POR GERSON NOGUEIRA
Souza é quase uma unanimidade. Negativa. Desde que chegou ao Papão há cinco meses marcou apenas um gol, naquela tarde em que o São Francisco levou de 9 a 0 na Curuzu e que até Ricardo Capanema balançou as redes. Desde então, Souza virou mero figurante. Passou quase toda a fase inicial da Segundona vendo os jogos do banco de reservas.
Nos últimos quatro jogos, dois pela Série B e dois pela Copa do Brasil, virou titular absoluto. Passou em branco, pouco produziu pelo time, mas se manteve no time.
Dado Cavalcanti justifica a escolha pela experiência do atacante e a necessidade de rodar jogadores no elenco, a fim de garantir reposição e dar vez a todos os atacantes – e o Papão tem nove jogadores na posição.
Contra o Bahia, prendeu os zagueiros por algum tempo apenas. Até a dupla baiana perceber que o artilheiro já não chega junto nas divididas e aparenta não ter os mesmos reflexos de antes.
Já em Macaé, há duas semanas, a escalação surpreendeu a todos. Como se temia, não funcionou. Souza teve várias oportunidades, desperdiçando sempre. Perdeu de carimbar a condição de titular contra uma linha de defesa nervosa e atrapalhada.
Quando Misael perdeu o pênalti que ele mesmo havia sofrido e logo a seguir a defesa permitiu o segundo gol do Macaé, muitos se voltaram contra os que falharam nos minutos finais. Nada mais injusto. Se alguém deveria ser responsabilizado por aquela derrota era Souza, pelo desperdício de gols no primeiro tempo.
Os dois jogos válidos pela Copa do Brasil mostraram um Souza menos perdulário, mas ainda assim deixando passar duas grandes chances no jogo de ida. Felizmente, o placar de 3 a 0 permitiu que o time administrasse o jogo em Salvador, garantindo classificação.
Contra o Sampaio Corrêa, pela Série B, no último sábado, a participação foi novamente discreta. Não teve agilidade para aproveitar um rebote que em outros tempos certamente transformaria em gol. Ontem à tarde, em Maceió, teria nova oportunidade. Quem sabe não ocorre a redenção? (Por razões industriais, o caderno fecha antes do término da partida.)
Discute-se o que faz o Papão a gastar tempo e dinheiro (um bom dinheiro, sem dúvida) com um jogador que é apenas sombra do passado. Em meio a muitas especulações, penso haver um sincero esforço para que Souza venha a ser decisivo na fase aguda do campeonato, fazendo gols e readquirindo confiança. Isso tudo remete a um exemplo histórico no clube.
O investimento é bem mais vultoso, mas o objetivo lembra a aposta em Vandick, que também levou meses para deslanchar, transformando-se depois no mais importante (quanto a títulos) camisa 9 da história do Papão. O perigo é que nem tudo pode ser revivido na plenitude. Aliás, ensina Marx, a história se repete primeiro como tragédia, depois como farsa.
A conferir.
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Cacaio testa opções do Leão em Castanhal
O amistoso do Remo frente à seleção de Castanhal, hoje pela manhã, vale apenas pela movimentação do time e pelas experiências que o técnico Cacaio deve fazer, lançando três novatos e testando nova dupla de ataque. Como é tempo de férias e o horário não é dos mais favoráveis, a partida não deve atrair grande público, mas pode ser extremamente valiosa para o futuro do Remo na Série D.
A estreia dos alas Gabriel e Rodrigo Soares e do volante Leandro é aguardada com expectativa, pois são setores ainda carentes no atual elenco. Nas duas primeiras partidas, contra Vilhena e Rio Branco, a fraca participação dos alas foi determinante para o isolamento do ataque e a centralização do jogo.
Levy e Alex Ruan, os alas disponíveis no Baenão, são jogadores valorosos e de boa técnica, mas não atravessam fase favorável. Levy não tem sido usado como titular, muitas vezes dando lugar ao improvisado Ilaílson. Alex, de recente safra azulina, perdeu a pegada ofensiva que fazia dele um dos mais promissores alas do nosso futebol.
Gabriel vem para disputar posição com Levy na direita. Oriundo do Fluminense, tenta a sorte na Série D, pensando em voos maiores. Veio bem avalizado. Na esquerda, Rodrigo Soares é mais rodado, com experiência no futebol paulista. Também traz boas recomendações.
No ataque, Welton ganha chance ao lado de Rafael Paty. A oportunidade foi conquistada nos 20 minutos de presença contra o Rio Branco, sábado passado. Welton entrou bem, imprimindo nova dinâmica pelo lado esquerdo. Foi produtivo e superou o então titular Aleílson.
Caso mantenha regularidade, pode ser o atacante de lado tão necessário ao esquema de Cacaio para esta primeira fase da Série D.
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Uma sucessão de irresponsabilidades
Espaço aberto para a sempre abalizada participação do amigo Ronaldo Passarinho, grande benemérito azulino e um dos mais assíduos baluartes da coluna. Como conhecedor da matéria, ele esclarece a história recente da dívida do Remo junto à Justiça do Trabalho:
“Em janeiro de 2014, o presidente Zeca Pirão, para evitar bloqueios e o leilão do Carrossel, assinou um acordo com a Justiça do Trabalho comprometendo-se a pagar R$ 120 mil mensais. Pagou as duas primeiras e deixou pendentes dez meses, totalizando R$ 1,2 milhão. Após a eleição do Pedro Minowa, para evitar execução, comprometeu quatro parcelas do patrocínio da Funtelpa, sendo 2 em 2015 e 2 em 2016. Não pagou nenhuma. A consequência: bloqueio total e leilão do Carrossel, em decisão unânime do Pleno da JT. Esta é a verdade. Considero os dois presidentes irresponsáveis na condução dos problemas do clube. O Remo precisa ultrapassar esta barreira de silêncio”.
Simples assim.
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Bola na Torre
Guilherme Guerreiro comanda a atração a partir de 00h10, na RBATV, com a participação de Valmir Rodrigues, João Cunha e deste escriba de Baião. Futebol paraense na mesa de debates, como sempre.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 26)