POR GERSON NOGUEIRA
Remo foi melhor em boa parte do jogo, mas não impôs a pressão necessária para alcançar um domínio pleno. Aliás, o time costuma travar e se acomoda quando encontra dificuldades para agredir o adversário. As ausências de Uchoa, Pablo Roberto e Kevin pesaram na balança, situação agravada pela presença nula de Marcelo no setor de criação.
No primeiro tempo, o Remo ia esporadicamente ao ataque. Quando chegava, levava perigo. Fabinho e Pedro Vitor construíram as melhores jogadas. A questão é que o time demonstrava uma certa preguiça em insistir no ataque. Desistia fácil, se distraía com jogadinhas bobas no meio.
Para agravar o quadro, Wendell Lomar na lateral esquerda e Lucas Mendes na direita pouco participavam, o que é um pecado grave para quem explora o contra-ataque. Muriqui e Rodriguinho tiveram presença discreta, talvez em função das dificuldades de Marcelo em armar jogadas.
Vinícius se saiu bem em duas faltas cobradas por Ricardinho na área. O Floresta não ameaçava e a dupla de zaga Diego Ivo e Diego Guerra não teve muito trabalho. Até o arisco Romarinho não criou problemas.
Depois do intervalo, o Remo quase chegou lá em lance iniciado por Muriqui, que descolou lançamento em profundidade para Pedro Vitor. Ele foi à linha de fundo e cruzou. A zaga não cortou e Fabinho chegou livre para finalizar, mas o chute resvalou no goleiro e beijou o travessão. No rebote, em cima da linha, Marcelo não conseguiu botar a bola para as redes.
Foi a bola do jogo. Talvez irritado pelo vacilo, Catalá trocou Fabinho, Rodriguinho e Marcelo por Elton, Vitor Leque e Álvaro. Não adiantou muito porque o time não cruzou mais bolas altas na área para o camisa 9 aproveitar.
Aos 25 minutos, outro bom momento do ataque. Pedro Vitor se livrou de dois marcadores e disparou um chute que raspou o travessão, pela segunda vez na partida. Logo depois, Álvaro entrou na grande área e foi empurrado por um defensor, mas o árbitro não deu o pênalti.
O confronto ganhou em intensidade a partir dos 30 minutos, quando o Floresta lançou os atacantes Tiago Alagoano e Leilson. Com ações em velocidade, ambos criaram dificuldades para a defensiva remista. Bochecha e Henrique ainda entraram, mas a situação não mudou. O jogo foi se arrastando e o Remo passou a tocar ainda mais para trás, satisfeito (não se sabe por que) com o empate.
Papão decepciona torcida na estreia de Hélio
A reestreia de Hélio dos Anjos não foi como a torcida esperava. O torcedor, como se sabe, é afobado e vive sonhando com milagres. O técnico não teve tempo suficiente (chegou na quinta-feira) para montar o time à sua maneira. O PSC que enfrentou o Brusque ainda tinha muito das ideias (ou falta de) de Marquinhos Santos. Jogou do mesmo jeito do mesmo jeito acidentado que mostra desde a primeira rodada.
O empate do primeiro tempo deu a falsa impressão de que a partida poderia terminar com um resultado favorável ao Papão. O problema é que, em nenhum momento, os bicolores conseguiram se impor aos visitantes. Apesar da escalação de perfil ofensivo, o time batia cabeça nas ações de meio-campo e ainda sofria com a fragilidade da zaga.
Filemon e Jacy Maranhão formaram a dupla central da defesa. Uma dupla que ainda não havia sido escalada na Série C. Pelo lado de Filemon, o Brusque percebeu que poderia achar o caminho da vitória. Insistiu por algum tempo, mas faltou pontaria.
Na etapa final, o Brusque começou a explorar o contra-ataque, utilizando sempre os dois lados do campo, com Everton Bala e o ex-remista Alex Ruan se destacando no confronto direto com seus marcadores.
Os gols vieram cedo e com curto espaço entre ambos, o que atrapalhou a tentativa de reação do PSC. O primeiro surgiu aos 9 minutos. Um lance fulminante, pelo lado direito. Madison chegou batendo forte e cruzado. Thiago Coelho deu rebote nos pés de Alex Ruan, que chutou para o fundo do barbante.
Cinco minutos depois, veio o 2 a 0. Jogada muito parecida com a do primeiro gol, inclusive na falha do goleiro Thiago Coelho. Guilherme Queiroz entrou sem marcação e disparou em direção ao gol. Thiago espalmou de novo, nos pés de Everton Bala, que só teve o trabalho de fuzilar para o gol.
Com a consolidação do placar, o Brusque se dedicou a tocar a bola e evitar problemas. Teve ainda duas boas chances para ampliar, explorando a insegurança dos zagueiros do Papão. Do lado alviceleste, prevalecia a afobação e a ausência de criatividade para superar as linhas de marcação.
Hélio colocou Vinícius Leite e Bruno Alves para tentar qualificar o ataque, mas a desorganização no meio-campo impedia qualquer possibilidade de reação. Geovane e João Vieira não foram capazes de municiar os atacantes, que foram pouco acionados na reta final da partida.
As vaias, mais do que justificadas, contribuíram para afundar ainda mais o lado emocional do time. No fim, a explosão de fúria dos torcedores (dentro e fora da Curuzu) é sintomática do momento complicado que o time vive na Série C, cada vez mais distante do sonho de classificação.
Vitória no clássico representa afirmação do Fogão
O pânico dos botafoguenses era uma queda de rendimento após a saída de Luís Castro. Preocupação inteiramente normal, visto que o técnico foi o responsável pela montagem do time. Sob a direção interina de Cláudio Caçapa, o Botafogo foi altivo e confiante para cima do Vasco.
Conquistou uma vitória tão justa quanto importante para mostrar que a equipe não sofreu abalos com o adeus do comandante. Tiquinho Soares fez outra atuação portentosa, com assistências, movimentação constante e uma bicicleta que quase resultou em gol.
Outro aspecto fundamental é a presença maciça do torcedor, que a cada jogo agarra-se à esperança de conquista do título, 28 anos depois, embora faltem dois terços de competição. Por ora, sonhar é plenamente possível.
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 03)