Charles Oppenheimer culpa os autores do livro biográfico sobre seu avô pela mentira
Por Ana Mércia Brandão, na Revista Fórum
Em uma cena do filme “Oppenheimer”, que estreou no último dia 20 nos cinemas, o físico J. Robert Oppenheimer, ainda jovem, coloca na mesa de um professor universitário que o havia frustrado uma maçã com cianeto de potássio, um veneno fatal. O filme retrata a trajetória de Oppenheimer, o inventor da bomba atômica. O físico desistiu da ideia no dia seguinte, depois de conhecer seu colega Nies Bohr.
Agora, o neto de Oppenheimer, Charles, vem a público defender a memória de seu avô. Em entrevista à revista Time, ele afirmou que o episódio nunca foi comprovado e que “não há registros de que ele tenha tentado matar alguém”.
Charles ressalta que essa é uma acusação muito séria e se trata de uma revisão histórica, pois “não há um único inimigo ou amigo de Robert Oppenheimer que tenha ouvido isso durante sua vida e o considerasse verdadeiro”. O descendente do físico culpa os escritores do livro “American Prometheus: O Triunfo e a Tragédia de J. Robert Oppenheimer”, de Kai Bird e Martin J. Sherwin, pela suposta fake news. A obra é uma biografia do cientista, vencedora do Prêmio Pulitzer em 2006.
Ele explica que os autores primeiro contam a história do envenenamento como uma verdade e apenas depois, em um momento que pode passar despercebido por muitos, dizem “na verdade, não sabemos se isso aconteceu”. Charles diz que não culpa o diretor do filme recém-lançado, Christopher Nolan, pela cena, e que ela não o incomodou.
“No filme, [o evento] é tratado de forma vaga e você realmente não entende o que está acontecendo, a menos que conheça esse histórico incrivelmente detalhado. Então, honestamente, isso não me incomodou. Me incomoda o fato de estar na biografia com ênfase, e não como um aviso de que é um boato não comprovado que queremos colocar em nosso livro para torná-lo interessante”, explica.
Documento do Conselho Indigenista Missionário pede Comissão da Verdade para investigar mortes, saúde e conflitos armados
Por Bruna Bronoski, na Agência Pública
Ao sair para buscar lenha numa fazenda vizinha à reserva de Taquaperi, no Mato Grosso do Sul, um jovem indígena Guarani-Kaiowá de 18 anos foi morto por cinco disparos de arma de fogo. No Amazonas, a cacique do povo Kulina denunciou o assassinato de ao menos sete indígenas das aldeias da região, entre eles o de um adolescente de 15 anos, decapitado. Em Roraima, a tentativa de assassinato de um grupo de cinco indígenas Xirixana por garimpeiros resultou na morte de uma liderança. Para fugir dos disparos, as vítimas se jogaram no rio Uraricoera. Todos os crimes ocorreram em 2022. Ao todo, mais de 800 indígenas foram assassinados entre 2019 e 2022.
Os três estados citados acima — Mato Grosso do Sul, Amazonas e Roraima — são os mais letais para indígenas no Brasil, conforme o relatório anual do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), divulgado nesta quarta-feira (26) ao qual a Agência Pública teve acesso. Os dados do período de 2019 a 2022, sob o governo de Jair Bolsonaro (PL), são da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai), do Sistema de Informação sobre Mortalidade (SIM) e das secretarias estaduais de saúde.
Nos estados de Roraima e Amazonas, onde está a Terra Indígena Yanomami (TIY), houve 208 e 163 assassinatos de indígenas no período, respectivamente. Em terceiro lugar no ranking de mortes violentas contra indígenas aparece o Mato Grosso do Sul, com 146 casos. Juntas, as três unidades federativas foram responsáveis por 65% dos assassinatos no período. Em todo o país, foram registrados 795 homicídios nos quatro anos.
No Amazonas e Roraima, onde está a Terra Yanomami, foram registrados 371 assassinatos de indígenas
As mortes por assassinato não são a única causa de extermínio indígena. Invasão de terras, negligência ou negativa de assistência médica, redução de verba pública para órgãos de proteção, racismo, ameaças e violência física e sexual são causas apontadas para o extermínio de indígenas. Outro ponto levantado pelo relatório é a falta de políticas públicas contra o suicídio.
O documento também pontua a necessidade de criação de uma Comissão Nacional Indígena da Verdade (CNIV), a exemplo da comissão instalada para investigar crimes da ditadura civil-militar brasileira.
GOVERNO NEGLIGENCIA FOME, DOENÇAS E MORTES EVITÁVEIS
O governo Bolsonaro não demarcou nenhum centímetro de Terra Indígena no Brasil, como prometido antes da posse. Sua política indigenista é considerada “genocida” e promotora da “naturalização da morte indígena”. O governo Bolsonaro foi o primeiro desde a redemocratização a não homologar nenhuma TI, o que, para o CIMI, contribuiu para a desassistência à saúde e à morte indígena.
O relatório indica que, sem a demarcação de suas áreas, há grupos que não possuem terras ou águas suficientes para produzir os próprios alimentos. Eles ficam assim dependentes de políticas de assistência social.
O cerco, segundo o relatório, ocorreu dos dois lados sob o governo Bolsonaro. De um lado, não houve andamento dos estudos de Grupos Técnicos (GTs) da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), nem daqueles criados por determinação judicial, para que qualquer território indígena reivindicado fosse reconhecido no Brasil. De outro, o governo federal interrompeu o fornecimento de cestas básicas entre agosto e dezembro de 2022, antes e depois do período eleitoral, entre outras desassistências.
Segundo o documento, ao menos 800 indígenas das etnias Avá-Guarani, do oeste do Paraná, e Mbya Guarani, do Rio Grande Sul, vivenciaram situações de fome, principalmente entre crianças. Segundo o CIMI, os “espaços diminutos” em que vivem impedem qualquer forma de sobrevivência pela terra.
Em Dourados (MS), houve registros de indígenas se alimentando de lixo para comer. O relatório traz o depoimento da liderança indígena Erileide Domingos, da aldeia Guyraroka, que denunciou o caso à Organização das Nações Unidas em agosto de 2022. “A fome é resultado da desorientação do Estado brasileiro. É muita falta de piedade com o outro, de olhar os pobres, sem condições, sem emprego, sem possibilidade de plantar, não conseguimos produzir nada, não conseguimos ser ninguém”, relata Erileide no documento.
OMISSÃO NA SAÚDE MATOU MAIS DE 3 MIL CRIANÇAS INDÍGENAS
A omissão na área da saúde é outro ponto que levou à morte centenas de indígenas em todo o país. Mais de 3.550 crianças de até 4 anos de idade morreram entre 2019 e 2022 em territórios indígenas. Os estados de Roraima e Amazonas carregam a maior quantidade de casos, desta vez seguidos pelo Mato Grosso.
Uma em cada três mortes infantis registradas pela Sesai eram evitáveis, conforme análise de dados do CIMI a partir da Nota Técnica do Ministério da Saúde. Falta de acompanhamento da gestação, casos de gripe e pneumonia, desnutrição, diarreias e doenças infecciosas tratáveis estão entre os motivos que evitaram que 1.504 crianças pudessem chegar à fase adulta.
Para o CIMI, a desassistência médica é fator diretamente ligado à política indigenista empregada pelo governo federal nos últimos quatro anos. O caso de maior repercussão foi a falta de acesso às políticas públicas de saúde por parte dos indígenas Yanomami, denunciado pela Pública em diversas reportagens. O Distrito Sanitário Especial Indígena Yanomami e Ye’kwana (Dsei-YY) registrou, só em 2022, 134 mortes de crianças entre 0 a 4 anos.
Na TI Yanomami, a invasão do garimpo estrangula serviços públicos indigenistas, entre eles os de saúde, denuncia a Hutukara Associação Yanomami (HAY) no relatório. “A captura da estrutura de saúde por garimpeiros gerou uma situação de desassistência generalizada no território”, afirma o documento sobre os postos de saúde que fecharam no território pela sensação de insegurança com a presença da atividade ilegal e armada.
GOVERNO ATRASOU VACINAS E NÃO REFORÇOU POLÍTICAS PARA PREVENIR SUICÍDIO
Entre os adultos, a maior quantidade de mortes foi no Mato Grosso, com 136 casos. Entre as causas estão o atraso da chegada da vacina aos territórios, estadias em más condições quando grupos de indígenas se dirigem aos centros urbanos em busca de serviços, infecções gastrointestinais causadas por poluição da água, consumo de agrotóxicos pela água, entre outros.
Se crianças e adultos indígenas morrem por desassistência médica, a omissão estatal entre os jovens indígenas ocorre pela falta de outra política pública: a de prevenção ao suicídio. Novamente, estados já citados em outras estatísticas negativas lideram a causa da morte por suicídio entre indígenas. A cada cinco registros no quadriênio 2019-2022, dois ocorreram no estado do Amazonas e um no Mato Grosso do Sul. Ao todo, 535 indígenas tiraram a própria vida no período. Destes, 35% eram jovens menores de 19 anos.
DESTRUIÇÃO DE BENS INDÍGENAS
O Conselho das Aldeias Wajãpi-Apina denunciou, em fevereiro de 2022, a poluição dos rios pela invasão garimpeira na Terra Indígena (TI) Waiãpi, no Amapá: “Fotos e vídeos de várias aldeias mostram as águas com muita lama e como dependemos dos rios para beber água e tomar banho, isto gerou muita preocupação para os nossos chefes e famílias.”
O registro afirma que os garimpeiros provocam danos aos bens naturais essenciais que afetam o modo de vida indígena no entorno e dentro da TI.
Mais ao oeste, outro caso de invasão ao maior patrimônio indígena, a floresta. A autorização para abrir um ramal dentro da TI Jaminawá/Iguarapé Preto, ligando dois municípios, partiu do Instituto de Meio Ambiente do Acre. Por se tratar de Terra Indígena, o licenciamento ambiental da obra deveria passar pelo órgão federal competente, o Ibama, e não pelos órgãos estaduais.
Relatório denuncia impactos de desmatamento, criação de gado, agrotóxicos e obras de infraestruturas nas terras indígenas
A lista de danos aos territórios, demarcados ou não, é grande. Construção de Pequenas Centrais Hidrelétricas (PCHs), criação de gado, arrendamento de terras, uso de agrotóxicos, construção de presídios estaduais e federais, desmatamento de área sagrada, contaminação das águas e animais por mercúrio, loteamento e outras formas de invasão e destruição ao patrimônio indígena ocupam algumas páginas do relatório.
As maiores estatísticas ocorreram com casos de desmatamento, registrados em 74 TIs, segundo dados do Prodes. Em seguida, aparece a extração ilegal de madeira, areia, castanha e outros recursos naturais, com 65 ocorrências. Já as atividades ilegais de garimpo e mineração, assim como a de caça e pesca ilegais, atingiram, cada uma, ao menos 45 TIs, segundo o relatório. Uma TI pode constar em um, dois ou mais tipos de ocorrência.
De acordo com o CIMI, os danos ao patrimônio indígena têm como consequência o aumento de conflitos por direitos territoriais. O assassinato do jovem Guarani-Kaiowá com cinco disparos de arma de fogo que abre esta reportagem foi seguido de conflitos por território.
O documento relembra que o crime incitou ações de retomada indígena, como são chamadas as manifestações e acampamentos para reivindicar uma área ancestral. Conforme documenta o CIMI, as manifestações no município de Coronel Sapucaia (MS) foram “reprimidas com violentas e ilegais operações policiais e emboscadas contra lideranças, que deixaram mortos e feridos”.
SINAL “VERDE” PARA VIOLAR DIREITOS
Nomeado em julho de 2019 para presidir a Funai e exonerado só no penúltimo dia do governo Bolsonaro, em 29 de dezembro de 2022, o delegado da Polícia Federal Marcelo Xavier defendeu um ex-coordenador regional da fundação em Mato Grosso do Sul, preso por operação da PF pelo envolvimento no esquema de arrendamento de Terras Indígenas e cobrança de propina para aluguel de pastos. O ex-presidente da Funai disse, em ligação interceptada pela PF, que estava tentando intervir nas investigações que incriminavam o ex-servidor.
“As ações e discursos do governo federal e da Funai, sob a presidência de Marcelo Xavier, serviram como sinalizações que criaram nos invasores a expectativa de que suas posses ilegais dentro de terras indígenas seriam legalizadas em breve”, destaca o CIMI sobre as tentativas de Xavier, via normativas da Funai, de legalizar o garimpo e a extração de madeira em TIs.
O governo agiu em diversas frentes contra os direitos indígenas, aponta o CIMI. Na pasta da Justiça sob Bolsonaro, o então ministro Sérgio Moro definiu, com base da tese do marco temporal, uma relação de áreas indígenas que poderiam ser demarcadas. Proposta pela bancada ruralista, a tese retiraria amplamente os direitos indígenas, afirmam os povos originários e especialistas.
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Esta reportagem faz parte do especial Emergência Climática, que investiga as violações socioambientais decorrentes das atividades emissoras de carbono – da pecuária à geração de energia. A cobertura completa está no site do projeto.
“O clima está mais tranquilo no nosso país, apesar de uma minoria com a cabeça no passado recente. Precisamos ter paciência que as coisas estão melhorando. Ninguém é obrigado a concordar com ninguém. Mas é necessário que todos se respeitem e é isso que peço ao povo brasileiro”.
Nenhuma novidade. O Remo está na mesma situação crítica das últimas competições. A reta final é sempre recheada de fortes emoções – negativas. A torcida é convidada a se afastar, como vai acontecer no jogo deste sábado contra o Ypiranga, programado para o estádio Jornalista Edgar Proença para que os jogadores não sintam a pressão e a cobrança da massa azulina. Ora, um time que tem medo de sua torcida não pode ir muito longe.
A batalha desafiadora de vencer pelo menos três jogos dos cinco que restam deveria merecer um tratamento inteiramente diferente. Qualquer criança saberia que é o momento de utilizar em casa as armas que todo mandante tem em seu favor. E a principal delas é o incentivo que vem das arquibancadas, principalmente quando a torcida é grande e participativa.
O Remo está deliberadamente se afastando da torcida, que deu ao clube a melhor média de público da Série C, apesar da campanha pavorosa – 11 rodadas na zona de rebaixamento. É claro que era jogo para o Baenão, onde o povo se debruça sobre o campo e põe pressão em todo mundo, inclusive nos atletas de pernas mais trêmulas. Quem não consegue jogar por um time de massa não serve para defender o Leão.
Quantos clubes brasileiros adorariam ter por trás uma legião de torcedores como tem o Remo? A maioria dos clubes das quatro divisões vive essa carência afetiva. Todos têm a consciência de que seriam maiores e mais respeitados se também fossem mais amados.
Já o Leão, por força de decisões tacanhas, resolveu jogar no Mangueirão num sábado à noite do último fim de semana de julho. É pedir para não aparecer ninguém. Claro que os azulinos de estirpe estarão lá, mas em quantidade muito inferior ao normal. No Baenão, centro da cidade, com ingressos a preços promocionais, a torcida lotaria o estádio.
A já proverbial timidez do time nos jogos em Belém só encontra explicação no excesso de forasteiros – a maioria ruim de bola – incomodados com a presença de uma torcida intensa e ruidosa. Foi assim contra América, Figueirense e Operário-PR.
Pela ordem natural das coisas, o problema não está na torcida, mas no time. Portanto, não tem cabimento arranjar artifícios para fugir à presença do torcedor. O fato é que o jogo foi transferido para o Mangueirão a pedido da comissão técnica. Diagnóstico óbvio: medo de povo.
Aliás, como sempre ocorre em momentos de aperreio, jogadores nativos começam a aparecer na escalação do time. Ronald e Evandro devem ser titulares contra o Ypiranga. Curuá também tem chances. Kanu vai no banco e pode entrar no decorrer da partida. Talvez isso já seja suficiente para reduzir a encabulação do time no Mangueirão. (Fotos: @olhar_da_bancada/@el.fabitto/Livia Alencar)
Apoio do Bolsa Atleta para jogadoras da Seleção
Antes que algum distraído ou mal intencionado apareça para reclamar mais apoio oficial à Seleção Brasileira de futebol feminino, é bom lembrar que das 23 jogadoras que defendem o país na Copa do Mundo da Austrália/Nova Zelândia pelo menos 17 recebem o Bolsa Atleta.
Ari Borges, artilheira que se destaca com os três gols sobre o Panamá, é uma das beneficiadas com o Bolsa Atleta. Ao todo, mais de sete mil atletas acessam o auxílio. O programa foi instituído no primeiro governo de Lula, em 2004, para ajudar os jovens que entram para o esporte.
Renato Augusto: um talento capaz de decidir jogos
Com dois gols no clássico contra o São Paulo, pela semifinal da Copa do Brasil, o meia-atacante corintiano Renato Augusto reafirmou sua condição de jogador especial, capaz de fazer a categoria individual prevalecer em situações adversas. Muito marcado, percorrendo um espaço amplo, só precisou de duas oportunidades para decidir o confronto.
O primeiro gol foi um primor de objetividade e pontaria. Recebeu bola que veio do lado direito e emendou de primeira, sem chances para o goleiro. Depois, quando o Corinthians era envolvido pelos toques de bola do São Paulo, ele tirou da cartola uma ação rápida na área para desempatar.
Renato já não tem estrutura física para disputar várias partidas seguidas. Precisa ser preservado para situações importantes, mas está provado que vale a pena contar com ele mesmo que por alguns minutos.
Liderança do Botafogo amplia o engajamento nas mídias
A segunda edição do Índice Cortex de Popularidade Digital dos Clubes de Futebol aponta os times da Série A mais citados nas redes sociais e em veículos de comunicação. Após o empate contra o Santos na 16ª rodada do Brasileirão, permanecendo na liderança no campeonato, o Botafogo vem mantendo sua torcida em grande atividade nas mídias.
O clube segue embalado como o mais lembrado tanto nas redes sociais como na imprensa, registrando aumento de quase 63% em visibilidade, de acordo com o Índice Cortex. O ranking foi criado com a mesma metodologia utilizada para análise da exposição de marcas e empresas, analisando os 20 clubes que disputam a série A nesta temporada.
O Botafogo se beneficia da excelente campanha no Brasileirão, com seguidas vitórias, que acabam refletindo em expressivo aumento na exposição da marca desde as primeiras rodadas.
Outros destaques são o São Paulo, que pulou da terceira para a segunda posição, com aumento de 20% na exposição; e o Flamengo, que caiu da segunda para a sexta posição, com redução de mais de 40% nas menções.
Nos últimos 23 dias, a Cortex analisou a exposição dos times de futebol da série A do Brasileirão. Foram levantadas as menções aos times em 70 veículos de imprensa de cobertura nacional, especializada e regional, além de mais de 6 mil influenciadores nas redes sociais.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 27)
Um clássico dos Stones em registro ao vivo no estádio do River Plate, em Buenos Aires. Homenagem ao oitentão Mick Jagger, um dos compositores de “Paint it Black”, junto com Keith Richards e Brian Jones.
A cantora irlandesa Sinéad O’Connor morreu aos 56 anos de idade. A informação foi divulgada nesta quarta-feira, 26, pelo jornal Irish Times, que não revelou a causa ou data exata da morte. No início deste mês, Sinéad escreveu em sua página no Facebook que voltou para Londres depois de 23 anos e estava finalizando um álbum a ser lançado no ano que vem.
Ela também compartilhou planos de embarcar em uma turnê pela Austrália e Nova Zelândia em 2024, e pela Europa, Estados Unidos e outros territórios em 2025. Nascida em Dublin, no dia 8 de dezembro de 1966, Sinéad sempre foi uma mulher de opiniões contundentes e fortes. Militou em assuntos como abuso sexual e direito das mulheres.
Obteve fama mundial ao lançar seu primeiro disco, Lion and the Cobra, de 1987. Porém o grande hit veio apenas três anos mais tarde, no álbum I Do Not Want What I Haven’t Got. A canção Nothing Compares 2 U, que foi composta pelo americano Prince, liderou o Billboard Hot 100 durante quatro semanas entre abril e maio de 1990, até ser destronada por Vogue, de Madonna. Entre outros sucessos de sua carreira estão All Apologies e Mandinka.
Devo confessar que, apesar da evidente manipulação de resultados e corrupção em todos os níveis, continuo gostando muito de futebol e, como tal, sofro como torcedor e como psiquiatra e psicoterapeuta quando torço. Dentro dessa área de expertise, tive uma sensação desagradável quando o Brasil passou pela frágil seleção da Coréia do Sul, nas oitavas da Copa do Mundo do Catar. Todo mundo querendo fazer dancinha, o Tite fazendo a dança do Pombo, aquilo me parecia muita festa para pouca conquista. E comemorar antes da hora costuma ser uma péssima ideia, sempre. Isso se refletiu no jogo seguinte, contra a Croácia. Como muita gente faz contra o Brasil, a Croácia colocou dois ônibus na frente da área e ficou mais preocupada em impedir o Brasil de jogar do que jogar o seu jogo. Na prorrogação, Neymar fez algo muito raro em sua carreira: na hora do aperto, na hora da maior angústia, colocou a bola debaixo do braço e resolveu, sozinho, enfileirando a defesa daqueles retranqueiros e fazendo o que seria o gol da passagem para a semifinal. Aí todo mundo resolveu se mandar para o ataque, a Croácia pegou uma bola no escanteio, Casemiro não fez a falta com medo de tomar cartão, os caras empataram e o resto da história todo mundo conhece. O time das dancinhas desmoronou na primeira grande adversidade em seu caminho.
A Argentina começou muito mal a Copa, com uma derrota histórica para a Arábia Saudita. O seu técnico, Scaloni, estava emputecido com a péssima forma física que grande parte do elenco apresentava para uma Copa no meio do deserto. Foi ganhando jogos na bacia das almas e utilizando quase todo seu elenco, num rodízio para compensar o mal estado físico dos caras. Como ele tinha um gênio e alguns excelentes jogadores, Scaloni colocou o time para correr por Messi, que tinha liberdade para criar e atacar em qualquer canto do ataque.
A Argentina partia para cima e tentava abrir uma vantagem inicial, segurando depois o resultado. Ficou em maus lençóis duas vezes, contra a Holanda e na Final, contra a França, porque os caras empataram, mas, nos pênaltis, a Argentina contava com um gênio, Dibu Martinez, no gol, o que garantiu o caneco para os hermanos.
Por que estou tocando nessas duas recentes feridas futebolísticas? Porque elas servem de modelo para dois conceitos fundamentais descritos não por um psicoterapeuta, mas um economista, Nassim Taleb: os conceitos de Resiliência e Antifragilidade.
Em nossa vida prática, temos a oposição entre Fragilidade e Resiliência. Criticamos a Geração Z que apresenta uma impressionante fragilidade diante da vida Real. Qualquer traque que estoure e está todo mundo virando paçoca. O que se tenta para contraponto é criar pessoas resilientes, que aguentem o tranco sem chorar pelos cantos ou derreter na hora da apresentação mais importante. Alguém que tolere a dúvida, o medo do fracasso, a incerteza, sem desmoronar. Taleb descreveu um modelo mais complexo, que é a Antifragilidade.
O termo é horrível, porque parece que tenta erradicar do sistema toda a fragilidade, e não é o caso. Antifragilidade é a capacidade de tirar proveito e se fortalecer a partir do conhecimento da própria fragilidade. De preferência, crescer a partir da experiência adversa. Além do estresse pós traumático, o crescimento pós traumático. Como dizia a frase de Nietzshe: “Aquilo que não me mata, só me fortalece”.
Tite tentou montar um time Resiliente: jogo posicional, muitos jovens talentosos no ataque, uma defesa sólida, bem postada, imune a tomar gol. Parecia uma equação perfeita: um time que não toma gol com atacantes jovens, abusados e rápidos. Ledo engano. Toda Resiliência esconde em seu íntimo uma profunda Fragilidade. Toda autossuficiência esconde uma profunda fragilidade. No único ataque da Croácia, a zaga não chegou a tempo, o goleiro pulou atrasado. E, nos pênaltis, nosso time virou geléia como um estagiário fazendo uma apresentação importante.
A Argentina construiu seu time encima da percepção da própria fragilidade: a falta de preparo físico obrigou seu técnico a colocar quase todo mundo para jogar. Isso foi muito útil na final épica com a França. A Argentina, por se expor mais, estava estranhamente mentalizada para enfrentar situações difíceis e aparentemente impossíveis. Contra a Croácia, o Brasil ficou todo prudente e certinho, como um time de pebolim. Contra a Croácia, a Argentina foi logo colocando o Messi para abrir buracos na defesa e fazer os gols que colocaram os caras na final.
As dificuldades deixaram seus jogadores mais aptos a enfrentar adversidades sem virar geleia. Note que, desde o primeiro jogo, a Argentina enfrentou mais e mais dificuldades, até o pódio. Antifragilidade é a verdadeira Resiliência. Como já dito em outros artigos, Proteção Desprotege.
(*) Marco Antonio Spinelli é médico, com mestrado em psiquiatria pela Universidade São Paulo, psicoterapeuta de orientação younguiano e autor do livro Stress o coelho de Alice tem sempre muita pressa
Milly Lacombe, no Uol Esporte sobre a comemoração de Luciano:
“É fácil entender o que pensar desse gesto, porque a gente precisa aplicar na gente o que a gente exige dos outros. Vamos inverter: Morumbi lotado, mata-mata, o Róger Guedes vai lá, faz um gol, só tem torcida do São Paulo, ele comemora chutando a bandeirinha, chutar bandeirinha é uma comemoração corriqueira hoje em dia, e ele vai lá encarar a torcida do São Paulo. O corintiano e a corintiana iam achar o máximo, é isso aí, futebol é isso, tem espaço para esse cara a cara, para a provocação saudável. O Luciano não fez gesto obsceno, nem tirou a camisa, não tem nada de errado com a comemoração dele. Levar um cartão por isso é uma ofensa ao futebol, é uma domesticação dos nossos corpos, não pode isso, não pode aquilo. Qual o problema de o Luciano comemorar daquele jeito, isso é o futebol, se você não sabe entender isso, suportar isso e reagir no campo a isso, você não sabe o que é o futebol. Então, eu fiquei revoltada com esse cartão, porque amanhã vai acontecer com a gente e não vamos gostar”.