A ida de Mantega para a Vale significaria a garantia de que a Vale se voltasse para suas responsabilidades ambientais e sociais
Por Luis Nassif, no Jornal GGN

A ideologia é uma porcaria.
O Jornal Nacional abre manchetes para criticar a indicação de Guido Mantega à presidência da Vale. “É um capricho de Lula”, decretaram. Na sequência, uma reportagem sobre Brumadinho. Sabe a razão do desastre de Brumadinho, de Mariana, da Light, da Enel, o fim da responsabilidade social da Companhia Siderúrgica Nacional? Falta de visão pública.
Todos eles foram dirigidos pelos chamados CEOs genéricos, em cima da fórmula de Jack Welch, o executivo que quebrou a General Eletric: toda prioridade aos dividendos. Isso implicava cortes nos gastos de segurança, na responsabilidade social, aperto nos fornecedores, nos trabalhadores, dribles no meio ambiente. Todos esses CEOs das grandes tragédias tinham por especialidade apenas os cortes, visando a melhoria dos dividendos.
Ora, toda empresa pública tem uma responsabilidade social e estratégica adicional. Mesmo sendo privatizada, a responsabilidade deveria continuar.
A ida de Mantega para a Vale significaria a garantia de que, sem perder a sua pegada de empresa privada, a Vale se voltasse para suas responsabilidades ambientais, sociais, estratégicas. Não se trata de capricho, mas de um cuidado que deveria se estender a todas as empresas nas quais o Estado ainda mantém participação.
Seria uma maneira de mesclar a gana de empresa privada com a responsabilidade de empresa pública.