STJD aumenta multa e mantém suspensão de Hélio dos Anjos por homofobia

Do site do STJD

O Pleno aumentou a pena do técnico Hélio dos Anjos por ofensa e palavras homofóbicas proferidas contra a arbitragem na partida entre Paysandu e Volta Redonda. Punido inicialmente com multa total de R$ 1 mil e nove partidas de suspensão, o treinador teve a multa majorada para R$ 20 mil, mantida a pena de suspensão. O recurso foi julgado nesta quinta-feira, 7 de dezembro, e a decisão proferida por unanimidade dos votos.

Na súmula da partida válida pela Série C, o árbitro narrou que “aos 45 minutos do 2 tempo expulsei de maneira direta, por após o quarto árbitro levantar a placa de acréscimos, o mesmo proferiu aos gritos as seguintes palavras: “vai tomar no c* c******, só 5 minutos”, após ser expulso o referido treinador continuou, “tá de sacanagem, veio aqui roubar nós”. Após o término da partida, o treinador invadiu o campo de jogo e foi atrás do assistente nº1, Bruno Muller, proferindo as seguintes palavras: “seu veadinho, vai tomar no c*, veado, veadinho”. Relato ainda que quando o quinteto de arbitragem estava saindo do campo de jogo, no término da partida, o técnico veio atrás e proferiu as seguintes palavras, seu pipoqueiro, pipoqueiro, pipoqueiro”.

Denunciado pela Procuradoria nos artigos 243-F (ofensa) e 243-G (discriminação), Hélio dos Anjos foi julgado e punido pela Quarta Comissão Disciplinar com multa de R$ 500 e suspensão de quatro partidas no primeiro artigo e multa de R$ 500 e suspensão de cinco partidas pelo segundo artigo.

O treinador recorreu da decisão pedindo a desclassificação dos artigos denunciados para o artigo 258 entendendo por uma conduta contrária à disciplina, enquanto a Procuradoria recorreu pedindo a majoração das penas.

Em julgamento do recurso a defesa do técnico foi feita pelo advogado Felipe Jacob. O pedido da defesa não foi acolhido pelo relator do processo, auditor Maurício Neves Fonseca, que manteve a capitulação e majorou as multas entendendo pela gravidade na conduta praticada pelo treinador denunciado.

“O STJD não pode ser complacente com práticas discriminatórias, pois já passou da hora de adotarmos medidas enérgicas com penas relevantes e com caráter pedagógico na tentativa de cessar esse tipo de comportamento odioso, lastimável e inconcebível.

Em certa medida, o mundo do futebol precisa encontrar-se com práticas de educação em direitos humanos. A educação em direitos humanos poderá atuar na mudança de corações e mentes que hoje destilam preconceitos que levam até a morte. Essas práticas educativas devem alcançar atletas, comissão técnica, sócios, funcionários, patrocinadores e a torcida. Os eventos, canais de mídia e jogos devem servir como palco para ações de educação em direitos humanos que não apenas coíbam atos discriminatórios, mas que possibilitem a mudança de pensamento.

Diante do exposto, NEGO PROVIMENTO ao Recurso Voluntário interposto pelo PAYSANDU SPORT CLUB, em favor de seu técnico Sr. HELIO CÉZAR PINTO DOS ANJOS e DOU PARCIAL PROVIMENTO AO RECURSO da PROCURADORIA DA JUSTIÇA DESPORTIVA DO STJD para majorar a multa pecuniária para R$ 10.000,00 (dez mil reais) e manter a pena de 04 partidas de suspensão pela infração ao artigo 243-F do CBJD e majorar a multa pecuniária para R$ 10.000,00 (dez mil reais) e manter a pena de 05 partidas de suspensão pela infração ao artigo 243-G do CBJD”, votou o relator.

Os demais auditores acompanharam o entendimento e voto do relator na íntegra e o resultado foi proferido por unanimidade.

COP: Belém não tem como ser Dubai. E isso não será o fim do mundo. Pode até ser o começo de um mundo melhor

Por Glauco Alexander Lima

Escrevo dos Emirados Árabes Unidos, em dezembro de 2023, em plena COP28, a cada vez mais badalada United Nations Climate Change Conference, ou Conference of the Parties of the UNFCCC. Em nosso português, a 28ª Sessão da Conferência das Partes, a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre a Mudança do Clima (UNFCCC), que está sendo  realizada até 12 deste mês na Expo City, em Dubai.

A Expo City é um centro de convenções gigantesco, distante uns 40 quilômetros do centro de Dubai. Ou seja, a cidade pouco se envolve com o evento.

Um dos pontos que mais chama atenção aqui e mesmo no Brasil, é a preocupação dos brasileiros, principalmente os que não são amazônicos ou não vivem na Amazônia, sobre a capacidade de Belém do Pará, que vai ser a sede da COP30 em 2025, fazer um evento igual ou melhor do que essa mega COP que está sendo realizada aqui, no Oriente Médio.

A resposta é clara: não!

Belém não fará um evento igual ao de Dubai. Mas, antes que o leitor entre em desespero, é bom alertar que isso não é uma tragédia. E será, inclusive, um fator positivo para ajudar nesse grande debate, sobre como conter as mudanças climáticas e o perverso aumento das temperaturas na Terra. Belém não será nem melhor, nem pior. Mas certamente será mais valiosa em muitos aspectos, para a discussão aprofundada dessa temática.

A COP não é uma COPA do mundo de futebol, ou um campeonato para ver quem faz a reunião mais suntuosa. A COP não é entretenimento. É uma conferência para discutir um drama que ameaça a vida no planeta. Belém do Pará, na América do Sul, e Dubai, na Ásia, são experiências humanas bem distintas. Ambas importantes para ajudar no entendimento histórico de como a nossa caminhada na Terra, nos levou a esse ponto crítico e emergencial sobre uma catástrofe ambiental que já está em andamento.

Dubai faz lembrar aquele verso de Caetano Veloso na canção Sampa: “a força da grana, que ergue e destrói coisas belas”

A cidade é extraordinária, futurista, um esplendor da força do dinheiro e da obstinação humana. Foi erguida com o poder da enorme riqueza vinda do combustível fóssil. Combustível que alavancou avanços e ao mesmo tempo ajudou a danificar muitos biomas por todos os continentes e oceanos. Os dirigentes de Dubai sabem que essa riqueza, embora astronômica, é esgotável. E aproveitaram seus bilhões de dólares para criar outra matriz econômica, construindo uma cidade que já é um dos maiores destinos do turismo de luxo, divertimento caro, gerador de divisas para esse pequeno país do golfo Pérsico.

A cidade de Dubai, como ficou famosa internacionalmente, é fruto do século 20. Tudo foi erguido recentemente, movido a petróleo. E como diz outra canção do Caetano: “aqui tudo parece ainda em construção e já é ruína”. A transição energética pode demorar mais, ou chegar antes do que se pensa, mas já é uma realidade inevitável. E o reinado de Dubai percebeu isso e se prepara para viver de outras indústrias e a turística é uma delas.

Dubai será sempre um monumento para se refletir sobre um tempo da vida na Terra.

Belém tem 407 anos. Estes mais de 4 séculos, algo em torno de 270 anos, foram vividos em regime de escravidão de seres humanos negros, e avanços cruéis sobre povos indígenas, sem expressivas reparações. O que marca a ecologia social da cidade até hoje.

Belém foi erguida sobre uma região inapropriada para assentamentos urbanos, instalada num terreno pantanoso. Seu ponto mais alto não chega a 20 metros. E mais de 40% do perímetro urbano fica abaixo da cota quatro do nível do mar. Isso torna a urbanização quase impossível e exige investimentos permanentes de bilhões de dólares em macrodrenagem. Ainda mais para essa explosão metropolitana que temos hoje, onde vivem e sobrevivem quase 3 milhões de pessoas.

Se Dubai tem seus fascínios, Belém também os tem. E muito fascinantes. Principalmente para quem quer buscar, no entendimento das relações sociais, nas relações do capital com o trabalho, na relação humana com a natureza, nas relações políticas e históricas, as lições para ajudar na busca de novos caminhos, que conciliem o progresso da economia com a evolução humana e a preservação do ecossistema.

Estamos na 28ª COP das Nações Unidas e, desde a primeira, lá nos anos 1990, a crise do clima só se agrava. Embora pareça que governos, empresas, mundo financeiro, instituições de ensino, organizações corporativas estejam interessadas em conter o aquecimento, não se percebem ações efetivas ou concessões para estancar a sangria. O inferno, cada vez mais quente onde estamos vivendo, está cheio de boas intenções e poucas atitudes, além das belas retóricas dos mais poluidores.

O que se sente em Dubai 2023, é um avanço das corporações de mercado sobre a questão, os países ricos falando bonito, mas tudo parece mais um  charmoso apelo verde para agregar valor para marcas e ideologias, do que esforços para melhorar as relações econômicas, reduzir a concentração de muita renda nas mãos de poucos, o avanço de um capitalismo cada vez mais financista, hegemônico, tudo isso que, no fundo no fundo, está nas causas da devastação da natureza, da quebra do clima, das catástrofes ambientais.

Uma COP na esquina da bacia amazônica com o oceano Atlântico é algo que instiga. Belém tem tudo para ser espaço maior para os movimentos sociais e a sociedade civil apresentarem suas propostas, protestos e questionamentos. Em 2025, o Brasil, o Pará e Belém certamente vão estar sob governos democráticos, não negacionistas, comprometidos com a humanidade e a ciência, o que ajudará na qualidade do confronto de ideias e na pressão para que as grandes máquinas políticas e empresariais globais flexibilizem seus interesses.

O grande problema da COP 30 em Belém não vai ser só se faltar hotel, restaurante,  ou se nossas ruas não forem como saídas de uma inteligência artificial, como as de Dubai. O grande drama da COP na Amazônia será se não for, de fato, um divisor de águas doces e salgadas, entre o que temos hoje, e uma nova postura, sincera e efetiva, para achar uma forma de reduzir desigualdades econômicas, sociais e regionais, o que é na verdade a melhor mudança para conter as terríveis mudanças no clima e regenerar a natureza.

(*) Glauco Alexander Lima é publicitário

(Foto: Divulgação/Setur/PA)

Torcida cobra mais ousadia

POR GERSON NOGUEIRA

Nas redes sociais, espécie de tribuna pública desses tempos modernos, a torcida do PSC tem reagido com um misto de esperança e apreensão diante do anúncio dos primeiros reforços do clube para a próxima temporada. De maneira geral, reina uma ansiedade muito grande em face do acesso conquistado à Série B do Campeonato Brasileiro.

Em primeiro lugar, é preciso que se conceda um voto de confiança nos esforços da diretoria e do executivo de futebol, Ari Barros. O mercado está cada vez mais restrito, os bons jogadores são muito cobiçados e os custos dos salários estão inflacionados.

A preocupação em trazer jogadores que tenham nível de Série B até agora foi razoavelmente cumprida, mas falta ainda um grande nome, alguém que tenha passado pelo crivo técnico da Série A, como prometeu a diretoria. Por ora, a ousadia prometida não se concretizou.

É provável que na próxima semana os nomes mais badalados sejam divulgados, para alívio do torcedor mais exigente. Por ora, as aquisições não chegam a empolgar a torcida. São atletas destinados a compor elenco, salvo uma ou outra exceção.

Depois de Diogo Silva, goleiro que estava no CRB e jogou no Vasco, ficou a expectativa de que o nível seria dali para cima, mas os demais jogadores contratados são pouco conhecidos, sem destaque maior na carreira.

Ontem, surgiram os nomes do volante Gabriel Bispo e do lateral-direito Bryan Borges, jogadores indicados pelo técnico Hélio dos Anjos. Bryan teve boa temporada no Náutico, há três anos, quando Hélio treinou o time pernambucano e Ari Barros era o executivo.

O problema é que Bryan, 27 anos, estava emprestado ao Novorizontino, onde fez apenas um jogo. Já o meio-campista Gabriel Bispo, 26, defendia o Kups, da Finlândia, desde 2022. Antes, passou por Juventude e Vitória.

Antes, foram anunciados o lateral-esquerdo Geferson, 29, que estava na Bulgária há sete anos, e o volante Netinho, de 25 anos, ex-Botafogo da Paraíba. Bons jogadores, mas sem o potencial de encher os olhos da torcida, que segue esperando notícias mais palpitantes.

Remo avança e já tem quase um time contratado

Até agora são nove jogadores anunciados. Os últimos foram o goleiro Léo Lang, os zagueiros Reniê e Ícaro, os volantes Daniel e Renato Alves, o meia Giovanni Pavani. Antes, o clube fechou com o artilheiro Ytalo e o meia Camilo, os nomes mais conhecidos entre os reforços.

As escolhas têm agradado a torcida, mesmo com restrições à faixa etária de Camilo e Ytalo, mas a qualidade de ambos, evidenciada pelos bons desempenhos na Série B 2023, torna a aceitação mais tranquila.

Sergio Papellin, o novo executivo de futebol, tem ido ao mercado com cautela e objetividade. Desfez boatos recentes sobre Mário Sérgio (ex-PSC) e Romarinho, do Fortaleza. Argumenta que o Remo não está interessado em fazer loucuras.

É certo que até o próximo dia 15 o Remo deve fechar a etapa de contratações, para que o técnico Ricardo Catalá possa iniciar os trabalhos preparatórios para a estreia no Parazão, em janeiro.

Lambança na CBF estraga festa do campeonato

O título nacional do Palmeiras nem havia completado 24 horas quando a notícia pegou todo mundo de surpresa: a Justiça do Rio destituiu Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF. Será substituído, interinamente, pelo presidente do STJD, José Perdiz. Uma nova eleição será realizada em 30 dias.

A 21ª Vara de Direito Privado do TJ-RJ julgou a legalidade de um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado entre a CBF e o Ministério Público do Rio em março de 2022, que garantiu o cargo de presidente da CBF a Ednaldo Rodrigues por um período de quatro anos.

De repente, assim meio de supetão, um caso de seis anos atrás serviu de base para que a Justiça decidisse intervir na confederação que comanda o futebol brasileiro. Como consequência imediata, nos próximos dias Fifa e Conmebol irão analisar a decisão, a fim de descobrir se houve ou não interferência externa – o que é proibido pelos estatutos da Fifa.

O risco de punição esportiva ao Fluminense, que vai disputar o Mundial de Clubes na Arábia Saudita, entre 12 e 22 de dezembro, está afastado. Ao mesmo tempo, não há possibilidade de sanção contra as seleções brasileiras de futebol e clubes que participem de outros torneios internacionais.

É possível, porém, que Conmebol e Fifa determinem uma punição no campo administrativo, como ocorreu com a com a Argentina, em 2016. Em meio a uma crise política, a Fifa fez uma intervenção na AFA (a CBF de lá) e nomeou um comitê para comandar a entidade. Só em 2017 a situação se normalizou com a eleição de novo presidente.

Em meio a tudo isso, há uma nuvem assombrando perigosamente a CBF e o futebol brasileiro. Ricardo Teixeira e Marco Polo Del Nero, ex-presidentes da entidade e banidos do futebol por decisão da Fifa, resolveram reaparecer nos últimos dias.

Teixeira é o caso mais inusitado. Longe das câmeras e dos holofotes, não era visto em público desde o escândalo que abalou a Fifa na gestão de Joseph Blatter. Só não foi preso à época porque estava no Brasil.

Encorajado pela possibilidade de turbulências na CBF, ele tem se encontrado com Del Nero. O ex-dirigente paulista chegou a criticar Ednaldo Rodrigues por “má gestão”, num caso clássico de cara-de-pau explícita. É o roto falando do esfarrapado.

Resta saber se a dupla tem pretensões de voltar a manobrar os destinos da CBF, agora que o caminho está aparentemente livre de novo. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 08)

Rádio Clube do Pará, 95 anos de glória e sucesso

Documentário exibido pela RBATV nesta semana, em comemoração aos 95 anos da Rádio Clube do Pará, completados em abril de 2023.

Noventa e quatro jornalistas foram assassinados em 2023, informa a IFJ; em Gaza, morre um jornalista por dia

A Federação Internacional de Jornalistas (FIJ) documentou a morte de 94 jornalistas e trabalhadores da comunicação social em 2023, incluindo nove mulheres. Desde 7 de outubro, mais de um jornalista foi morto por dia na guerra de Gaza, numa escala e num ritmo sem precedentes de mortes nos meios de comunicação social.

Na véspera do Dia Internacional dos Direitos Humanos, que é comemorado em 10 de dezembro, a FIJ insiste que é necessária uma ação mais forte por parte da comunidade internacional para salvaguardar as vidas dos jornalistas e responsabilizar os seus agressores.

Este ano, tal como 2022, foi marcado pela morte de jornalistas na guerra. Em 2023, jornalistas palestinianos na Faixa de Gaza foram vítimas de bombardeios indiscriminados por parte do exército israelense. A FIJ apela às autoridades internacionais para que garantam o cumprimento do direito internacional e ponham fim ao massacre de jornalistas em Gaza. 

“A comunidade internacional, e mais especificamente o Tribunal Penal Internacional, deve assumir as suas responsabilidades e investigar minuciosamente e, quando apropriado, processar aqueles que ordenaram e executaram ataques contra jornalistas”, afirmou a FIJ.

A guerra de Gaza tem sido mais mortífera para os jornalistas do que qualquer outro conflito desde que a FIJ começou a registar as mortes de jornalistas no cumprimento do dever em 1990. Desde o ataque do Hamas em 7 de outubro, a FIJ contabilizou pelo menos 68 jornalistas assassinados .“Até agora, este ano, 72% dos jornalistas assassinados em todo o mundo morreram no conflito de Gaza ”, relata a Federação.

Sessenta e um jornalistas palestinos foram massacrados na Faixa de Gaza. Quatro jornalistas israelenses foram mortos nas primeiras horas do ataque do Hamas em 7 de outubro: dois durante o festival de música Supernova e outros dois nos kibutzim Nahal Oz e Kfar Aza. Três jornalistas libaneses foram mortos em bombardeios israelenses nos dias 13 de outubro e 21 de novembro, enquanto filmavam uma reportagem na fronteira entre os dois países.

Noutros países do Médio Oriente, a FIJ contabiliza 3 trabalhadores da comunicação social assassinados na Síria. 

Na Europa, a Ucrânia continua a ser um país perigoso para os jornalistas. Este ano, três jornalistas e profissionais da comunicação social – ucraniano (1), russo (1) e francês (1) – morreram na guerra na Ucrânia. 

Na região Ásia-Pacífico, os assassinatos de jornalistas estão concentrados nos mesmos países dos anos anteriores. Embora o número de jornalistas falecidos ainda seja inferior ao de 2022, a FIJ está preocupada com a segurança dos jornalistas no continente. Seja no Afeganistão (2), nas Filipinas (2), na Índia (1), na China (1) ou em Bangladesh (1), a Federação denuncia a falta de responsabilização daqueles que cometem crimes. A FIJ apela aos governos da região para que investiguem estes assassinatos e implementem medidas para garantir a segurança dos jornalistas. 

A FIJ observa uma diminuição real no número de jornalistas assassinados na região das Américas: 29 jornalistas perderam a vida em 2022, em comparação com sete em 2023. Três mexicanos, um paraguaio, um guatemalteco, um colombiano e um americano morreram enquanto investigavam grupos armados ou apropriação indébita de fundos públicos. Muitos outros crimes contra jornalistas permanecem impunes na região, alerta a Federação, por exemplo, 95% dos ataques a jornalistas no México não terminam em processos judiciais .

Na África , a FIJ condena quatro assassinatos particularmente escandalosos em Camarões (2), no Sudão (1) e no Lesoto (1), que até à data não foram totalmente investigados. 

A presidente da FIJ, Dominique Pradalié, disse: “Até agora, em 2023, 94 jornalistas foram assassinados. A FIJ exige medidas globais urgentes para parar este derramamento de sangue. O aumento do número de mortes, especialmente em Gaza, requer ação imediata. A FIJ insiste na necessidade de cumprir com o direito internacional, especialmente na guerra de Gaza, onde os jornalistas foram alvo do exército israelense. Dado que 72% das mortes de jornalistas no mundo ocorreram na guerra de Gaza, é urgente tomar medidas decisivas. O imperativo de um novo padrão internacional eficaz para a proteção de jornalistas nunca foi tão grande”.

393 jornalistas e profissionais da comunicação social presos

Em 2023, a lista de jornalistas presos da FIJ reflete a persistência da repressão política em países como a China, a Bielorrússia, o Egito, Mianmar, a Turquia e a Rússia, entre outros, com um aumento significativo de jornalistas presos registado nos últimos três anos. Este assédio judicial visa claramente silenciar os meios de comunicação social e reprimir os protestos pró-liberdade. Os jornalistas continuam a estar entre as primeiras vítimas desta repressão, com um número recorde de 393 jornalistas e trabalhadores dos meios de comunicação social atualmente atrás das grades. 

China e Hong Kong lideram a lista com 80 jornalistas presos, seguidos por Mianmar (54), Turquia (41), Rússia e Crimeia ocupada (40), Bielorrússia (35), Egito (23), Vietnam (18), Arábia Saudita ( 11), Índia (10) e Síria (9).