Rock na madrugada – MC5, “Kick Out The Jams”

Ao lado de Iggy & The Stooges, o MC5 de Michigan (Motor City 5) foi uma das primeiras bandas a iniciar um protótipo daquele gênero incendiário e bruto que seria chamado de punk rock, também conhecido como protopunk. Fundada pelos amigos e guitarristas Wayne Kramer e Fred “Sonic” Smith, a banda ficou conhecida pela canção “Kick Out The Jams” do álbum de estreia. O interessante é que o disco foi todo gravado ao vivo no Grande Ballroom em Detroit, uma novidade para um álbum de estreia à época.

Logo surgiram problemas com a faixa-título: o vocalista Rob Tyner abria a música com um xingamento: “Tudo bem agora, é hora de acabar com as jams, filhos da puta!”, antes dos endiabrados riffs de Kramer na abertura. Para para tocar nas rádios, a frase foi posteriormente regravada como “Kick out the jams, Brothers and Sisters”. No show (acima) que originou a gravação, Tyner, Kramer e Fred Sonic encantaram a plateia com uma performance incendiária.

Ao longo dos anos, a música foi regravada por vários artistas em diferentes estilos, desde hard rock (Blue Öyster Cult), hardcore (Bad Brains) e stoner rock (Monster Magnet) até o death metal sueco (Entombed) e o garage punk japonês (Guitar Wolf).

O MC5 foi a única banda a tocar para os manifestantes contra a Guerra do Vietnã durante a Convenção Nacional Democrata de 1968, em Chicago. O engajamento político culminou em confrontos violentos e a banda passou a ser questionada por sua aliança com os jovens revolucionários.

Fundador do MC5, Wayne Kramer morreu nesta sexta-feira (2) em Los Angeles, aos 75 anos, de um câncer no pâncreas. Depois da separação do grupo, em 1975, Kramer chegou a ser preso por tráfico de drogas. Depois, tocou com artistas e bandas como GG Allin, Was (Not Was) e Rage Against the Machine, onde se tornou unha-e-carne com o guitarrista Tom Morello.

“Ele será lembrado por iniciar uma revolução na música, na cultura e na bondade”, afirma a nota postada no Instagram do americano. Nos últimos 20 anos, o guitarrista dedicou-se a causas beneficentes, procurando ajudar ex-detentos e pessoas dependentes de drogas.

Onde os fracos não têm vez

POR GERSON NOGUEIRA

O clássico mais jogado no mundo (770 vezes) volta a concentrar as atenções do público paraense. A semana só não foi dedicada inteiramente a debates sobre a partida porque a apresentação do Flamengo na quarta-feira deu um corte na programação natural. Nos outros dias, porém, o tema dominante foi o desafio marcado para hoje, às 17h, no Novo Mangueirão.

Como na maior parte das vezes, os rivais entram em campo sem favoritismo visível. Os times jogaram pouco até agora, não há um consenso nem quanto aos titulares. No Campeonato Paraense, o PSC disputou três jogos e venceu todos. O Remo atuou apenas duas vezes, saindo vitorioso em ambas.

A rigor, reina o equilíbrio absoluto. Os dois lados chegam reforçados ao confronto que pode ser o único de 2024. Fizeram 41 contratações no total e estão inteiramente modificados em relação à temporada passada. O investimento é vultoso, tanto dos bicolores visando a Série B quanto dos azulinos de olho na Série C.

Para quem for ao Mangueirão esperando um grande espetáculo, recomenda-se certa cautela justamente porque o entrosamento ainda não é o ideal, nem pode ser. 

No PSC, o técnico Hélio dos Anjos pontifica como personagem do clássico, pois mantém longa invencibilidade – não perdeu o Re-Pa quando treinava o Remo e se manteve imbatível nas duas passagens pelo Paysandu. O comandante azulino Ricardo Catalá ainda não venceu.

Quanto aos destaques, o PSC tem Nicolas como grande trunfo. O centroavante voltou ao clube nesta temporada, após passagem apagada no Ceará em 2023, quando fez apenas três gols. Bastaram as três partidas no Parazão para que superasse essa marca, assinalando quatro gols.

É visível que Nicolas cresce tecnicamente quando veste a camisa alviceleste. Há o aspecto emocional e o carinho da torcida contribuindo para isso. Recuperou o protagonismo da passagem anterior e já é apontado como ídolo do atual elenco.

No Remo, as duas partidas disputadas no Estadual não foram suficientes para que a torcida elegesse um ídolo, mas Camilo e Echaporã chegaram perto disso. Com atuações elogiadas na estreia contra o Canaã, ambos ganharam a confiança do torcedor remista.

Contra o Castanhal, o time não funcionou tão bem ofensivamente e ganhou por 1 a 0. Placar magro, mas a arquitetura do gol deixou excelente impressão. Camilo recebeu cruzamento e desviou de peito para a finalização de Echaporã. Um golaço.

Outros nomes com potencial para abrilhantar a tarde-noite no Mangueirão: Robinho, Jean Dias e Bryan, no Papão; Ytalo, Pavani e Marco Antônio, no Leão.  

Mesmo que a partida não seja um primor de técnica, pelas razões próprias de um começo de temporada, um ingrediente certamente não vai faltar: a emoção proporcionada por 50 mil torcedores, responsável por injetar espírito de competição e raça nos jogadores.

Troféu Camisa 13 marca presença no clássico

Com o objetivo de incentivar ainda mais o torcedor-eleitor, ações promocionais do Troféu Camisa 13 estão sendo programadas para o estádio Jornalista Edgar Proença, por ocasião do Re-Pa. A equipe do marketing e da coordenação preparam surpresas para o torcedor, que é o melhor técnico do Parazão.

O Troféu Camisa 13, criado pela RBAV há 32 anos, se consolidou como a maior, mais popular e democrática premiação do esporte paraense.

Bola na Torre

O programa começa às 22h, na RBATV, totalmente dedicado à cobertura e à análise do clássico Re-Pa 771. Guilherme Guerreiro comanda a atração, com participações de Giuseppe Tommaso e deste escriba de Baião. A edição é de Lourdes Cezar.

Inversão de mando descaracteriza o Parazão

O Congresso Técnico Extraordinário convocado pela Federação Paraense de Futebol (FPF), na terça-feira (30), tomou uma decisão que busca corrigir um problema que insiste em se repetir todos os anos: a necessidade de inversão de mando porque vários clubes não dispõem de estádios adequados para realizar seus jogos.

Em decisão unânime, os 12 clubes concordaram em mudar o regulamento do Campeonato Estadual para que a inversão seja permitida. Na prática, a iniciativa corrige a falta de estádios em condições de jogo, mas decreta uma importante perda de característica da competição.

Mais importante: prejudica os objetivos do principal patrocinador do campeonato, cujo interesse óbvio é levar sua marca a todas as regiões do Estado.

Há tempos, o Parazão pretende ser um torneio de amplitude estadual, reunindo times representativos de todas as regiões. A inversão de mando a partir da anuência dos dois clubes diretamente interessados podia ter incluído um adendo: “por motivo justificado” – falta de condições do gramado ou de segurança para o público.

Do jeito como ficou acordado, o mando será invertido sempre que um time do interior, por mero interesse financeiro, preferir jogar na capital contra um dos grandes, Remo ou PSC. Há quem pense que, desse modo, fica bom para todos os clubes. Para o campeonato, porém, não é o melhor caminho.

O que se deveria definir para os próximos anos é uma medida mais prática: times sem campo de jogo automaticamente perdem direito ao mando. Politicamente talvez não seja do agrado geral, mas é o que o bom senso recomenda.

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 04)

Basquete: Seleção feminina chega para disputar vaga na Olimpíada

Jogadoras chegaram à capital paraense na noite de sexta-feira (2) e destacaram a importância do Brasil sediar pela primeira vez a competição

A Seleção Brasileira já está em Belém, para se preparar para o pré-olímpico de basquete feminino, que terá início no próximo dia 8, em Belém, na Arena Guilherme Paraense (Mangueirinho). No aeroporto, a pivô do time, Érika de Souza, que coleciona títulos com a camisa Brasileira citou a importância de jogar em um pré-olímpico inédito no Brasil, que este ano será realizado no Mangueirinho, no Pará. “Sabemos que qualquer competição que envolve a Seleção Brasileira é um grande desafio, ainda mais no Brasil.”

“Sabemos que o ginásio vai ter a capacidade para 11 mil pessoas, então acho que é um momento importante para o Basquete Feminino, tanto para mim quanto para os meninas que estão chegando agora. E é um desafio, é uma emoção muito grande poder estar aqui, contar com a torcida de todo mundo, ir para a guerra, porque agora é uma guerra, agora realmente está valendo, já chegamos aqui, vamos descansar um pouco, amanhã já pensar no treino, pensar já nas adversárias, e ir para cima que essa vaga é nossa”, disse a atleta Érika de Souza.

Os treinos das equipes que vão disputar o torneio que garante a vaga para Paris, serão realizados entre os dias 02 e 05 de fevereiro, na sede da Assembleia Paraense e a partir do dia 06, no Mangueirinho.

“A obra de reforma da área interna do Mangueirinho já está em fase final, e logo será entregue pelo Governo do Pará, esta é mais uma importante ação em prol do esporte paraense, desta vez com o Mangueirinho reformado, sendo sede do pré-olímpico de basquete feminino, evento inédito no Brasil, que será realizado no estado do Pará”, ressalta o Secretário Cássio Andrade.

Jogadora Érika e a atleta paraense de basquete, Jessica Coutinho, que foi ao aeroporto recepcionar as jogadorasA atleta paraense de basquete, Jéssica Coutinho, que faz parte do time de basquete feminino Master Pará, esteve no aeroporto para recepcionar a seleção brasileira. “É um sentimento de pura alegria, êxtase, não só meu, mas de todo nosso time, todas as pessoas que gostam do basquete, porque é a primeira vez, e o Mangueirinho está lá, de cara nova e nós estamos na expectativa dos jogos começarem para assistir esse espetáculo e ver a vitória do Brasil se Deus quiser”, disse.

O pré-olímpico garante 3 vagas para as olimpíadas de Paris 2024, que será disputada pelas seleções do Brasil, Alemanha, Austrália e Sérvia, no Mangueirinho, de 08 a 11 de fevereiro. As informações sobre a venda dos ingressos, meia entrada e gratuidade, estão disponíveis no site da Confederação Brasileira de Basquete. (Da Agência Pará)

Praias indo pro beleléu

Por Heraldo Campos (*)

“Existe um provérbio popular que diz “curva de rio sujo só junta tranqueira”.

É verdade o que diz esse provérbio, principalmente se estivermos falando de tranqueira produzida pelos seres humanos como garrafas pet, sacos plásticos, pneus, latas, embalagens tetra brik, pedaços de madeira, entre outras coisas, que vão sendo lançadas nos corpos d’água e acabam parando numa curva de rio. Além da conhecida contaminação das águas superficiais que esse tipo de “entulho” provoca, o seu acúmulo colabora com o aumento das enchentes em vários trechos das zonas rurais e urbanas.” [1].

Mas, não nos esqueçamos, que os rios interiores não estão sozinhos nesse triste cenário. O mar e as praias também sofrem muito com esse tipo de “abuso”. Há pouco mais de duas décadas, os indicativos desse “abuso” vinham sendo alertados.
Por exemplo, o “Guia de Praias Quatro Rodas”, de 1998, informava ao leitor que as praias do Perequê Açu e da Barra Seca, localizadas em Ubatuba, “Ficam numa enseada de água mansa, rasa, com terminal turístico (para ônibus de excursões). Na temporada aumenta a poluição na desembocadura do Rio Indaiá. Barra Seca é um trecho selvagem depois do Rio Indaiá”, em trecho citado no artigo “Praia largada” [2].
1

Porém, mais de 20 anos depois, um pouco antes do inicio da pandemia do coronavírus em território brasileiro, “(…) na temporada do verão de 2020, durante os meses de janeiro e fevereiro, foram observados nessa faixa de areia: vários tipos de resíduos plásticos distribuídos de forma difusa; peixes mortos junto a restos de algas; depósitos de lixos a céu aberto próximo de quiosques; espuma de origem desconhecida acumulada na saída de galeria de águas pluviais; presença de cães na praia (com seus respectivos proprietários); espalhamento de objetos de oferenda religiosa, além da presença de frequentadores, utilizando bombas de sucção para a retirada do crustáceo corrupto (crustáceo cavador Callichirus major), geralmente utilizado como isca para peixes nas pescarias.” [3].
O quadro não é muito diferente nos dias de hoje. Observa-se com certa frequência, restos de folhas e de galhos de árvores associado ao lixo urbano variado, composto de pneus, calotas de automóveis, garrafas pet, latas de cerveja, sacos plásticos, entre outros materiais, que podem ter sido muito bem lançados diretamente na praia pelas pessoas ou nas suas proximidades, ou jogados no Rio Grande, por exemplo, localizado na parte central da cidade de Ubatuba, e terminando com a “devolução” pelo próprio mar, para formar um cordão de resíduos, no decorrer das suas variações de níveis de marés.
Com as chuvas intensas de verão, o volume desse tipo de material tende a aumentar provocando o entulhamento das calhas dos rios sejam eles de pequeno porte ou de grande porte, aumentando, sensivelmente, o risco para as inundações e os alagamentos urbanos.
Vários bairros de munícipios do Litoral Norte do Estado de São Paulo sofrem com esse tipo de
transtorno há décadas. A impermeabilização do solo pelo asfalto viário, o avanço de condomínios residenciais em áreas da orla marítima que não deveriam ser ocupadas, a ausência de sistema de drenagem urbana compatível com o volume de água de chuvas excepcionais, são alguns dos fatores que colaboram com esse tipo de situação, fazendo com que muitas praias acabem indo para o beleléu.
A pergunta que fica é: será que estamos num ponto sem volta e o conformismo nos leva a ter que conviver com esse tipo problema recorrente, consolidando um triste retrato 3×4 de várias cidades litorâneas brasileiras?

Fontes
[1] “Tranqueira” artigo de 17/02/2021.
http://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2021/02/tranqueira.html?view=magazine
[2] “Praia largada” de 18/12/2022.
http://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2022/12/praia-largada.html?view=magazine
[3] “Praia sem coronavírus!” de 14/04/2020.
http://cacamedeirosfilho.blogspot.com/2020/04/a-praia-semcoronavirus-cronica-de.html?
view=magazine

(*) Heraldo Campos é geólogo (Instituto de Geociências e Ciências Exatas da UNESP, 1976),
mestre em Geologia Geral e de Aplicação e doutor em Ciências (Instituto de Geociências da
USP, 1987 e 1993) e pós-doutor em hidrogeologia (Universidad Politécnica de Cataluña e
Escola de Engenharia de São Carlos da USP, 2000 e 2010).

Censo 2022: Brasil tem mais templos do que escolas; Região Norte lidera

O Brasil tem mais estabelecimentos religiosos do que o total somado de instituições de ensino e de saúde. É o que mostram os novos dados do Censo 2022 divulgados nesta sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). São, em média, 286 igrejas para cada 100 mil habitantes do país. Pela primeira vez, o IBGE mapeou todas as coordenadas geográficas e os tipos de edificações que compõem os 111 milhões de endereços do Brasil cadastrados durante a pesquisa.

O Censo entende como estabelecimento religioso igrejas, templos, sinagogas e terreiros, por exemplo, de todas as religiões.

  • Estabelecimentos religiosos (igrejas, templos e outros): 579,7 mil – 286 para cada 100 mil habitantes
  • Estabelecimento de ensino (escolas, creches, universidades): 264,4 mil – 130 para cada 100 mil habitantes
  • Estabelecimento de saúde (hospitais, clínicas, pronto socorro): 247,5 mil – 122 para cada 100 mil habitantes

Região Norte é a que concentra a maior relação entre o número de estabelecimentos religiosos e o total da população. Há 79.650 igrejas nos estados do Acre, Amapá, Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins, o que representa a média de 459 para cada 100 mil habitantes, quase o dobro do valor do Brasil como um todo.

O Acre lidera a média nacional, com 554 igrejas para cada 100 mil habitantes, seguido de Roraima e Amazonas, ambos com 485 para cada 100 mil. Do lado oposto, a região Sul (Paraná, Rio Grande do Sul e Santa Catarina) é a que tem a menor relação entre o número de igrejas e a população, com 226 para cada 100 mil.

As informações do Censo 2022 começaram a ser divulgadas em junho de 2023. Desde então, foi possível saber que:

  • O Brasil tem 203 milhões de habitantes, número menor do que era estimado pelas projeções iniciais;
  • O país segue se tornando cada vez mais feminino e mais velho. A idade mediana do brasileiro passou de 29 anos (em 2010) para 35 anos (em 2022). Isso significa que metade da população tem até 35 anos, e a outra metade é mais velha que isso. Há cerca de 104,5 milhões de mulheres, 51,5% do total de brasileiros;
  • 1,3 milhão de pessoas que se identificam como quilombolas (0,65% do total) – foi a primeira vez na História em que o Censo incluiu em seus questionários perguntas para identificar esse grupo;
  • O número de indígenas cresceu 89%, para 1,7 milhão, em relação ao Censo de 2010. Isso pode ser explicado pela mudança no mapeamento e na metodologia da pesquisa para os povos indígenas, que permitiu identificar mais pessoas;
  • Pela primeira vez, os brasileiros se declararam mais pardos que brancos, e a população preta cresceu.

Rock na madrugada – Chris Cornell, “Nothing Compares 2 U”

Lenda do rock dos anos 90′, Chris Cornell concede ao clássico de Prince uma interpretação nova e impecável, mudando a maneira como a música sempre foi percebida. Neste registro acústico de 2015 (dois anos antes de sua morte), Cornell mostra-se arrebatado na dose certa, sem excessos, e extrai novo sentido dos versos tristonhos daquele que um dia se chamou Prince:

Posso jantar em um restaurante chique
Mas nada,
Eu disse que nada pode tirar essa tristeza
Porque nada se compara
Nada se compara a você.
Tem sido tão solitário sem você aqui
Como um pássaro sem canto
Nada pode impedir que essas lágrimas solitárias caiam

Sinéad O’Connor parecia ser a dona da versão definitiva, mas Cornell foi muito além. Por coincidência, os três (Prince, Sinéad e Cornell) já partiram, o que é muito triste.