Norte e Nordeste dominam as 3 divisões

Um panorama inusitado marca o começo das três principais competições do país. Dois times do Nordeste e um do Norte lideram as séries A, B e C do Campeonato Brasileiro. Na A, o Sport Recife é o primeiro colocado. Na B, o Paissandu assumiu ontem a ponta. Na C, a liderança pertence ao Fortaleza (CE).

Transferências rendem migalhas aos clubes

O Brasil mais uma vez vem sendo um dos grandes protagonistas do Mercado da Bola. Já são três jogadores entre os dez mais caros da janela de transferência e quase R$ 600 milhões movimentados. Mas nada disso deve melhorar o nível do futebol jogado aqui. Até porque apenas migalhas de todo esse dinheiro devem acabar em terras tupiniquins.

O grande problema é que a maior parte das transferências acontece entre dois clubes europeus. Dos 172 milhões de euros movimentados até agora por jogadores brasileiros, apenas 15,7 milhões (cerca de RS 54,25 milhões) envolveram um time daqui. E isso sem considerar ainda que boa parte desta migalha ainda acaba nas mãos de empresários.

Até agora, 21 atletas verde-amarelos foram negociados nesta janela internacional em transações que movimentaram dinheiro. Seis saíram de clubes brasileiros.

O jogador mais caro que deixou o Brasil neste mercado foi Nathan, que trocou o Atlético-PR pelo Chelsea por 4,5 milhões de euros. Na lista de transferências de brasileiros, porém, ele é apenas o nono mais caro. Além dele, Paulo Miranda e Denílson (São Paulo), Petros e Matheus Cassini (Corinthians) e Joelinton (Sport) saíram daqui.

No topo de cima do ranking de transferências, três brasileiros custaram mais de 30 milhões de euros: Danilo (trocou o Porto pelo Real por 31,5 milhões), Roberto Firmino (deixou o Hoffenheim para atuar no Liverpool por 30,85 mi) e Douglas Costa (acaba de ir ao Bayern, proveniente do Shakhtar, por exatos 30 milhões).

Há ainda que considerar que mesmo nas transações entre clubes europeus, os times brasileiros levam algum valor pela formação do atleta. Mas, de novo, esse valor não passa de migalhas. (Da ESPN)

Série D: Leão deve fazer jogos em Paragominas

A diretoria do Remo deve sacramentar hoje o acordo com a Prefeitura de Paragominas para realizar os três jogos da Série D na Arena Verde. Decisão por Paragominas ainda divide opiniões no clube, principalmente pelos riscos da ação das gangues uniformizadas, como aconteceu em Bragança no ano passado. Um grupo de diretores defendia que os jogos fossem realizados em Macapá, no estádio Zerão, onde é forte a presença da torcida azulina, sem riscos de tumultos nas arquibancadas.

Vencendo e entusiasmando

POR GERSON NOGUEIRA

A campanha é impecável. Já é a melhor da Série B. O time joga com disposição e comprometimento. O torcedor lota as arquibancadas. Tudo parece se encaminhar para voos mais altos, antes fora dos planos. O acesso já é uma possibilidade concreta, como a coluna registrou após o jogo com o Náutico, no Recife. Agora, com a alegria e a confiança que se apodera do torcedor, o Papão já abre a perspectiva de conquistar seu tricampeonato da Segunda Divisão.

Não é delírio, as chances estão aí mesmo. Neste momento, o Papão depende de suas próprias forças para atingir esse objetivo. Para subir, necessita de mais 45 pontos – a média de pontuação fica entre 65 e 67 – em 84 possíveis. E, para escapar ao rebaixamento, precisa assinalar pelo menos mais 25 pontos, o que é mais do que provável.

Por todos esses números, a trajetória na Série B tem sido empolgante, merecendo o apoio maciço da torcida Fiel, que volta também a prestigiar a equipe depois de ter sido pouco participativa no começo de campeonato.

Em campo, o time produz o necessário para vencer seus jogos, fiel aos manuais da Série B. A garantia de êxito depende de faturar sempre os três pontos em casa e pontuar sempre fora. Parece simples, mas a maioria dos times se atrapalha justamente nesta missão básica.

Ontem à noite, diante de 32 mil pessoas presentes ao estádio Jornalista Edgar Proença, o Papão não começou bem. Hesitante nas jogadas pelas laterais e pouco objetivo no ataque, chegou a impacientar o torcedor nos primeiros minutos, principalmente porque o Atlético Goianiense marcava forte e ameaçava em estocadas pelas extremas.

Disposto a surpreender, o Dragão impôs um ritmo forte, impetuoso. Logo de cara, um grande susto em bola trabalhada nas costas de Pikachu. O tiro de Rafinha passou rente ao poste esquerdo de Emerson. O Papão reagiu com um bom chute de Carlos Alberto, que o goleiro mandou a escanteio. Logo depois, veio um cabeceio forte de Aylon e investida fulminante de Jonathan na diagonal pela direita, quase abrindo o placar.

Quando tudo se encaminhava para um 0 a 0 frustrante no primeiro tempo, Carlos Alberto descolou um passe de letra que deixou Leandro Cearense cara a cara com o goleiro Márcio. Com um leve toque, a bola foi para as redes e a vitória começou a ser estabelecida.

Depois do intervalo, tranquilo com a vantagem, o Papão voltou como senhor absoluto das ações. Logo aos 9 minutos, em jogada de Pikachu na linha de fundo, o zagueiro Marlon resolveu homenagear Tiago Silva e deu uma cortada de vôlei na área. O próprio Pikachu cobrou e marcou seu 55º gol com a camisa alviceleste.

A partir daí, o Atlético se perdeu em jogadas sem inspiração, abusando dos passes errados. O Papão tomou conta da partida, procurando cadenciar seus avanços. Deu-se até ao luxo de desperdiçar alguns contra-ataques preciosos, com Aylon, Jonathan e Carlinhos. Afobação e certa ganância impediram que a vitória fosse mais larga.

Papão foi novamente muito objetivo e acabou ajudando a sorte, com a excelente jogada que levou ao gol de Cearense quando o jogo ainda estava muito equilibrado e indefinido. Dado Cavalcanti mostra absoluta noção das potencialidades do time. Os bons resultados estão diretamente associados a esse grau de conhecimento.

———————————————————–

Argentina coloca o Paraguai na roda

Foi um baile. Bastou que uma seleção se dispusesse a jogar sério e com competência para que o impávido Paraguai desmoronasse. Com transição rápida e chegada precisa de Di Maria e Pastore pelos dois lados do ataque, surpreendendo a linha de marcação, a Argentina não encontrou a menor dificuldade para disparar a maior goleada da Copa América até aqui.

Lionel Messi teve comportamento discreto, até inferior ao ritmo que exibiu contra a Colômbia, mas ainda assim fez a diferença contribuindo para abrir os caminhos em meio aos botinudos beques paraguaios.

Como a Argentina tem outros grandes jogadores e sabe se distribuir em campo, a goleada (6 a 1) foi alcançada com relativa tranquilidade. Podia até ser maior, caso Higuaín e o próprio Messi tivessem aproveitado outras oportunidades criadas.

Pode-se dizer que foi a primeira realmente categórica de um dos favoritos ao título continental. Tata Martino parece ter orientado seus jogadores para que mostrassem a verdadeira força ofensiva da equipe, como forma de superar o Paraguai e impor respeito aos chilenos, adversários da final.

Por tabela, a acachapante atuação argentina serve como lição ao teimoso e irascível Dunga, que não só avaliou positivamente o fiasco brasileiro no Chile como dirigiu jabs verbais a Zico.

Bem que o Capitão do Mato podia ter aproveitado a ocasião para aprender alguma coisa com a simplicidade desconcertante do esquema de Martino. Seu time usa toques rápidos e envolventes, sempre pra frente e buscando o gol. Parece fácil – e é, quando há talento envolvido.

———————————————————-

Leão às voltas com suas pendências

Depois que a junta de dirigentes do Futebol do clube conseguiu levantar dinheiro para pagar os salários de abril, conselheiros e beneméritos do Remo já se preocupam com um novo compromisso importante: o prazo para apresentação de um plano de pagamentos da dívida trabalhista.

A Justiça do Trabalho deu até sexta-feira, 3, para que o clube se manifeste. Como o presidente licenciado Pedro Minowa não tomou qualquer providência, a situação está perigosamente em aberto.

Caso não faça uma proposta, a área do Carrossel pode ser leiloada e o dinheiro não será suficiente para quitar todo o débito do Remo. No caso em pauta, a JT protege o capital, aceitando 20% de entrada, mais 10 parcelas mensais e sem qualquer indexador.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 01)