Campeonato Brasileiro da Série B 2015
Luverdense x Paissandu – Lucas do Rio Verde, 20h30
Na Rádio Clube, Geo Araújo narra; Gerson Nogueira comenta. Reportagem – Dinho Menezes, Valdo Souza. Banco de Informações – Jerônimo Bezerra
O técnico Cacaio ganhou uma nova opção para a defesa e o setor de marcação. O volante e zagueiro Tsunami, de 19 anos, oriundo das divisões de base do clube, firmou contrato por dois anos e já está incorporado ao elenco que disputa a Série D. A notícia do acerto com Tsunami chega no momento de definição do time para o jogo de segunda-feira à noite em Manaus contra o Nacional-AM.
O jogador se destacou nos times sub-17 e sub-20 e foi negociado com o Cruzeiro, onde ficou por três meses. De volta ao Evandro Almeida, foi aprovado por Cacaio e foi imediatamente incluído no elenco. O gerente de Futebol Fred Gomes observou que, pelo potencial que tem, Tsunami merece o contrato de dois anos, sendo que passa a ser também uma aposta do clube para futuras transações. Polivalente, ele pode atuar como zagueiro, primeiro volante e lateral-esquerdo.
O clube também acertou a rescisão de contrato com o lateral George Lucas, que veio no começo da temporada, mas jamais se firmou no time titular, principalmente pelo histórico de lesões. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
POR GERSON NOGUEIRA
Tem o Papão hoje à noite, em Lucas do Rio Verde, nova chance de retornar ao grupo de acesso da Série B. Terá pela frente o Luverdense, equipe arrumada mas que não cumpre grande papel no campeonato. Acontece que a Segundona é sujeita a altos e baixos, surpresas sem conta, a partir de seu grande equilíbrio. Equipes posicionadas na parte inferior da tabela conseguem engrossar com os que lideram a classificação.
Cabe, portanto, ao técnico Dado Cavalcanti todo cuidado nesta visita ao interior do Mato Grosso. Em primeiro lugar, mais do que superar os donos da casa, o Papão precisará vencer sua instabilidade atual. Nas três últimas rodadas, a equipe oscilou muito de rendimento. Saiu para enfrentar o CRB e foi fragorosamente derrotada, sofrendo um revés inesperado em tarde de atuação apagada, tanto coletivamente quando no plano individual.
Na jornada seguinte, com um desenho tático diferente, passou bem pelo América-MG, um dos candidatos ao acesso. Atacou com três homens (Misael, Leandro Cearense e Welinton Jr.), que também participavam do bloqueio à saída de bola dos americanos. O expediente funcionou, fazendo com que o time de Givanildo Oliveira não tivesse meios de reagir.
Quando todo mundo imaginava uma nova grande exibição contra o Mogi Mirim, na sexta-feira da semana passada, veio a frustração. Apesar de escalado do mesmo jeito, o time não reeditou a movimentação que surpreendeu o América. O empate em 1 a 1 deteve a recuperação na tabela e inquietou a torcida.
Contra o Luverdense, que vem de um empate satisfatório diante do Botafogo no Rio, a estratégia de Dado parece não ter sofrido mudanças, embora possa alterar nomes na escalação. O fato é que as últimas rodadas do turno exigem mais arrojo na tentativa de obter pontos fora de casa. Numa competição marcada por resultados caseiros, ganha destaque e se sobressai o time que se impõe como visitante.
Com um ponto a menos que o Bahia, primeira equipe dentro do G4, o Papão terá que reeditar as boas jornadas iniciais, quando saiu vitorioso duas vezes jogando fora de seus domínios. Para isso, será preciso também apresentar um posicionamento mais compacto entre os setores, sem bruscas quedas de rendimento ao longo da partida.
Com zaga eficiente, principalmente quando conta com a dupla Gualberto e Tiago Martins, o sistema defensivo se completa com os volantes Ricardo Capanema e Fahel. O primeiro tem sido o mais regular jogador do elenco, acumulando atuações impecáveis e se tornando uma espécie de termômetro da equipe.
Pelo lado direito, persiste a dúvida quanto ao papel de Pikachu e arrisco dizer que o campeonato vai terminar sem que se saiba exatamente onde o jogador deve ser posicionado. Vai sempre bem quando se sente liberto de compromissos com a marcação, mas não corresponde quando é obrigado a acompanhar os atacantes adversários. Contra o Mogi foi facilmente batido no lance do gol dos visitantes.
Dado precisa encontrar uma fórmula, talvez utilizando Jonathan como suporte, que possibilite a Pikachu a liberdade necessária para render em alto nível. Em competição tão difícil, o Papão não pode abrir mão de seu maior talento.
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Mercado da bola: disparate de cifras
Para assombro planetário, jornais britânicos não cansam de especular que o atacante galês Gareth Bale pode ser negociado pelo Real Madri com o Manchester United pela quantia inacreditável de R$ 580 milhões.
Diante de tamanha insanidade, visto que Bale é não mais que um bom jogador, quase mediano, fico a matutar sobre qual seria o valor de uma transação hoje envolvendo jogadores como Diego Maradona, Ronaldo e Romário no auge da forma física e técnica.
Nem dá para imaginar o valor estratosférico que seria exigido (e pago) por alguns desses super craques.
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Noite de glória e fuxico
Transcrevo o texto remetido com exclusividade à coluna pelo meu compadre Waldemar Marinho, padrinho do infante João Gerson, que se encontra a passeio na capital argentina e testemunhou na noite de quarta-feira uma explosão de alegria típica da emoção à flor da pele que caracteriza os hermanos.
“De Buenos Aires, o Correspondente de Guerra para o compadre Gerson Nogueira: River Plate e Marcelo Gallardo. Difícil ignorar um ao falar do outro. A dupla – mesmo sem contar com o treinador, suspenso, na beira do campo – voltou a funcionar, e os Millonarios a reinarem no continente sul-americano. Dezenove anos depois, o clube voltou a conquistar a Copa Libertadores da América; dominar, na verdade, já que a equipe também é a atual campeã da Copa Sul-Americana, título obtido no final do ano passado. Noite de glória para eles e de inferno para nós. Eles chegaram logo depois da meia noite desta quinta-feira, assim que o jogo acabou. Vieram para a Praça do Obelisco na avenida 9 de Julho, considerada a mais larga do mundo. Nosso hotel está localizado bem no meio desse fuxico. O Ministério da Cultura mantém no ar um enorme telão para los hermanos acompanharem essas grandes ocasiões. Vibrantes, fanáticos, enlouquecidos, não nos deixaram dormir a noite inteira. Àquela hora da noite, olhamos pela janela e vimos famílias inteiras das imediações caminhando em direção ao monumento. Até crianças. E o mais interessante: cinco e meia da manhã e eles continuavam dançando e gritando palavras de ordem da arquibancada como se ainda estivessem vendo o jogo. É certo que fazia dezenove anos que não conquistavam esse título, mas precisavam fazer todo esse barulho? Detalhe: tudo isso por debaixo de muita chuva e frio e sem uma só ocorrência policial. No final, já com o dia amanhecendo, roucos de tanto gritar, eles finalmente foram embora. E eu fiquei com uma desagradável sensação: brasileiros, me desculpem, mas atualmente, aqui é o país do futebol. Nunca vi tanto fanatismo. Adelante, Brasil!”.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta sexta-feira, 07)
POR PAULO NOGUEIRA, no DCM
Xico Sá é um exemplar do jornalista ideal: imparcial e apartidário. Ninguém pode acusá-lo de ser patrocinado pelo PT, ou por que partido seja. Ele é patrocinado, caso raro no jornalismo brasileiro moderno, pela própria consciência.
Fora estes atributos, é um sujeito inteligente, agudo, sagaz. E franco.
Por isso tudo, deve-se ouvi-lo com atenção.
Poucas vozes captam com tamanha precisão o estado da mídia brasileira. Não só da mídia, a rigor – mas da cena política nacional.
Nas últimas horas, Xico Sá produziu alguns haicais – como eram conhecidos os poemas sintéticos japoneses – que jogam luzes nas sombras da Lava Jato.
Ele os postou no Twitter.
Grande juiz Moro/ só no cu fácil da vaca/ jamais no cu do touro.
Clap, clap, clap. De pé.
Mil linhas que você pode escrever não substituem o haikai de Xico Sá.
Mais que um poema, é um lamento, um manifesto pungente, um grito de indignação pelo que está acontecendo no Brasil.
Que Justiça é esta? Que mídia é esta?
Ninguém pode acusar Xico Sá de ser petista, torcedor, militante.
Ele é apenas um jornalista honrado que se cansou de ver tanta sujeira no país em favor da plutocracia.
Ele vem, aos poucos, no Twitter, mostrando bastidores da mídia que o grande público ignora.
Contou nesta terça, por exemplo, que em seus tempos de jovem repórter havia dois personagens “indenunciáveis”.
Quer dizer: nenhum jornalista podia falar mal deles que o patrão não deixava.
Eram Serra e Romeu Tuma. Serra é Serra e Tuma, “grande fonte” de Xico, foi um homem poderoso na polícia.
Por que Tuma era blindado?
Segundo Xico, por gratidão pelos serviços prestados. Tuma foi vital, na narrativa de Xico, para que as empresas de jornalismo importassem equipamentos para as redações a partir de 1975.
Sem pagar impostos.
Alguns tuítes de Xico sobre o tema:
1) “O bravo Tuma importou ilegalmente os equipamentos para o Brasil.”
2) “Que tal pedir para a mídia metida a honesta que apresenta nota fiscal do equipamento importado de 1975 para cá?”
3) “O maior personagem da mídia brasileira é Romeu Tuma, minha grande fonte. Importou os equipamentos para Estadão, Globo e Folha.”
Você tem que ser muito cínico, hoje, para trabalhar nas grandes corporações de mídia.
Xico Sá não aguentou.
Ainda bem para a sociedade, que por ele pode saber de coisas que permaneriam escondidas por toda a eternidade.
À beira da extinção, informação e curtição sem perder o sinal do Wi-Fi.
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