POR GERSON NOGUEIRA

Depois de seis anos, o Brasil consegue finalmente chegar à decisão do Mundial de Clubes. O que lá atrás parecia algo quase óbvio foi ficando cada vez mais difícil nas últimas edições do torneio. A semifinal, sempre contra um time da periferia do futebol mundial, deixou de ser uma garapa para se tornar um obstáculo técnico.
Inter, Atlético-MG, Palmeiras e Flamengo foram as vítimas mais recentes da famigerada arapuca da semifinal, mas o Fluminense de Fernando Diniz quebrou a escrita e recolocou o Brasil na decisão, sexta-feira (23), contra Manchester City ou Urawa Reds, do Japão.
Contra o Al Ahly, ontem, no majestoso King Abdullah, em Jedá, o Flu sofreu um pouco no primeiro tempo, tomou alguns sustos, mas conseguiu se impor no segundo tempo. Fez 2 a 0, com gols de Jhon Arias e John Kennedy, e até perdeu algumas chances para ampliar.
O resultado garante a equipe tricolor pela primeira vez na decisão do torneio interclubes. Foi um jogo de forte marcação e tentativa de escapadas em velocidade por parte do time egípcio.
A velocidade e a aplicação do Al Ahly tornaram o jogo eletrizante durante todo o primeiro tempo. A posse de bola do Fluminense foi superior, mas o Al Ahly levou muito mais perigo e teve mais consistência na armação.
No final, o balanço revelou o apetite dos egípcios, que finalizaram 13 vezes. O problema é que chutaram muito, mas com pontaria ruim. Somente um chute tomou a direção do gol, numa cabeçada de Kahraba a três metros de Fábio. Num reflexo, o goleiro conseguiu espalmar.
Mesmo demonstrando desconforto com a pressão do Al Ahly, o Fluminense encaixou alguns ataques perigosos, a partir de triangulações entre Marcelo, Ganso e Arias, principalmente. Foram dos pés do colombiano que partiram dois belos chutes contra a trave egípcia.
Não houve mudança de peças no Tricolor para o segundo período, mas o time mudou de estratégia. Saiu do recuo excessivo e passou a pressionar as linhas defensivas do adversário. Deu certo.
Aos 21 minutos, Paulo Henrique Ganso descolou uma inversão perfeita, da direita para a esquerda, encontrando Marcelo livre ao lado da área. A técnica e a habilidade fizeram a diferença. O ala partiu para o drible sobre Percy Tau, aplicou uma caneta e foi derrubado. Arias cobrou e marcou.
A correria egípcia aumentou depois do gol. Foi aí que cresceram nesse momento os zagueiros e volantes brasileiros. Felipe Melo, André e Samuel Xavier bloqueavam as investidas do ataque do Al Ahly.
Nos minutos finais, com mais espaços disponíveis, o Fluminense botou a bola no chão e passou a envolver o setor defensivo egípcio, até que Martinelli (melhor em campo) puxou o contragolpe e tocou para John Kennedy, que bateu colocado no canto direito.
O herói dos jogos finais da Libertadores voltou a brilhar, garantindo o passaporte do Flu para a final tão desejada. Agora, o desafio está com o Manchester City de Pep Guardiola, que tem a obrigação de superar a zebra japonesa e cumprir o protocolo que todos aguardam.
Kennedy: homem-gol à disposição da Seleção
Decisivo, frio, letal. John Kennedy conseguiu brilhar mais uma vez, mesmo jogando por apenas 10 minutos e num ataque onde joga o maior artilheiro do país, Germán Cano. A qualidade técnica do jogador e seu crescente desempenho em situações de grande pressão despertam a atenção de todos.
Fernando Diniz, técnico do Fluminense e da Seleção Brasileira, fez os mais rasgados elogios a John após a partida de ontem. “Tem potencial de Copa do Mundo”, afirmou o treinador. Quase toda a torcida brasileira pensa do mesmo jeito. O camisa 7 é a principal novidade surgida este ano, após a ascensão de Endrick.
”Ele tem o carisma do gol, sabe fazer gol e há atração entre ele e o gol. Dá para perceber que ele vive momento especial pelos toques na bola. Como está muito treinado, então pode decidir jogo. Ele não tem obrigatoriedade de decidir, mas é um jogador muito especial. A gente trabalha muito para que ele consiga crescer e dar conta do potencial gigante que tem”.
Além do talento natural, John Kennedy é desassombrado. Afirmou, antes de entrar em campo, que ia “acabar com o jogo”. Dito e feito.
A esperança agora é que Diniz não esqueça do jogador quando for escolher os próximos convocados da Seleção Brasileira – isto se o técnico continuar no comando do escrete.
Atacante de lado é confirmado como reforço do Leão
O ponta Jaderson, que vinha sendo especulado há dias, foi confirmado ontem como o novo reforço do Remo para o ataque. Com 23 anos, o atacante disputou a Série B deste ano pela Tombense. Já passou pelo Cruzeiro, Santa Cruz, Sport e Atlético-PR, que o cedeu por empréstimo aos azulinos.
Ao mesmo tempo, o clube anunciou o goleiro paranaense Marcelo Rangel, de 35 anos, que estava no Goiás disputando a Série A do Campeonato Brasileiro. No currículo, Rangel tem passagens pela Chapecoense, Cianorte-PR, Operário e Londrina. No Goiás, ficou por sete temporadas, embora tenha sido reserva de Tadeu nos últimos anos.
Os dois jogadores se juntam-se ao elenco remista no dia 2 de janeiro, quando começa a pré-temporada. Com o anúncio de ontem, o clube completou 13 atletas contratados até agora. Pelos planos iniciais, restam quatro nomes a serem confirmados nos próximos dias.
(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 19)






