POR GERSON NOGUEIRA
Não é segredo para ninguém, principalmente depois dos quatro clássicos, que o Remo precisa de ajustes para o Brasileiro da Série C. O meio-de-campo ainda não tem uma formação definitiva. Faltam volantes e o setor de criação é uma incógnita, sem definição de um articulador.
Jaderson, o principalmente homem do setor, muitas vezes parece jogar sozinho, isolado pela falta de conexão no setor. Nos jogos decisivos do Parazão e da Copa Verde, o técnico Gustavo Morínigo sofreu para montar um trio eficiente e funcional.
A melhor atuação do time foi contra o PSC na partida inicial da semifinal da Copa Verde, com um trio formado por Paulinho Curuá, Pavani e Jaderson. Nos jogos seguintes, sem Jaderson (lesionado), a meia-cancha perdeu mobilidade e força de marcação.
João Afonso, volante recém-contratado, com passagens pela Série B, onde defendeu o Novorizontino, foi apresentado ontem. Aos 29 anos, tem características de marcação forte. É o que o Remo precisa para salvaguardar sua linha de zagueiros.
Renato Alves não mostrou qualidades para o papel. Como Henrique perdeu espaço, Paulinho Curuá deve revezar com João Afonso, embora pelo esforço na contratação a vaga de titular pareça destinada ao novato.
Catarinense de Criciúma, defendeu Chapecoense, Brasil de Pelotas, Internacional, Criciúma, Goiás, além de times de Gil Vicente e Marítimo, de Portugal. O problema é que, no Novorizontino, atuou apenas seis vezes desde o ano passado e uma vez em 2024.
Caso esteja fisicamente pronto, é provável que João Afonso estreie contra o Volta Redonda (sábado, 17h), no Baenão. Apesar disso, cabe observar que a chegada do novo volante não é a solução para todos os problemas azulinos. Além do meio, há muito a ser definido por Morínigo no ataque, ponto mais frágil (e falho) dos recentes confrontos com o PSC.
Águia vai encarar o campeão da Copa do Brasil
Saiu o resultado do sorteio da terceira fase da Copa do Brasil e coube ao Águia enfrentar o São Paulo, atual campeão do torneio. O mando do primeiro jogo é do representante paraense, o que abre chance de um bom faturamento para o Azulão, caso o local escolhido seja o Mangueirão.
No ano passado, quando teve o Fortaleza como adversário, o Águia perdeu dinheiro ao optar pelo Mangueirão. Ocorre que a situação era inteiramente desfavorável. O Azulão havia sofrido uma goleada humilhante jogando na capital cearense, além da falta de interesse maior pelo Tricolor.
De toda sorte, a diretoria do clube estuda a possibilidade de mandar a partida em Imperatriz (MA) ou Tocantinópolis (TO). As duas cidades têm estádios apertados, com baixa capacidade de público.
O Mangueirão seria o caminho óbvio, pois o São Paulo tem grande torcida em Belém e pode atrair um público pagante superior a 25 mil espectadores. O jogo deve ser realizado no dia 2 de maio.
Em situações envolvendo equipes interioranas, o Mangueirão recebeu público de 22 mil pagantes no confronto entre Independente e o mesmo São Paulo, em 2012. Vitória tricolor por 1 a 0, com gol legítimo do Galo (de Tiago Floriano) anulado. No Morumbi, novo triunfo do São Paulo, por 4 a 0, com falhas terríveis do goleiro Dida.
O Águia botou 25 mil pagantes na partida contra o Fluminense, na Copa do Brasil de 2009. O Tricolor meteu 2 a 1. Na volta, no Maracanã, 3 a 0 para o time treinado por Parreira, com a arbitragem prejudicando o Águia.
Apito caseiro não poupa ninguém no Brasileiro
Rolava o 1º tempo de Flamengo x São Paulo e, logo aos 10 minutos, uma exibição supimpa do poder rubro-negro sobre a arbitragem. Anderson Daronco, um dos mais experientes do quadro da CBF, teve a pachorra de marcar falta num lance de canelada do atacante Pedro junto à linha lateral.
O camisa 9 inventou um toque de letra, tropeçou nas próprias pernas e caiu, sozinho, sem ser tocado pela marcação. Apesar da cena ridícula, o Fla acabou beneficiado: Daronco, incontinenti, apontou infração sobre Pedro! Deveria assinalar a falta na bola, vítima indefesa da presepada.
Não há jeito, a arbitragem doméstica é uma instituição brasileira e o lance citado é apenas um sutil exemplo desse aleijão.
Série A: média de público pode superar a da Europa
Passou o tempo em que os estádios lotados da Europa causavam inveja ao futebol brasileiro. Aos poucos, depois que foram construídas arenas confortáveis e modernas, o Campeonato Brasileiro atingiu seguidos recordes de público. Em 2023, o número foi de 26,5 mil espectadores.
A tendência é de crescimento. Projeção inédita e ousada do site Torcedores.com mostra que em oito anos a média por partida deve superar a do Velho Continente. Hoje, a diferença é de mais de 11 mil pessoas.
A projeção recorreu à ciência de dados para concluir que o Brasileiro de 2032 terá média de 33,8 mil pessoas. O site “Worldfootball” serviu como fonte das informações sobre público no Brasil e nas cinco grandes ligas nacionais europeias: Inglaterra, Espanha, Alemanha, Itália e França.
Foram coletados os dados referentes a público entre 2003 e 2023, descartados os anos de 2020 e 2021, afetados pela pandemia de Covid-19, que impôs restrições de torcida nos estádios.
Portanto, daqui a cinco anos, o Campeonato Brasileiro deve cruzar a linha dos 30 mil torcedores em média por partida. Aumenta a perspectiva de crescimento o fato de a taxa de ocupação dos estádios ainda não ser tão alta. Na edição deste ano, a média de capacidade dos estádios onde as equipes mandarão seus jogos é de 44,6 mil pessoas.
Quatorze estádios dos 19 onde os times irão mandar seus jogos em 2024 têm capacidade para 30 mil pessoas ou mais. Há espaço disponível para um aumento de demanda. Diferente do que acontece na Europa, onde os estádios têm taxa de ocupação acima dos 90%.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 18)