Quem sabe, sabe…

“Bombas são assim domesticamente inofensivas, ‘caseiras’, até que matam uma dona Lida, uma criança na calçada, ou moradores de rua, que para eles o azar não tem fim. Bombas não costumam ser solitárias. É bem possível que a bomba de agora seja vista, depois, como um ponto inicial. Nem sugiro de quê.”

De Janio de Freitas, sobre a bomba atirada no prédio do Instituto Lula, em SP.

Torcida apoia como pode

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Torcida do Remo acompanhando o jogo contra o Náutico, direto de Paragominas, pelo telão no estádio Evandro Almeida.

Remo x Náutico (comentários on-line)

Campeonato Brasileiro da Série D 2015 

Remo x Náutico (Roraima) – Arena Verde, em Paragominas, 18h30

Rádio Clube _ IBOPE_ Segunda a Sexta _ Tabloide

Na Rádio Clube, Carlos Gaia narra, Carlos Castilho comenta. Reportagens – Paulo Caxiado e Giuseppe Tommaso.

Campeonato Brasileiro da Série C 2015

América-RN x Águia – Arena das Dunas, em Natal, 18h30

Plantão Rádio Clube: Jorge Anderson 

Esqueçam Goebbels, o PIG é “made in Brazil”

POR FÁBIO DE OLIVEIRA RIBEIRO, no Jornal GGN

Aqui mesmo no GGN vi um artigo interessante sobre a gênese nazista do PIG (Os 11 princípios de Goebbels e o caso brasileiro). A interpretação é plausível, mas não conseguiu me convencer. Creio que não é preciso ir à Alemanha de Goebbels para encontrar a origem dos princípios referidos no texto. Muitos deles  foram extraídos da História do Império Romano e chegaram ao Brasil com os colonos portugueses:

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1.- Principio da simplificação e do inimigo único

Os romanos chamavam de “bárbaros” todos os povos que viviam nas “terras incógnitas” (além das fronteiras). Eles eram desprezados e, desde Políbio, deveriam ser civilizados, romanizados por Roma.

Cá chegaram uns colonos portugueses que descendiam de tribos lusitanas reduzidas à submissão por Roma que foram se misturando aos soldados romanos enviados para a Lusitânia. Eles tratavam centenas de povos por “índios”, muito embora não estivessem na Índia. Os costumes destes povos eram desprezados, as diferenças entre eles eram irrelevantes. Como os “bárbaros” europeus 15 séculos antes, os “índios” deveriam ser submetidos, civilizados ou exterminados.

2.-Princípio do contágio

Os romanos temiam o contato com os “bárbaros” e só se sentiam seguros quando eles eram romanizados. Os colonos portugueses detestavam os “índios” e muitos dos seus descendentes, que tem ancestrais indígenas, seguem odiando o “índio” que não aceita a civilização brasílica.

3.-Princípio da Transposição

Transladar todos os males sociais a este inimigo. O mal não estava no fato de Roma matar e escravizar os “bárbaros” e sim no fato deles colocarem em risco a civilização romana. O mal não estava na colonização ou nos colonos portugueses e sim nos habitantes originais de Pindorama.

4.-Princípio da Exageração e desfiguração

Se um bárbaro matava um romano isto era um genocídio que justificava genocídios. Se um índio matava um colono toda a tribo merecia ser exterminada. Foi o que ocorreu com os Caetés que devoraram Dom Pero Fernandes Sardinha.

5.-Princípio da Vulgarização

É perceptível a forma diferente como Tito Lívio trata os romanos e seus contrários. Os cartagineses, por exemplo, são descritos como “pérfidos”, “incivilizados”, “sedentos por sangue e ouro”, ao passo que os romanos defendem os direitos de Roma e propagam a civilização romana e foram injustamente combatidos. A guerra foi declarada por Cartago e não por Roma, muito embora Sagunto (cidade cuja disputa acarretou a II Guerra Púnica) estivesse em território cartaginês e não romano.

O mesmo padrão pode ser visto nas crônicas antigas. Os pobres colonos são descritos como vítimas de índios bravios que montavam emboscadas, utilizavam flechas envenenadas e queimavam pimenta para envenenar o ar que os civilizados respiravam antes de atacar.

6.-Princípio da Orquestração

Os romanos eram especialistas em divulgar boatos para justificar o recrutamento de exércitos entre os plebeus. Os portugueses que cá chegaram faziam o mesmo para recrutar tropas auxiliares entre os índios.

7.-Principio da Renovação

Julio Cesar sempre usou despachar correios para Roma a fim de que seus feitos na Gália e na Espanha fossem conhecidos e louvados. Os comunicados sempre davam conta da magnanimidade de César e das dificuldades que ele encontrava para submeter a Gália e a Espanha à Roma. Os portugueses também tinham seus correios e intensificavam as notícias sobre índios bravios e negros fugidos para justificar expedições punitivas a fim de conquistar territórios desejados.

8.-Princípio do Verossímil

Os pares perfeitos de opostos são uma constante do processo de civilização de matriz romana que cá chegou com os colonos portugueses:

Romano = civilização = verdade // Bárbaro = incivilização = perfídia/falsificação

Colono = civilização = verdade // Índio = incivilização = perfídia/falsificação

9.-Principio do Silêncio.

Ocultar toda a informação que não seja conveniente. Roma ocultava os males do vinho quando introduzia o produto nas tribos que desejavam viciar e submeter. Os colonos ocultavam os males da cachaça que distribuíam fartamente entre os índios e os negros para mantê-los cativos ou dependentes.

10.-Principio da Transferência

Potencializar um fato presente com um fato passado. Sempre que se noticia um fato se acresce com um fato que tenha acontecido antes. As agressões sofridas por Roma sempre justificaram as novas guerras romanas. As agressões sofridas pelos colonos sempre justificavam as novas agressões contra novos índios.

11.-Princípio de Unanimidade

Este é o único princípio moderno que pode ser atribuído a Goebbels, pois para Roma e para Portugal a unanimidade diante do “bárbaro” e do “índio” só podia ser conseguida mediante a submissão ou extermínio.

O PIG não é um produto tardio importado da Alemanha Nazista. Ele foi construído a partir das referências culturais entranhadas na própria História do Brasil. Ignorar sua origem brasílica é parte do problema, pois não se pode destruir algo que não é reconhecido como próprio da nossa identidade cultural.

Leão tem missão de risco

POR GERSON NOGUEIRA

O Remo tem missão curiosa neste domingo em Paragominas. Precisa dos três pontos para seguir na liderança e terá pela frente a equipe mais frágil do Grupo 1 da Série D. O Náutico de Roraima perdeu pontos por escalar jogadores em situação irregular e veio para o jogo com dificuldades até para compor o banco de suplentes. Se em condição normal já seria um adversário pouco cotado, com a punição virou o azarão da chave.

unnamedÉ aí que mora o perigo da coisa. Equipes em situação de desesperança costumam jogar também sem maior pressão ou responsabilidade, o que pode permitir atuações bem mais ousadas. O futebol tem incontáveis exemplos de times aparentemente desenganados que, de repente, se superam e conseguem surpreender favoritos destacados.

Diante disso, o Remo entrará em campo consciente de que um empate já será resultado desastroso para as suas pretensões na fase inicial da Série D. Com isso, aumenta naturalmente o grau de ansiedade e risco. Enfrentar um franco-atirador é sempre temerário, mesmo que seja o combalido Náutico.

Para neutralizar as dificuldades, o Remo terá que mostrar postura resoluta, agressiva desde os primeiros minutos. De preferência, deve se empenhar para não repetir as hesitações e falhas de finalização que quase complicaram as coisas contra o Rio Branco, há duas semanas.

Naquela ocasião, mesmo com formação ofensiva, o time se perdeu em jogadas improdutivas, chutou poucas vezes a gol e desperdiçou todas as chances surgidas no primeiro tempo. Apanhou também das condições do gramado, muito seco, que dificultava o controle da bola. Foi achar o gol aos 28 minutos da etapa final, em cobrança de escanteio, quando o desespero já assolava a equipe.

Passado o nervosismo da estreia em casa, cabe ao time atuar como mandante e time grande da chave. Algumas vezes, o Remo passa a ideia de temer adversários de menor tradição e com elencos limitados.

Cacaio definiu o time com Juninho e Eduardo Ramos na criação, com Rafael Paty e Welthon na frente. É uma aposta no velho.  esquema 4-4-2 que rendeu bons frutos ao Remo e ao próprio Cacaio nas competições do primeiro semestre. À frente da zaga, estarão Ilaílson e Chicão, sendo que este tem características que casam bem com a movimentação e habilidade de Juninho.

Na lateral direita, Gabriel entra jogando, o que deve corrigir um dos sérios problemas do Remo atual: a ausência de força pelos lados do campo. Nos jogos anteriores, Cacaio viu-se forçado a improvisar Ilaílson na direita, enfraquecendo o apoio ao ataque.

É uma boa chance para a equipe se ajustar de vez na competição, mas sem esquecer das falsetas que o futebol gosta de pregar em favoritos.

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Faltou talento para evitar prejuízo em casa

Foi frustrante para os quase 20 mil torcedores que foram ao Mangueirão na sexta à noite. Para quem esperava uma reprise da boa atuação contra o América-MG, o Papão ficou devendo – muito – diante do vice-lanterna Mogi Mirim. Não se viu nem sinal da bem tramada movimentação dos atacantes que tanto contribuiu para a vitória de terça-feira. Faltou também apuro nas finalizações, embora as oportunidades tenham aparecido.

Apesar do gol logo de cara, a atuação evidenciou a limitação que o elenco impõe a Dado Cavalcanti. Como não dispõe de um homem criativo para organizar o jogo, o técnico tem que apostar no fraco Carlos Alberto, arriscar com um novato (Valdívia) e rezar por um lampejo de Pikachu.

Quem cuida das contratações no Papão parece crer que o ataque é a solução para todos os problemas. Nem sempre. É preciso entender que no futebol moderno tudo começa e acaba na meia-cancha. Sem vida inteligente naquela faixa do campo, pouco se pode esperar de um time. É possível até ganhar alguns jogos, mas é improvável chegar mais longe, principalmente em campeonato de pontos corridos.

O Papão tem hoje nove atacantes, já contando com Betinho, mas não tem um meia-armador para chamar de seu. Contra o Mogi Mirim, equipe aplicada e rápida, Carlos Alberto andava em campo. João Lucas era constantemente vencido na ala esquerda. Cearense voltou a ser o Cearense sem recursos. E, como Pikachu não estava em noite feliz, o time ficou na dependência de uma bola fortuita sobre a área, que não veio.

O lado preocupante da partida é que o Mogi deu sinais de exaustão, teve um zagueiro expulso no segundo tempo e ainda assim o Papão não foi competente para marcar o segundo gol. Diante de um adversário caindo pelas tabelas, Dado voltou a mexer com muito atraso, chegando a fazer a última substituição a cinco minutos do final. Série B requer, também, decisões rápidas.

Nos últimos seis jogos, o Papão só venceu uma vez e contabilizou cinco pontos em 18 disputados. É pouco.

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Direto do blog

“A gente torce, vibra e se desespera, mas a qualidade técnica fala mais alto, quem olha o Papão jogar vê que é muito difícil um time subir jogando somente com lançamentos longos para os atacantes correrem e o Leandro Cearense se bater com os zagueiros, e a bola sobrar em um lance fortuito para alguém empurrar para as redes. É pouco também viver só da bola parada. Hoje até quase tivemos um gol após os vários tiros de canto e na falta que sofreu o Valdívia e o Pikachu cobrou, mas sem dúvida é pouco para um time ascender à Série A através de pontos corridos. Espero mesmo é que time se mantenha na Série B e que se derem uma brecha, quem sabe com um pouco de sorte, o Papão suba”.

Raimundo Jaime, em diagnóstico realista sobre o plano de voo do Papão na Série B.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 02)