Por Syanne Neno
Nos últimos dias, desde que Luísa a cantou, no festival The Town, em São Paulo, a música virou o assunto da vez na internet. Composta para seu namorado, o influencer Chico Veiga, a canção é uma ode ao amor romântico, embalada por um violão gostoso e uma voz docinha. “Insuportável”, para uns, “chatinha”, para outrAs ( bem mais críticas femininas, só pra variar🙄), “Chico” gerou discussões em torno do seu gênero musical. Porque para desespero dos chatos e mal amados, Luísa Sonza, com seus 25 aninhos de hormônios em ebulição, se tornou a primeira artista brasileira a levar uma canção de bossa nova para o topo das paradas digitais. Sim, é bossa nova. Caetano Veloso falou. E se Caetano falou, tá falado.
O Spotify não para de reproduzir o “Chico, se tu me quiseres, sou dessas mulheres de se apaixonar…” Uma clara referência à música “Folhetim”, do Chico Mor, o Buarque. Mas ao contrário da mulher buarqueana de Folhetim, Luísa não é dessas mulheres de uma coisa à toa, uma noitada boa, que só dizem sim. Ela mesma, que já cantou “Onde eu quico,
onde eu sento, eles me pedem em casamento”, agora se debruça e se derrama. No amor exclusivo ao Chico.
“Diziam pra mim que essa moda passou.
Que monogamia é papo de doido.
Mas pra mim é uma honra
Ser uma cafona pra esse povo”, provoca Luísa em sua transgressora canção.
A Luísa Sonza que senta, que quica, que rebola, que canta funk, que beija mulher e se revela bissexual, que é acusada de “satanismo” por evangélicos em um de seus clips, que já foi apedrejada na internet, “acusada” de adultério na relação com o comediante Whindersson Nunes, fez a música mais comentada do ano até aqui esguichando lirismo. E isso é de uma beleza estonteante e perturbadora.
A vida precisa ser mais sentida do que debatida. Nós, os emocionados, somos os novos rebeldes. E como Luísa, por amor eu debato política e tomo partido. De tudo o que me toca. Pouco importa quanto tempo irá durar essa paixão. Quando Chico será página virada, descartada do folhetim de Luísa, ou vice-versa. O fato é que essa bossa de amar e ser amado faz um bem danado. Inclusive aos ouvidos.
“Chico”
Folia pra mim
Me arriscar no amor
Apostar na incerteza
Pular de onde for
De novo
Meu amor
Diziam pra mim
Que essa moda passou
Que monogamia é papo de doido
Mas pra mim é uma honra
Ser uma cafona
Pra esse povo
Me pinto pra disfarçar
Rebusco palavras pra te encantar
Reinvento uma moda, faço Bossa Nova
Meu futuro, no Rio, será, humm
Chico, se tu me quiseres
Sou dessas mulheres de se apaixonar
Pode fazer a sua fumaça
O Bar da Cachaça vai ser nosso lar
E, Chico, se tu me quiseres
Debato política, tomo o teu partido
E se for pra repartir o amor
Que reparta comigo.

