A novela até que durou um bom tempo. Sob desconfiança generalizada, o presidente da CBF, Ednaldo Rodrigues, anunciou que tinha um acordo com Carlo Ancelotti para dirigir a Seleção Brasileira. Justiça se faça: o técnico jamais confirmou ou desmentiu isso. Fernando Diniz foi contratado como interino e a espera pelo italiano foi mantida. Finalmente, na manhã desta sexta-feira, o Real Madrid comunicou oficialmente que chegou a um acordo para renovar contrato com Ancelotti, fazendo ruir qualquer expectativa da CBF quanto à sua contratação.
O vínculo de Ancelotti com o clube merengue terminaria ao fim da temporada 2023/24 (quando, supostamente, ele abandonaria o Real e assumiria a Seleção), mas foi estendido até 30 de junho de 2026.
Enquanto Ednaldo alimentava a história de que Ancelotti estava “fechado”, o técnico despistava sobre as chances de assumir a seleção, sempre afirmando que tinha contrato vigente com o Real.
Nos últimos dias, a imprensa espanhola já noticiava o possível acerto do italiano com o clube merengue. Os principais jornais do país apontaram que a crise na CBF, com a destituição de Ednaldo e a nomeação de um interventor até a organização de novas eleições, deixava Ancelotti ainda mais longe de assumir a seleção.
Agora, em meio aos problemas políticos, a entidade terá que procurar outro técnico em definitivo – e crescem as chances de efetivação de Fernando Diniz.
Em cinco temporadas à frente da equipe espanhola, Ancelotti conquistou nada menos que 10 títulos: duas Champions League, dois Mundiais de Clubes, duas Supercopas da Europa, uma LaLiga, duas Taças do Rei e uma Supercopa de Espanha.
A ampliação do contrato do italiano foi alinhada em uma conversa entre ele e o presidente merengue, Florentino Pérez, até a madrugada de quinta. Ancelotti apresentou suas condições ao cartola, que as aceitou nesta sexta e correu para realizar o anúncio, mesmo sem contrato assinado.
Florentino avisou o treinador que faria a comunicação do acerto logo, mas não nesta sexta, por isso o próprio Ancelotti foi pego de surpresa. Nem sua esposa sabia da renovação. Agora, a expectativa é para que Ancelotti assine o novo contrato, o que é esperado para acontecer nas próximas horas ou dias. Após o anúncio do Real, porém, trata-se de mera formalidade.
Do outro lado do Oceano Atlântico, a CBF ficou surpresa, mas nem tanto. É que todas conversas de Ancelotti para assumir a seleção brasileira em 2024, quando acabaria seu vínculo anterior com o Real, foram com Ednaldo Rodrigues, que deixou a presidência da entidade em decisão da Justiça.
A confederação sempre confiou em um acerto verbal com Ancelotti, com um termo de intenções que teria sido trocado entre Ednaldo e o técnico – algo que a CBF garante que tinha.
Acontece que, após a Ednaldo deixar o cargo e José Perdiz assumir como interventor, à espera de novas eleições, deixou toda situação na confederação incerta. A CBF entende que esse cenário influenciou na decisão de Ancelotti em permanecer no Real e declinar o Brasil.
O principal pedido feito por Ancelotti a Florentino foi a contratação de um novo zagueiro, já que o elenco já não tinha Eder Militão à disposição por uma grave lesão e agora perdeu David Alaba, também machucado. Essa busca será o foco do Real no mercado nos próximos dias.
Quanto a CBF, a prioridade é a definição de um novo presidente, o que deve acontecer apenas em janeiro. Somente após isso é que a entidade voltará a pensar na situação do treinador. Até lá, Diniz segue no cargo, dividindo a função também como técnico do Fluminense.