Com um time mesclado e poupando o artilheiro Nicolas, o PSC empatou com o lanterna Canaã, na tarde deste sábado, em Parauapebas. O começo da partida mostrou o time bicolor mais empenhado em buscar o gol, colocando pressão sobre o adversário. Chegou ao gol em jogada rápida. A bola desviou no zagueiro Mateus Martins e entrou. No segundo tempo, o Papão voltou ainda mais ofensivo e desperdiçou várias chances de gol. Com grandes intervenções, o goleiro Mateus Poletine foi o melhor jogador em campo.
O Canaã ameaçava de vez em quando, mas o Papão teve duas boas chances. Ruan Ribeiro, de bicicleta, quase ampliou aos 34 minutos. Logo depois, Esli Garcia finalizou para as redes, mas o o gol foi anulado por impedimento do meia-atacante. Nos acréscimos, o Canaã chegou ao empate em jogada de Zé Paulo, que entrou na área e bateu cruzado.
Números do campeonato:
Classificação Paysandu – 17 Tuna – 12 Remo – 10 Águia – 9 Caeté e Santa Rosa – 8 Castanhal, Bragantino e Cametá – 6 São Francisco e Tapajós – 5 Canaã – 4
Jogos realizados – 37 Gols Marcados – 75
Artilheiros Nicolas (Paysandu) – 6 gols
Chula (Tuna) – 5 gols
Gilleard (Bragantino) – 4 gols
Dedé (Tuna) – 3 gols
Echaporã, Ytalo, Camilo e Marco Antônio (Remo), Gabriel Furtado (Tuna), Filipe Eduardo (Cametá), Mariano (Tapajós), Pétt (Caeté), João Victor e Gedoz (Castanhal) e Flávio (Santa Rosa) – 2 gols
Jáderson (Remo), Bryan Borges e Juninho (Paysandu), Raylson, Alê, Maranhão e Fidélis (Caeté), Pedrão, Balotelli, Magnum e Luan Batoré (Cametá), Matheus, Paulinho, Magno e Carlos Maia (Castanhal), Braga, Kaike, Davi Cruz e Elielton (Águia), Nilson Gomes e Elizeu (Tapajós), Wesley (Tuna), Edicleber e Charles (Bragantino), André Rosa, John Kennedy e Ruan Café (São Francisco), Felipe Vigia (Santa Rosa), Marudá, Joel, Derlan e Zé Paulo (Canaã), Pietro-contra (Canaã), Matheus-contra (Canaã) e Marlon-contra(Tuna) – 1 gol cada.
Entidade alerta contra campanha liga a região à exploração e abuso sexual
Entidade faz alerta contra campanha impulsionada por Damares. Foto: Divulgação/Agência Senado
O Observatório do Marajó, entidade voltada à viabilização de políticas públicas no arquipélago paraense, manifestou um alerta contra a campanha que liga a região à exploração e à violação sexual de crianças e adolescentes. Em nota pública divulgada na tarde desta quinta-feira (22), a ONG explica que há redes criminosas em todo o país, não sendo exclusividade da ilha.
“A população marajoara não normaliza violências contra crianças e adolescentes. Insiste nessa narrativa quem quer propagá-la e desonrar o povo marajoara. Para proteger as crianças da violência, o caminho é o fortalecimento do sistema de proteção e garantia de direitos das crianças e dos adolescentes”, aponta o comunicado intitulado de “Não acredite em tudo o que vês na internet”.
Inicialmente, a campanha ganhou repercussão com a senadora Damares Alves (Republicanos), então titular do Ministério da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos. Em 2022, a parlamentar disse que ouviu “nas ruas” relatos sobre estupro e tráfico de crianças no Marajó. A ex-ministra, no entanto, não apresentou provas das denúncias.
O movimento voltou a receber o apoio de famosos depois que a cantora gospel paraense Aymeê lançou a música “Evangelho de Fariseus”, que cita diretamente o arquipélago paraense e supostas violações de direitos humanos.
Nomes como Rafa Kalimann, Thaila Ayala, Gkay, Luisa Sonza, Ludmilla, Gabi Martins, MC Daniel fizeram publicações cobrando autoridades locais sobre o combate aos crimes. As postagens não detalham um caso ou apresentam dados oficiais.
“Enquanto ministra de Estado, Damares Alves não destinou os recursos milionários que por diversas vezes prometeu para a região, para fortalecer comunidades escolares. Ao invés disso, atentou contra a honra da população diversas vezes, espalhando mentiras, e abriu tais políticas públicas para grupos privados de São Paulo que defendem a privatização da educação pública”, relata o texto do Observatório do Marajó.
Fake news com conteúdo e formatos similares foram disseminadas no mesmo dia em que Jair Bolsonaro e aliados prestaram depoimento à Polícia Federal
Ministro Silvio Almeida (Foto: Tânia Rêgo/Ag. Brasil)
Do Brasil247
O Ministério dos Direitos Humanos, comandado pelo ministro Silvio Almeida, irá acionar a Advocacia-Geral da União (AGU) para a adoção de providências sobre a possível atuação de grupos organizados na disseminação de notícias falsas sobre o arquipélago do Marajó.
“Chamou a atenção de membros do governo que essas fake news foram disseminadas quase que simultaneamente, com conteúdo e formatos similares ontem, dia em que Jair Bolsonaro e aliados prestaram depoimento à Polícia Federal”, diz o jornalista Lauro Jardim em sua coluna no jornal O Globo. Bolsonaro prestou depoimento no âmbito do inquérito que apura o planejamento de um golpe de Estado na última quinta-feira (22).
Na sexta-feira (23), o ministério divulgou uma nota em que alerta para a divulgação e compartilhamento de fake news sobre o cancelamento de ações e projetos do governo federal na Ilha do Marajó, no Pará. De acordo com a pasta, o Programa Cidadania Marajó, com recursos para o combate à violência de crianças e adolescentes e promoção de direitos humanos e acesso a políticas públicas, foi criado em maio do ano passado e o ministro Silvio Almeida divulgou um vídeo condenando a divulgação das falsas informações.
“É preciso inverter a lógica assistencialista e modos de vida da população do Marajó. Possuímos o compromisso de não associar imagens de vulnerabilidade socioeconômica ou do próprio modo de vida das populações do Marajó, em especial, crianças e adolescentes, ao contexto de exploração sexual”, diz um trecho da nota do ministério.
Na sexta-feira, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania divulgou um comunicado desmentindo as fake news postadas na internet:
“É falsa a informação de que o governo federal cancelou as ações, políticas e projetos voltados ao Marajó. Em maio de 2023, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania criou o Programa Cidadania Marajó, um novo marco em políticas públicas para a região.
O antigo programa, intitulado ‘Abrace o Marajó’, alvo de críticas e denúncias, esse, sim, foi revogado. Isso porque o governo federal tem as crianças e adolescentes como prioridade absoluta, e parte da premissa de que, para garantir direitos, cidadania e mudar, de fato, a realidade das pessoas, é preciso dar voz à população marajoara e apresentar políticas robustas e eficazes.
É preciso inverter lógica assistencialista e modos de vida da população do Marajó. Possuímos o compromisso de não associar imagens de vulnerabilidade socioeconômica ou do próprio modo de vida das populações do Marajó, em especial, crianças e adolescentes, ao contexto de exploração sexual.
Essa retórica, que visava apenas à estigmatização do povo marajoara, foi justamente o motivo que fez com que o programa anterior fosse descontinuado, sem nenhuma entrega ou ação concreta.
Conheça a realidade com base em dados
1 – Em 2021, um ano depois de o ‘Abrace o Marajó’ ser criado, o Ministério Público Federal, Defensoria Pública da União (DPU), Ministério Público do Pará (MPPA) e Defensoria Pública do Estado do Pará (DPE-PA) emitiram uma recomendação em que questionaram a governança e apontaram déficit de participação social no programa.
2 – Segundo relatório da Comissão de Integração Nacional, Desenvolvimento Regional e da Amazônia da Câmara dos Deputados, o programa foi utilizado para a exploração de riquezas naturais e para atender a interesses estrangeiros, sem benefício à população. Não houve participação social ou articulação entre os poderes estaduais, municipais . As comunidades locais e sociedade civil organizada nunca foram ouvidas, assim como não foram respeitados os protocolos de consulta.
3 – De 2019 a 2022, o governo federal diminuiu investimentos nos municípios do Marajó, sobretudo na assistência social, área estratégica para o sistema de garantia de direitos.
4 – Avaliações técnicas do Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania têm identificado expressiva emissão de Termos de Autorização de Uso Sustentável (TAUS) durante o exercício do antigo programa.
5 – O ‘Abrace o Marajó’ apontava, como um dos seus objetivos, ‘melhorar o Índice de Desenvolvimento Humano dos Municípios que compõem o Arquipélago de Marajó por meio da ampliação do alcance e do acesso da população Marajoara aos direitos individuais, coletivos e sociais’. No entanto, os indicadores demonstram que nada mudou, ou que a situação dos marajoaras piorou. A cobertura vacinal nos municípios do Marajó foi de 59,20% em 2019 para 42,20% em 2022. A taxa de mortalidade infantil, que era de 7,54 em 2018, foi de 7,89 em 2022. A taxa de gravidez na adolescência se manteve praticamente estável, sendo de 28,6% em 2019, 27,5% em 2020 e 28,0% em 2021.
Saiba quem é a família Hayashi, os barões evangélicos da Zion Church que estão de olho nas missões no arquipélago
Por Raphael Sanz, no DCM
É claro que o Arquipélado do Marajó, no Pará, assim como qualquer outro lugar do país (e do mundo), convive com crimes de todos os tipos e tem pessoas responsáveis pela prevenção, investigação e repressão dos mesmos. Mas a recente viralização de uma fake news sobre um suposto esquema endêmico de maus tratos e crimes sexuais contra crianças e adolescentes na região, impulsionada pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF) e barões evangélicos a ela ligados, se tornou um verdadeiro escândalo. E o fim da linha, é claro, é uma campanha de arrecadação por Pix.
O agora chamado ‘Escândalo Damares-Marajó’ tem uma série de “núcleos”: a própria Damares, que promoveu a entrada do chamado movimento “Abrace o Marajó” nos anais do governo Bolsonaro; os influenciadores digitais e suas respectivas agências que impulsionaram a viralização do vídeo da cantora gospel Aymée Rocha, que apresentou música sobre as supostas denúncias em show de talentos internacional; e a atuação da família Hayashi, os barões evangélicos que estão por trás da Zion Church, a igreja que promove as missões evangélicas na região, e do instituto Akachi, a ONG recém publicizada que está recebendo as doações. Nestas linhas vamos nos ater ao terceiro “núcleo”.
O programa, um show de talentos gospel internacional, é produzido pela UniCesumar em parceria com o Deezer e transmitido no canal da UniCesumar no Youtube. A instituição, por sua vez, teve como diretor executivo Tiago Stachon, que hoje é vice-presidente da Vitru Educação. Este último é um grupo empresarial que atua no mercado de Ensino A Distância (EAD) e em 2022 comprou a UniCesumar, tornando-se o principal da categoria no Brasil.
Na semifinal do Dom Reality em que Aymée emocionou os jurados, entre eles estava outra figurona evangélica: Mariana Valadão, irmã dos pastores Ana Paula e André Valadão, da Igreja Batista da Lagoinha. E vejam só a ironia do destino: a própria Igreja Batista da Lagoinha se envolveu, recentemente, num caso de estupro de vulneráveis.
A família Hayashi
Lucas Hayashi, que aparece ao lado de Aymée promovendo sua canção, é justamente o pastor que em setembro de 2023, após viagem ao Marajó, voltou alertando em alto e bom som que a ilha amazônica estava infestada de casos de abuso sexual de crianças. Um ano antes, em outubro de 2022, Damares dava seu grotesco discurso, em pleno culto evangélico, “denunciando” que as crianças no Marajó teriam os dentes arrancados para facilitar o sexo oral.
Mas a atenção sobre o arquipélago paraense começou bem antes. Há registros de 2019 sobre os interesses da Zion Church, da família Hayashi e de Damares Alves sobre o Marajó. Naquele ano, Lucas Hayachi gravou um vídeo à bordo de avião da FAB (Força Aérea Brasileira), supostamente cedido pelo governador Helder Barbalho, para fazer uma vistoria no arquipélago. Na narração, o pastor deixa bem claro que está lá para colaborar com Damares, com o governo Bolsonaro e com o movimento Abrace o Marajó.
Zion Church é liderada por Junia e Teófilo Hayashi – irmão do pastor Lucas Hayashi. O clã ainda conta com a mãe deles, Sarah Hayashi. A matriarca recebeu em 2022, direto das mãos de Damares, a Medalha da Ordem do Mérito Princesa Isabel, criada pelo ex-presidente inelegível como uma das maiores honrarias da República (e devidamente extinta pelo ministro Silvio Almeida em 2023).
Damares entrega a Medalha da Ordem do Mérito Princesa Isabel a Sarah Hayashi, da Zion Church. Créditos: Divulgação.
A igreja, por sua vez, foi fundada no continente africano pelo bispo Engenas Barnabas Lekganyane, em 1910, e professa uma doutrina autodenominada “cristianismo sionista”. Os adeptos acreditam na vida, ascensão aos céus e retorno de Jesus Cristo à Terra e que, quando isso ocorrer, o povo hebreu finalmente terá retornado à sua terra natal e haverá um reino de mil anos em que os fieis governarão o mundo.
A versão brasileira da instituição religiosa funciona como uma espécie de franquia da original. Nos últimos anos, a Zion Church se transformou numa das maiores do mercado gospel brasileiro. É também uma das organizadoras do The Send, um evento que mistura o ideário de extrema direita com esse evangelismo típico dos EUA professado pela instituição. Foi num The Send que Bolsonaro teria “se convertido” a Jesus Cristo.
Bolsonaro recebe oração no The Send. Créditos: Reprodução/Instagram/Dayse Barbosa
O The Send, por sua vez, também tem relações com o grupo Jocum, que reúne missionários evangélicos que foram expulsos da região amazônica pelo Ministério Público Federal em 2016. A razão da expulsão: um documentário mentiroso e amplamente repercutido por Damares ao longo dos anos que denúncia uma suposta cultura de infanticídio entre os povos indígenas da região. Anos depois, em 2020, Damares tentaria levar dois missionários do grupo a uma aldeia do povo Suruwahá, mas o MPF não permitiu.
O fim da linha: campanha de Pix
Recapitulando: pelo menos desde 2019 Damares Alves e seus aliados da Zion Church, Dunamis Movement, The Send e afins, vêm falando sobre os supostos casos de exploração sexual infantil no Marajó. As mentiras de Damares renderam até mesmo um processo do MPF quando ela declarou que as crianças teriam os dentes arrancados para facilitar o sexo oral. Depois da invertida, o tema saiu do radar.
A apresentação de Aymeé Rocha na semifinal do Dom Reality ocorreu em 15 de fevereiro e a viralização do seu vídeo – em que denuncia o suposto escândalo antes de tocar a música “Evangelho Fariseu – só viralizaria nas redes sociais 5 dias depois, na última terça (20), quando um verdadeiro tsunami de influenciadores digitais oriundos de 3 agências inundou a internet brasileira com as “denúncias”.
Na matéria publicada ontem na Fórum, apontamos que o principal fim da Zion Church é financiar missões evangélicas e dissemos que uma denúncia de que a população inteira de um enorme arquipélago nos rincões do Brasil seria conivente com um esquema hediondo de abuso infantil poderia ser um combustível e tanto para agregar tais doações.
É claro que não deu outra. Desde a última quarta-feira (21), uma ONG chamada Instituto Akashi tem coletando doações por Pix numa campanha em prol do “fim do sofrimento das crianças”. Pesquisando o CNPJ divulgado com a campanha, descobrimos que o registro data de 15 de setembro de 2020 – contrariando as próprias redes sociais da ONG que apontam o início das atividades em 2019 – e que a sede da associação privada fica em Pariquera-Açu, em São Paulo.
Além disso, o Instagram da entidade data de outubro de 2023 e o seu Twitter foi criado neste mês de fevereiro de 2024.
A família Hayashi não está no quadro de sócios, mas as ligações entre o “Instituto” e todo esse arcabouço político-evangélico-digital aparentemente são grandes. Além de uma infinidade de posts nas redes pedindo doações por Pix com chave no CNPJ da empresa, há também uma página de doações no site oficial do Instituto Akashi que tem sido amplamente divulgada desde a viralização. Ainda não sabemos qual é o total arrecadado desde quarta-feira (21).
Sheik do Bitcoin, a cereja do bolo
Francisleu Valdevino da Silva, conhecido como o “Sheik do Bitcoin”, se envolveu em fevereiro de 2023 numa polêmica entre o pastor Teófilo Hayashi e a famosa cantora gospel Priscilla Alcantara. O Sheik ficou famoso entre 2017 e 2018, quando a criptomoeda teve uma alta sem precedentes e ganhou o debate público. Ele teria ficado milionário com os investimentos.
Mais tarde, em novembro de 2022, seria preso acusado de roubar bilhões num esquema de pirâmide financeira envolvendo as próprias criptomoedas. Evangélico, ele possui fortes ligações com os barões da fé.
Pois bem, em fevereiro do ano passado, Priscilla Alcantara, que já era famosa antes de ser uma cantora gospel por ter trabalhado no SBT quando era criança, anunciou que deixaria de fazer músicas religiosas para tentar lançar sua carreira com músicas pop ‘seculares’. O anúncio da aclamada artista não agradou em nada a muitos desses barões da fé.
Entre os pastores que não pouparam críticas à artista estava Teo Hayashi e seu perfil com 700 mil seguidores no Instagram. Ele literalmente chamou a cantora de “apóstata” e se revoltou por conta da decisão da artista, que tinha liderado os “louvores do The Send”, evento que conta com a organização da Zion Church. O que mais irritou o pastor foi o fato de Alcantara ter feito uma apresentação na diabólica festa de Carnaval daquele ano.
Reprodução/X
A polêmica tomou as redes evangélicas e, em meio ao “fogo cruzado digital”, reapareceu o nome do Sheik do Bitcoin como um dos patrocinadores do The Send. Ele teria financiado o festival ainda em 2020, quando o evento foi promovido pela primeira vez e juntou mais de 150 mil pessoas em estádios como o Morumbi (São Paulo), Allianz Parque (São Paulo) e Mané Garrincha (Brasília).
O próprio App do The Send foi produzido pela Allgency, empresa do Sheik dos Bitcoins. Além disso, o especulador também teve uma sociedade com o pastor Silas Malafaia. Ambos criaram a AlvoX, empresa de marketing voltada para o mercado evangélico.
E mesmo sem que a organização do The Send tenha confirmado a relação comercial, a história caiu na boca do povo e os Hayashi tiveram de ouvir dos fãs de Alcântara perguntas sobre como se sentiam com “o maior esquema de pirâmide do país, que deu golpe de bilhões nos fieis da igreja, patrocinando seu evento”.
Presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Foto: Cristiano Mariz/Agência O Globo
Por Glenn Greenwald
Desde que Lula evocou o Holocausto para denunciar a destruição de Gaza por Israel, a grande mídia brasileira se uniu, com raras exceções, para condená-lo. Na segunda-feira (19) à noite, o jornalista William Waack afirmou na CNN Brasil que a declaração de Lula “ofende judeus no mundo inteiro”.
Deixando de lado a incongruência que é ver William Waack se colocar como vigilante da intolerância e fiscal do que se pode dizer no discurso público, a pergunta que faço é: com base no que ele se coloca como porta-voz dos “judeus no mundo inteiro”?
É verdade que a declaração de Lula enfureceu o governo do primeiro-ministro Benjamin Netanyahu, que declarou Lula “persona non grata” em Israel. Mas equiparar o governo de Israel a “judeus no mundo inteiro” não é só falso, é também antissemitismo.
Como todos os grupos, os judeus não são um monolito. Qualquer pessoa que, como eu, tenha crescido numa família judaica e imersa nessas tradições sabe que o grupo passa longe de ser homogêneo. Há dentre os judeus discussões e divergências sobre os mais diversos assuntos, inclusive o Estado de Israel, o tratamento desumano dispensado aos palestinos e a abjeta imoralidade da destruição de Gaza.
Um mês antes do ataque do Hamas de 7 de outubro, o ex-chefe do Mossad, agência de inteligência israelense, Tamir Pardo —indicado por Netanyahu— afirmou que Israel impõe “uma forma de apartheid aos palestinos”. Muitos líderes Israelenses, incluindo o ex-primeiro Ministro Ehud Barak, já disseram o mesmo.
O jornalista judeu brasileiro Breno Altman vem repetidamente comparando as ações de Israel em Gaza ao nazismo, ao ponto de estar sendo investigado pela Polícia Federal por expressar sua visão. Um grupo de judeus brasileiros, conforme relatado pela Folha, emitiu uma nota para defender as declarações de Lula.
Nesta semana, a escritora judia russa Masha Gessen recebeu o Polk Award, o segundo prêmio mais importante no jornalismo dos EUA, por seu brilhante ensaio na revista New Yorker intitulado “Na Sombra do Holocausto”. No texto, Gessen aponta como o Holocausto é frequentemente evocado para silenciar as críticas aos crimes de guerra de Israel.
Gessen cita a filósofa Hannah Arendt, judia que em 1948 comparou grupos sionistas extremistas ao Partido Nazista, tanto em sua mentalidade quando em suas táticas —isso tudo menos de três anos depois do fim da Segunda Guerra.
No mesmo ano, o físico judeu Albert Einstein e outros importantes intelectuais judeus publicaram uma carta comparando os métodos de atuação de Menachem Begin, o terrorista sionista que se tornaria depois primeiro-ministro de Israel, aos dos nazistas.
Em seu artigo, Gessen documenta como os intelectuais judeus mais importantes do pós-guerra insistiam que as lições do Holocausto deveriam ser aplicadas universalmente, e que nenhum país ou grupo, sionistas inclusive, deveria se furtar de absorver esse aprendizado.
Gessen então descreve como, visitando os museus do Holocausto pelo mundo, se lembrava do sofrimento da população de Gaza nas mãos de Israel.
Sabendo então dessa enorme pluralidade no seio da comunidade judaica, como explicar a pretensão de uma pessoa como William Waack, que, como a grande maioria da mídia brasileira, se sente no direito falar em nome dos judeus e de impor limites às discussões sobre o Holocausto? E os judeus que rejeitam os ditames dos Netanyahu do mundo, quem falará por nós?
Equiparar as ações do governo de Israel à totalidade dos judeus do mundo é ofensivo. Todas as pesquisas mostram que o público israelense se voltou fortemente contra Netanyahu e espera ansiosamente para depô-lo. Há protestos contra ele, liderados por judeus israelenses, todos as semanas. São judeus muitos dos líderes mais vocais em suas denúncias de que a guerra em Gaza se trata de um genocídio.
Mas há ainda um tema muito mais importante trazido à tona pela controvérsia: a quem pertence a memória do nazismo e da Segunda Guerra? Existe alguém com legitimidade para ditar como o Holocausto pode ser discutido, por quem, e com que agenda política? Existem países específicos cujas ações estão imunes, por algum motivo, às comparações com os piores abusos da Segunda Guerra? Se sim, essa imunidade se baseia em quê?
Quando a Segunda Guerra terminou e a real dimensão do Holocausto foi revelada, os países aliados, uma vez vencedores, decidiram não executar imediatamente os líderes nazistas. Em vez disso, foi realizado um processo jurídico transparente, conhecido como o julgamento de Nuremberg.
O objetivo era publicizar e legitimar o veredito —e, mais que isso, mostrar ao mundo as evidências das atrocidades cometidas pelos nazistas para, acima de tudo, estabelecer os princípios pelos quais os países deveriam se guiar no futuro.
O procurador-chefe dos EUA no julgamento, Robert Jackson, enfatizou em suas colocações iniciais que a maldade nazista se repetiria no futuro. “Esses prisioneiros nazistas representam uma influência sinistra que continuará no mundo mesmo depois que seus corpos retornarem ao pó.”
Referindo-se às sentenças contra criminosos nazistas específicos, Jackson disse: “Se esse julgamento for ter alguma utilidade no futuro, deverá servir para condenar também a agressão de outras nações, inclusive as que aqui estão na posição de julgadoras”.
Os horrores do Holocausto não foram uma lição sobre a maldade dos alemães ou a vulnerabilidade dos judeus. Foram uma lição sobre a natureza humana e a nossa capacidade para o mal, e como sociedades sofisticadas e educadas podem sucumbir a impulsos genocidas. Por isso, as sentenças proferidas em Nuremberg não podem dar a qualquer país, incluindo Israel, uma justificativa para suas próprias ações. Pelo contrário: os crimes do Holocausto não podem ser repetidos por nenhum país, nunca mais.
Os horrores da destruição de Gaza por Israel já estão visíveis para todos que quiserem ver. O ministro da Defesa israelense, Yoav Gallant, prometeu no início da guerra: “Estamos impondo um cerco total a Gaza. Nem eletricidade, nem comida, nem água, nem combustível. Tudo bloqueado”. O motivo: Estamos lutando contra animais e agimos em conformidade.
Hoje podemos ver que essa promessa, bem como a ideia de que os palestinos são sub-humanos, não era blefe. Segundo relatório da ONU, de todas as pessoas do mundo que enfrentam a fome extrema, 80% estão em Gaza. Trata-de se uma crise humanitária sem paralelo, diz o texto. Há inúmeros casos, incontroversos e amplamente documentados, de crianças à beira da morte por fome.
Ao menos 29 mil pessoas foram mortas em Gaza desde que Israel começou a retaliação aos ataques do Hamas de 7 de outubro: 70% são mulheres e crianças. A destruição da vida civil em Gaza é pior do que qualquer guerra que o mundo tenha visto no século 21.
Mais bombas foram lançadas por Israel em Gaza, um território pequeno e densamente povoado, na primeira semana do conflito armado (cerca de 6.000) do que foram jogadas anualmente pelos EUA no Afeganistão, de 2013 a 2018 (nesse período, nenhum ano registrou mais de 4.400 bombas), segundo dados da Força Aérea israelense e da Central das Forças Aéreas dos EUA.
Ninguém, nem mesmo Lula, está sugerindo que a escala das mortes em Gaza seja comparável ao Holocausto. O que muitas pessoas estão dizendo – inclusive alguns dos intelectuais judeus mais proeminentes do mundo, como Masha Gessen – é que os mesmos princípios de desprezo pela vida e desumanização coletiva que culminaram no Holocausto estão também por trás da destruição de Gaza.
Registro ao vivo desta canção icônica de The Band no sensacional “The Last Waltz – O Último Concerto de Rock”, de Martin Scorsese, um dos primeiros filmes-concerto da história do rock. O show foi filmado no dia 25 de novembro de 1976, no teatro Winterland, em San Francisco. A banda de Robbie Robertson juntou algumas das maiores estrelas da música – Eric Clapton, Bob Dylan, Van Morrison, Ringo Starr, Paul Butterfield, Ronnie Wood – para comemorar os 17 anos de carreira.
Uma belíssima festa de adeus, captada por câmeras afiadas. “The Night They Drove…” soa melhor executada ao vivo do que na gravação de estúdio, algo mais ou menos comum na carreira deste grupo canadense célebre por adorar a estrada e o palco. A interpretação do baterista Levon Helm é emocionante. Robbie e Levon já partiram, mas deixaram um tremendo legado.
O espírito guerreiro que levou o Águia à conquista do título paraense do ano passado renasceu diante do Coritiba, ontem à noite, no estádio Zinho Oliveira, em Marabá. Depois de sofrer nos primeiros minutos, quando tomou o gol e quase sofreu outros, o time empatou ainda na etapa inicial. Depois, marchou para a vitória irretocável por 3 a 2. Boa parte dela na conta das alterações feitas pelo técnico Mathaus Sodré.
A vaga à segunda fase da Copa do Brasil foi conquistada com muita luta, brio e determinação. O time foi renovado – ficaram apenas sete atletas titulares da campanha campeã no Parazão – e o comando restaurado, com a volta de Mathaus Sodré.
Quando a partida começou, a melhor distribuição em campo do Coritiba passou a impressão de que o Águia teria muitos problemas. Para agravar esse estado de coisas, o Coxa abriu o placar em grande jogada de Robson para cabeceio fulminante de Frizzo.
Logo em seguida, mais duas boas oportunidades para os paranaenses foram neutralizadas por defesas precisas de Axel Lopes. Aos poucos, o time marabaense foi se organizando melhor e atacando com boas investidas pelos lados, com Wander e Bruno Limão.
A mexida que mudou o destino do Águia e do jogo aconteceu aos 26 minutos, quando Mathaus trocou o zagueiro Cassius pelo centroavante Iury Tanque, deixando o time novamente com dois zagueiros de área – Betão e Davi Cruz – e mais presença no centro do ataque.
O empate veio a seguir. Aos 28’, após cruzamento, o baixinho Braga se antecipou ao lateral Natanael e desviou de cabeça. O Azulão voltava para o jogo. O Coxa se perturbou por alguns minutos, mas ameaçou na reta final.
O lance mais agudo ocorreu aos 44’, quando David invadiu a área e bateu forte. Axel deu rebote, Robson pegou de primeira e o goleiro defendeu de novo, fazendo a torcida vibrar no Zinho Oliveira. Aos 47’, Gomez chutou da entrada da área e a bola resvalou no travessão.
Veio o 2º tempo e Di Maria substituiu Alan Maia. Aos 2 minutos, a vitória começou a se esboçar. O zagueiro Betão foi agarrado na pequena área quando ia chutar para o gol. O excelente árbitro Matheus Candançan (SP), de frente para o lance, marcou o pênalti. Iury bateu rasteiro e guardou.
À frente no placar, o Águia passou a dominar as ações, explorando muito os lados do campo. Trocou Wander por Fabiano e Kaique por Elielton. O destino se encarregou de premiar a atuação do Azulão. Aos 24’, Benevenuto cometeu falta e foi excluído (2º amarelo). Junior Dindê, cirúrgico, mandou a bola no ângulo direito.
A partir daí, prevaleceu a transpiração e a capacidade de resistir à pressão. O Coxa ainda descontou aos 50’, com Bruno Melo, após disputa na área. Não havia mais tempo para nada. Vitória suada e merecida do Águia na melhor partida da temporada no futebol paraense.
Papão se prepara para ficar sem seu comandante
O PSC estreia na Copa do Brasil na semana que vem e vai começar a conviver com a ausência de seu técnico à beira do campo. Como se sabe, Hélio dos Anjos foi condenado pelo STJD e punido com nove jogos de suspensão, por xingamentos homofóbicos contra a arbitragem do jogo contra o Volta Redonda pela Série C 2023.
A punição começa a ser cumprida diante do Ji-Paraná, em Rondônia, no jogo válido pela primeira fase da Copa do Brasil. A suspensão é válida apenas para jogos de competições oficiais da CBF.
Pelas características de Hélio, participativo e vibrante à beira do gramado, o time deve sentir a ausência do comandante. No ano passado, esse problema já havia se verificado em quatro jogos da Série C.
Um prejuízo que o PSC sofre por obra exclusiva do destempero emocional de seu veterano treinador. Que o castigo sirva de lição.
Botafogo corrige o erro da contratação de Nunes
A saída de Tiago Nunes, anunciada ontem, pode ter sido o passo inicial do Botafogo para garantir uma boa temporada. Era unânime na torcida a sensação de que a insistência era um erro que não podia persistir. A partida sofrível diante do limitado Aurora, pela Libertadores, foi a gota d’água. A cúpula da SAF finalmente entendeu que era preciso dispensar Tiago.
A bem da verdade, a contratação do treinador na reta final da Série A 2023 já foi um erro tremendo. De perfil excessivamente burocrático, Tiago chegou no momento em que o Botafogo precisava de um técnico vibrante, sanguíneo – tudo o que ele não é.
Como previsto, ele não conseguiu levantar o astral do time, emocionalmente combalido pela sequência de maus resultados que minaram as chances de título. Apesar do trabalho infrutífero, ele foi mantido para 2024. Uma brutal perda de tempo.
A dispensa corrige o erro e permite acreditar que, sob nova direção, o bom elenco do Botafogo tem nova chance de vir a gerar um time competitivo, desde que o clube não erre de novo na escolha do comandante.
Ataque de facção ao ônibus do Fortaleza deixa vítimas
O caso é de polícia, pois aconteceu fora dos limites do estádio, no Recife. A situação é grave e requer providências. Seis jogadores do Fortaleza foram vítimas da emboscada. Covardia e violência de mãos dadas. Ao que parece, as forças de segurança só irão agir de verdade contra os criminosos quando ocorrer morte, coisa que não vai demorar a acontecer.
Não são torcidas normais, são facções armadas e dispostas a agredir e matar, como as que agem nos clássicos em Belém. O último, aliás, resultou em mortes entre grupos já extintos pela Justiça. Conhecedores do problema, PSC e Remo se solidarizaram com o Fortaleza.
(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 23)
No Brasil temos 4 séries no futebol, A, B, C e D. Até a C são 20 clubes disputando acesso e lamentando queda.
O cenário:
Na Série A, os times são compostos de no mínimo 30 jogadores, num total de 600 “atletas”;
O mesmo número se repete na Série B.
20 clubes com 30 atletas cada. São mais 600 jogadores.
Temos então um total de 1.200 nas duas séries. A série A, milionária, a B com grande apelo de patrocínio, além de rendas.
Logo, o que sobra para compor elencos da Série C?. Jogadores em fim de carreira, ex jogadores em atividade, todos com empresários.
A seleção feita pelos clubes da Série C é cada vez mais difícil.
Por isso prego a necessidade de termos “olheiros” mesmo remunerados podem indicar jogadores que honrem a nossa camisa.
No atual plantel do Remo devemos festejar a presença do Henrique, do Felipinho. O Kanu está esquecido, mas é no mínimo, igual ao Ribamar, contratado após retumbante fracasso ano passado no Náutico P/E.
Nos times do Paraense, destaque para o Germano, o Chula e o Gabriel, da Tuna. No Bragantino, Gileard, criticado pq “perdeu” 3 gols contra o PSC.
No Tapajós, o bom meia Nilson.
Na terça-feira, o excelente goleiro do PV, garantiu o pagamento da folha salarial do seu time (R$ 70.000,00) no ano inteiro.
Ressalto, sempre o respeito e a vontade de ver o Tonhão e sua equipe pleno de vitórias. Somos todos fanáticos remistas. Grupos litigantes ficaram para trás após o resultado das eleições.
Assisti umas 20 vezes a fala de Lula, para ter total certeza que ele não tivesse cometido alguma pequena rata, passíveis de serem cometidas, em discursos improvisados. Aliás, tem um setor da imprensa (e até de parte da esquerda hipertexto geração ultrapoliticamente correta) que se especializou agora em trabalhar com mexericos, fofocas, sobre pequenos deslizes de Lula. Se Lula inaugura um conjunto de prédios para 400 famílias, do Minha Casa Minha Vida, a notícia versará sobre algum comentário provavelmente machista sobre namoro de adolescentes (e desaparece o lançamento dos imóveis para pobres), se ele lança uma escola técnica em Belford Roxo, beneficiando mil jovens, preferem focar em discutir se dizer que os pais devem ou não torcer o nariz sobre as filhas namorarem com quem não quer estudar, e desaparece novamente a inauguração da escola técnica.
Como falaria Cazuza, vamos pedir piedade, senhor piedade, para esta gente careta e covarde!
Mas neste caso, o assunto é muito mais visceral, o genocídio palestino em Gaza. Gaza, como todos sabem, é a maior prisão a céu aberto do mundo, um gigantesco campo de concentração, no qual, mais de 2 milhões de palestinos, que tiveram suas terras tomadas, na mão grande, por uma potência invasora, com o auxílio dos Estados Unidos, vivem no Apartheid, em condições precárias, de acordo com as leis e vontades do invasor. É a versão sionista do Gueto de Varsóvia, só que ampliada, mas floreada pela mídia monopolista internacional como algo que tenha que ser encarado como uma “vida normal”.
Os palestinos expulsos de suas terras e casas resistem no que restou de seu antigo lar, sobre as piores condições possíveis, ameaçados por seus carcereiros. Não, Israel não é uma democracia, como alguns, infelizmente, até de esquerda, insistem em tentar pintar. E não é uma democracia porque simplesmente é uma ocupação militar permanente, com êxodo estimulado de milhões de judeus europeus a um território que não lhes pertencia (não estou falando dos judeus palestinos, tão palestinos quanto os palestinos) e que sobrevive com leis de segregação, transformando os habitantes originais em pouco mais que escravos e cidadãos de segunda classe, sem quaisquer direitos, que precisam de vistos e autorizações especiais para deixar suas terras, e que podem ser presos a qualquer momento pelas forças de ocupação israelitas, sem nenhum devido processo legal.
Não pode haver uma democracia baseada no racismo e na segregação por origem e religião, se esta é a base de alguma democracia, então o Apartheid na África do Sul não deveria ter recebido o nosso repúdio.
Aliás, não se sabe que lógica canhestra não oferece ao Apartheid dos palestinos em sua própria terra a mesma condenação que o mundo ofereceu ao Apartheid na África do Sul. Talvez a lógica da narrativa dos dominadores, que teimou em chamar os Estados Unidos de democracia, mesmo quando os negros viviam sob um apartheid legal tolerado e sustentado pelo Estado até a década de 60. A história é a história dos vencedores, a narrativa é a dos vencedores, o monopólio das informações pelo bloco hegemônico composto pelos Estados Unidos e pela Europa Ocidental isenta Israel de todas as críticas a sua política sistematizada de extermínio dos palestinos.
O discurso de Lula na reunião do Conselho de Representantes da Liga Árabe não tem um único erro. Uma única vírgula fora de lugar, nada demais. Aliás, é um discurso moderado de um grande chefe de Estado, que preza pela moderação. Erdogan também comparou o genocídio do povo Palestino ao Holocausto, mas, como faz parte da Otan, não houve um pio ou um incômodo.
Alguns companheiros de esquerda se incomodaram com a comparação de Lula, eu, de maneira muito fraterna, pergunto, por quê?
Che Guevara já dizia que a grande virtude de um revolucionário é o amor, sentir no próprio queixo o murro desferido no rosto de outrem, é o que Levinás chamaria de empatia, olhar o rosto do outro, sofrer na própria pele a injustiça cometida a outrem.
Tudo que Lula fez foi isto. Foi chamar de genocídio a um genocídio, dizer que não existe uma guerra, mas um massacre, dizer que o que ocorre, de fato, é um processo de extermínio contra mulheres e crianças.
Onde está o erro de Lula?
Onde está o sobretom de Lula?
Ah, comparar o genocídio palestino ao Holocausto. Por que? Não se pode comparar por uma questão de números? Quantas dezenas de milhares de palestinos já morreram sob o fogo cruel do exército sionista israelense? Quantos mais terão que morrer? Teremos que esperar que morram 5 ou 6 milhões de palestinos (bem, na Faixa de Gaza só há 2, mandaremos mais para serem executados lá?) para que se comparem os eventos?
Lula, de maneira nenhuma negou ou subestimou o Holocausto, se houvesse feito isto, eu seria o primeiro a dizer que ele teria errado de maneira tremenda. Ele apenas igualou os genocídios.
Assassinatos são sempre assassinatos. Genocídios são sempre genocídios, sejam os pela Inquisição, pela colonização portuguesa, espanhola, francesa, inglesa, holandesa, belga; seja pelo Khmer Vermelho, seja em campos de concentração ou em covas rasas de Hitler por toda a Europa, no qual ele matou sim, 6 milhões de judeus, mas um número em termos relativos iguais de ciganos, 27 milhões de soviéticos e ou eslavos, todas as mortes são igualmente genocídio. Genocídio, para o povo da Otan, só ocorre nos países que não são alinhados a eles e nunca por suas armas.
Não é genocídio ou Holocausto o mais de meio milhão de iraquianos mortos pelo bloqueio ou contaminados por radioatividade devido aos bombardeios no Iraque, ali são apenas danos colaterais, nem pessoas são. Os 2 milhões de vietnamitas mortos pelos Estados Unidos e pela França no massacre colonialista do Vietnã não são os mortos chorados no filme Platoon, para merecer nossa piedade, a vítima tem que ser loura dos olhos azuis e ser enterrada com honras militares nos Estados Unidos.
Não há como estratificar condenações por genocídios!
Lula está correto ao igualar fatos históricos igualmente condenáveis. Na verdade, foi moderado, poderia ter lido uma lista de massacres ocorridos pelo mundo todos feitos pelos mesmos países imperialistas que apoiam o massacre dos palestinos.
Aos camaradas que acham que Lula não deveria ter citado o Holocausto, repito a pergunta, qual a diferença, afinal?
Querem fornos para desaparecer com os corpos?
Morrer no fogo dos bombardeios é tão cruel quanto morrer fechado numa câmara de gás.
Nos dois casos são mulheres e crianças inocentes que estão morrendo, não sei como vocês querem diminuir em gravidade o fato. É faxina étnica, é Apartheid, é guerra de extermínio. Holocausto judeu só houve um, verdade, mas genocídios semelhantes ao Holocausto e que sua dinâmica em tudo se assemelha a estratégia hitleriana, não há como discordar. Aliás, inclui-se aí o Gueto de Gaza como campo de concentração. Ninguém nega o Holocausto. Ninguém diminui sua gravidade, na prática, só o exército de Israel, que se acha justificado por ele para promover extermínio igual.
O que há é o silêncio nada inocente de uma mídia monopolista que tem lado, e não é o lado das vítimas. Que silencia toda vez que a força aérea estadunidense massacra, seja em El Salvador, na Nicarágua, na Guatemala, no Iraque, na Somália, no Vietnã, no Afeganistão. O terrorismo de Estado estadunidense está preliminarmente justificado como polícia do mundo contra o “terrorismo”. E todos que se opõem aos EUA merecem o epíteto de terroristas. Obama recebeu um prêmio Nobel por seus massacres.
Não há verdade na mídia, ela é só uma rede espetaculosa de versões sustentada pelo patrocínio das grandes transnacionais para manter a versão de que o controle terrorista do poder militar ianque seja sempre visto como um ato de piedade e defesa da democracia.
Não há fatos mais na mídia, só versões.
Os povos assassinados pelos Estados Unidos têm o mesmo horror pela Pax Americana que os povos dominados pelo Império Romano tinham pela Pax Romana. A guerra de extermínio dos palestinos (e o que está ocorrendo, com todas as letras, é isto, uma guerra de extermínio) é versão sionista da Pax Americana.
O silêncio nada inocente da mídia sobre a solução final que Netanyahu promove contra os palestinos é o mesmo silêncio cúmplice que a mídia Ocidental teve sobre Hitler e o nazismo até ele atacar a Polônia. Até ali, Hitler era o herói ocidental na luta contra o bolchevismo, na defesa dos valores da família e da cristandade. Quem conhece a história não se ilude com o papel da imprensa, ela não é neutra, ela tem lado, pouco se importa com a verdade, mas existe para promover a versão dos vencedores.
Lula provocou o ódio insano desta mídia, que tem na Rede Globo sua maior representação no Brasil, por ser um gigante diplomático, que teve a coragem de pôr o dedo na ferida.
Apesar de todo o alarde histérico da Globo no Brasil, não foi Lula o censurado internacionalmente (pelo contrário, seu ato recebeu o apoio inconteste da maioria dos líderes e povos do mundo), mas Netanyahu, o aprendiz de Adolf Hitler.
Não faço campanha para Lula receber o Nobel da Paz porque gente pouco elogiável como Obama o recebeu. Mais do que o Nobel da Paz, se o poderoso discurso de Lula, conseguir o cessar fogo, poupando vidas inocentes, ele já terá conseguido o maior feito diplomático de um brasileiro na história!
A previsão era de demissão do técnico Ricardo Catalá depois da vexatória derrota em Porto Velho, pela primeira fase da Copa do Brasil, mas a diretoria azulina optou por uma decisão conservadora. A permanência foi sacramentada depois de uma reunião entre os dirigentes e o treinador, ontem à tarde.
A cúpula do futebol azulino decidiu consensualmente. Em comunicado oficial, o clube informa que os treinos serão retomados normalmente a partir de hoje. A reapresentação do elenco terá um encontro entre a diretoria e o elenco de jogadores.
O presidente Antônio Carlos Teixeira e demais diretores ligados ao departamento de futebol entenderam que a demissão de Catalá seria inadequada, pois o trabalho tem pouco mais de um mês de duração.
Foi determinante também a preocupação com a coerência em relação à filosofia da nova gestão, que assumiu prometendo adotar uma postura mais profissional, centrada na racionalidade. Conclui-se que Catalá precisa de mais tempo para desenvolver seu trabalho.
Além disso, o presidente e o diretor de futebol Sérgio Papellin avaliam que o mau desempenho do Remo neste começo de temporada não pode ser atribuído exclusivamente à Catalá. A responsabilidade é jogada também nas costas de alguns jogadores, por isso a reunião com o elenco.
O problema é que o clima é de conflagração entre a torcida, o técnico e o time. Para os torcedores, o Remo faz uma campanha trôpega no Parazão, com atuações pouco convincentes. Para piorar, veio a eliminação precoce da Copa do Brasil, competição estratégica para o clube.
Os erros exibidos diante do Porto Velho, anteontem, revoltaram a torcida. Depois de sofrer um gol logo aos 8 minutos do primeiro tempo, numa falha grave do setor ofensivo, o Leão não conseguiu encontrar o caminho da recuperação em campo, protagonizando jogadas pífias.
Um simples empate garantiria a classificação e a gratificação de R$ 945 mil. Ao lado do campo, Catalá parecia desolado e sem reação. As mudanças não alteraram o andamento da partida e o Remo terminou eliminado.
O técnico completou na capital rondoniense seis partidas na temporada, com três vitórias, um empate e duas derrotas. Um desempenho bem diferente do trabalho que desenvolveu no ano passado na Série C, quando em 15 jogos conseguiu salvar o Remo do rebaixamento.
No total, em 21 partidas, Catalá conquistou nove vitórias, oito empates e quatro derrotas, com aproveitamento de 55,55%. Apesar de ostentar números razoáveis, o prestígio que garantiu seu retorno ao clube neste ano vem sendo corroído pelas más exibições do time.
Com a manutenção do treinador, o Remo vai se dedicar ao Campeonato Paraense, onde ocupa a terceira posição, com um jogo a menos, e à Copa Verde. O próximo desafio será contra o atual campeão estadual, o Águia de Marabá, domingo, pela sétima rodada do Estadual.
Pelo nível de insatisfação do torcedor – que vaiou Catalá na vitória sobre o Tapajós, na semana passada –, o confronto com o Águia adquire contornos espinhosos. Em caso de nova decepção, dificilmente Tonhão e Papellin conseguirão segurar o treinador.
Vice critica presidente pela decisão: “loucura”
Sem esconder a decepção com a decisão da diretoria, o vice-presidente do clube, Milton Campos, classificou de “loucura” a permanência de Ricardo Catalá. Apesar de ressaltar que respeita a decisão do presidente Antônio Carlos Teixeira, disse que o ato configura uma insanidade e um desrespeito para com o torcedor azulino.
Campos não participou da reunião do presidente com os diretores, mas deixou no ar uma crítica a Tonhão, que, segundo, tem tomado sozinho as decisões do futebol. “Apesar disso, eu respeito, porque o presidente foi eleito e ele que manda”.
A situação tende a se complicar quando, além dos problemas em campo, os dirigentes também não se entendem nos bastidores, batendo cabeça mais ou menos como faz a dupla de zaga Ligger e Reiniê.
Águia tenta derrubar favoritismo do Coxa
Contra o Coritiba, hoje, em Marabá, o Águia vai tentar repetir a dose do ano passado, quando conseguiu avançar nas primeiras fases da Copa do Brasil. Com a obrigação de derrotar o Coxa dentro do Zinho Oliveira, o time de Mathaus Sodré precisará jogar muito mais do que vem apresentando no Campeonato Paraense.
Com um início fraco na competição estadual, o atual campeão paraense só obteve a primeira vitória depois do retorno de Sodré, que havia desertado do clube no ano passado em plena disputa da Série D. Sem grandes investimentos em contratações, o clube dispensou ontem o atacante Aleilson, por baixo rendimento no Parazão.
Apesar do favoritismo do Coritiba, o Águia nutre esperanças de classificação. Fato reforçado pela informação de que o Coxa não terá sete atletas usados normalmente como titulares. Para repor as ausências, o técnico Guto Ferreira teve que relacionar jogadores que não vinham atuando.
Um deles é o atacante David da Hora. A situação forçou o treinador a lançar mão até do atacante Tiago Azaf, joia da base alviverde e artilheiro do time sub-17.
No meio-campo, o Coritiba terá algumas baixas importantes: os volantes Andrey e Fransérgio e o meia Vini Paulista, todos lesionados.
No gol, com a saída de Luan Polli, outro atleta da base foi acionado. O goleiro Guilherme Christino vai ocupar a vaga de terceiro goleiro, enquanto Gabriel Leite não é anunciado. O Coxa encaminhou a contratação do arqueiro de 36 anos nesta terça-feira (20).
Guto Ferreira aposta no regulamento, montando o time para arrancar um empate em Marabá. Conhece bem o estádio Zinho Oliveira, onde foi eliminado quando treinava o Goiás no ano passado.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 22)
Uma noite, numa brincadeira na casa do Adriano Barroso, ele e o Ailson Braga apostaram que desmanchariam minha suposta frieza e racionalidade, encontrando a canção que me levasse às lágrimas. “Bobinhos”, eu disse. Adriano puxou um caixote com a enorme coleção de vinis herdada do Barroso pai. Um conhecido e considerado disq-jóquei dos anos 70. Dono de aparelhagem com repertório respeitado do T1 ao Lapinha. Do Binha ao Le Massiliah. Do Iate Clube ao Pagode Chinês. Um colecionador de marcantes de todos os tempos, de todos os gêneros. “Pode botar”, estufei o peito. E eles botaram. Um desfile de belas canções, capazes de levar às lágrimas uns e outros jeces valadões. Piaff, Elis, Bethânia, Gal. Fagner. Mercedes Sosa, Chico, Milton, Djavan. Gil. Roberto, Erasmo, Paulinho da Viola. Caetano, Melodia. Nem Belchior me abalou. Nem Belchior! Ailson e Adriano eram bons na provocação. Eu me garantia na farsa. Resisti bravamente. Até tocar Dolores Duran. Aí, fodeu. Tremi.
Entre, meu bem, por favor Não deixe o mundo mau te levar outra vez
Os pervertidos notaram. E veio o massacre. Dylan, Queen, Elvis, Aretha. “Ben” apagou meu sorriso. “Angélica” me apertou os lábios. Quando puseram Guineto e João Nogueira, eu já estava vulnerável. Mas foi com “What’s a difference day makes”, covardemente emendada com “I’d rather go blind”, que o Adriano me jogou nas cordas, o safado. Coube ao Ailson esmagar meu estômago. Impávido como Muhammad, infalível como Bruce e impiedoso como eu também seria:
Eu não sabia que doía tanto Uma mesa no canto Uma sala e um jardim Se eu soubesse o quanto dói a vida Essa dor tão doída Não doía assim
Subi os olhos, atônito e desnorteado. Fuzilado pelos olhares famintos dos meus predadores. “Caralho!”, pensei. “Me pegaram!”. Simulei um ataque de espirros, cobri o rosto e corri pro banheiro. Eu tinha um nome a zerar. – Ele tá chorando! Ele tá chorando! – Ailson gritava. – Sai daí, covarde! – Adriano mandava. Eles espancavam a porta: – Abre, mentiroso! – Assume, babaca! Eu segurava o trinco enquanto via lágrimas me olhando no espelho. Adriano e Ailson me fustigavam num dueto:
Naquela mesa tá faltando eeeeeeeele E a saudade deeeeeeeele Tá doendo em mim… Caiu a máscara! Caiu a máscara!
É, caiu. Eu nem sabia que “Naquela mesa” era um gatilho. Cansei de cantá-la no banheiro, imitando Nelson Gonçalves, sem nenhuma conexão com o papai. Mas alguma coisa aconteceu. Adriano e Ailson não sabem. Mas foi naquela noite, naquela mesa, nos fundos da Rua do Arame, que chorei a perda do Velho Gama pela primeira vez, 13 anos depois de tê-lo perdido. Um choro que só terminou no consultório da Dra. Ana, minha terapeuta. “Naquela mesa” foi composta por Sérgio Bittencourt um dia depois da morte do pai, Jacob do Bandolim. Por muito tempo, não tive com meu pai uma conexão tão intensa quanto eles tinham, Sérgio e Jacob. Só fui percebê-la depois que ele morreu. Exatamente um dia antes do meu aniversário de 29 anos. E de repente ela jorrou ali, em soluços. Saí do banheiro e me debrucei nos ombros dos meus amigos, que choraram comigo depois de me fazer chorar. Então, confessei a eles o quanto queria ter escrito aquela letra. Pra quê? Acabou a cumplicidade. – Tedoidé? – reagiu o Adriano, me empurrando. – Vai sonhando, viado – ralhou o Ailson. Seguimos bebendo, sorrindo, chorando e outras coisas mais, enquanto a vitrola servia mais um clássico, nas brumas daquela madrugada inesquecível:
Alguém já disse que o rock contemporâneo tem uma imensa dívida para com o bardo canadense Neil Young. Sua obra é rica, diferenciada e extensa, desde que integrou os lendários Buffalo Springfield e Crosby, Stills, Nash & Young nos anos 1960/1970. Depois que seguiu carreira solo (acompanhado pelo Crazy Horse), não parou de influenciar as novas gerações, de Pixies a Pearl Jam, passando por Oasis e R.E.M.. É o grupo de Michael Stipe que o acompanha luxuosamente nesta canção do álbum On The Beach (1974), em show realizado na California, em 1998.