Sufoco com final feliz

POR GERSON NOGUEIRA

O Bahia ganhou o jogo, mas o Papão levou porque fez mais gols no cômputo final. Como ocorre tantas vezes na Copa do Brasil, leva a melhor quem sabe construir o resultado dentro de seus domínios. Foi o que o time paraense fez no jogo de ida, impondo uma vantagem muito difícil de ser revertida.

A equipe baiana até fez por onde alcançar a vitória, tendo amplo domínio da partida e mantendo a média de 61% da posse de bola, mas cometeu um pecado capital: errou demais nas finalizações. Quando sentiu que não conseguiria furar o bloqueio, optou pela tática desesperada do abafa para tentar chegar aos gols.

E eles chegaram, mas muito tarde, já no crepúsculo da partida, quando os jogadores já estavam extenuados, dificultando jogadas mais trabalhadas e cerebrais.

É importante ressaltar o comprometimento e a disciplina do time do Papão, que resistiu mais de 70 minutos à pressão exercida pelos donos da casa.

Com uma estratégia absolutamente conservadora, centrada apenas em não tomar gol, Dado Cavalcanti fixou os dois zagueiros, Tiago Martins e Pablo, na área. Manteve os laterais Pikachu e João Lucas recuados. E ainda montou uma segunda linha à frente da defesa com os volantes Fahel, Ricardo Capanema, Jonathan, Carlinhos e com a ajuda constante de Aylon. Souza ficava lá na frente disputando bolas rifadas com os dois beques do Bahia, Róbson e Jailton.

O primeiro tempo foi de ataque contra defesa, com o Bahia cruzando umas 400 bolas na área para espanadas de Pablo e Tiago Martins. À medida que o tempo passava, o plano bicolor ia se consolidando.

Do lado baiano, a tática era radicalmente ofensiva. Um 4-3-3 à moda clássica, com um volante e dois meias, Tiago Real e Yuri, e dois alas ofensivos, Tony e Ávine. Não deu certo porque a bola não chegava a Kieza, que, de tão nervoso, acabou recebendo cartão amarelo por reclamação.

Tiago Real era muito bem vigiado por Capanema. Marcado na área, Alexandro não conseguia pegar os rebotes que a defensiva paraense dava, nem conseguia acompanhar os deslocamentos em velocidade de Maxi Biancucchi.

Quando o primeiro tempo terminou, ficou evidente que o Bahia precisaria de um milagre para chegar ao gol. A proposta suicida do Papão tinha dado certo, pois o adversário parecia sem forças para buscar o resultado.

Na etapa final, Dado tirou finalmente Souza, cujo papel era apenas o de disputar as raras bolas aéreas em direção ao ataque bicolor. Saiu logo depois de ter feito sua única jogada razoável, perdendo a bola infantilmente para um zagueiro do Bahia.

O problema é que Dado optou por Leandro Cearense, que caiu no mesmo isolamento de Souza. Se optasse por um jogador rápido como Misael talvez tivesse mais sucesso nos contra-ataques.

Sem ter com quem se preocupar, visto que o Papão não criava jogadas no meio, muito menos pelas laterais, o Bahia trocou Tiago Real por João Paulo e aí o jogo de triangulações até a linha de fundo começou a acontecer, provocando erros seguidos da defensiva paraense.

O placar seguia em branco, mas o Bahia cercava a área, não dava trégua. Até que, aos 30 minutos, Tiago Martins botou a mão na bola à entrada da área. Souza, que substituiu Yuri, bateu e marcou 1 a 0. A pressão se tornou mais intensa, com chances seguidas desperdiçadas por Kieza e Alexandro.

Para deixar tudo mais emocionante, aos 41 minutos, bola alta cruzada da intermediária do Bahia pegou a zaga do Papão em linha. Na disputa com Pablo, Alexandro levou a melhor e a bola sobrou para Kieza driblar Emerson e empurrar para as redes.

O Bahia ainda teve uma boa chance em escanteio cobrado rente ao travessão, mas Léo Gamalho (substituto de Maxi) não chegou a tempo.

O Papão conquistou merecidamente o passaporte às oitavas, com direito à cota de R$ 640 mil. Para quem entrou na competição sem maiores pretensões, a caminhada tem sido bastante satisfatória, tanto técnica quanto financeiramente.

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Faltou ousadia, sobrou entrega

Os mais regulares da equipe foram os zagueiros de área, que também acabaram como responsáveis diretos pelos dois gols. De maneira geral, porém, o Papão abriu mão do enfrentamento, optando por esperar o Bahia em seu campo. Apostou pra ver, e saiu com a classificação.

A preocupar apenas a postura excessivamente medrosa diante de um adversário mais atrapalhado do que perigoso, visivelmente tenso e desarrumado no setor de criação.

Caso tivesse ousado um pouco no começo do segundo tempo, invertendo seu posicionamento e partindo para o ataque, o Papão poderia ter surpreendido os donos da casa e evitado os riscos terríveis que correu até o apito final.

Aylon correu inutilmente o jogo todo, pois não tinha função a executar. Ora esperava a bola que não chegava ao lado direito do ataque, ora voltava para ajudar no combate sem ter cacoete de marcador. Com o adendo de que não prendia nenhum defensor adversário, pois Ávine aparecia sempre livre para cruzar do lado esquerdo da área.

Souza passou três quartos da partida esperando cruzamentos que nunca chegavam. Cearense teve a mesma sina.

Estava óbvio que era um jogo para ser administrado com forte presença defensiva, mas sem abrir mão de alternativas de escape para surpreender o oponente. E chances não faltaram para contragolpes mortais, principalmente no segundo tempo.

Como o resultado foi obtido, a torcida pouco irá se importar com o planejamento tático do Papão na noite de ontem. Mas, para Os próximos passos na Copa do Brasil e principalmente na Série B, os erros devem ser cuidadosamente observados e corrigidos.

Contra um adversário melhor preparado e menos nervoso que o Bahia a estratégia empregada certamente geraria muita dor de cabeça.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quinta-feira, 23)

Bahia x Papão (comentários online)

Copa do Brasil 2015 – 3ª fase

Bahia x Paissandu – estádio Roberto Santos (Pituaçu), 19h30

Na Rádio Clube, Géo Araújo narra, Carlos Castilho comenta. Reportagens – Paulo Sérgio Pinto e Dinho Menezes. Banco de Informações – Fábio Scerni.

Bicolores festejam 70 anos do 7 a 0

Da Ascom/PSC

O Paysandu comemora nesta quarta-feira, 22, os 70 anos da maior goleada aplicada sobre o seu maior rival, 7 a 0, em pleno estádio do Remo. Para não deixar passar em branco os departamentos de Marketing e Comunicação do clube prepararam uma série de ações, começando por publicação de anuncio nos jornais de grande circulação do estado e publicações nas redes sociais focado no tema #Eterno7a0.

Ainda como parte das comemorações a diretoria do Paysandu comprou os diretos autorais do livro “A História dos 7 a 0” do escritor Ferreira da Costa que fala exclusivamente sobre o jogo e que foi publicado em uma data muito sugestiva para a nação bicolor, no dia 7 de julho de 1977 (7/7/77). Como forma de presentear a torcida do Papão a diretoria do Paysandu irá disponibilizar, totalmente de graça, no site do clube as 20 primeiras páginas do livro com uma diagramação moderna, o livro completo estará disponível para a fiel até a metade do mês de agosto.

Com a aquisição do livro sobre a história dos 7 a 0 e com base em pesquisas e entrevistas realizadas com torcedores e historiadores que vivenciaram esse momento memorável. O departamento de comunicação do clube irá realizar uma ação inédita, a narração em “tempo real” do jogo no Twitter oficial do clube (@paysandu) e com detalhes que muitos torcedores não conhecem.

Outra grande ação é a mudança do site do Paysandu que ganhara uma temática totalmente relacionada ao feito sem defeito do Paysandu, no hot site criado será possível reviver todos os sete gols do Papão, que foram revividos com uma narração mais moderna e que relembra aos tempos de 1945.

Sem duvida este foi um dos maiores feitos do Paysandu e que jamais será esquecido e diretoria do Paysandu vem trabalhando para resgatar ainda mais a história do clube.

A batalha de Salvador

POR GERSON NOGUEIRA

Há uma semana, no estádio Jornalista Edgar Proença, o Papão derrotou o Bahia por 3 a 0 e mostrou musculatura para avançar na Copa do Brasil. Depois de um primeiro tempo parelho, a equipe paraense cresceu na etapa final e construiu a vitória folgada que lhe permite entrar em campo hoje podendo administrar a condução do jogo.

A vantagem estabelecida em Belém é de grande importância, mas não garante tranquilidade plena. Sempre é difícil enfrentar um adversário de tradição, que mobiliza uma torcida apaixonada, jogando em seus domínios.

Para apimentar a situação, o lance do pênalti que originou o terceiro gol do Papão no Mangueirão deu aos baianos o argumento que precisavam para transformar o confronto desta noite em uma revanche.

O árbitro realmente errou na marcação da penalidade, mas em nenhum momento isso pode ser configurado como má fé ou parte de um esquema para prejudicar o tricolor baiano. A crer nessa hipótese, seria justo levantar também a quantidade de vezes que o próprio Bahia tem sido beneficiado por arbitragens polêmicas.

Na própria Copa do Brasil, há o episódio do jogo com o Nacional (AM), eliminado na primeira fase por força de um gol assinalado em completo impedimento na Arena Nova.

Como a questão extracampo não pode ser administrada, resta ao Papão se concentrar no que importa. Terá que jogar com a cabeça no regulamento, mas atento à pressão que o Bahia prepara para os primeiros momentos da partida.

Exemplos não faltam de reversão de resultados em mata-mata. No ano passado, o Atlético-MG se especializou em viradas aparentemente impossíveis, contra Flamengo e Corinthians. O próprio Bahia se agarra à espetacular virada sobre o Vitória da Conquista na decisão do certame baiano. Perdeu na ida por 3 a 0 e devolveu na volta por 6 a 0.

Dado e seus comandados também devem se espelhar no que ocorreu com o Remo na Copa Verde, quando chegou à Arena Pantanal com 4 a 1 de vantagem e terminou levando de 5 a 1. No futebol, ao contrário do que ocorre no processo histórico, nem sempre as coisas se repetem como farsa.

Cabe ao Papão jogar o seu jogo, manter serenidade e buscar fazer pelo menos um gol, explorando a previsível pressa do adversário em reverter a diferença.

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Sport de Durval desafia previsões

Há uma interessante novidade neste incipiente Brasileiro da Série A. O Sport se mantém, valentemente, entre os quatro primeiros na tabela, depois de uma sequência duríssima, enfrentando Atlético-MG, Palmeiras e São Paulo. O rubro-negro pernambucano tem 27 pontos e é o time que menos perdeu na competição, uma vez apenas. Tem o segundo ataque mais positivo, 25 gols. Perde apenas para o do líder Galo, que marcou 28 vezes.

E é do Sport o zagueiro menos faltoso da competição. O veterano Durval, após 14 rodadas, cometeu apenas uma falta. Façanha digna de menção se levado em conta o próprio histórico do jogador. Ao mesmo tempo, significa que o time está bem ajustado em todos os setores. Joga bonito e tem tudo para ir longe na competição.

Curiosamente, a mídia do Sudeste só tece loas ao Corinthians, que ocupa o segundo lugar com uma campanha que valoriza a defesa, bem ao gosto do técnico Tite. Tem a defesa menos vazada, com oito gols. Em compensação, só ganha por 1 a 0 e 2 a 1, aparecendo com o pior ataque dos sete primeiros colocados, com apenas 16 gols.

Saudar times que sofrem poucos gols não é coisa da essência do futebol brasileiro. Pelo menos, do futebol brasileiro que vale a pena ver.

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Heranças de Minowa travam gestão remista

Nem bem era encaminhada a negociação de Ameixa com o Corinthians, por um valor em torno de R$ 500 mil, eis que outra notícia ruim caiu como bomba no Evandro Almeida, ontem. Banpará, Funtelpa e Federação Paraense de Futebol receberam um ofício da 13ª Vara da Justiça do Trabalho, informando que os repasses destinados ao Remo estão bloqueados até que toda a dívida do clube junto à JT seja quitada.

O surpreendente é que a Justiça do Trabalho está apenas fazendo cumprir um acordo assinado pelo presidente Pedro Minowa em janeiro deste ano, concordando com o bloqueio integral dos repasses. Minowa se encontra licenciado do cargo até dezembro.

São petardos de efeito retardado deixados pela caótica gestão de Minowa, em tudo parecida com a do antecessor. Fontes da diretoria revelam que os problemas se avolumam à medida que documentos deixados pelo dirigente licenciado são descobertos.

A decisão judicial tirou parte do entusiasmo com o negócio envolvendo Ameixa, joia do clube, 19 anos, revelação do último Parazão e que era trabalhado para vir a ser um dos grandes nomes da equipe na temporada.

Acontece que a situação financeira desesperadora não permitiu que esses planos fossem levados a cabo. A essa altura, a entrada de dinheiro é fundamental para cobrir as pendências e garantir uma boa campanha na Série D.

Ao contrário do ocorrido com Roni, cujo dinheiro da venda até hoje não foi contabilizado na tesouraria do clube, a ida de Ameixa para o Corinthians já rendeu até um adiantamento para o Remo, permitindo sanar débitos mais urgentes.

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Uma data muito especial para a nação bicolor

Há exatamente 70 anos, o Papão derrotava o Remo por 7 a 0 em jogo no estádio Evandro Almeida, cravando uma página histórica na rivalidade entre os dois grandes clubes. Obra do Esquadrão de Aço bicolor, até hoje festejado pelo excepcional feito.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 22)