POR GERSON NOGUEIRA
O brasileiro comum deve andar angustiado e ensimesmado, perguntando até quando precisará aguentar uma Seleção Brasileira tão desprovida de encantos e tão distante de nossas melhores tradições no futebol. Poucas vezes o escrete nacional foi tão desacreditado como agora. Talvez só mesmo aquele time mal ajambrado dos tempos de Carlos Alberto Silva, em 1987, possa ser comparado com o atual.
Detalhe: aquele time, que era remanescente da Copa do México (1986), não era tão desentrosado e tecnicamente frágil como o atual, mas os resultados foram ruins. Não esqueço de um autêntico baile que a Seleção levou da seleção chilena, em disputa da Copa América.
Sem ser exatamente como Carlos Alberto Silva, um técnico de ideias fortes e perfil conservador quanto à formação dos times que comandava, Fernando Diniz precisa dar uma guinada no trabalho atual. Depois de apenas cinco jogos, ele já está sob ataque, precisando explicar os insucessos nas Eliminatórias Sul-Americanas.
Já há quem comece a questionar a capacidade de impor à Seleção o modelo de jogo que sempre caracterizou sua trajetória. Resultados são fundamentais para qualquer treinador. Para um comandante do selecionado pentacampeão do mundo, vencer sempre é uma obrigação.
Contra a Argentina amanhã, o Brasil de Diniz terá um sério desafio a transpor. Com poucos atletas capazes de executar suas orientações, em função do pouco tempo para treinamentos, ele precisa se agarrar a peças de absoluta confiança, como o volante André, titular do meio-campo.
Ao mesmo tempo que representa um risco a mais, a Argentina pode representar para Diniz um divisor de águas na Seleção. Caso consiga vencer o confronto no Maracanã, ele vira a página ruim e recupera a tranquilidade para trabalhar.
O problema de maior vulto, porém, não sai de cena. A Seleção só irá assimilar os princípios defendidos por Diniz quando houver tempo para treinar, algo impraticável no atual formato do calendário mundial.
As datas especiais ordenadas pela Fifa para as competições entre países reservam pouco mais de uma semana para que os jogadores possam se dedicar a treinamentos técnicos. É pouco tempo para que a Seleção adquira a qualidade e o repertório técnico que os times de Diniz costumam apresentar.
Um fim de semana recheado de especulações
Estourou como bomba neste fim de semana a notícia de que o executivo Sérgio Papellin está acertando retorno ao Remo. Ele passou pelo clube há mais de uma década, quando a função ainda era uma novidade por aqui. Trabalhou com afinco e deixou boa imagem, tanto que voltou logo em seguida para trabalhar no PSC, onde se destacou ainda mais.
A notícia, incluindo até especulação quanto a salário, não foi avalizada pela diretoria do Remo. Comportamento compreensível, pois Papellin tem vínculo contratual com o Fortaleza, clube onde está desde 2017. Participou da evolução do Tricolor cearense nos últimos anos.
O executivo não confirmou a negociação com os azulinos, talvez pelas mesmas razões que levam os dirigentes do clube a manter silêncio, mas pessoas próximas a ele garantem que existem conversas em andamento.
O executivo está no Fortaleza desde 2017. Convidado pelo presidente Antonio Carlos Teixeira, o Tonhão, com quem já trabalhou, Papellin viria para ajudar na montagem do elenco para a próxima temporada, com foco no acesso à Série B.
Ao mesmo tempo, a crise que se abateu no Sport-PE levou à demissão do técnico Enderson Moreira. Segundo especulações divulgadas no sábado, o nome do técnico Hélio dos Anjos teria sido lembrado nos bastidores do Leão da Ilha. O técnico renovou contrato recentemente com o PSC.
Ao longo da carreira, já dirigiu o Sport em outras ocasiões. Segundo fontes do clube, Hélio não comenta a história porque é funcionário do Papão.
I cry for you, Argentina
Comentário do amigo Iran de Souza, professor e doutorando em Estudos Literários na UFPA:
“Assim como chorei pelo Brasil em 2018, hoje eu choro por ti, Argentina. Caíste na cilada do neofascismo. E é certo que sairás desta armadilha, quando saíres, ainda pior do que entraste”.
É como eu penso também – com tristeza, mas sem surpresa.
VAR volta a ser protagonista na Série A
Depois de uma sequência constrangedora de decisões erradas, o VAR volta para o centro do debate no Brasileiro da Série A. Em jogo atrasado, Fortaleza e Cruzeiro se enfrentaram no sábado, na capital cearense, e o lance decisivo revoltou a torcida e os dirigentes tricolores.
Para o Tricolor, a arbitragem de vídeo errou feio ao validar o gol de Bruno Rodrigues, que decretou a vitória do time mineiro. Ao traçar as linhas para verificar se havia impedimento, o VAR gerou ainda mais confusão.
A linha vermelha cortou a cabeça e o ombro do atacante cruzeirense, o que excluiu a tese de impedimento. A imagem do lance gera muitas dúvidas quanto a isso, pois Bruno aparece ligeiramente à frente do último homem da zaga do Fortaleza.
Pelo visto, não foi o primeiro problema com as avaliações do VAR e seguramente não será o último. O Cruzeiro luta contra o rebaixamento e o Fortaleza tenta se garantir na zona de classificação da Sul-Americana.
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 20)