem na festa de encerramento da competição, faz justiça aos principais destaques da competição. Como toda lista, porém, está sempre sujeita a reparos.

Na seleção da coluna, o goleiro seria Gustavo (São Francisco). Na lateral direita, Thalys (Remo). Na lateral esquerda, Bryan Borges (PSC) e no ataque, ao lado de Nicolas, Braga (Águia).

De maneira geral, a seleção honra os times eleitos durante cada rodada, o que dá ainda mais seriedade à escolha. A prática de eleger os melhores de cada rodada – com a participação de jornalistas – deve ser aplaudida e aperfeiçoada.

Série A começa e arbitragens já estão na berlinda

O futebol tem um quê de surreal nas emoções que desperta. Bráulio da Silva Machado, o árbitro atrapalhado (para dizer o mínimo) do primeiro Re-Pa da decisão do Parazão, apitou Vitória x Palmeiras pela rodada de abertura do Campeonato Brasileiro e arrancou entusiasmados elogios do normalmente ranheta técnico Abel Ferreira.

Ao final do jogo, vencido pelo Palmeiras, o treinador fez questão de enaltecer a arbitragem: “Queria dar os parabéns à equipe de arbitragem, ao Bráulio, ao Caio, ao Alexandre e ao Thiago. Tiveram muito bem neste primeiro jogo, não podia passar em branco”. Algo espantoso, levando em conta o histórico de diatribes de Abel em relação a árbitros.

Talvez a vitória obtida no estádio Barradão tenha influenciado na análise que o português fez da atuação do polêmico Bráulio. “Poucas faltas marcadas, deixaram o jogo ser jogado em um gramado difícil. É assim que tem que ser, mais tempo de jogo, menos falta e mais dinâmica, mais tempo de jogo. É isso que nós queremos”, observou Abel.

Estaria tudo bem se os elogios de Abel pudessem ser estendidos aos demais confrontos da Série A, quase todos marcados por erros graves de arbitragem. No confronto Vasco x Grêmio, um pênalti claro deixou de ser marcado para os gaúchos. Em Goiânia, o Atlético foi impiedosamente operado diante do Flamengo, o que não é exatamente novidade.

Antes dos 15 minutos, o árbitro já tinha expulsado um zagueiro e o técnico Jair Ventura do Atlético. Depois, anulou um gol legítimo do rubro-negro goiano e, no minuto final, arrumou um pênalti (com nova expulsão), que deu a vitória ao Fla.

Para coroar o festival de absurdos, o Corinthians saiu de campo reclamando do árbitro, que havia expulsado um jogador do Atlético-MG em lance duvidoso e ainda ignorou a entrada criminosa do notório Fagner no primeiro tempo. O técnico corintiano foi peitar o árbitro, revoltado, e tomou cartão vermelho. Devia ter ido agradecer.

Tudo isso aconteceu sem deixar qualquer esperança de melhorias. Não há sinal de evolução da arbitragem e – pior – aumentam as evidências de resultados estranhos. E, por enquanto, o grande vilão é John Textor, que ousou dizer que há um sistema corrupto e corruptor no futebol brasileiro.

Cômico é o posicionamento da mídia esportiva diante da evidência de que há algo de podre no reino da arbitragem. Insistem com a ladainha de que são erros aceitáveis, desprovidos de má fé. Então, tá…

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 16)

Cinquenta vezes campeão

POR GERSON NOGUEIRA

O título ficou com quem merecia. O PSC teve mais pontos (34), mais gols, o artilheiro (Nicolas, 11 gols) e não perdeu nenhuma partida. Uma conquista irretocável e histórica: é o 50º campeonato ganho pelo clube, três a mais que o maior rival.

Curiosamente, a partida de ontem foi a menos vibrante dos quatro clássicos, embora fosse o mais importante de todos. Depois dos 90 minutos, o PSC levantou o 50º título de sua história, um recorde no futebol paraense. O empate em 1 a 1 retratou bem o confronto.

O cenário era claro. De um lado, o Papão sem muita pressa, administrando a vantagem de dois gols (estabelecido no primeiro jogo); do outro, o Leão afobado, buscando os gols que precisava, mas sem demonstrar a força necessária para isso.

O 1º tempo foi mais aberto, com superioridade azulina. A ofensividade do Remo era o ponto de destaque do clássico. O problema é que, apesar das iniciativas, o ataque desperdiçou três grandes chances, com Sillas e Ribamar. Falhou novamente na definição, como tem sido marca registrada do time de Gustavo Morínigo.

A primeira grande oportunidade foi azulina: Ronald cruzou rasteiro e Sillas recebeu com liberdade, mas bateu para fora. Em seguida, uma resposta do PSC: Bryan cruzou para Nicolas, que finalizou para boa defesa do goleiro Marcelo Rangel.

Em nova investida do Leão, Ronald cruzou para Ribamar, que chutou com perigo. O último ataque remista começou com Ronald. Da linha de fundo, ele cruzou para Ytalo, que havia substituído Ribamar. O atacante desviou de calcanhar, para fora.

Como precisava desesperadamente de gols, o Remo voltou para o 2º tempo botando pressão no jogo. Ronald atacou pela esquerda e cruzou para Sillas, que finalizou mal. Apesar da pressão azulina, foi o Paysandu que abriu o placar.

Aos 11 minutos, Edinho recebeu bola junto à área e ao avançar foi derrubado por Ícaro. O árbitro deu o pênalti e expulsou o zagueiro. Nicolas cobrou no alto, sem chances para Marcelo Rangel, e fez 1 a 0.

A reação do Leão foi fulminante. As 17’, Ronald recebeu bola na esquerda, invadiu a área e mesmo marcado arrematou. Acertou o ângulo da trave de Matheus Nogueira, para empatar a partida e levantar a torcida azulina.

O problema é que, sem dois jogadores (Ícaro, expulso, e Ytalo, lesionado), o Remo não reproduziu a atuação da etapa inicial, mesmo tentando chegar na base da raça. O PSC, mais tranquilo, dedicou-se a tocar a bola e administrar o empate, suficiente para assegurar a conquista pela 50ª vez do Campeonato Paraense. Merecidamente.

Campanha invicta torna inquestionável o título do Papão

Depois da partida, em meio às comemorações, o técnico Hélio dos Anjos destacou a atuação controlada e pragmática que o PSC teve na partida e valorizou a marca pessoal de 15 jogos de invencibilidade no clássico. Aproveitou, obviamente, para cutucar os rivais pela ida ao tapetão.

Pontuou também o fato de o PSC ter disputado uma primeira fase com muitos jogos no interior do Estado. Sem dúvida, foi expressiva a quantidade de vezes que a equipe precisou se deslocar em viagens desgastantes. Nem isso tirou o ânimo na busca pelo objetivo maior.

O 50º título é marca histórica, que o PSC buscava há três temporadas. Veio da melhor forma possível, com uma campanha quase impecável, superando todos os obstáculos. Apesar de incorrer na velha mania de reclamar das críticas, Hélio tem crédito e é um dos grandes baluartes dessa conquista alviceleste.

Equívoco de Morínigo começou na formação do ataque

Quando foi anunciada a escalação das equipes para a final do Parazão, notava-se no PSC a intenção clara de impor um jogo mais controlado a partir do meio-campo, formado por Val Soares, João Vieira e Robinho. No Remo, do meio para a frente, a escalação obviamente priorizou a parte ofensiva, com Jaderson, Pavani e Sillas na meia-cancha, sem um volante de ofício. No ataque, Kelvin, Ribamar e Ronald.

Esperava-se mais ousadia na maneira de atuar do Leão, levando em conta as peças que Gustavo Morínigo escolheu. A ideia era explorar a transição rápida para vencer a lenta defesa do PSC, mas na prática isso só ocorreu por quatro vezes, esbarrando sempre na finalização deficiente.

Para sufocar de fato o adversário desde o começo, Morínigo deveria ter optado por Kelvin no lugar de Sillas e Kanu na função de Ribamar. São jogadores mais agressivos, ágeis e com maior poder de definição.

Além disso, há o fator surpresa. Morínigo repetiu a mesma configuração dos três jogos anteriores, facilitando o trabalho de Hélio dos Anjos para anular suas escolhas. Sillas não tinha atuado bem em nenhuma das partidas anteriores. Ribamar não marcou gol.

Ao trocar de centroavantes ainda no primeiro tempo (37 minutos), Morínigo deixou claro que não estava insatisfeito com o desempenho de Ribamar. A opção por Ytalo fez com que repetisse um erro frequente. Tirou um atacante de força na área e colocou um substituto sem explosão, tornando o trabalho defensivo do Papão mais tranquilo.

Sem um atacante rápido na área, fica tudo mais difícil para o tipo de jogo que o Remo optou por fazer, de cruzamentos e bolas enfiadas para os pontas e laterais. Kanu teria sido uma escolha mais coerente.

Talvez não fosse suficiente para ganhar o jogo e o título, mas certamente daria ao time uma presença de ataque mais insinuante e agressiva. Ironicamente, Kanu acabou entrando no final da partida, para ajudar no combate de meio-campo, longe da área adversária.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 15)

A frase do dia

“A nostalgia do governo fascista bozonarista é muito eficiente na classe média do tipo ‘clube do tiro’. Mas é uma merda pra quem estava na fila do osso da economia de Paulo Guedes. Vão se catar, bando de ineficientes. Viva Haddad!! Vocês nunca mais serão poder, tão lascados”.

Xico Sá, jornalista e escritor

Com empate no clássico, Papão é campeão paraense pela 50ª vez

POR GERSON NOGUEIRA

Não foi o mais vibrante dos quatro clássicos, mas foi o mais importante. Com o empate em 1 a 1, o Paysandu conquistou na tarde deste domingo (14) o título de campeão paraense de 2024. Uma campanha impecável: o Papão terminou invicto, com a maior artilharia e o artilheiro da competição, Nicolas. O time bicolor havia ganhado o primeiro jogo da final por 2 a 0. Os gols deste segundo clássico da decisão do Parazão foram marcados por Nicolas, de pênalti, e Ronald.

O jogo foi tenso no começo, com poucas tentativas ofensivas. A primeira boa oportunidade foi azulina: Ronald cruzou rasteiro e Sillas recebeu livre, mas bateu para fora. Em seguida, Bryan cruzou para Nicolas, que finalizou para defesa do goleiro Marcelo Rangel. Em nova investida do Remo, Ronald cruzou para Ribamar, que chutou com muito perigo.

O último ataque remista começou com Ronald. Da linha de fundo, ele cruzou para Ytalo, que havia substituído Ribamar. O atacante desviou de calcanhar, para fora.

Como precisava fazer gols, o Remo voltou para o 2º tempo botando pressão no jogo. Ronald atacou pela esquerda e cruzou para Sillas, que chutou mal. Apesar da pressão azulina, foi o Paysandu que abriu o placar. Aos 11 minutos, o árbitro marcou pênalti para os bicolores. Ícaro derrubou Edinho e levou cartão vermelho. Nicolas cobrou e fez 1 a 0.

Aos 17 minutos, Ronald recebeu bola na esquerda e acertou um tiro forte, empatando a partida. Um belo gol, que animou a torcida azulina, mas o time não conseguiu chegar ao segundo gol. Sem dois jogadores (Ícaro, expulso, e Ytalo, lesionado), o Remo não conseguiu se impor no ataque e o PSC administrou o empate que lhe garantia o 50º título da história do campeonato estadual.

Na prática, o título foi decidido no primeiro clássico da final, quando o PSC fez 2 a 0 e o Remo terminou com dois jogadores expulsos.

NÚMEROS FINAIS DO CAMPEONATO

Classificação
Paysandu – 34
Remo – 27
Tuna e Águia – 19
São Francisco e Caeté – 12
Santa Rosa – 11
Bragantino e Cametá – 9
Castanhal – 6
Tapajós – 5
Canaã – 4

Jogos realizados – 62
Gols Marcados – 134

Artilheiros
Nicolas (Paysandu) – 11 gols

Chula (Tuna) – 6 gols

Biel (Paysandu), Ytalo (Remo), Gilleard (Bragantino) e Braga (Águia) – 4 gols

Dedé e Gabriel Furtado (Tuna), Camilo e Echaporã (Remo) e Eslí Garcia (Paysandu) – 3 gols

Marco Antônio, Ícaro, Sillas e Jáderson (Remo), Jean Dias (Paysandu), Pedrinho, Leandro Cearense e Jayme(Tuna), Iuri Tanque (Águia), Filipe Eduardo (Cametá), Mariano (Tapajós), Pétt, Fidélis e Alê (Caeté), João Victor e Gedoz (Castanhal), Flávio (Santa Rosa), Edgo(São Francisco) e Edicleber (Bragantino) – 2 gols

Henrique, Felipinho, Nathan e Ronald (Remo), Bryan Borges, Juninho, Leandro Vilela, Lucas Maia e Carlão (Paysandu), Raylson, Maranhão, Ronny e Solano (Caeté), Pedrão, Balotelli, Magnum, Luan Batoré e Bruno(Cametá), Matheus, Paulinho, Magno e Carlos Maia (Castanhal), Kaike, Davi Cruz, Elielton e Bruno Limão (Águia), Nilson Gomes, Elizeu e Jaquinha (Tapajós), Wesley e Luquinha (Tuna), Charles e Matheus Ceará (Bragantino), André Rosa, John Kennedy, Ruan Café, Renan, Bruno Costa e Negueba (São Francisco), Felipe Vigia e Diego Macedo (Santa Rosa), Marudá, Joel, Derlan e Zé Paulo (Canaã), Pietro-contra (Canaã), Matheus-contra (Canaã) e Marlon-contra (Tuna) – 1 gol cada.

A frase do dia

“Estamos à beira da Terceira Guerra Mundial e o apoio dos Estados Unidos ao genocídio incendiou o mundo”.

Gustavo Petro, presidente da Colômbia

Ministério da Saúde inicia plano para vacinar 130 mil indígenas

Ao longo do Mês de Vacinação dos Povos Indígenas, serão ofertadas 240 mil doses. Ação começou neste sábado (13), no Oiapoque (AP), com a presença da ministra Nísia Trindade

O Ministério da Saúde iniciou o Mês de Vacinação dos Povos Indígenas (MVPI) neste sábado (13). Em 2024, o planejamento abrange 992 aldeias, alcançando mais de 130 mil indígenas. A previsão é aplicar cerca de 240 mil doses dos imunizantes que compõem o Calendário Nacional de Vacinação. Essa é mais uma estratégia do governo federal para intensificar a vacinação em territórios indígenas com o objetivo de alcançar a cobertura vacinal, principalmente em áreas de difícil acesso geográfico. A abertura da ação, que se estende até 12 de maio, teve a presença da ministra Nísia Trindade na Aldeia Kuahi, na Terra Indígena Uaçá, próxima a Oiapoque, no Amapá. Após a agenda, a ministra esteve na cidade de Santana, próximo à capital Macapá, onde visitou uma sala de vacinação contra a dengue. 

O MVPI acontece em todos os 34 Distritos Sanitários Especiais Indígenas (DSEIs) situados nas cinco regiões do país. Mais de 2,5 mil trabalhadores e trabalhadoras da saúde estão envolvidos na atividade. A imunização deste público exige grande esforço pois residem em áreas de difícil acesso terrestre, acesso fluvial limitado em períodos de estiagem e áreas com acesso estritamente aéreo. 

Neste sábado, com a presença de diversas autoridades, foram imunizados indígenas na Aldeia Kuahi. No local, vivem 19 famílias que juntas totalizam 85 moradores. Foram disponibilizadas, ao longo do dia, 2,7 mil doses de rotina que, a seguir, serão distribuídas aos polos base do Oiapoque. Contra a Covid-19, são 1.140 doses distribuídas. Julia Prado/MS

As demais vacinas aplicadas são BCG, febre amarela, tríplice viral (sarampo, rubéola e caxumba), pneumo 23, poliomielite, varicela, difteria e tétano, meningo ACWY, meningocócica C, poliomielite oral, rotavírus, HPV, pentavalente, pneumo 10 e DTPA (para gestantes). 

De maneira geral, a população indígena foi duramente impactada pela disseminação de fake news contra a vacinação, algo que vem sendo revertido após estratégias desenvolvidas pelo Ministério da Saúde. Exemplo disso é o programa Saúde com Ciência, ação inédita e interministerial que tem foco na valorização da ciência e na disseminação de informações confiáveis, além de ações educativas e voltadas à responsabilização. 

O programa atua na estratégia de recuperar as altas coberturas vacinais do Brasil diante de um cenário de retrocesso, principalmente nos últimos dois anos, quando foram registrados os piores índices. A propagação de fake news é um dos fatores que impacta na adesão da população às campanhas de imunização.

Concomitante às atividades de vacinação, foram ofertados ao longo do dia outros atendimentos em saúde, de forma a oportunizar as entradas em território indígena, pelas equipes multidisciplinares e demais categorias profissionais. Foram entregues kits de saúde bucal e ofertado atendimento com dentista; distribuição de remédios; atendimento com fisioterapeuta, psicóloga e assistente social; testagens rápidas e leitura de lâminas para malária; e orientações sobre dengue.Foto: Igor Evangelista/MS

Obras e veículos também serão entregues

Entre os investimentos na saúde indígena, a ministra Nísia Trindade assinou ordem de serviço para o início das obras da Unidade Básica de Saúde Indígena (UBSI) da Aldeia Espírito Santo, beneficiando 708 pessoas. Além disso, foi anunciada a renovação da frota do DSEI Amapá com 25 novos veículos para atender a população de 14,5 mil indígenas. 

Além da rede de vigilância em saúde, para garantir a pronta resposta nos dois países e prevenir que focos de doenças se alastrem, será construído o Laboratório de Fronteira (Lafron), aumentando a capacidade de prevenção e resposta contra surtos e epidemias, principalmente na criação e gestão de alertas diante casos de dengue, malária, Covid-19, gripe, rubéola, HIV e infecções sexualmente transmissíveis. 

Na prática, todo tipo de doença será monitorada e desencadeará ações específicas na região da fronteira, evitando que se alastre para o resto dos estados de ambos os países. Além disso, favorecerá a troca de informações estratégicas, fundamentais para a construção da política internacional adequada e oportuna para a prevenção e controle de doenças. 

A ministra Nísia falou sobre a importância de levar os mais diversos tipos de imunizantes para a proteção indígena e também sobre os avanços que o laboratório trará para a região e os países fronteiriços. “É uma satisfação estar aqui no Amapá e começar a vacinação indígena pelo Oiapoque, essa parte tão importante do Brasil. E lembro que hoje estamos fazendo um Dia D de vacinação da gripe para grupos prioritários em várias partes do Brasil”, disse. “Com relação ao laboratório e ao centro transfronteiriço, eles serão pontos importantes de proteção tanto no Amapá como para os nossos vizinhos, no caso a Guiana Francesa. Pois sabemos que na fronteira pode haver a circulação de vírus e de outros agentes causadores de doenças. Então, isso representa a projeção da vigilância e da pesquisa em saúde que é feita aqui no estado e no Brasil”, acrescentou a ministra, no evento.

Participaram também da cerimônia de lançamento do MVPI o governador do Amapá, Clécio Luis, o ministro da Integração e do Desenvolvimento Regional, Waldez de Góes, o secretário de Saúde Indígena, Weibe Tapeba, a secretária de Vigilância em Saúde e Ambiente, Ethel Maciel, entre outras autoridades.



A ameaça – ainda – sem nome

Por Ruy Castro, na Folha de S. Paulo

Nos anos 1930, o mundo tremia ao ouvir falar do Comintern, a Internacional Comunista. Hoje, sem nome, há uma Internacional da Extrema Direita, e o mundo ainda não se tocou. Ela já detém o governo na Itália, Polônia, Hungria e Holanda. Integra ou apoia o governo na Finlândia, Suécia e Grécia. Cresce a galope na França. Chegou perto nas eleições em Portugal e Espanha. Pândega ou trágica, venceu na Argentina. Promove o terror na Alemanha, no Canadá e na Nova Zelândia. E os EUA podem ter Trump de volta.
No Brasil, Bolsonaro tem processos e acusações suficientes para enjaulá-lo por 500 anos. Isso ainda não aconteceu porque a Justiça tem de seguir o seu curso “normal” – embora se trate de um anormal que, vitorioso na eleição ou no golpe, implantaria uma ditadura que nos faria sentir saudade dos militares. Daí, Bolsonaro continua à solta, arrotando ameaças e pautando a imprensa.
A extrema direita tem uma receita universal. Populismo, nacionalismo, discurso moral e religioso. Xenofobia, repúdio a imigrantes e racismo. Desprezo pelos partidos e pregação da antipolítica. Domesticação ou fechamento do Judiciário. População armada. Antiliberalismo. Negacionismo. Rejeição às teses identitárias e rancor contra artistas e intelectuais. E, com o apoio de seus zumbis nas redes sociais, disseminação de fake news, discurso de ódio com ameaças físicas e inversão de conceitos — falam de “liberdade”, “democracia” e “eleições limpas” e, quando no poder, esses valores são os primeiros a serem cancelados.
Elon Musk, o Führer das plataformas digitais, encarna esse programa. Seu desacato ao Brasil poderia ter sido ditado por Bolsonaro. Mais cedo do que pensamos, o mundo pagará caro por essa tecnologia sem pátria e sem freios.
O Comintern fracassou em tudo e acabou em 1943. A Internacional da Extrema Direita apenas começou e, aos poucos, vai ganhando todas.

(*) Jornalista e escritor, autor das biografias de Carmen Miranda, Garrincha e Nelson Rodrigues, é membro da Academia Brasileira de Letras.

STJD derruba decisão do presidente do TJD e campeão do Parazão será conhecido neste domingo

A treta terminou. O campeão estadual da temporada será premiado e homologado neste domingo, 14, após a segunda partida da decisão do Campeonato Paraense, no estádio Jornalista Edgar Proença. O presidente do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD), José Perdiz de Jesus, botou ordem na casa, suspendendo a medida liminar que impedia o reconhecimento do campeão, bem como impedia a entrega de medalhas e troféus ao vencedor da competição.

O pedido foi feito pela diretoria do Paysandu Sport Club diretamente ao STJD, em resposta à decisão do TJD-PA. “A referida decisão se pauta observando a equivocada decisão da Presidência do Tribunal de Justiça Desportiva do Estado do Pará – TJD/PA que determinou a não homologação do resultado da primeira partida da final do Campeonato Paraense de Futebol de 2024. Ademais, o erro de direito alegado na referida decisão deve ser pré-constituído e, analisando o caso concreto, houve extrema dificuldade de ser comprovado, o que nos leva à insegurança jurídica. Como consequência, a referida decisão permitiu a realização do jogo, mas impôs severa insegurança jurídica no sentido de que o resultado final do Campeonato Paraense de Futebol Masculino Profissional de 2024 poderá ser decidido no ‘tapetão’, após a realização do jogo, por meio de julgamentos jurídicos e não esportivos”, disse o presidente do STJD, José de Jesus, em despacho divulgado neste sábado.

O Paysandu recorreu ao STJD pedindo a cassação da decisão do presidente do TJD, Hamilton Gualberto, para que a impugnação fosse arquivada e para que fosse homologado o resultado da primeira partida (PSC 2 a 0), realizada no domingo passado, 7. Em nome da preservação da “ordem esportiva, espírito esportivo, segurança desportiva, proporcionalidade e razoabilidade”, José de Jesus acolheu a argumentação do clube e suspendeu a decisão de Hamilton Gualberto.

E foi além: determinou que, até o julgamento do Pleno do TJD-PA, “decisões monocráticas do Presidente do TJD-PA estão com seus efeitos suspensos”. Hamilton Gualberto havia decidido não homologar o primeiro jogo atendendo recurso do Clube do Remo.