POR GERSON NOGUEIRA

A chegada do Natal foi generosa com a torcida do PSC, que vivia cuíra por um reforço de peso. Ele chegou. A diretoria do clube confirmou o retorno do ídolo Nicolas, após dois anos distante da Curuzu. Em baixa depois de fraca temporada no Ceará, ele tem agora a oportunidade e o desafio de reviver os melhores momentos de sua carreira.
Para quem acompanhou a trajetória de Nicolas no Papão, marcando muitos gols (37) com grande regularidade no aspecto técnico e físico, sempre em papel de protagonismo, é fácil imaginar que ele pode reeditar o sucesso da primeira passagem.
Alguns jogadores rendem mais à medida em que se sentem confiantes e em plena conexão com a torcida, principal elo popular de um clube. Nicolas vivenciou isso na Curuzu, entre 2019 e 2021, alçando-se à condição de ídolo indiscutível após temporadas muito sólidas em rendimento.
Desde que saiu de Belém, primeiro em direção ao Goiás e depois rumo ao Ceará Sporting, o atacante sempre foi lembrado como opção de reforço. Diante de qualquer dificuldade momentânea do Papão, Nicolas era imediatamente citado, uma espécie de sonho recorrente.
Na reta final do acesso, o jogador chegou a acompanhar de perto alguns jogos do PSC em Belém, demonstrando claramente a saudade do carinho recebido quando defendia as cores alvicelestes.
Quando o acesso se confirmou, o nome de Nicolas foi o primeiro a ser especulado como possível reforço, tendo em vista que no Ceará ele não mostrou um desempenho capaz de despertar o interesse do clube em sua permanência para 2024.
Ocorre que havia um embaraço financeiro. O valor do salário estava acima do limite estabelecido pelo PSC para contratações. A alternativa era um acordo entre bicolores e alvinegros para divisão do custo salarial. Inicialmente, essa foi a linha de negociação.
Quando finalmente ficou decidido que Nicolas iria deixar o Ceará, a situação mudou de figura e a negociação passou a ser direta entre o Papão e seu ex-jogador. Em poucos dias, tudo ficou devidamente sacramentado, viabilizando o retorno do atacante.
Por parte do torcedor, a expectativa é imensa. Há a sensação de que Nicolas, aos 34 anos, pode se reerguer na Curuzu, voltando a alcançar uma média de gols compatível com a qualidade de seu futebol. No futebol cearense, longe da titularidade, terminou 2023 com três gols em 37 partidas.
Nem essa performance discreta é capaz de frear as esperanças do torcedor, que enxerga nele o jogador perfeito para o papel de líder técnico que o time precisa, abraçando a causa da Série B por inteiro. Um desafio de grande envergadura, mas à altura do potencial de Nicolas.
Remo faz aposta em meia-atacante paraense repatriado
Marco Antônio apareceu para o futebol brasileiro como um dos destaques do Botafogo, na Série B 2021. Com atuações empolgantes, ganhou a confiança da torcida alvinegra e se firmou como um dos baluartes do time que Enderson Moreira conduziu ao acesso e ao título brasileiro.
Aos 26 anos, Marco Antônio é um dos destaques do pacote de reforços (14 jogadores até o momento), ao lado do meia Camilo e do centroavante Ytalo. No Botafogo, cedido pelo Bahia, ele disputou 50 jogos e marcou 10 gols – nove na Série B.
A mais duradoura passagem da curta carreira de Marco Antônio foi no Tricolor baiano, onde atuou por 93 partidas, com 12 gols marcados. Contratado em 2016, quando despontou nas divisões de base da Desportiva Paraense, ele chegou ao profissional no ano seguinte, passando a ser escalado em 2018.
Emprestado novamente pelo Bahia, atuou pelo Atlético Goianiense na Série B deste ano, onde participou de uma quantidade menor de jogos (8) antes de se transferir para a Chapecoense. Teve mais oportunidades, jogou 19 vezes e fez dois gols.
Chega ao Remo credenciado pela experiência na Segunda Divisão nacional e pela capacidade de verticalizar o jogo ofensivo a partir do meio-campo. Pela característica de jogar entre as linhas adversárias, pode ser um importante aliado de Camilo na construção e apoio aos homens de ataque.
A saudade como ponto crucial no bate-volta de jogadores
As seguidas especulações sobre o retorno de Gustavo Scarpa ao Brasil repetem um cenário de repatriação de atletas bastante comum no mercado do futebol. Melhor jogador do Campeonato Brasileiro de 2022, fundamental no título do Palmeiras, Scarpa não conseguiu entregar na Inglaterra e na Grécia o que se esperava dele.
Dado como quase fechado com o Atlético-MG, o meia executa um movimento de recuo na carreira, abrindo mão da visibilidade europeia pelo conforto de voltar ao país de origem. Muitos fizeram esse trajeto, logo após a primeira experiência. É o caso de Gabriel Barbosa, que também bateu e voltou após um giro europeu frustrante.
Jeffinho, revelação botafoguense no ano passado, é outro que está voltando – para o próprio Glorioso. Ficou um ano no Lyon da França, com relativo sucesso, mas não se ambientou.
Como Scarpa, ele parece ter sido alvejado pela saudade que aflige brasileiros impelidos – por força do destino ou da profissão – a rodar o mundo. Não se pode subestimar o peso desse sentimento tão primitivo e forte.
Pausa e folga para os baluartes
Com o fim da temporada futebolística, a coluna entra em breve recesso. Merecida folga para os 27 baluartes e necessária tomada de fôlego para o escriba. Voltaremos, firmes e altivos, na segunda semana de 2024. Até lá.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 27)