POR GERSON NOGUEIRA

O Remo tem falhado muito, em diversos aspectos, no Brasileiro da Série C. A posição de risco na tabela, com longo período na zona de rebaixamento, é um atestado disso. Além de deficiências técnicas óbvias, com atuações pouco inspiradas e baixa competitividade, o time mostra falta de engajamento com o torcedor. São raras as ocasiões em que a torcida se viu correspondida em campo, observando raça e vontade de vencer.
Para o aficionado, garra e comprometimento são virtudes indispensáveis a um time que representa uma nação de torcedores. O Remo deste ano fracassou na Copa Verde e no Campeonato Paraense, expondo uma dificuldade imensa em decidir jogos importantes.
Ocorreu o mesmo na Copa do Brasil. Após uma atuação de gala no Mangueirão, quando envolveu e superou o Corinthians, a equipe sucumbiu à pressão no jogo da volta e acabou eliminada da competição, apesar de ficar demonstrado que era possível obter a classificação.
Recentemente, o zagueiro Diego Ivo afirmou que a eliminação na Copa do Brasil teve um forte impacto emocional no time, causando a derrocada no início da Série C, quando perdeu quatro partidas seguidas, ainda sob o comando do técnico Marcelo Cabo.
De repente, contra o Ypiranga, no sábado passado, a torcida se viu finalmente representada. Quando tudo parecia ir pelo ralo, com o time sem apresentar alternativas criativas para chegar ao gol da vitória, eis que um jogador emergiu como símbolo de valentia em campo.
O volante paraguaio Richard Franco, reserva de luxo desde que o técnico Ricardo Catalá assumiu o barco, foi o responsável direto pela vitória. Após um sururu dentro da área, que teve também a participação de Diego Ivo, a bola sobrou para ele e acabou indo parar no fundo do barbante.
Ele havia entrado aos 15 minutos do 2º tempo e em pouco tempo demonstrou aquele tipo de atitude que contagia a torcida, marcando em cima e disputando todas as divididas. Determinadas situações dentro de campo exigem atitude firme, esforço e coragem, principalmente quando falta recurso técnico para resolver um jogo.
Aliás, é incompreensível que Richard Franco fique no banco enquanto o Remo muitas vezes recorreu a Marcelo como segundo volante. O espírito guerreiro dentro da equipe, contagiando a todos, ajuda a superar dificuldades aparentemente intransponíveis. Pode ser o trunfo poderoso para o Remo na reta final desta etapa da competição. (Foto: Wagner Almeida/Diário do Pará)
Mancada no caso Paraíba desgasta a imagem do Papão
O PSC é o único prejudicado nesse imbróglio Nino Paraíba. Sem ter nada a ver com o caso, o clube tem a imagem arranhada por manter em seu elenco um jogador que confessou manipulação de resultados, segundo investigações do Ministério Público de Goiás, encampadas pelo STJD. Ontem, por sinal, o tribunal determinou a suspensão preventiva de 12 jogadores de futebol, entre os quais o lateral-direito Nino Paraíba.
Eles serão afastados do futebol por 30 dias, até que o caso seja apreciado em definitivo pelo próprio STJD. A decisão praticamente afasta o jogador do restante da Série C. Em nota vazia, o PSC informou que o jurídico do clube está acompanhando o problema envolvendo seu atleta.
Para o presidente em exercício do STJD, Felipe Bevilacqua, “as violações e os prejuízos ao desporto, sua repercussão, são graves o suficiente para justificar a medida excepcional de suspensão preventiva dos denunciados”. Pois apesar da gravidade do caso, o PSC se aventurou a contratar um jogador veterano (37 anos) e encrencado com a Justiça.
Nino Paraíba estava no América-MG quando foi denunciado. Afastado no dia 9 de maio, ficou parado desde então, sem clube. Por indicação do técnico Hélio dos Anjos, o PSC decidiu contratá-lo e já o colocou até para jogar – estreou domingo contra o América-RN, em Natal.
Vale lembrar que o Papão conta com dois outros laterais direitos – Anilson e Edilson. Não havia necessidade de trazer outro, mas, como Hélio dos Anjos recomendou, a diretoria nem pestanejou em trazer o atleta. Situação típica do futebol paraense: dirigentes despreparados e técnicos poderosos, principalmente quando a fase é boa e as vitórias estão acontecendo.
Nino Paraíba confessou ao MP de Goiás que recebeu dinheiro da máfia das apostas para tomar cartão amarelo em três jogos do Ceará durante a Série A 2022 – contra Cuiabá, Flamengo e São Paulo. Pressionado, firmou acordo de delação premiada para colaborar com o inquérito e reduzir pena.
Os dirigentes precisam aprender de vez que a imagem da instituição deve ser preservada a todo custo. É de extrema irresponsabilidade permitir que isso ocorra sem motivo que se justifique. Técnicos e jogadores passam, mas o clube permanece.
Novo Mangueirão: o palco adequado para a Seleção
Quando o governador Helder Barbalho anunciou, na segunda-feira à noite, a confirmação de Belém como sede da estreia do Brasil nas eliminatórias sul-americanas para a Copa de 2026, realizava-se um sonho dele e de todos os desportistas paraenses: a volta do Estado do Pará como palco de uma partida oficial da Seleção, depois de 11 anos.
A partida será contra a Bolívia, no Estádio Olímpico do Pará Jornalista Edgar Proença, o Novo Mangueirão, no próximo dia 8 de setembro, às 21h30. Helder anunciou a boa nova com entusiasmo:
“Festejo que o investimento que fizemos no nosso Mangueirão permita que nós voltemos, depois de 11 anos, a receber a seleção brasileira em nosso Estado, com uma diferença: um jogo de eliminatória. O primeiro passo, o primeiro jogo já na Copa do Mundo, para que nós possamos conquistar o hexa. O paraense é pé quente, e nós vamos juntos com a seleção brasileira rumo ao hexa”, afirmou.
Não há hoje no Brasil palco mais indicado (e moderno) para um jogo da Seleção. O Mangueirão foi inaugurado em abril, com capacidade para 50 mil espectadores. Com rampas exclusivas para pessoas com deficiência (PcDs); placas de energia solar; sistema de coleta de água da chuva para utilização nos banheiros; salas multiuso e um novo gramado, compatível com o clima da região.
Os delegados da Conmebol que vistoriaram o estádio, em julho, aprovaram as instalações. A decisão pelo Mangueirão levou em conta o tempo de deslocamento da delegação e a infraestrutura necessária para acolher a Seleção pentacampeã do mundo.
Em 2026, a Copa do Mundo terá, pela primeira vez, três sedes oficiais: Canadá, Estados Unidos e México. Também reunirá 48 seleções. Com exceção de Japão e Coreia do Sul, em 2002, as demais edições do campeonato mundial de futebol foram disputadas em apenas um país.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quarta-feira, 02)