A frase do dia

“Fiquei impressionado com a nota do Exército, que assumiu para si, se entendi direito, a tarefa de falsificar atestados de vacina — por exemplo. Que desmoralização completa!!!”.

Luiz Carlos Azenha, jornalista

Lula sanciona PL 1085/2023, garantindo igualdade salarial entre homens e mulheres

Empresas serão multadas se descumprirem a lei e terão que adotar medidas para promover igualdade no mercado de trabalho

Na última segunda-feira, 3, o presidente Lula sancionou o Projeto de Lei 1085/2023, que visa estabelecer a igualdade salarial e remuneratória entre mulheres e homens. O evento ocorreu no Palácio da Alvorada, em Brasília, e marca um avanço significativo na promoção da equidade de gênero no mercado de trabalho. O projeto, que altera a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei nº 5.452 de 1943, é resultado de um compromisso de campanha do atual presidente e reflete a importância dada pelo seu governo às questões de gênero e igualdade salarial.

A nova lei estabelece bases legais para que trabalhadoras e trabalhadores tenham garantido seu direito à igualdade de salário e remuneração. Entre os principais pontos da legislação, destacam-se a obrigação das empresas de serem mais transparentes sobre o quanto pagam a seus funcionários e a aplicação de multas para aquelas que descumprirem as regras. Além disso, as empresas serão obrigadas a adotar medidas para que as mulheres entrem, permaneçam e evoluam no mercado de trabalho em condições iguais às dos homens. Isso inclui a formação e capacitação das mulheres, visando promover sua participação ativa e igualitária no ambiente profissional.

A lei também estabelece que as empresas que discriminarem funcionários com base em sexo, raça, etnia, origem ou idade terão que pagar a diferença salarial devida, além de uma multa correspondente ao novo salário devido multiplicado por dez. Em casos de reincidência, a multa será duplicada. A fiscalização contra a discriminação salarial e remuneratória entre homens e mulheres será reforçada, e serão criados canais específicos de denúncia sobre essa questão. As empresas com 100 ou mais empregados deverão publicar relatórios semestrais de transparência salarial, permitindo a comparação objetiva da remuneração entre homens e mulheres.

Carmen Foro, Secretária Nacional de Articulação Política do Ministério das Mulheres, explica que a lei de igualdade salarial e remuneratória para homens e mulheres é uma conquista das mais importantes do último século, pois garante igualdade de salário como uma conquista concreta. “Não basta estar escrito na Constituição Federal, na CLT, que todo mundo é igual perante a lei, porque a vida real impõe outra situação. Os dados brasileiros indicam que mulheres ganham menos que homens. E se ela for uma mulher negra, ela ganha muito menos que homens e mulheres brancas, até de que homens negros”, detalha. E continua: “Agora nós teremos fiscalização, transparência, e isso é um passo muito importante que nós conseguimos dar na construção dessas leis. Estou muito feliz de fazer parte do processo de construção desse debate, de acompanhamento de toda essa discussão necessária para que nós possamos sonhar com dignidade e igualdade salarial para todas as mulheres da classe trabalhadora”, conclui a Secretária.

A nova legislação vai ao encontro dos objetivos estabelecidos pela Agenda 2030 da ONU, que busca alcançar a igualdade de gênero e empoderar todas as mulheres e meninas. Além disso, a lei segue a linha da Convenção 100 da Organização Internacional do Trabalho (OIT) sobre igualdade de remuneração entre homens e mulheres trabalhadores por trabalho de igual valor, que vigora no país desde 1958. A medida busca garantir que homens e mulheres tenham as mesmas oportunidades e direitos no mercado de trabalho, construindo um país mais igualitário para todos os cidadãos.

Farda e silêncio de Cid desmoralizam o Exército

Por Josias de Souza

Por orientação do comando do Exército, o tenente-coronel Mauro Cid compareceu fardado à CPI do Golpe. Utilizou oito dos 15 minutos que lhe foram concedidos para ler uma manifestação inaugural. Nela, vangloriou-se da excelência de sua formação militar, vinculou ao Exército os atos que praticou como ajudante de ordens de Bolsonaro e informou que usufruiria do salvo-conduto obtido no Supremo Tribunal Federal para não se autoincriminar, abstendo-se de responder a qualquer pergunta. A fala do militar foi desmoralizante, desonrosa e reveladora.

A manifestação do coronel desmoraliza porque arrasta formalmente o Exército para dentro dos oito inquéritos criminais que ele responde no Supremo Tribunal Federal. Desonra porque a hipotética qualificação do militar potencializa a desqualificação das ordens que aceitou cumprir a serviço de Bolsonaro. A explanação é reveladora porque cada pergunta não respondida por Cid soa como um silêncio cúmplice das Forças Armadas e dos superiores hierárquicos que determinaram que a perversão se exibisse diante dos refletores de farda.

O Exército divulgou nota oficial para esclarecer que orientou Mauro Cid a comparecer à CPI envergando sua farda. O texto sustenta que o uniforme se justifica porque o tenente-coronel foi convocado “para tratar de temas referentes à função para a qual fora designado pela Força”. Preso há 70 dias, o próprio Cid empilhou os inquéritos que descarrilaram uma carreira que estava fadada a atingir o generalato:

1) O golpismo de 8 de janeiro.

2) Envolvimento em atos democráticos de 2019.

3) O caso das joias sauditas.

4) A fraude nos cartões de vacinação.

5) A disseminação de fake news.

6) A cumplicidade com as milícias digitais bolsonaristas.

7) O pagamento em dinheiro vivo de despesas de Michelle Bolsonaro.

8) O vazamento de inquérito sigiloso.

Nenhuma dessas atividades está inseridas no rol que o Exército chamou de “temas referentes à função para a qual [Mauro Cid] fora designado.” O uniforme e o silêncio exibidos pelo ex-ajudante de ordens na CPI não desonram apenas o depoente. Desmoralizam também o Exército e, por extensão, as Forças Armadas. (Transcrito do UOL)

Flávio Dino vai determinar investigação na PF sobre caso Cancellier

Por Chico Alves, no UOL

O ministro da Justiça, Flávio Dino, gastou boa parte do domingo em conversas com a equipe da pasta para definir qual a melhor providência a tomar depois que o Tribunal de Contas da União (TCU) arquivou ação contra a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) por não encontrar desvio de dinheiro público. A acusação motivou operação da Polícia Federal em setembro de 2017 contra o então reitor Luiz Carlos Cancellier, como desdobramento da operação Lava Jato. O trabalho da PF foi alvo de críticas e 15 dias após ser preso Cancellier se suicidou.

“Enviarei a nova decisão do TCU para o diretor-geral da Polícia Federal, afim de que seja instaurado Processo Administrativo Disciplinar”, explicou Flávio Dino à coluna. “O fundamento é que a decisão do TCU constitui um indício de que a ação policial não possuía justa causa e que, portanto, houve ilegalidades a serem apuradas na esfera disciplinar”.

A responsável pela operação foi a delegada federal Erika Marena, que, além de prender Cancellier, levou à cadeia seis funcionários da universidade e 23 outros indiciados por formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato.

O reitor da UFSC contou a familiares e amigos que depois de preso passou por duas vezes por revista íntima humilhante e foi mantido nu durante mais de duas horas diante de outros presos. Além disso, foi submetido a interrogatório que durou seis horas, feito por um delegado recém-chegado que ficou lendo perguntas e o pressionou a confessar. Segundo relatou, foi algemado e teve os pés acorrentados.

Depois de ser libertado, Cancellier se mostrou bastante abatido. No dia 2 de outubro de 2017 ele se matou ao pular do sétimo andar de um shopping Florianópolis.

“Há muitos fatos que justificam uma investigação séria”, confirma Flávio Dino.

Apesar de ser muito respeitado no meio acadêmico, o reitor e sua equipe foram acusados de formação de quadrilha, lavagem de dinheiro e peculato. A delegada Érika Marena disse na época que tinha convicção da necessidade dos pedidos de prisão. Na quinta-feira (6), o TCU tornou pública decisão que descarta irregularidade nos programas de educação a distância e da Universidade Aberta que foram alvos da PF.

Rock na madrugada – Titãs, “Hereditário”

Titanomaquia (1993) é um dos álbuns mais elogiados da discografia dos Titãs. O rock acelerado “Hereditário”, de Nando Reis (acima na versão acústica), é um dos destaques do disco, que exatamente hoje completa 30 anos de lançamento.

Ator icônico de The Office admite infelicidade durante filmagens da série

A satisfação pessoal nem sempre é fácil de alcançar, mesmo quando há sucesso e reconhecimento. O ator Rainn Wilson, mundialmente conhecido por seu papel como Dwight Schrute nas nove temporadas de The Office, revelou que estava infeliz enquanto trabalhava na adaptação da obra criada por Greg Daniels, Ricky Gervais e Stephen Merchant. Enquanto dava uma entrevista ao podcast Club Random, comandado por Bill Maher, Rainn Wilson explicou que ficou preocupado com suas perspectivas de carreira enquanto atuava em The Office, mesmo com toda a popularidade da produção, que até hoje é considerada uma das maiores e principais séries de comédia da história.

“Quando eu estava em The Office, passei diversos anos realmente infeliz porque não era o suficiente. Eu estava ganhando centenas de milhares de dólares. Eu queria milhões e era uma estrela de TV, mas queria ser uma estrela de cinema. Nunca foi o suficiente”, relatou o ator.

“É para isso que estou olhando agora e percebendo agora: estou em um programa de sucesso, indicado ao Emmy todos os anos, ganhando muito dinheiro trabalhando com, tipo, Steve Carell, Jenna Fisher e John Krasinski e esses roteiristas incríveis e diretores maravilhosos como Paul Feig”, continuou Rain.

“Estou em um dos grandes programas de TV. As pessoas adoram. Eu não gostava. Eu pensava: ‘Por que não sou uma estrela de cinema? Por que não sou o próximo Jack Black ou o próximo Will Ferrell?’ Como é que eu não posso ter uma carreira no cinema? Por que não tenho esse acordo de desenvolvimento?’”, completou o ator.

Recentemente, alguns outros atores de The Office se reuniram depois de 10 anos do fim da série. Jenna Fischer, que vivia Pam Beasley, Angela Kinsey, que interpretava Angela Martin e Steve Carrel, que deu vida ao icônico Michael Scott.

O fantasma do rebaixamento está de volta

POR GERSON NOGUEIRA

O torcedor azulino vem se acostumando às falsas ilusões. Vamos por partes. O Remo começou 223 dando a pinta de que iria fazer uma temporada auspiciosa. Puro engodo. Iludiu na Copa Verde, enganou no Parazão e finalmente completou o pacote com a trajetória errática na Série C. Ontem à noite, diante do Operário-PR, a única boa notícia para a massa torcedora foi a definição das ambições do time na Série C: a partir de agora, o projeto é lutar contra o rebaixamento.  

Depois de um jogo sofrido, quando o Remo não produziu absolutamente nada no primeiro tempo e melhorou bastante na etapa final, o golpe de misericórdia veio com o gol de Felipe Augusto aos 51 minutos em um contra-ataque mortal. Um desfecho cruel de jogo para os azulinos, um choque de realidade para a torcida.

Nem se pode afirmar que o 2 a 1 que favoreceu o Operário foi um placar justo. No primeiro tempo, a equipe paranaense foi largamente superior. Distribuiu-se melhor em campo, trocou passes com objetividade, cercou a área e explorou os espaços concedidos pelo Remo.

Chegou ao gol num lance que evidenciou as fraquezas defensivas do Leão. O atacante foi à linha de fundo após passar pelos dois laterais direitos escalados pelo técnico Ricardo Catalá. Aliás, a presepada de usar uma dobra nas laterais vem sendo repetida exaustivamente depois que deu certo uma única vez, contra o Pouso Alegre.

Com os dois Lucas pela direita, Catalá montou o Remo com três homens no meio – Claudinei, Pablo Roberto e Marcelo. Muriqui e Fabinho na frente. A performance foi pífia. Nem o lado direito funcionou, nem o ataque teve força suficiente para incomodar a zaga visitante.

O fato é que no Remo ninguém se entendia e, como não havia conexão, os jogadores preferiam ficar marcando com os olhos enquanto o Operário jogava completamente à vontade. Um primeiro tempo constrangedor, com o time sem vibrar e corresponder aos estímulos da torcida. O placar de 1 a 0 foi até pouco para a superioridade do Fantasma.

Na segunda etapa, o time foi bastante modificado. Entraram Rodriguinho na esquerda, com Evandro na lateral e Elton no ataque. Depois entraram Álvaro e Vítor Leque. A produção melhorou muito, principalmente pelas iniciativas de Evandro e Rodriguinho, muito superiores a Kevin e Marcelo.

Aliás, Marcelo é um caso à parte. Visivelmente fora do melhor condicionamento, é um meio-campista que não passa, não marca e não chuta. Tem sido uma completa nulidade. Qualquer substituto rende mais, e foi justamente o que ocorreu.

De um time amedrontado e lerdo nos primeiros 45 minutos, o Remo passou a pressionar em busca do gol. Só acertou dois chutes no gol, mas rondou muito a área, sempre com jogadas puxadas por Evandro e Rodriguinho. Num dos melhores momentos do time, a bola foi lançada para Muriqui livre na área, mas o atacante chutou fraco.

Por sinal, a noite foi uma das menos inspiradas de Muriqui. Caiu muito, não deu sequência às jogadas e tomou decisões erradas. Elton foi mais prático. Deu um cabeceio com perigo e, como autêntico centroavante, aproveitou o rebote para empatar a partida, aos 38 minutos. 

O Remo era melhor, atacava mais e parecia perto da virada. Ficou na vontade. Claudinei, que deveria estar ajudando a marcar no meio, não apareceu para cobrir os zagueiros e Felipe Augusto entrou livre para matar o jogo nos instantes finais. Um duro castigo.

É importante observar que o destino do Remo na Série C estava traçado desde que Marcelo Cabo jogou pela janela os quatro primeiros jogos da competição. O que veio depois é mera consequência.

Desacertos explicam a caótica campanha azulina

Quando alguém questiona a ausência de jogadores de beirada, fato que levou Ricardo Catalá a utilizar dois laterais na direita ontem, é inadmissível que ninguém no clube informe a ele que há um jogador vindo da base (Ricardinho) capaz de impor velocidade e dribles no ataque.

No desespero, Vítor Leque foi lançado no segundo tempo. Como não jogava há meses, ele só aguenta atuar por 30 minutos. Na dúvida, o técnico opta por escalar jogadores indicados ou avalizados por ele. 

Em contrapartida, Evandro, que vinha jogando desde o início do ano pelo Águia, só foi lembrado para entrar no 2º tempo – e fez o time finalmente avançar, disparando também o primeiro chute a gol do Remo.

Citei Ricardinho, mas Kanu também continua à espera de chances. É preciso observar que Catalá, com acertos e erros, não é o culpado pela situação. A responsabilidade maior pertence aos gestores do clube.

STJD acolhe argumentos e libera público para o Re-Pa

Quando o risco de perder dinheiro entra em cena todos se mexem. É assim na vida e no futebol. A punição imposta pelo STJD ao PSC, de dois jogos com portões fechados, foi excepcionalmente suspensa ontem e as bilheterias do Mangueirão irão funcionar, garantindo renda para todos os envolvidos. É óbvio que, além do esforço do departamento jurídico da Federação Paraense de Futebol, funcionou bem o jogo de bastidores, capaz de obter uma liberação que não havia sido concedida a ninguém até agora.

Pena que a esperada renda recorde no clássico, dada a importância do jogo para a definição de posições na Série C, provavelmente sofrerá abalos com o tropeço do Remo diante do Operário, no Baenão.

Desgostoso com a atual campanha e mordido com outras decepções recentes, dificilmente o Fenômeno Azul irá em massa ao estádio Jornalista Edgar Proença, na próxima segunda-feira à noite. Mas a torcida alviceleste, entusiasmada com a vitória fora de casa contra o líder Amazonas, tem todos os motivos para comparecer em peso. 

(Coluna publicada na edição do Bola desta terça-feira, 11)