A vitória de quem errou menos

POR GERSON NOGUEIRA

O PSC foi aguerrido, soube conter o ímpeto inicial do adversário e chegou ao gol através de um pênalti inexistente – o Remo também teria um penal fantasioso em seu favor. O lance, aos 34 minutos, foi o primeiro ataque da equipe de Hélio dos Anjos no jogo, o que dá bem a medida de seu encolhimento ao longo do 1º tempo. Apesar dos muitos erros, alguns do próprio técnico, a vitória sorriu para o Papão, que chega à 10ª posição.

Justiça em futebol é item inexistente e irrelevante. O Remo começou melhor, arriscando mais e buscando o ataque, aparentemente tentando resolver o jogo nos primeiros minutos. Algo surpreendente, visto que Ricardo Catalá lançou um meio-campo lento e pouco criativo, com Claudinei, Marcelo e Rodriguinho. No 2º tempo, o Leão foi superior e botou pressão até o fim, mas a zaga bicolor foi bem e o goleiro Matheus Nogueira, não por acaso escolhido o melhor em campo. 

Apesar dessa limitação natural, o Remo ocupou com mais consistência os espaços e teve ímpeto para ir à frente, embora se atrapalhando nos erros de passe. Algumas tomadas de decisão, principalmente do lateral Lucas Marques, também atrapalhavam, mas os homens de frente – Elton, Muriqui e Pedro Vítor – tiveram aproximação e chances para finalizar.

Já o PSC se mantinha atrás, pouco agressivo e dependendo muito de uma meia-cancha com um a menos. Robinho voltou a ser peça nula e João Vieira se desdobrava para fazer o time sair do campo defensivo, mas a lentidão prevalecia.

Na frente, as bolas chegavam com extrema dificuldade a Nicolas Careca e Mário Sérgio. Vinícius Leite apareceu no lance do penal. Sofreu um leve toque de Claudinei e desabou. O árbitro foi no embalo e assinalou a infração.

Mário Sérgio cobrou e abriu o placar. Abalado, o Remo saiu jogando de maneira atabalhoada e quase entregou a rapadura no minuto seguinte. Nicolas Careca quase fez o segundo, a defesa afastou e no rebote o PSC teve nova oportunidade de ampliar.

Depois do intervalo, como era de prever, Catalá mexeu na equipe, substituindo Marcelo e Rodriguinho. Com isso, lançou o Remo todo ao ataque, abrindo deliberadamente o meio e a defesa. Terminou com cinco atacantes – Vítor Leque, Fabinho, Elton e Ronald.

Aos 8 minutos, um lance de bate-rebate na área, resultou em pênalti marcado sobre Elton. Outra interpretação equivocada do árbitro, pois a falta não existiu. Muriqui cobrou, “telegrafando” onde iria mandar a bola e Matheus saltou no canto certo, evitando o gol.

Foi possivelmente a bola do jogo para o Remo, que, no caso de empate, partiria em busca da vitória, até pela formação que teve na etapa final. O volume imposto à partida também foi superior, que parecia excessivamente preocupado em segurar o placar. Sem Pedro Vitor, lesionado, o Remo passou a depender das subidas de Evandro pela esquerda. E o lateral foi novamente um dos melhores do time.

A partir dos 15 minutos, o Remo partiu para tentar o empate de qualquer maneira, com os problemas que esse tipo de estratégia carrega. Ronald, que demorou a entrar, partiu para as jogadas pelos lados e Richard Franco tomou conta da saída de bola, com bom desempenho.

Pablo Roberto teve duas boas chances, a melhor delas quando teve a bola nos pés e poderia encobrir o goleiro, que saiu do gol para cortar o lance. O meia, porém, mandou pela linha de fundo. Do lado bicolor, em jogada quase parecida, Mário Sérgio também desperdiçou.

O clássico terminou em ritmo eletrizante, mas não o suficiente para apagar a impressão de um confronto entre equipes limitadas, com problemas que começam no comando e se estendem à performance dos jogadores.

Um clássico rico em falhas de técnicos e jogadores

Hélio dos Anjos, invicto nos clássicos (11 jogos, 8 vitórias e 3 empates), comemorou intensamente o resultado na entrevista pós-jogo. Tem méritos e motivos para isso. O PSC atual é melhor do que o de três rodadas atrás. É mais confiante e organizado, mas segue com problemas. Ele e Ricardo Catalá cometeram deslizes que deixaram o jogo menos qualificado.

No Papão, espanta o posicionamento de Mário Sérgio, que fica a maior parte do jogo longe da área. Atacante de boa técnica e em fase positiva, ele não pode ser utilizado pelos lados. É um pecado que Marquinhos começou e Hélio tem mantido teimosamente.

Na meia-cancha, outra teimosia só encontra explicação pela pressão natural dos gastos com o jogador. Robinho, que passou por vários clubes da Série A, maior salário do PSC, cumpre tabela. Não corre, não marca, pouco participa das jogadas e deixa o time mais frágil no meio-campo.

Do lado remista, Catalá ficou quase 60 minutos com o improdutivo Marcelo em campo, contribuindo para as dificuldades de fluência e velocidade que o Remo tinha no meio. Claudinei jogou por ele e pelo companheiro. No banco, esquecidos, Richard Franco e Curuá.

Vitor Leque até entrou bem, jogando mais que os 25 minutos habituais, mas Ronald demorou a ser lançado. Muriqui, mesmo perdendo o penal, deveria ter sido preservado até o final, pois jogava bem.

Mestre Kfouri se rende à esplêndida campanha do Fogão

Sob o título “A fenomenal campanha do Botafogo”, Juca Kfouri escreve coluna tecendo loas à campanha botafoguense na Série A. “Jamais, em 15 rodadas, na história do Campeonato Brasileiro, um time atingiu 39 pontos como o Botafogo, aproveitamento de espantosos 86%. Se o Glorioso fizer os mesmos 39 pontos, não em 15, mas nas 23 rodadas restantes, vai fazer 78 pontos, o que praticamente garante o título”.

É mais um nome de respeito e credibilidade, conseguindo enxergar o que os céticos ainda sustentam que é pura sorte ou mero acaso. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 18)

5 comentários em “A vitória de quem errou menos

  1. Deu a lógica, time com mais garra, determinação e organização foi o vencedor.
    Remo continua numa letargia, talvez pela idade avançada do elenco. O Remo não precisa de técnico-psicólogo.
    Time ganhou dinheiro, não quis contratar um bom técnico, preferindo gastar dinheiro com jogadores que não acrescentaram em nada ao time.
    Tem um CT onde treina o feminino e as categorias de base, que ganham títulos. Para que serve o CT afinal, se a base não é aproveitada?
    Resta ao Remo somente lutar para não ser rebaixado.
    Parabéns Paysandú pela vitória.

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  2. Certamente, como têm sido as recentes performances da dupla RExPA, deu a lógica. Um jogo pobre de técnica e inteligente, um festival bumba-meu-boi de chutões, a dar dor de dente em serrote…!
    Mais uma vez, deixo a pergunta: o que o futebol paraense ainda espera dessa legião de jogadores turistas, sub-40 ???

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  3. O futebol paraense depois da criação do executivo de futebol virou um estaleiro, ou uma verdadeira casa de repouso onde os sub 40 sem mercado nos melhores centros vêm para explorar os combalidos cofres dos nossos times.
    Não se usa mais a base.
    Jogadores regionais não são mais buscados no interior, antiga fonte de grandes craques, que além de jogarem muita bola, tinham uma identificação com os clubes que defendiam.
    Hoje o que vemos é uma legião estrangeira que vem para cumprir seus contratos e geralmente não dizem a que vem, passam mais tempo no departamento médico que contribuindo em campo para o sucesso dos nossos times.

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    1. O Fred do Flu hj trabalha no clube nas contratações recentemente trouxe pro tricolor carioca Leo Fernandes craque revelação do Uruguai guardadas as devidas proporções estou querendo dizer que nossos ex ídolos devem avalizar as eventuais contratações assim descobrimento de talentos na base. Nada de executivos.

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  4. Parabéns Gerson pelos comentários sempre muito objetivos e esclarecedores, com total imparcialidade. Com relação ao Remo, um técnico que utiliza um Fabinho e um Marcelo, está fadado ao fracasso. Grande abraço. …………… Almir Silva – Cidade Nova.

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