
POR GERSON NOGUEIRA
O sorteio dos confrontos pelas oitavas da Copa do Brasil coloca o Papão frente a frente com o Fluminense, um dos grandes do futebol brasileiro e também um dos que mais tem investido em reforços. Alguns até já em fase crepuscular na carreira, como Ronaldinho Gaúcho. Ainda assim, um jogador com grande apelo junto ao público e que certamente será uma das atrações no confronto previsto para o dia 25 de agosto, em Belém.
O primeiro aspecto a ser destacado é a chance preciosa que o Papão tem de garantir excelente faturamento, podendo arrecadar até R$ 2 milhões só com a bilheteria do jogo. Há, ainda, a possibilidade de ganhos agregados com promoções e patrocínios exclusivos para os jogos com o Flu.
Ao mesmo tempo, cabe destacar as possibilidades de classificação às quartas-de-final da competição. O representante carioca é o favorito, não apenas por estar na 1ª Divisão, mas porque dispõe de um orçamento até 20 vezes maior que o do Papão, o que lhe permite ter uma equipe de alto nível.
Na disputa da atual Série A, a equipe tricolor já tropeçou inúmeras vezes com adversários do mesmo porte do Papão, revelando fragilidades. Na semana passada, perdeu para o Goiás, que se encontra na zona do rebaixamento. Na Copa do Brasil do ano passado, o Flu foi fragorosamente eliminado pelo América-RN com uma retumbante goleada no Maracanã.
É claro que com a contratação de Ronaldinho, juntando-se a Fred, Oswaldo, Wellington Paulista e o garoto Gerson, o time ganhou em importância, ficou visível aos olhos do país e passa a ser visto como um aspirante direto ao título brasileiro e da Copa do Brasil.
Há, ainda, o fator histórico. O Fluminense leva ampla vantagem no retrospecto sobre o Papão, tendo vencido 13 dos 27 jogos. Foram apenas três vitórias bicolores e nove empates. Nada disso, porém, permite cravar favoritismo absoluto.
O Papão tem chances e arrisco dizer, caso fosse palpite para a loteria esportiva, que as probabilidades são de 60 a 40 pró-Flu. Nas redes sociais, ontem, depois do sorteio realizado pela CBF, ecoou um certo sentimento de aceitação tácita de uma eliminação diante do Tricolor de Nelson Rodrigues.
Além de reavivar o complexo de vira-lata, essa sensação de derrota antecipada não condiz com a própria história do Papão, acostumado desde sempre a reverter favoritismos e a lograr façanhas aparentemente impossíveis. O que houve no Castelão em 2002 na decisão da Copa dos Campeões serve de lição. O mesmo valendo para a épica vitória sobre o Boca Juniors em La Bombonera um ano depois.
A presença de Ronaldinho Gaúcho responde seguramente por boa parte desse rastilho de baixo astral. Aos que temem o camisa 10 talvez não ocorra que ele há alguns anos já cultiva uma predileção especial pelo pagode e a doce vida.
R10 merece respeito pelo passado e atenção pela grande habilidade, mas está longe daquele jogador decisivo e mortal dos tempos de Barcelona. Requer vigilância e boa marcação, funções que um Ricardo Capanema pode exercer tranquilamente nos dois jogos. Fundamental é saber, como ensinado há séculos, ninguém morre de véspera – principalmente em futebol.
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Direto do blog
“Grande Papão. Depois do grande feito seguiu adiante. Brilhou ainda mais fora das terras médias paraoaras e até além da terra brasilis. Trombou, caiu feio, foi ao fundo do poço… soergueu-se. Conquistou dois acessos, disputou e decidiu competições de monta. Tem seus jogos televisionados, arquitetou e fez crescer um bom programa de sócio-torcedores, tem uma boa parceria com uma das maiores empresas de material esportivo do mundo que lhe rende uma excelente loja especializada em artigos oficiais do clube, está aos poucos organizando a venda de ingressos para as partidas nas quais é o mandante. O Paysandu, quer se queira ou não, é a referência de êxito por estas bandas e por deter muitos bons exemplos. Como bem disseram comandos alheios ao alviceleste, “está 10 anos à frente”. Ser bicolor é de dar orgulho!”.
Daniel Malcher, agradecendo aos deuses da bola pela conquista da Copa dos Campeões pelo Papão, há 13 anos.
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Símbolos bicolores em alta
Em programa da ESPN ontem, Paulo Calçade disse que a camisa e o escudo do Paysandu estão entre os mais bonitos que ele já viu. Obteve a concordância de Mauro Cézar Pereira e Juan Pablo Sorín. É sempre bom ouvir quem fala bem de nossas coisas.
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À procura de uma referência
O Remo ainda busca um centroavante para completar o elenco que disputa a Série D. O gerente de Futebol, Fred Gomes, e o técnico Cacaio têm repetido essa preocupação. A necessidade aumentou na medida em que se acentuou a ausência de um atacante de referência na área para revezar com Rafael Paty. Apesar de oportunista e de ter boa impulsão, Paty não é exatamente um especialista no jogo aéreo, recurso natural de todas as equipes disputantes de torneios nacionais hoje.
Por supostas desavenças internas, o Remo abriu mão de um jogador talhado para esse tipo de jogada. Val Barreto, depois de Robinho, foi o atacante que mais se identificou com a torcida justamente pelo talento para marcar gols inesperados e importantes. O desafio é encontrar um substituto do mesmo nível no concorrido (e inflacionado) mercado nacional.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 05)