Rock na madrugada – The Beatles, “It Won’t Be Long”

Um dos mais deliciosos B-side da discografia dos Beatles. Um rock puro, energético e básico. Os vocais de John Lennon se sobrepõem ao ritmo que a guitarra de George Harrison garante com um riff inspirado e grudento. As viradas de bateria, próprias de Ringo, dão moldura especial à canção, conectadas com o contrabaixo de Paul. George e Paul fazem o coro sob a voz de Lennon.

A música “It Won’t Be Long” (Não vai demorar muito) foi composta há 60 anos, para o álbum With The Beatles (1963), mas surpreende até hoje pela incrível vivacidade, como ocorre com quase toda a obra do quarteto de Liverpool.

Leão anuncia Marco Antônio e mais três reforços

Na véspera do Natal, o Clube do Remo anunciou mais quatro contratações para 2024. Trata-se do lateral-direito Thalys, do lateral-esquerdo Nathan, do meia Marco Antônio e do atacante Echaporã. O nome mais conhecido é o de Marco Antônio, que fez excelente campanha pelo Botafogo na Série B 2021.

Mineiro de 23 anos, o lateral-direito Thalys atuou na temporada pelo São José na Série C. No currículo tem passagens por clubes como Cruzeiro, América Mineiro, GE Brasil e ABC. “Feliz com esse novo desafio na minha carreira. Remo é um time gigante do futebol brasileiro e espero contribuir dentro de campo junto com a torcida azulina para conquistar os objetivos”, disse.

O lateral-esquerdo Nathan, de 25 anos, natural de Belford Roxo-RJ estava jogando a Série B do Brasileiro pelo Sport. Na carreira tem times como Athletic-MG, Cruzeiro, Mamoré, Criciúma, Fortaleza e Pouse Alegre. “Muito feliz em vestir a camisa do Maior do Norte. Espero ao lado dos meus companheiros ajudar o Remo a conquistar todos os objetivos da temporada”, contou.

Paraense e retornando a Belém, Marco Antônio, tem 26 anos. O meia já passou por Desportiva Paraense, Bahia, Capital FC, Botafogo, Atlético-GO e Chapecoense, onde estava jogando a última Série B. “Estou muito feliz com esse novo desafio. Chego pra agregar e ajudar a equipe, tenho que certeza que iremos conquistar os nossos objetivos esse ano. Nossa torcida como sempre será a grande diferença nas competições, vamos juntos torcida azulina”, revelou.

Já o atacante Echaporã, de 23 anos, é paulista. O novo atleta azulino vem de um acesso para a Série A neste ano pelo Juventude e já jogou no São Paulo, Figueirense, Atlético Mineiro e Ponte Preta. “Expectativa enorme para a temporada e atuar pelo Remo. Torcida gigante e que sempre apoia. Chego motivado e feliz para começar a temporada”, disse.

Os atletas anunciados se apresentam no dia 2 para iniciar os trabalhos.

FICHA TÉCNICA

THALYS
23 ANOS
LATERAL-DIREITO

Nome completo: Thalys Victor Martins Sena
Naturalidade: Belo Horizonte-MG
Altura: 1,79cm
Peso: 75kg
Clubes: Cruzeiro, América Mineiro, GE Brasil, ABC e São José-RS

NATHAN
25 ANOS
LATERAL-ESQUERDO

Nome completo: Nathan Mendes da Silva
Naturalidade: Belford Roxo-RJ
Altura: 1,73cm
Peso: 68kg
Clubes: Athletic-MG, Cruzeiro, Mamoré, Criciúma, Fortaleza, Pouse Alegre e Sport.

MARCO ANTÔNIO
26 ANOS
MEIA

Nome completo: Marco Antônio Rosa Furtado Júnior
Naturalidade: Belém-PA
Altura: 1,72cm
Peso: 73kg
Clubes: Desportiva Paraense, Bahia, Capital FC, Botafogo, Atlético-GO e Chapecoense

ECHAPORÃ
23 ANOS
ATACANTE

Nome completo: Luís Otávio de Oliveira
Naturalidade: Echaporã-SP
Altura: 1,68cm
Peso: 64kg
Clubes: Osvaldo Cruz, São Paulo, Figueirense, Atlético Mineiro, Ponte Preta e Juventude.

(Da Ascom/Remo)

Sobre intensidade e resistência

POR GERSON NOGUEIRA

Virou tendência no Brasil a repetição da palavra intensidade pelos técnicos. A palavra virou doce na boca dos ‘professores’. A todo instante aparece alguém para garantir que o seu time joga intensamente. Um clichê que se estende a todas as divisões, da Série A à Série C.

O jogo de sexta-feira, válido pela final do Mundial de Clubes, na Arábia Saudita, derrubou esse conceito falho e pouco compreendido pelas comissões técnicas brasileiras. Intensidade é como o Manchester City joga, do primeiro ao último minuto, sem tirar o pé. O resto é potoca.

Ser intenso é manter constância no uso da velocidade, da marcação e do revezamento entre jogadores de diferentes posições. São tarefas que o time do City executa com incrível frieza e correção. Parece que os passes e trocas de função são absolutamente naturais, quase automáticos.

Na verdade, a maneira de jogar é reflexo dos intensos treinamentos. Entre a semifinal e a decisão, Pep Guardiola fez o time se exercitar duas vezes, em treinos de três horas de duração. Repetição exaustiva de situações de jogo.

Atentem para a situação: o melhor esquadrão do mundo treinando com rigor para encarar um time sul-americano. Isto é seriedade a serviço do futebol, subvertendo a ideia que os brasileiros costumam ter quanto à naturalidade do jogo. Desde moleques, aprendemos que o talento resolve tudo.

É uma ilusão. O talento é importante, acrescenta muito no processo, mas sozinho não leva muito longe. É preciso adequar as qualidades naturais ao modelo praticado pelo time. O City joga em permanente transformação. O zagueiro Stones se torna um volante/meia sempre que o time tem a bola.

Faz isso com perfeição porque todos treinam muito, incessantemente, para que essas mudanças repentinas sejam adotadas sem atropelos. Rodri, melhor homem em campo, não dribla e nem finta. Marca, cerca, recupera e lança os companheiros, brilhantemente.

O City ganhou porque soube explorar erros pontuais do Flu e teve paciência para esperar o momento de tomar conta do jogo. Duas falhas graves facilitaram as coisas: a inversão errada de Marcelo primeiro gol e a hesitação de André na jogada que resultou no gol contra de Nino.

Apesar disso, por cerca de 20 minutos, o domínio e a posse de bola pertenceram ao Tricolor. Não aprofundava jogadas, mas controlava as ações, ensaiava reagir. Incomodou o City, que não conseguiu ter o que mais persegue: a bola nos pés. Até que o 2 a 0 mudou os rumos da final.

Mesmo sem dois excelentes jogadores, Haaland e De Bruyne, Guardiola concentra a força mental do time na segurança inabalável de quem sabe como direcionar o jogo para suas valências.

O cenário mais emblemático do abismo entre as duas escolas foi a repetição do cerco que seis jogadores do City faziam à saída de bola brasileira. Aqui, os técnicos falam em marcação alta. Ora, marcar em cima é o que Alvarez, Grealish, Aké, Rodri, Foden e Bernardo Silva fizeram o tempo todo, atazanando a vida da defesa do Fluminense.

Independentemente do poderio econômico, que divide hoje o futebol em mundos distintos, precisamos falar de organização de jogo. Eles podem ter os melhores jogadores, mas isso só funciona à perfeição porque evoluíram muito em desenvolvimento tático, mobilidade e ocupação de espaços.

Lampions amplia o fosso em relação à Copa Verde

A premiação da Copa do Nordeste de 2024 será feita com base no IPCA, o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo. A informação é do colunista Cassio Zirpoli. A CBF confirmou o novo modelo econômico em reunião do presidente em exercício, José Perdiz de Jesus, com as nove federações estaduais e representantes dos 28 clubes classificados.

Os valores de todas as cotas disponibilizadas em 2023 foram mantidos, havendo para 2024 a correção pelo IPCA. Em 2023, somando a fase preliminar (Pré-Nordestão) e a fase principal (a partir da fase de grupos), foram distribuídos R$ 46,58 milhões para todos os times, de R$ 120 mil aos eliminados na 1ª eliminatória a R$ 6,4 milhões ao campeão (Ceará).

Segundo a calculadora on-line do Banco Central, o aumento será de 5,11%. O valor total dos repasses chegará a R$ 48.961.514, um aumento de R$ 2,38 milhões. A menor será de R$ 126 mil, enquanto o campeão poderá acumular R$ 6.727.213, o maior prêmio na história da Lampions League.

Ao contrário da desprestigiada Copa Verde, a receita provém das parcerias firmadas. A última edição teve 17 patrocínios. Os jogos seguem nas grades do SBT (TV aberta) e da ESPN, através dos contratos assinados até 2025. Já o pay-per-view será com o Nosso Futebol. Esta será a 21ª edição da copa, que completará 30 anos de história.

A disputa começa em 7 de janeiro, na preliminar, que terá duas etapas em jogos únicos. A fase de grupos começará só em 4 de fevereiro, com as partidas da decisão marcadas para os dias 5 e 9 de junho.

Bola na Torre

O programa vai ao ar às 22h, na RBATV, com apresentação de Guilherme Guerreiro e participação de Giuseppe Tommaso. O convidado é o presidente do PSC, Maurício Ettinger. A edição é de Lino Machado.

Direto do blog campeão

“O resultado do jogo Flu x City é uma prova inconteste da distância oceânica do atual futebol do Brasil com aquele praticado nos bons clubes da Europa. O legado deixado pelos atletas que venceram 5 Copas foi destruído pela corrupção desenfreada dentro da CBF e dos clubes que são comandados por grupos e empresários escusos que comandam contratações, convocações, arbitragens e resultados de jogos em todas as séries.

A superioridade é tão grande que os europeus não fazem questão de disputar o Mundial de Clubes que só atrapalha o calendário deles. O time B do City venceria qualquer clube brasileiro numa final. Agora, reduzidos à nossa verdadeira inexpressão, é tentar com uma possível, mas não provável mudança na CBF, colocar nos trilhos este trem de incansáveis vexames”.

Aldo Valente, torcedor alviceleste

(Coluna publicada na edição do Bola deste domingo, 24)

Papão anuncia mais três reforços

Dos três nomes anunciados neste sábado, Edinho é figura conhecida na Curuzu. Passou pelo clube em 2015, sem grande destaque. Natural de Baturité (CE), o atacante de 29 anos tem passagens por clubes como Fortaleza, Avaí, Ituano, Guarani, CSA, Atlético-MG e Juventude. Ele também defendeu o Daejeon Hana, da Coréia do Sul, em 2020 e 2021. Em 2023, esteve no Sport, emprestado pelo Fortaleza. Fez 59 partidas e marcou seis gols.

O meia Biel Fonseca é de Curitiba (PR) e começou a carreira no Coxa. Nesta temporada, foi emprestado ao Grêmio Novorizontino, onde participou de 13 partidas. Biel já defendeu a seleção brasileira de base.

O terceiro reforço é Esli Samuel García Cordero, um meia-atacante de 23 anos. Nasceu em Araure, Venezuela, e estava atuando pelo Deportivo Táchira. Na temporada, atuou 29 vezes e marcou cinco gols.

Com os três nomes divulgados, o PSC chega a 13 atletas contratados para a próxima temporada.

Pará lidera a produção nacional de açaí, dendê, cacau, abacaxi e mandioca

O Pará fecha o ano de 2023 como líder na produção nacional de cinco importantes culturas: abacaxi, açaí, cacau, dendê e mandioca. O Estado aparece em destaque também na produção de pimenta-do-reino atingindo o segundo lugar no ranking nacional. Também está entre os maiores produtores do Brasil em coco-da-baía e limão (ambas em 3º lugar). Os dados fazem parte da Produção Agrícola Municipal (PAM) do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE)/2023. Regionalmente, os dados foram sistematizados pelo Núcleo de Planejamento e Estatísticas da Secretaria de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap).

Entre as culturas agrícolas, cujo Pará aparece no topo, duas se destacam com uma produção bem superior quando comparado com outras unidades federativas do Brasil, como ratifica o levantamento. É o caso do açaí – com 93,87% da produção e do dendê cuja produção nacional é quase toda registrada em solo paraense – 98,27%.

No caso do açaí, como avalia o responsável pelo trabalho da Sedap junto ao IBGE, o estatístico e professor João Ulisses Silva, a tradição é tão arraigada no Pará que todos os 144 municípios da unidade federativa produzem o fruto. “A produção está presente em todos eles, registrando uma quantidade produzida de 1,6 milhões de toneladas em 224,04 mil hectares e produtividade de 7,12 toneladas por hectare, gerando um valor de produção de 5,93 bilhões de reais em 2022”, observou o estatístico. Ele destacou que o principal município produtor é Igarapé-Miri com o registro de 420,7 mil toneladas (26,4%da produção paraense).

Produzido em 30 municípios, de acordo com o levantamento do IBGE, o dendê está presente em 30 municípios. A quantidade produzida foi 2,9 milhões de toneladas em 185,96 mil hectares e produtividade de 15,6 toneladas por hectare, gerando um valor de produção de 1,20 bilhões de reais em 2022. Conforme o estatístico repassou , o principal município produtor é Tailândia (942,08 mil toneladas), com 32,47% da produção paraense.

Quanto ao abacaxi, conforme observou Ulisses Silva, a produção está presente em 92 municípios do estado, registrando uma quantidade produzida de 350 milhões de frutos em 14,18 mil hectares com produtividade de 24,7 mil frutos por hectare, gerando um valor de produção de 520 milhões de reais em 2022. “O principal município produtor é Floresta do Araguaia com 258 milhões de frutos, isso representa 74% da produção paraense”, explicou o estatístico.

OUTROS DESTAQUES

O Pará é o maior produtor de cacau do Brasil. De acordo com o levantamento da Sedap junto ao IBGE, a produção está presente em 65 municípios do estado, registrando uma quantidade produzida de 145,99 mil toneladas, em 152,84 mil hectares e produtividade de aproximadamente uma tonelada por hectare (0,96 kg/ha), gerando um valor de produção de 1,90 bilhões de reais em 2022. O município de Medicilândia, como informou Silva, fecha o calendário agrícola de 2023 com o município de Medicilândia, no sudoste do Pará, se mantendo como líder na produção de cacau paraense

Outra tradicional cultura, a mandioca, também é destaque no estado. Segundo levantamento do IBGE, a produção está presente em 138 municípios do estado, registrando uma quantidade produzida de 4,16 milhões de toneladas em 277,1 mil hectares e produtividade de 15 toneladas por hectare, gerando um valor de produção de 3,17 bilhões de reais em 2022. O principal município produtor é Acará (326 mil toneladas), com 7,8% da produção paraense, conforme explicou o estatístico.

PRODUÇÃO AGRÍCOLA

O calendário agrícola do IBGE toma por base o ano de 2022, conforme informou a coordenadora de planejamento da Sedap, Maria de Lourdes Minssen. No que se refere à produção agrícola, o Pará atingiu 2,31 mil hectares de área cultivada, resultando uma produção de aproximadamente de 15,04 milhões de toneladas (referentes a 35 mensuradas em toneladas) e 525,40 milhões de frutos (referente as culturas do abacaxi e coco-da-baía), com valor produção estimado em torno de R$ 24,38 bilhões.

“Com relação ao Valor de Produção dos produtos agrícolas no ano de 2022, o Estado do Pará ocupa a nona posição dentre as 27 unidades da federação, com participação de 2,76% do valor de produção nacional e apresentando um incremento de 11%, com relação ao ano anterior (ano de 2021)”, esmiuçou Maria de Lourdes Minssen.

A coordenadora de planejamento ressaltou que embora o Pará não esteja como o primeiro lugar na produção de pimenta do reino e do coco-da-baía, se destaca entre os três maiores produtores dessa cultura no Brasil. “No que tange à pimenta do reino, ela está presente em 79 municípios do estado, registrando uma quantidade produzida de 42,1 mil toneladas em 18,06 mil hectares e produtividade de 2,33 toneladas por hectare, gerando um valor de produção de 470,7 milhões de reais em 2022. O principal município produtor é Tomé-açu (4,8 mil toneladas), com 11,40% da produção paraense”, detalhou a coordenadora.

Já com relação ao coco-da-baía, como explicou Minssen, a produção está presente em 30 municípios do estado, registrando uma quantidade produzida de 175,02 milhões de frutos, em 17,42 mil hectares e produtividade de 10,04 mil frutos por hectare, gerando um valor de produção de 215,7 milhões de reais em 2022. O principal município produtor é Moju (79,5 milhões de frutos), com 45,42% da produção paraense.

Rock na madrugada – Pearl Jam, “Even Flow”

Eddie Vedder e Stone Gossard compuseram em 1992 esse rock de levada melodiosa, guitarras distorcidas e letra de denúncia sobre o abandono da população sem-teto nos EUA. “Even Flow” é um dos vários hits do álbum Ten, um dos mais vendidos da história do rock moderno, responsável por consolidar o Pearl Jam fora do universo grunge.

Rock na madrugada – Camisa de Vênus, “Bota pra Fudê”

Um clássico absoluto do Camisa de Vênus, composto por Marcelo Nova no auge criativo da banda. Virou hino de guerra nos estádios brasileiros e também em manifestações estudantis. O Camisa foi formado por jornalistas e publicitários de Salvador, em 1980, com disposição para sacudir a cena roqueira cuspindo fogo com um repertório rico em melodias fortes, letras “sujas” e irreverentes. Um trabalho diferente de tudo o que o rock brasileiro produziu no período.

Em oito anos de carreira, o Camisa produziu hits definitivos: “Silvia”, “Eu Não Matei Joana D’Arc”, “Hoje”, “Bete Morreu”, “Só o Fim”, “Simca Chambord”, “O Adventista”, “A Ferro e Fogo”, “Deus me dê Grana”, “Gotham City” e muitos outros. “Bota pra Fudê” é do álbum Plugado, de 1995, produzido num dos muitos retornos do grupo.

Nesta apresentação ao vivo em Porto Alegre, em 2018, que rendeu o DVD e CD Duplo “Dançando em Porto Alegre – Ao Vivo no Auditório Araújo Viana”, performance digna dos velhos tempos, com Marcelo Nova, voz e guitarra; Robério Santana, contrabaixo; Drake Nova, guitarra e backing vocals; Leandro Dalle, guitarra e vocais; e Celio Glouster, bateria. Dos integrantes originais, apenas Marcelo Nova e Robério.

Nos últimos anos, o Camisa se reúne esporadicamente, mas não lançou novos trabalhos, preferindo explorar o repertório dos primeiros anos e reproduzindo a mesma pegada firme no palco. Ao mesmo tempo, Marceleza se perdeu no personagem. Abraçou um discurso negacionista em meio à pandemia, recebendo uma saraivada de críticas.

A superpotência contra o azarão

POR GERSON NOGUEIRA

Descontados os rapapés ao Fluminense, comparado exageradamente por ele ao Brasil de 1982, Pep Guardiola referiu-se ao representante brasileiro com extrema fidalguia, citando nominalmente os principais jogadores – Marcelo, Germán Cano e Martinelli – e mostrando-se focado na grande decisão de hoje.

O respeito do celebrado técnico espanhol é um alento diante da impressão quase geral de que a final do Mundial de Clubes está decidida de véspera, em face da superioridade técnica do Manchester City, campeão inglês e europeu.

Sem menosprezo ao Fluminense, o duelo envolve uma superpotência do futebol contra uma autêntica zebra. Não há meio-termo. O City é uma espécie de seleção mundial, com atletas de primeira linha, garimpados em diversos países. O Tricolor é um fiel representante da atual realidade brasileira e sul-americana.

Guardiola disse que sabe exatamente o que vai enfrentar hoje, insinuando que andou pesquisando muito o time de Fernando Diniz. Mostrou-se simpático ao futebol brasileiro clássico, como costuma ser sempre que se refere a times e jogadores.

Sobre o jogo, é importante observar o que fizeram Fluminense e City nas semifinais. O time de Diniz correu riscos exagerados ao aceitar uma pressão inicial do Al Ahly. Foi atacado insistentemente e adotou um recuo estratégico que impedia saídas rápidas ao ataque.

O pênalti sobre Marcelo desafogou as coisas e permitiu que a partida ficasse mais aberta, favorecendo a troca de passes que o Fluminense tanto aprecia. Ocorre que os espaços concedidos causam preocupação em relação ao afiadíssimo time de Guardiola, que não costuma desperdiçar chances.

Na semifinal do City, apesar de ter encarado um adversário inferior ao Al Ahly, a equipe teve muitas dificuldades para impor seu jogo de passes rápidos e verticais. Até mesmo Bernardo Silva, o grande craque do time – na ausência de Kevin De Bruyne –, sofreu para se localizar em campo.

Um gol contra, meio acidental, acabou por tornar a missão mais tranquila para os ingleses, mas o jogo foi bem mais complicado do que se previa inicialmente. Quem viu a partida ficou com a sensação de que o Flu, caso faça uma partida em alto nível, tem chances.

A ausência do artilheiro Haaland talvez esteja na essência dessa visão sobre a decisão. Sem ele, o City fica menos contundente. Terá Phil Foden, Kovacic e Alvarez espetando a zaga brasileira, com Bernardo Silva na aproximação, com o suporte de Stones e Rodri.

O Flu dependerá muito do comportamento de Marcelo, André, Martinelli e Paulo Henrique Ganso, responsáveis pela articulação de meio-campo. André e Martinelli terão trabalho redobrado ajudando a cobrir as laterais, corredores normalmente muito explorados por Guardiola.

É evidente que o City continua favorito, mas essa condição já foi mais explícita. O Flu, se tiver uma atuação excepcional, pode vencer.

As chances de um remanescente do elenco do acesso 

Ao lado de Matheus Nogueira e Robinho, João Vieira é um dos raros remanescentes da campanha do PSC na Série C 2022 com chances de disputar posição no reformulado time para a temporada 2024. Colocado inicialmente em dúvida pelo técnico Hélio dos Anjos, o volante se firmou e foi titular na reta final da caminhada rumo ao acesso.

Como a regularidade é uma virtude sempre apreciada no futebol atual, João Vieira pode sair da condição de reserva de luxo para brigar por um lugar no time, principalmente nas primeiras competições – Campeonato Estadual, Copa Verde e Copa do Brasil.

Prestes a iniciar a terceira temporada na Curuzu, João Vieira cresceu em importância desde que José Aldo deixou o clube no ano passado. Assumiu o papel de condutor do meio-campo com qualidade e desembaraço.

Sob o comando de Hélio dos Anjos, na metade da Série C, ele viveu um momento de desaprovação. No jogo contra o Náutico, quando o PSC chegou a estar perdendo por 2 a 0, Vieira foi substituído ainda no primeiro tempo e criticado pelo treinador pelo mau rendimento.

Mais que isso: precisou ouvir do treinador que ele estava precisando se reciclar tecnicamente. Uma afirmação que se mostraria injusta e precipitada, pois o volante não havia falhado contra o Náutico e era um dos mais regulares do elenco.

Hélio recuou nas críticas e reconheceu o papel de João Vieira, que se tornaria nome importante na busca pelo acesso, inclusive marcando gols importantes. Para 2024, a história é diferente: o perfil da equipe vai mudar, com ênfase em resistência e força. Mesmo assim, o volante segue bem cotado, pois sempre mostrou combatividade e capacidade de marcação.

Uma pinimba vazia entre corintianos e rubro-negros

Em meio ao tiroteio de especulações, uma polêmica vem alimentando a eterna pinimba entre cariocas e paulistas. A rivalidade é tão forte que até a mídia entra na briga. O pivô das discussões é Gabriel Barbosa, atacante revelado no Santos e que hoje é um dos ídolos do Flamengo.

Em baixa desde a passagem de Jorge Sampaoli pelo clube e sem conseguir se reabilitar sob o comando de Tite, Gabriel tem se dedicado a forçar uma renovação antecipada de contrato (o atual termina em 2024), a fim de reafirmar sua importância e obter valorização financeira.

Atento ao impasse, o Corinthians entrou na disputa pela contratação do centroavante. A proposta ainda não foi oficializada, mas quase todo dia algum dirigente corintiano dispara um comentário sobre Gabigol.

É de conhecimento até do reino mineral que o Corinthians não tem dinheiro para contratar (a multa é de R$ 170 milhões), mas o jogo de aparências funciona do mesmo jeito. Até porque o desejo é exposto na esperança de algum financiador maluco decida apoiar a causa.

Divertido mesmo é observar o envolvimento apaixonado de parte da imprensa dos dois Estados, tomando partido e opinando sobre prós e contras de uma improvável transferência. Uma discussão de surdos em torno do nada. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 22)

Precisamos falar de Vinícius

POR GERSON NOGUEIRA

Logo na primeira entrevista após a apresentação do elenco para 2024, o técnico Ricardo Catalá falou sobre os critérios de escolha de jogadores e deixou claro que o veterano goleiro Vinícius, ídolo da torcida remista ao longo de sete anos, pode não ser titular no time que vai iniciar a temporada disputando o Campeonato Paraense.

Segundo Catalá, o time terá quatro goleiros – Vinícius, 39 anos, Marcelo Rangel (35), Léo Lang (25) e um vindo da base – que terão igualdade de condições na luta pela titularidade. Essa definição virá depois da pré-temporada, prevista para a primeira quinzena de janeiro. “O lugar que se conquista o direito de jogar é nos treinamentos”, disse o treinador.

O discurso parece afinado com a opinião de integrantes da nova diretoria, favoráveis ao encerramento do vínculo com o goleiro. Catalá repetiu várias vezes que Vinícius vai cumprir contrato (até março), mas não se posicionou sobre a prorrogação contratual.

A atividade extracampo de Vinícius – que é vereador – foi mencionada indiretamente na entrevista. Pela primeira vez, a vida parlamentar do goleiro entrou na pauta de um técnico no Remo: “Tem que ver como ele quer conciliar esses interesses que precisam ser discutidos”.

Desde que se elegeu para a Câmara Municipal de Belém, Vinícius não há notícia de tenha faltado aos treinos ou a algum compromisso do clube. Modelo de profissionalismo e comprometimento, todos reconhecem nele um exemplo para os demais atletas.

Vinícius desembarcou no Evandro Almeida em 2017, trazido pelo técnico Josué Teixeira. Veio como segunda opção, o titular era André Luís. Como este se lesionou, Vinícius assumiu a titularidade e nunca mais foi barrado.

Protagonista de verdadeiros milagres no arco azulino, salvando o time de situações desesperadoras, Vinícius nunca perdeu a postura comedida, tanto nas declarações como nos jogos. Destaca-se pelo posicionamento e agilidade, evitando sempre a acrobacia e o espalhafato.

Nas sete temporadas, jogou 258 partidas, recorde de um jogador do Leão neste século. Ajudou o Remo a conquistar três campeonatos estaduais – 2018, 2019 e 2022 –, foi decisivo na conquista da inédita Copa Verde 2021 e no acesso à Série B naquele mesmo ano.

A derrocada que se seguiu, com o rebaixamento à Série B, marcou boa parte dos jogadores e acabou refletindo mais em Vinícius, o menos culpado, mas um dos poucos a permanecer no elenco. Passou a ser visto como ‘velho’, sendo que o fator idade nunca foi régua para goleiros.

Uma falha grave (e rara) no Re-Pa da Série C em 2022 passou a sustentar as críticas de parte da torcida. Jogadores que se identificam muito com um clube pagam por vezes um alto preço por essa lealdade. Parece ser o caso de Vinícius, um dos poucos ídolos surgidos no Baenão no século 21.

Por mais que Catalá se posicione de forma protocolar, defendendo a meritocracia como critério para definir o novo titular, não deixa de ser uma descortesia com um atleta que tanto honrou a camisa azulina. Tecnicamente em forma, Vinícius tem qualidades – e muito crédito. Merece respeito. (Foto: Samara Miranda/Ascom Remo)

Ritmo de contratações deixa torcedor impaciente

A pressa em ver um elenco formado e um time escalado faz com que muito torcedor fique à beira de um ataque de nervos. Vale para todos os clubes brasileiros que têm grandes torcidas. Não escapa um. No cenário local, essa ansiedade acomete mais o torcedor do Papão, que reclama do critério de anunciar reforços adotado pela diretoria do clube.

Na contramão daquela afobação de outros anos, quando carradas de jogadores chegavam a Belém a cada semana, os dirigentes têm sido meticulosos e prudentes, evitando precipitações desnecessárias.

Foram anunciados 10 atletas, restam mais sete a serem confirmados. A pré-temporada vai começar em janeiro, o que dá uma folgada margem de tempo para que os novos contratados sejam apresentados.

A responsabilidade de uma competição tecnicamente mais exigente talvez torne mais acentuada a pressão da torcida, mas até o momento a agenda bicolor está completamente dentro da normalidade. Devagar também se chega aos objetivos.

A velha necessidade de aprovação internacional

Nos últimos dias, no clima do Mundial de Clubes, é possível observar o ressurgimento de uma viralatice típica do futebol brasileiro. Parcela da mídia esportiva se ocupa da tarefa de observar como os nossos clubes são vistos pelos europeus. Confirmada a final entre Fluminense e Manchester City, essa necessidade de aprovação aflorou por inteiro.

O constrangimento foi observado pelo jornalista Leandro Demori, em comentário na internet. Segundo ele, a imprensa brazuca parece sempre ansiosa em descobrir se os jogadores do City e o técnico Pep Guardiola conhecem o Fluminense e que, sim, o futebol brasileiro existe.

É como se fosse sempre necessário esse aval, sem o qual o país pentacampeão do mundo e berço dos maiores craques mundiais em todos os tempos não teria legitimidade em competições de grande porte.

A tendência é antiga, e visível em outras áreas, mas se acentuou nos últimos anos com a crescente hegemonia dos clubes da Europa e o êxodo de atletas revelados no Brasil. O fator econômico determina esse abismo, mas não pode jamais servir de balizamento para entre o que se faz lá e aqui.

As circunstâncias favoráveis permitem aos europeus montar verdadeiras seleções internacionais, garimpando os melhores e mais caros atletas, mas nem sempre foi assim. Até meados dos anos 1980, o equilíbrio reinava na disputa de títulos intercontinentais e não havia a superioridade absoluta que reina hoje.

É preciso ajustar a lente e olhar para o cenário atual com tranquilidade, procurando entender as imposições do mercado, senhor absoluto de todas as regras e caprichos também no futebol. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 21)

Rock na madrugada – Soundgarden, “Fell On Black Days”

Apresentação da banda de Chris Cornell no programa David Letterman, em 2012. Vistosa exibição do estilo pouco ortodoxo do grupo, um dos expoentes do movimento grunge – junto com Nirvana, Pearl Jam e Alice In Chains. O vocal inconfundível de Cornell se unia aos caprichados acordes de guitarra para construir um som diferente. A morte do cantor, em maio de 2017, fez o Soundgarden mergulhar num período de recesso, que ainda não foi quebrado.