Para consolidar o primeiro lugar

POR GERSON NOGUEIRA

Derrotar Cametá e Canaã é o plano do PSC para assegurar a primeira colocação na fase de classificação do Parazão e ficar à vontade para a rodada de abertura da Copa do Brasil contra o Ji-Paraná. Serão três partidas longe da torcida. E o primeiro desafio acontece hoje, às 16h, no Parque do Bacurau, contra o Cametá.

Com 13 pontos conquistados, o Papão pode ampliar a distância para o segundo colocado – Remo, com 10 pontos – e estabelecer uma pontuação ainda mais folgada na liderança. Pelas queixas da comissão técnica e dos jogadores, o maior problema a enfrentar em Cametá e Parauapebas é a condição dos gramados.

Em Ji-Paraná (Rondônia), o campo também se constitui num obstáculo para os bicolores, que desde a primeira rodada do Estadual têm reclamado do estado geral dos gramados interioranos.

Apesar das queixas, o time de Hélio dos Anjos até o momento não encontrou dificuldades nos campos do interior. Passou pelo Caeté, com alguma dificuldade, mas triunfou em Marabá sobre o campeão Águia, na melhor exibição do time na competição.

Para superar o Cametá, sexto colocado com seis pontos, ganhou um trunfo de última hora. Vinícius Leite, recuperado de lesão, atuou por alguns minutos contra Remo e Bragantino. Está pronto para entrar de cara hoje, substituindo Jean Dias, suspenso.

Hélio tem outras opções. Pode utilizar Edinho, que ficou fora dos últimos jogos, e Leandro, também liberado pelo departamento médico. Uma outra alternativa seria Juninho, meia que sabe jogar na frente e foi o herói da suada vitória sobre o Bragantino. Ainda há a hipótese mais remota de utilização do atacante Hyuri.

Com exceção de Vinícius e Edinho, os demais jogadores representam uma mudança no sistema de jogo do PSC. Juninho torna o meio-campo mais intenso e dominante, mas não é um atacante em tempo integral. Hyuri é um avançado sem a velocidade que Leandro tem.

Titular em 24 partidas do Papão em 2023, Vinícius tem a preferência de Hélio tanto pela movimentação pelo lado esquerdo, como pela facilidade para recompor e o talento para tiros de média distância. Foi decisivo no quadrangular do acesso com um gol no triunfo sobre o Botafogo-PB, por 3 a 2, em João Pessoa.

Em condições de atuar nos dois tempos, ele pode ser o parceiro ideal para o artilheiro Nicolas no duelo contra o Mapará.

Por dias melhores para o Leão

Baluarte da coluna e do blog campeão, o amigo Ronaldo Passarinho é um dos mais abalizados conhecedores da alma remista. Grande benemérito e sócio proprietário há 72 anos, tem autoridade e poder de fala para opinar sobre o Leão atual. Quando comenta, todos prestam atenção. 

Eis seu comentário:

“O Remo tem uma ótima estrutura no futebol. O executivo de futebol é um dos mais famosos, pelo menos no Norte/Nordeste: Sérgio Papelin;

Um psicólogo como técnico, Ricardo Catalá, que ainda não encontrou um esquema de jogo definido; um ‘auxiliar técnico’, não sei o nome; um ‘analista de sistema’; um analista de mercado, e por aí vai.

Interessante como todos os times que jogaram contra nós vinham com sistema de jogo definido por seus técnicos anônimos: a exceção foi o Paissandu. Os times ditos menores apresentaram alguns jogadores superiores aos nossos. A única diferença está nos salários do Remo.

A Tuna tem três jogadores bem melhores que os nossos: Germano, no meio, ou na linguagem atual, no ‘terço médio’. Chula, artilheiro do campeonato. E o menino Gabriel, autor do gol da vitória contra nós.

O Tapajós, como ‘judeu errante’, longe de sua cidade, veio com um excelente meiuca, o Nilson. Em outros pequenos, destaque para o Gileard do Bragantino.

Por que não pesquisamos alguns jogadores locais? A resposta é simples, os mesmos não estão no celular dos empresários amigos.

Terça feira, dia 20, vamos jogar pela primeira vez longe de Belém, pela Copa do Brasil. Espero uma classificação que valerá ao Remo R$ 925 mil. Meu alerta é porque a Série C está às portas. Meu coração de remista, sócio proprietário desde 1952, clama por melhoras”.

Bola na Torre

Guilherme Guerreiro apresenta o programa, às 22h, na RBATV, com a participação de Giuseppe Tommaso e deste escriba baionense. O Campeonato Paraense é o tema em debate. A edição é de Lourdes Cezar.

Pikachu se consagra como defensor artilheiro

Nenhum outro jogador originalmente de defesa marcou tantos gols quanto o paraense Yago Pikachu no futebol brasileiro. Contra o River do Piauí, nesta semana, pela Copa do Nordeste, ele atingiu 150 gols na carreira. A marca é reverenciada com entusiasmo pela torcida do Fortaleza, mas deveria ser mais valorizada e reconhecida em todo o país.   

Pikachu, revelado na base do PSC, tornou-se ídolo alviceleste. Em 213 partidas, conquistou títulos e marcou 62 gols, atuando como lateral-direito. Depois do Papão, foi defender o Vasco, onde fez 39 gols em 253 jogos – foi o jogador que mais vestiu a camisa cruzmaltina no século 21.

Chegou ao Fortaleza em 2021. Virou ídolo e capitão, sempre marcando muitos gols. Passou um curto período no Japão e voltou em 2023, para reassumir o protagonismo no clube pelo qual marcou 46 vezes em 175 jogos. Voando como está, tem tudo para ampliar a marca.  

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 18)

Como uma empresa do Paraná se tornou líder do mercado do açaí

Polpanorte é uma das marcas do Grupo Zeppone, que deve registrar um faturamento de R$ 420 milhões em 2023, crescimento de 30% em relação ao ano anterior

Da revista EXAME

Uma empresa de Japurá, munícipio no interior no Paraná, assumiu a liderança do mercado de açaí, superando empresas tradicionais do setor, como Frooty e Oakberry. Com capacidade de produção de 160 toneladas de açaí por dia, a Polpanorte se tornou neste ano a maior produtora de açaí do Brasil. A marca faz parte do Grupo Zeppone, que deve registrar um faturamento de R$ 420 milhões em 2023, crescimento de 30% em relação ao ano anterior.

Transportar o açaí do norte ao sul do país não é uma tarefa fácil. Tudo começa com a colheita do fruto, que é realizada por cerca de 25 produtores paraenses, entre cooperativas e empresas formais. Cada um deles têm cerca de 20 a 50 fornecedores ribeirinhos.

O processamento do açaí acontece em Benevides, no Pará, onde a companhia opera uma planta industrial desde o início de 2022. Para verticalizar a produção, o grupo investiu cerca de R$ 30 milhões para colocar a indústria em pé. Uma segunda rodada de investimento de R$ 20 milhões foi realizada no ano passado para aumentar a capacidade de produção.

Depois desta etapa, a polpa do açaí é transportada até a indústria da companhia no Paraná, local no qual o produto é acabado. A Polpanorte conta com uma frota de 20 veículos próprios, entre carretas e bi-trucks, além de fretes terceirizados para completar a operação logística. Toda distribuição dos produtos finais parte do Paraná para todo o Brasil.

“Na safra de açaí, temos aproximadamente 20 caminhões puxando fruto pra Benevides e durante o ano mais de 400 carretas frigoríficas transportando polpa do Pará para o Paraná”, diz o CEO João Zeppone.

QUEM É A POLPANORTE

A Polpanorte é uma das marcas do Grupo Zeppone, fundado em 1995, em Japurá, no interior no Paraná. A empresa familiar investia mais em operações agrícolas do que no crescimento das marcas de polpas e frutas congeladas.

Depois de uma divisão societária, em 2015, Nelson Zeppone e seus filhos passaram a investir mais na produção do “ouro roxo” da floresta amazônica: o açaí. “Sempre enxergamos potencial de negócio na Polpanorte, mas era necessário investir em indústria e gestão, algo que não era viável antes”, explica o CEO.

A dona das marcas Polpanorte, Origem Açaí e Frutuá é liderada atualmente por João Zeppone e se dedica à produção de polpas e açaí, cremes e sorbets, além de frutas congeladas.

Filho de Nelson Zeppone, um dos fundadores da indústria alimentícia paranaense, João faz parte da segunda geração no comando do negócio familiar e atua na empresa desde os 16 anos, com passagens por diferentes setores da companhia.

Ele assumiu o cargo de CEO em 2020, depois de cinco anos à frente da diretoria. Hoje, aos 31 anos, sua gestão impulsiona a expansão do grupo. “Em 2020 nos tornamos uma S/A de capital fechado e estruturamos melhor a nossa governança. Eu assumi o cargo de CEO e o meu pai virou presidente do conselho”, diz o executivo.

ESTRATÉGIA DE MERCADO

Além de ampliar a fábrica em Japurá, no Paraná, o grupo decidiu investir na construção de uma planta industrial em Benevides, no Pará. Em 2019, a companhia desembolsou R$ 30 milhões no projeto que começou a operar dois anos depois.

Com uma base no Pará, a companhia conseguiu verticalizar a produção e reduzir custos de operar na região com empresas terceirizadas. “Desde 2015 nós crescemos mais de dois dígitos por ano. Com a operação da planta de Benevides conseguimos dobrar a produção de sorbet de açaí e alcançar a liderança do mercado”, diz o executivo.

Em vez de focar nas vendas para o consumidor final, o grupo decidiu ganhar espaço no mercado de food service através de distribuidores locais, que também atendem o pequeno varejo local. Hoje, as lojas de açaí e sorveterias atendidas via distribuidores representam 70% das vendas de açaí Polpanorte.

“No começo usamos a nossa base de distribuidores de polpa de fruta para crescer. Muitos deles trabalhavam com outras marcas de açaí do mercado”, diz Zeppone.

O grupo focou em crescer nos estados da região Sul e Centro-oeste. O produto foi bem aceito pelo mercado e, em três anos, a Polpanorte se tornou líder de mercado.

O grupo conta atualmente com 80 distribuidores. Para o CEO, aumentar a quantidade de vendas de cada distribuidor é mais importante do que aumentar o tamanho da base de forma rápida.

“Investimos em testes e degustação de produtos, além de treinamentos de vendas, para garantir que os nossos distribuidores tenham a capacidade de atender cada vez mais clientes”, explica.

A empresa não divulga mais detalhes sobre a construção das parcerias com distribuidores, redes de supermercados e atacadistas, e os diferenciais competitivos em relação ao mercado.

Para a reportagem, a Polpanorte informou que os planos de negócios são estudados caso a caso, o que gera benefícios em toda a cadeia.

MARKETING ESTRATÉGICO

O grupo também tem investido mais em estratégias de marketing. A Polpanorte conta com lounges permanentes nos camarotes dos principais estádios de futebol, como Morumbi, Neo Química Arena, Vila Belmiro, Allianz Parque e Engenhão.

Além disso, está presente nos principais shows internacionais no Brasil, como Coldplay, Rebeldes, Taylor Swift, Red Hot e Paul McCartney. “Com as degustações queremos apresentar os produtos aos consumidores e popularizar a marca”, diz o executivo.

A primeira linha licenciada de açaí foi lançada no mês passado. A parceria entre Polpanorte e a Mauricio de Sousa Produções resultou no açaí ‘Turma da Mônica’, que vai das gôndolas dos supermercados para o consumidor final.

O mercado de açaí cresceu 15,5% entre janeiro a setembro de 2023, de acordo com a startup de dados para varejo e indústria Scanntech. No período, a empresa aumentou em 30% as vendas diretas do produto.

Para 2024, a companhia quer superar os R$ 520 milhões em vendas. Para isso, o número de distribuidores em São Paulo deve aumentar — assim como o volume de vendas e a participação de mercado no estado.

O foco da companhia segue no mercado de foodservice, mas iniciativas voltadas ao cliente final devem ser desenvolvidas no próximo ano. É o caso das lojas próprias. O grupo conta com algumas lojas próprias ‘Origem do Açaí by Polpanorte’, que estão sendo usadas como piloto para o projeto de franquias.

As exportações também devem avançar com novas parcerias. Com 130 produtos no portfólio, o grupo já está presente em 16 países. “Queremos triplicar o volume de exportações em 2024”, diz o executivo.

(Publicada em novembro de 2023)

Rock na madrugada – Nação Zumbi, “Um Sonho”

Banda fundamental no processo de fusão do rock com o maracatu, o forró e as demais sonoridades nordestinas, o Nação Zumbi brilha até hoje, mesmo sem seu criador, o lendário Chico Science, que morreu em 1997. Jorge Du Peixe e Lúcio Maia se encarregaram de levar adiante o belíssimo projeto do mangue beat, música com DNA visceralmente pernambucano. “Um Sonho”, do álbum Nação Zumbi, de 2014, é uma das mais viciantes baladas roqueiras já compostas no Brasil.

Estão comendo o mundo pelas beiradas/Roendo tudo, quase não sobra nada/Respirei fundo achando que ainda começava/Um grito no escuro, um encontro sem hora marcada

Ontem eu tive esse sonho/ Nele encontrava com você /Não sei se sonhava o meu sonho /Ou se o sonho que eu sonhava era seu /Um sonho dentro de um sonho /E eu ainda nem sei se acordei

Reza a lenda que Du Peixe sonhou com Chico Science durante viagem de ônibus para um show e a letra veio pronta quando ele acordou, visivelmente inspirada nos replicantes de Blade Runner. Seja como for, é um senhor presente da NZ para o pop rock brasileiro, com a cantoria indolente de Du Peixe e a guitarra hendrixiana de Lúcio Maia em afiado ziguezague sonoro.