A 35 pontos do acesso

POR GERSON NOGUEIRA

A vitória veio em boa hora, após três rodadas negativas, mas o Papão quase complicou um jogo que se desenhava relativamente fácil. Fez 1 a 0 merecidamente, através de Leandro Cearense, que voltou a ser um jogador fundamental para o time. O problema é que a vantagem trouxe um certo relaxamento. Gols foram desperdiçados e a equipe terminou por ceder o empate logo no começo da segunda etapa.

unnamedA partir daí, o que era tranquilo se tornou tenso. Por sorte, Cearense aproveitou o providencial escorregão de um zagueiro e testou para as redes, desempatando a partida por volta dos 25 minutos. Edinho fechou a contagem com um belo chute no ângulo esquerdo do gol do Oeste.

No geral, o Papão cumpriu uma boa jornada. Foi decidido ao ataque desde os primeiros movimentos e contou com um centroavante ativo e participante. Leandro Cearense mostrou-se incansável. Colocava-se sempre livre para receber passes e conseguia proteger bem a bola mesmo sob pressão da defensiva adversária.

Além do empenho, o atacante estava em tarde muito inspirada. As bolas que chegaram até ele em condições de arremate foram bem aproveitadas. É verdade que tem lá seus problemas, às vezes tropeça nas próprias pernas, mas ainda é disparadamente o mais regular homem de ataque à disposição de Dado Cavalcanti. E olha que o Papão tem mais nove atacantes no elenco.

Falta ao time, porém, uma estabilidade entre seus setores. A defesa e o setor de marcação até funcionam bem. Os dois zagueiros são firmes e bons no cabeceio – embora vacilem às vezes na antecipação, como no lance do gol do Oeste. O trio de volantes passa segurança. O bicho pega a partir do setor de criação, onde normalmente os adversários levam vantagem sobre os jogadores do Papão.

Valdívia, o novo titular da armação, tem muitas oscilações. Em determinados momentos, acerta o pé. Noutras, desaparece e a equipe afunda. Não é muito diferente de Carlos Alberto e Carlinhos, os outros armadores normalmente usados por Dado.

Para complicar as coisas diante de um fechado Oeste, o técnico do Papão voltou a incorrer em seu já conhecido hábito de retardar substituições. Quando Cearense fez o segundo gol, os visitantes já começavam a se assanhar acreditando na vitória. Tudo em face da hesitação de Dado em executar mudanças que se mostram necessárias.

Welinton Jr. visivelmente não aguentava mais manter a correria do primeiro tempo e poderia ter saído já no intervalo. Além de Cearense, cabe destacar a atuação de Edinho, que entrou muito bem e fez sua mais objetiva partida no Papão. João Lucas também teve desempenho acima de sua média habitual e Pikachu foi bem mais participativo.

Papão fecha o primeiro turno com 30 pontos ganhos e na sétima colocação. Um pouco acima das expectativas iniciais e abaixo do que fez supor nas dez primeiras rodadas. De todo modo, uma campanha decente e que permite crer em bom desempenho no returno. Faltam 35 pontos para obter o acesso e 18 pontos para garantir permanência na Segunda Divisão.

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Para o Leão, vitória é uma obrigação

O Remo precisa dos três pontos em Roraima para continuar com o primeiro lugar geral da Série D, condição que permite vantagens nas fases de mata-mata como jogar em casa a partida de volta e enfrentar adversários de pior campanha. O Crac-GO alcançou no sábado 13 pontos e assumiu a dianteira. Com 10, o Leão terá que dobrar o Náutico e retomar a posição.

Independentemente desse aspecto da classificação, o Remo tem obrigação de superar o Náutico, que é o pior do grupo A1 e talvez um dos mais fracos do campeonato. Não é possível que o time de Cacaio jogue como na estreia em Vilhena. Cauteloso em excesso, recuou quando podia ter agredido e aceitou no segundo tempo a pressão do time da casa. Por fim, sofreu o empate como merecido castigo.

A exemplo do que fez em Manaus contra o Nacional, é fundamental que o setor de armação do Remo funcione com presteza, municiando o ataque e pressionando a defesa dos donos da casa. Com essa proposta, torna-se ainda mais importante o papel a ser desempenhado por Eduardo Ramos, principal jogador do time. Na Arena Amazônia, saíram de seus pés as jogadas mais lúcidas, incluindo o passe perfeito para o gol de Levy.

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Zaga sem porteira arrebenta com o Fla

Com uma zaga mais despoliciada do que a periferia de Belém, o Flamengo entregou ontem ao Palmeiras uma vitória que estava quase garantida. E olha que os periquitos se atrapalhavam com a própria sombra. Mas, na reta final do jogo, quando os dados rolaram, o Verdão mostrou mais vontade e determinação, enquanto os comandados de Cristovão Borges tratavam de entregar o ouro.

A partida foi até interessante, movimentada e cheia de gols. Só não me acostumo com esse horário de quermesse, tão ao gosto do público paulistano e estranho para quem vive cá no outro Brasil. O horário matinal atende a interesses de quem marcha contra o governo e clama pela volta do regime militar, o que torna tudo ainda mais esquisito.

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Para João e José

A coluna de hoje tem dupla e feliz dedicatória. Para o infante João Gerson, que festeja 14 anos de idade, e para o meu pai José, que amanhã aniversaria também. A ambos, vida longa e saudável – em todos os sentidos.

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Águia segue ladeira abaixo

E o Águia, como mais ou menos previsto, perdeu outra. Com um gol logo no começo – Frontini aos 8 minutos – como virou marca registrada do time nesta Série C. Agora, com 6 pontos e na lanterna, o Azulão só se salva se vencer cinco dos seis jogos restantes. Detalhe: não venceu nenhuma partida até aqui.

Por quem as panelas batem

POR ANTONIO PRATA

Temos toda a razão de bater panelas quando a presidente aparece na TV dizendo que a culpa por nossa pindaíba é da crise internacional. Mas por que não batemos panelas quando Eduardo Cunha, o líder dos “black blocs” brasileiros, vândalo que faz política com pedras, bombas e coquetéis molotov, vai em rede nacional dizer que trabalha “para o povo”, “sempre atento à governabilidade do país”?

CMjXKVIWIAEch88Temos toda a razão de bater panelas contra a corrupção da Petrobras. Mas por que não batemos panelas contra o mensalão mineiro ou o cartel do metrô paulistano? Por que não batemos panelas contra a compra de votos para a reeleição do FHC? Por acaso pagar apoio na Câmara é mais grave do que pagar emenda na Constituição?

Temos toda a razão de bater panelas contra o retrocesso econômico de 2015. Mas como podemos não bater panelas contra o anel de pobreza que desde sempre engloba as metrópoles brasileiras, essa Faixa de Gaza de tijolo aparente, essa Cabul de laje batida onde se amontoa boa parte da população?

Temos toda a razão de bater panelas quando o governo se cala diante dos descalabros venezuelanos e da ditadura cubana. Mas por que não batemos panelas diante do fato de nosso principal parceiro comercial ser a China, maior ditadura do planeta? O tofu que alimenta aquela tirania é feito com a nossa soja e os fazendeiros, ruralistas e empresários que acusam a “venezualização” do Brasil são os mesmos que lucram com o dinheiro comunista. Ninguém bate woks por causa disso?

Temos toda a razão de bater panelas contra o estelionato eleitoral do PT. Mas por que não batemos panelas contra o estelionato eleitoral do PSDB, que elege repetidamente um governador tipo “gerente”, prometendo “e-fi-ci-ên-ci-a” em cada sílaba, mas coloca São Paulo à beira do co-lap-so-hí-dri-co”? Um cristão cuja polícia, não raro, participa de grupos de extermínio, na periferia. Esta semana, foram 18 chacinados em Osasco e Barueri. Imagina se fosse no Iguatemi? E o estelionato das UPPs, no Rio, que prometem paz, mas torturam um cidadão até a morte e somem com o corpo?

“Não, não, isso não! Me mata, mas não faz isso comigo!”, gritava o Amarildo, segundo um policial que testemunhou a barbárie, dentro de um contêiner. Como pode a nossa maior preocupação em relação ao Rio, hoje, ser com a qualidade das águas para as Olimpíadas de 2016? Cadê o Amarildo? Cadê as panelas?

Temos toda a razão de sair pra rua, neste domingo, para protestar contra a incompetência, a corrupção e a burrice do governo. Mas por que não sair pra rua para protestar contra a incompetência, a corrupção e a burrice do país como um todo? Um país que mata seus jovens, sonega impostos, polui, compra carteira de motorista, licença ambiental, alvará, dirige pelo acostamento, estupra, espanca e esfaqueia mulher (mas retira a discussão de gênero do currículo escolar), um país onde os negros correspondem a 15% dos alunos universitários e a 67% da população carcerária.

Este ódio cego, esta parcialidade hipócrita, este bombardeio cirúrgico que pretende eliminar o PT –e só o PT– para “libertar o Brasil”, empoderando Renan Calheiros e Eduardo Cunha, não é o desabrochar da consciência cívica, é mais um fruto da nossa incompetência, mais uma vitória da corrupção; palmas para a nossa burrice.

Histórias do mundo da bola

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Seleção da Inglaterra realiza a saudação nazista antes de um jogo em Berlim, em 1938, diante de 100 mil torcedores.

Palmeiras sofre virada, mas reage e vence Flamengo

Capitão Max prega atenção contra o Náutico

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Apesar de ser simbólica, a vice-liderança geral do Remo, que tem a segunda melhor campanha entre todos os clubes da Série D do Brasileiro, vem deixando o elenco azulino motivado. Um status que para o capitão do time, Max, não significa aumento de pressão. Pelo contrário, para ele a boa campanha até agora deve servir de estimulo para que os remistas acreditem mais ainda no sucesso do grupo na competição.

– Não acho que seja um peso a mais para a gente. Temos um primeiro objetivo que é classificar e depois queremos nos classificar bem para decidirmos em casa. Então é procurar manter o que estamos fazendo nos jogos para somarmos o máximo de pontos possíveis e seguirmos no objetivo de levar o Remo à Série C.

O próximo adversário dos azulinos é o Náutico-RR, que ainda não venceu nenhuma partida sequer na competição. Apesar disso, o capitão do Remo pede atenção dobrada no confronto que vai acontecer nesta segunda-feira.

– O Náutico-RR ainda não venceu, mas já criou dificuldades para seus adversários e jogando lá sabemos que vai ser mais difícil. Portanto é ter muita atenção, assim como em todos os jogos, para colocar nosso melhor futebol em prática e buscar um resultado positivo.

A partida desta segunda-feira, às 22h30, terá transmissão ao vivo da RBATV. (Da MMSports/Foto: MÁRIO QUADROS)

Documentos da era de ouro do rock

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POR JAMARI FRANÇA, via Facebook

beatlesPeguei no Face da querida Lizzie Bravo este link do site Smoking Gun, que publica os contratos das bandas e artistas. Este dos Beatles mostra a simplicidade de uma banda que estava mega estourada na América na turnê de 1965. Pedir duas limusines de sete lugares com “ar condicionado, se possível” é muito engraçado. O mais importante em minha opinião era o cuidado que tinham em dizer numa cláusula que não tocavam para plateias segregadas. Já que estavam na América racista, não aceitavam tocar onde fosse proibida a entrada de negros. Os ingressos custavam de quatro a seis dólares e a banda ficava com 65% do bruto, deduzidos os impostos. Eram duas apresentações, às 16h e 20h30. Na época eram shows de 25 minutos ou meia hora, um que peguei agora, de Chicago, 1965, tinha 12 músicas. É um documento interessante da aurora do rock business.

O setlist
Twist and Shout
(The Top Notes cover)
Baby’s in Black
She’s a Woman
I Feel Fine
Dizzy Miss Lizzy
(Larry Williams cover)
Ticket to Ride
Everybody’s Tryin’ to Be My Baby
(Carl Perkins cover)
Can’t Buy Me Love
I Wanna Be Your Man
A Hard Day’s Night
Help!
I’m Down

Metamorfose ambulante

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POR GERSON NOGUEIRA

O Remo está invicto e se posiciona em primeiro lugar no grupo 1 da Série D. Apesar da boa campanha, vai continuar sofrendo mudanças na escalação. O técnico Cacaio é adepto da tese de que em time que está ganhando também se mexe. As modificações atendem a questões pontuais, como a condição do campo para o jogo contra o Náutico de Roraima.

Pela necessidade de ter um time forte, capaz de resistir bem ao gramado pesado, Cacaio tende a usar três volantes – Ilaílson, Leandro e Chicão – e mais Eduardo Ramos no meio-campo. No ataque, a dupla Rafael Paty/Aleílson é a mais cotada. Ambos são jogadores acostumados a campos de várzea, daí a opção preferencial feita pelo treinador.

Nos últimos treinos da semana, a formação titular foi bastante alterada, com a entrada de Levy na lateral-direita, reabilitado depois do gol marcado contra o Nacional na Arena Amazônia.

O grande destaque e alma do time nesta Série D tem sido Eduardo Ramos, que voltou a jogar bem e a assumir o papel de condutor do meio-campo, além de aparecer frequentemente para finalizar. Pela boa fase, a estrutura gira em torno do camisa 10, permitindo que Cacaio possa eventualmente revezar outras peças na própria meia-cancha.

Contra o franco-atirador Náutico, lanterna da chave, Leandro Santos, que entrou como titular contra o Nacional, deverá se ocupar da proteção à zaga, ao lado de Ilaílson, que pela versatilidade também pode aparecer na lateral-direita. Bom no passe e nas assistências ao ataque, Chicão terá contra o Náutico uma função mais adiantada, devendo atuar próximo de Ramos e dos atacantes.

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O Remo encara o jogo como decisivo para garantir o primeiro lugar na classificação no grupo e, se possível, a primeira colocação geral na competição. Nas participações anteriores, por não conseguir terminar na liderança, sofreu nos confrontos de mata-mata. Em função disso, a comissão técnica elegeu como prioridade lutar pela primeira posição, condição que permitirá encarar adversários menos credenciados e com direito a fazer o segundo jogo sempre em Belém.

Os incidentes de vestiário do pós-jogo em Manaus parecem definitivamente superados, embora sirvam de lição para a continuidade da disputa. Ficou claro, pelo firme posicionamento de atletas e comissão técnica, que destemperos verbais de dirigentes não serão mais tolerados.

Em conversas internas, tudo ficou esclarecido, mas é grande a preocupação da direção do clube em evitar que barbeiragens do gênero possam vir a comprometer o projeto de acesso à Série C. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

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Talento para driblar as dificuldades

Segundo o amigo Jorge Anderson, Neymar é tão bom nos dribles que consegue se esquivar de todas as roubadas que surgem pelo caminho. De fato, o habilidoso atacante do Barcelona tem sido poupado de dissabores em sua ainda curta carreira.

Lesionado na partida contra a Colômbia, acabou escapando do fiasco histórico contra a Alemanha na Copa. Na recente Copa América, foi suspenso pela Conmebol e não participou da vexatória eliminação diante da seleção paraguaia.

Finalmente, na sexta-feira, o craque confirmou a boa estrela: acometido de papeira, foi poupado da surra de 4 a 0 que o Barça tomou do Athletic Bilbao na Supercopa da Espanha. O detalhe é que os outros dois astros do time, Messi e Luiz Suárez, estavam em campo.

Craque de verdade sabe jogar com e sem bola – é o que eu digo sempre.

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A saga do maior clássico do mundo

O confrade Ferreira da Costa convida para o lançamento de seu novo livro, “Remo x Paysandu – Uma Guerra Centenária”, no próximo dia 24 de agosto, das 17h às 21h, na Livraria Leitura (Shopping Pátio Belém).

A obra traz fotografias históricas e estatísticas do grande clássico, o mais disputado do futebol mundial, com 733 jogos (256 triunfos remistas, 248 empates e 229 vitórias bicolores). Quarentinha é o recordista de participações no choque-rei, com 145 jogos.

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Direto do Twitter

“Consta que os árbitros ameaçam entrar em greve por conta dos direitos de imagem. O Corinthians, em solidariedade, não entrará em campo”.

Ricardo Pereira, sobre a fina sintonia entre o Timão e a turma do apito.

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Bola na Torre

Guilherme Guerreiro comanda a atração, com participações de Giuseppe Tommaso e este escriba de Baião, tendo Pikachu (PSC) como convidado. O jogador está completando 200 jogos com a camisa alviceleste.

Em pauta, as campanhas de Papão, Águia e Leão nos certames brasileiros das séries B, C e D, respectivamente. O programa começa logo depois do Pânico na Band, por volta de 00h10.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIARIO deste domingo, 16)