POR GERSON NOGUEIRA
As influências dos tabloides europeus, principalmente espanhóis e portugueses, eram óbvias no projeto gráfico e editorial que conheci no início de junho de 1998. Havia deixado a chefia de reportagem de A Província do Pará e aceitado o convite de Jader Filho para assumir a editoria do Bola, um caderno que o DIÁRIO iria lançar durante a Copa do Mundo e que ambicionava ser moderno e inovador.
E, de fato, cumpriu o prometido. O saudoso Arnaldo Torres assinava o esboço gráfico, a partir das dicas do próprio Jader Filho e de Guilherme Barra, o também saudoso editor-chefe do DIÁRIO, ambos responsáveis pela criação do caderno.
O padrão graficamente ousado de suas páginas pedia ilustrações e fotografias de grande qualidade, além de diagramação caprichada. Além do conteúdo editorial, o Bola deveria impressionar pelo aspecto visual. Tinha que ser um caderno bonito e de leitura rápida, insistia Jader.
Tivemos menos de uma semana para preparar uma edição zero, avaliar problemas, ajustar detalhes e detectar erros que sempre se escondem por trás das minúcias de projetos feitos a toque de caixa.
Para resolver o problema das imagens, tratei de ir buscar um especialista, Mário Quadros, o melhor fotógrafo de esportes em atividade nestas paragens – até hoje. Junto com a ótima equipe de diagramadores do DIÁRIO, Mário foi peça fundamental na feitura do tabloide.
Sob o ceticismo de alguns, o Bola surpreendeu positivamente e chegou arrasando. Ouvia, de vez em quando, colegas de ofício duvidando do êxito do projeto pelo fato de ser um tabloide, formato que – diziam – era meio amaldiçoado e nunca emplacou em cadernos esportivos no Pará.
Deu tão certo que arrebentou logo na estreia, no dia da abertura do Mundial de 1998, na França. A edição diferente, repleta de fotos, grafismos e ilustrações, caiu no gosto da galera. Preferência que aumentou com o passar dos anos e permanece até hoje.
Foi através do Bola e de sua maciça aceitação pelos leitores que o DIÁRIO abriu caminho, em 1998, para o crescimento vertiginoso que culminou com a liderança de mercado (tiragem e índice de leitura) a partir de 2006. O projeto idealizado por Jader e Barra se tornou um canhão, como se diz na redação, dentro do próprio DIÁRIO.
Craques como Juca Kfouri, Tostão e Renato Maurício Prado integravam o primeiríssimo time de opinião do Bola, uma tradição que se consolidou com o passar dos anos. As reportagens irreverentes e as capas provocadoras também continuam firmes, sem medo de contrariar o coro dos contentes.
Muito cartola metido a derrubador de equipes jornalísticas andou se assanhando a reclamar com a direção, em vão, de matérias que causavam algum desconforto ou mexiam com as vaidades.
Com apoio da direção da casa, o Bola sempre se manteve indomável, mordaz e corajoso, conseguindo singrar em meio a uma das maiores rivalidades futebolísticas do mundo. Uma façanha digna de aplausos.
O Bola foi testemunha e porta-voz de grandes momentos do futebol paraense: Copa dos Campeões 2002, Libertadores (com vitória bicolor em La Bombonera, em 2003), Campeonato Brasileiro da Série C em 2005.
Orgulho máximo de ter dado o pontapé inicial e continuar colaborando com meus pitacos há mais de 2 décadas. Vida longa ao Bola!
‐—————————————-
Desmanche azulino começa nesta semana
Do time que entrou jogando pelo Remo contra o Altos, no sábado à tarde, menos de um terço deve permanecer no clube para 2024. Vinícius, Evandro e Paulinho Curuá são os únicos garantidos para a próxima temporada. Dos que estavam no banco, ficam Ronald, Henrique, Jonilson e Zé Carlos.
Como no final de 2022, quando também foi eliminado da Série C, o Remo vai ficar com pouco mais de um time completo no fechamento da temporada. Desta vez, a montagem do elenco e a escolha do técnico devem ser definidas logo depois da eleição/posse do novo presidente.
Caso a situação eleja o sucessor de Fábio Bentes, há boa chance de Ricardo Catalá permanecer. Ele é bem avaliado pelo trabalho de recuperação do Remo após a saída de Cabo. Mas, se a oposição levar, as mudanças certamente irão muito além da contratação de um novo treinador.
‐—————————————–
Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda o programa, a partir das 22h, na RBATV. Participação de Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião. Em pauta, os jogos de PSC e Remo na rodada final da fase de classificação da Série C. A edição é de Lourdes Cezar.
—————–‐——————–
Decadência do futebol no Brasil faz torcedor se iludir
As coisas andam tão rasas no futebol brasileiro que qualquer jogada mais vistosa e atuações ligeiramente acima do rotineiro conduzem qualquer jogador mediano ao estrelato. Lucas Moura, recentemente repatriado pelo São Paulo, é um exemplo típico da miopia que o longo período de baixa provoca nos torcedores.
Assim como De Arrascaeta só é craque no futebol brasileiro, há pelo menos quatro anos, Lucas voltou ao Tricolor paulista e foi logo deixando a torcida nas nuvens com os gols marcados contra o Flamengo e a LDU.
Gols comuns e atuações apenas razoáveis, mas parte da mídia paulista começou a cornetar Fernando Diniz em defesa da convocação do ex-jogador do Tottenham para a Seleção. É o que ocorre há algum tempo com Renato Augusto, que joga de vez em quando, mas sempre se diferencia dos limitados companheiros corintianos.
Esse desespero para achar craques onde existem apenas bons jogadores é um fenômeno natural do futebol por aqui, que confirma o velho chiste: em terra de cegos quem tem um olho é rei.
(Coluna publicada na edição do Bola deste sábado/domingo, 26/27)
Catalá entregou ,fez 25 pontos, se o time de Cabo ganhasse 2 partidas das 4 iniciais que apanhou, terminariamos classificado com 31 pontos, se conseguisse 1 vitória e 1 empate que fosse, chegaria a 29 e classificado, então, tem respaldo para una continuação.
CurtirCurtir