Rock na madrugada – The Zombies, “She’s Not There”

Apresentação ao vivo dos Zombies na Hullabaloo TV Show, em 1965. “Time of the Season” e “She’s Not There” são duas das mais caprichadas canções de rock produzidas nos anos 60, a era de ouro do gênero. Atmosfera levemente melancólica e balanço contagiante. The Zombies é uma banda britânica, que veio no embalo da explosão dos Beatles e dos Rolling Stones. Colin Blunstone é o cantor e Rod Argent dita a linha melódica no piano. Depois de interromper a carreira em 2015, o grupo voltou neste ano com um trabalho de estúdio, intitulado “Different Game”.

Governo saudita despeja US$ 10 bi no esporte para limpar imagem; agora, quer sediar a Copa

Por Jamil Chade, no UOL

Há cinco anos, a Fifa vivia um verdadeiro terremoto. Não se tratava de mais uma operação policial. Em seus corredores e bastidores, o chão tremia por outro motivo: fundos sauditas tinham proposto algo que poderia parecer impensável: comprar a Copa do Mundo. Não uma. Todas.

A ideia era de que a Fifa iria deixar a “grupos privados” o financiamento e organização do torneio, apenas administrando a marca, regras e exploração desses direitos. Em troca, sauditas e bancos internacionais prometiam elevar os lucros da entidade de uma maneira inédita.

A reação de dirigentes de todo o mundo, porém, foi negativa e o projeto acabou sendo engavetado. Mas ficava claro, ali, que os sauditas viam no esporte uma opção real de se posicionar no mundo.

De fato, o governo de Riad havia considerado, anos antes, o futebol como uma ameaça. Durante a Primavera Árabe, a transformação dos estádios como caixas de ressonância da sociedade assustou os príncipes sauditas. O temor era de que o esporte poderia mobilizar torcedores em grupos de oposição, exigindo democracia e o fim de uma repressão de décadas.

Mas consultores internacionais vieram com outra proposta. Instrumentalizar o futebol para se consolidar no mundo. Não se tratava de um gesto improvisado. Ao observar a forma pelo qual o irmão caçula – o Catar – havia usado o futebol e a Copa que ainda ocorreria para garantir uma certa estabilidade ao regime e lustrar sua imagem, os sauditas partiram pelo mesmo caminho.

Mas, desta vez, com muito dinheiro. No total, as estimativas apontam que o reino de Mohamed Bin Salmam despejou US$ 10 bilhões na compra de jogadores, clubes, direitos de transmissão, eventos e marcas no mundo dos esportes.

Além dos craques que desembarcam nos clubes sauditas, Riad comprou parte da escuderia Aston Martin na F1, fechou dez anos de corridas no país, investe cerca de US$ 1 bilhão no circuito de golfe, comprou o Newcastle por US$ 400 milhões e prolifera projetos em dezenas de esportes.

O valor significa um volume de recursos maior que o PIB de 30 países do mundo. Mas uma fração quase imperceptível da economia saudita, avaliada em US$ 2,3 trilhões e baseada na venda de petróleo. Apenas em 2022, o país vendeu ao mundo US$ 410 bilhões em barris de petróleo.

Desse total, portanto, gastou apenas 2,5% nessa nova ofensiva. Mas suficiente para criar uma nova realidade, principalmente no futebol.

Além da compra de times, os sauditas passaram a patrocinar clubes pela Europa. O último deles foi o Atlético de Madri que, na semana passada, assinou contrato com a Riyadh Air, companhia aérea o reinado.

Mas qual o objetivo? Ter a liga mais forte do mundo? Ganhar torneio?

Para críticos, nada disso interessa aos sauditas ou seu príncipe Mohamed Bin Salman. A meta é simplesmente a de ser visto de uma nova forma no mundo, com uma imagem “moderna” e criando cúmplices entre os parceiros Ocidentais, potenciais críticos do regime autoritário.

Acusada de sérias violações de direitos humanos, de asfixiar os direitos de mulheres, de envolvimento na morte do jornalista Jamal Kashooggi, o regime saudita sabe que precisa se reinventar.

Neymar, portanto, é apenas mais uma peça nesse esquema.

Quanto ao sonho de comprar a Copa do Mundo, o projeto foi adiado. Mas não totalmente abandonado. Para 2030, os sauditas querem sediar o evento. A decisão será tomada pela Fifa em 2024, enquanto o mundo inteiro estará acompanhando o que os maiores craques do planeta estão fazendo nos campos da Arábia Saudita.

Justiça demite policiais rodoviários que mataram Genivaldo

Gana e coragem garantem virada

POR GERSON NOGUEIRA

Quando a fase de classificação terminar e o PSC definir seu futuro na Série C, provavelmente com a vaga à fase seguinte, um capítulo especial tem que ser dedicado ao papel desempenhado por Hélio dos Anjos. Muito do que aconteceu de positivo para o Papão na eletrizante tarde de ontem na Curuzu deve-se às decisões que ele tomou quando o time ainda perdia por 2 a 0.

Na entrevista pós-jogo, de forma didática, Hélio justificou as mudanças no meio-de-campo que empurraram o PSC a uma vitória empolgante, de virada. Tudo parecia se encaminhar para um desastre diante de 15 mil torcedores no estádio bicolor.

A troca de João Vieira por Ronaldo Mendes, que estreava, ajudou o domínio que o Náutico impunha ao longo do primeiro tempo. O time pernambucano utilizou uma estratégia simples, deslocando Victor Ferraz da direita para o meio, dobrando força na lateral e colocando bolas altas na área. Conseguiu chegar ao 2 a 0 antes dos 25 minutos de jogo.

Desmarcado, Berguinho marcou os gols do Náutico, aos 10 e aos 23 minutos. E quase fez o terceiro, errando no arremate. Um banho de água fria na vibração da torcida. O desastre se desenhava e Hélio trocou João Vieira por Ronaldo Mendes, aos 36’. O volante não conseguia desenvolver jogadas consequentes ao longo da primeira etapa.

A estrela do treinador brilhou quando Ronaldo, no primeiro toque na bola, acertou um chute meio despretensioso que o goleiro Vagner aceitou, reduzindo o tamanho do prejuízo para os bicolores. Hélio via ali o início da recuperação num jogo que mostrou o PSC defensivamente muito falho.

As coisas mudariam no 2º tempo, em função da disposição dos bicolores e de um certo relaxamento do visitante. Aos 18 minutos, em lance fortuito, o lateral Kevin pulou no primeiro pau e desviou de cabeça um cruzamento alto na área. O empate desmontou a estratégia do Náutico, que era empurrar com a barriga e administrar a vantagem no placar. A explosão da torcida injetou ainda mais confiança no Papão.

Entra em cena também o fator força física e intensidade, que Hélio tanto defende desde sua chegada ao Papão. Desgastado, o Náutico não resistiu às investidas de Mário Sérgio, Nicolas Careca e dos laterais Kevin e Edilson.

A virada, que vinha se desenhando pelo volume imposto pelo PSC, chegou finalmente aos 33’. Um rebote concedido pela zaga do Náutico foi aproveitado com perícia e qualidade por Vinícius Leite. Ele trouxe a bola para o lado direito e encaixou um chute perfeito no ângulo.

Na reta final da partida, empurrado pela torcida, o PSC aproveitou os acréscimos para fechar o placar em 4 a 2. Após esforço de Ronaldo Mendes, que evitou a saída da bola, Roger recebeu e encheu o pé para definir a partida e tranquilizar de vez a torcida.

Mário Sérgio foi expulso e desfalca o Papão contra o Pouso Alegre, na Curuzu. Com 26 pontos, a equipe se estabiliza no G8, ultrapassando o próprio Náutico, que deixou a zona de classificação.

Apático e sem apetite, Leão empata com Manaus

O Remo tinha contra o Manaus a chance de continuar sonhando com as remotas possibilidades de classificação. A atuação no estádio da Colina foi na contramão dessa expectativa. Com boa presença ofensiva nos minutos iniciais, quando quase chegou ao gol em lance com Muriqui e Claudinei na área amazonense, o time foi tirando o pé à medida que o tempo passava.

Meio assustado com o Remo, respeitando até a equipe de Ricardo Catalá, o Manaus só foi disparar o primeiro chute à meta de Vinícius aos 30 minutos, e uma bola recuada. Depois disso, tentou com Lucas Batatinha e Gabriel Lima, mas o goleiro azulino não deu chances.

A outra chance azulina na etapa inicial veio aos 38’. Depois de um escanteio cobrado por Renanzinho, a bola se ofereceu para Diego Guerra pelo lado esquerdo, mas o zagueiro finalizou como zagueiro, mandando nas redes pelo lado de fora.

Para a segunda etapa, Catalá fez duas mudanças. Trocou Paulinho Curuá, que tinha tomado cartão amarelo, e Muriqui por Rodriguinho e Elton. A saída de Muriqui não teve efeito imediato, mas sem Curuá ajudando Claudinei na marcação o Remo acabou abrindo espaço para o Manaus chegar.

Aos 10 minutos, em lance rápido de Gabriel Lima pela esquerda, Claudinei foi envolvido e Thalison recebeu livre à entrada da área. Sem marcação, ele bateu forte e rasteiro no canto direito da meta remista.

Assustado com o gol, o Remo tentou responder. Aos 14’, Claudinei cobrou escanteio e Richard Franco cabeceou firme, mas a bola foi no meio do gol e facilitou a defesa do goleiro Andrey.

O Remo já estava com Vitor Leque, Buchecha e Ronald, correndo de um lado a outro sem acertar o passo, enquanto o Manaus demonstrava mais segurança na cobertura à zaga e tentava controlar o jogo com um cai-cai que a arbitragem não reprimiu.

De repente, já na base do abafa, aos 38 minutos, Rodriguinho cobrou falta em curva e Elton testou para o fundo do barbante. Foi o primeiro cruzamento direcionado para o centroavante.

O Manaus ainda tentou empreender uma reação final, mas deixou espaços que o Remo não conseguiu aproveitar com Elton e Vitor Leque. O empate fez justiça ao baixo rendimento das equipes e, principalmente, à ausência de apetite por parte dos azulinos na busca pela vitória.

O resultado deixa o Manaus na beira da zona, com 18 pontos, e o Remo fica na 15ª posição, com 21 pontos. Para o Leão, a ameaça de rebaixamento parece afastada, mas o sonho da classificação evaporou.

(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 15)

Sobre o Botafogo

Por Jailson Melo

Amigo Gerson,
Outra vez reitero as saudações botafoguenses.
Não sei se o Botafogo será o campeão brasileiro este ano. Não há como o saber. Nem o quero
saber. Por uma mui simples: o fim de um campeonato marca o fim de uma jornada. Delimita o
tempo de uma catarse, o tempo de uma doce felicidade. Põe termo a uma celebração e
inaugura o tempo da lembrança pretérita.
Honestamente, à semelhança de um caboclo amazônida que, deitado numa rede, contempla
satisfeito o ir e vir das águas de um rio (num disque-disque macio que brota dos coqueirais,
lembra?), cá estou eu e assim quero ficar. Penso, hiperbolicamente que não me encontro
solitário nesse devaneio. Creio estar cercado de Didi, Amarildo, Paulo César Caju, Mirandinha,
Gerson, e dos dois maiores: A Enciclopédia do Futebol e O Anjo das Pernas Tortas. Creio ouvir
risadas satisfeitas, creio ver lágrimas de contemplação e desassombro. Não me refiro ao
futebol a que assisto, pois de uma forma ou de outra é esse o nome que se dá ao que se
pratica por outros 23 clubes. Refiro-me ao espetáculo gravado nas minhas retinas, todavia, ao
que o Clube de Marechal Severiano tem repetidamente realizado.
Dá gosto, um imenso gosto de ver o Botafogo. Não digo isso calcado nas tantas vitórias. Falo
da arte de jogar, independentemente do resultado, pois o que importa na arte do esporte é
justamente o processo artístico, o desassombro das estratégias, a feérico alegria. E isso, a
tradicional Estrela Solitária o faz com esmero. As arquibancadas do Engenhão se transformam.
É uma catarse. É um rio bramindo. É uma plateia em gozo extremo.
Eis a razão porque me pego absorto: a alegria de presenciar esse momento roubou-me as
palavras, mas me trouxe a lágrima ao ver meus filhos, no dia dos pais, ostentando com orgulho
a camisa da Estrela Solitária. Basta-me
.