POR GERSON NOGUEIRA
Como resultado, foi excelente. Com 2 a 0, um gol em cada tempo, o Papão superou o Santos e avançou à próxima fase da Copa Verde. O placar sugere uma vitória tranquila, mas não foi bem assim. O time cumpriu o dever de casa, embora em alguns momentos tenha preocupado o público de mais de 5 mil pessoas presentes à Curuzu na tarde de sábado. Talvez em função do excesso de sustos a diretoria tenha optado pela dispensa (anunciada ontem à noite) do técnico Sidney Moraes.
Lento nas evoluções de meio-campo e desorganizado nas ações ofensivas, o Papão chegou a ser envolvido várias vezes pelo apenas esforçado Santos, que tinha no veterano Acosta sua principal arma.
As coisas só se acalmaram com o belíssimo gol de Pikachu, aos 29 minutos. O lance empolgou mais pela beleza plástica do que por expressar uma superioridade bicolor em campo. O lateral limpou a jogada no bico da grande área e disparou um tiro forte, à meia-altura, no canto direito da trave do Santos.
Em vantagem, esperava-se que o Papão tomasse finalmente conta do jogo. Nada disso aconteceu. As iniciativas individuais prevaleciam, mas o Santos tinha uma impressionante facilidade em desarmar o ataque bicolor. Rogerinho não conseguia acertar, Leandro Canhoto esteve apenas razoável, Aylon mostrava-se atrapalhado e Pikachu se sobressaía pela disposição.
Modificado pelo técnico na escalação e até na forma de jogar, o Papão se perdia em lances confusos e sofria com o baixo rendimento dos jogadores de criação. Apesar disso, o torcedor teve o consolo de ver atuações satisfatórias de Bruno Veiga, mesmo isolado na frente, e de Romário na ala esquerda.
Mais eficiente no passe, o esquadrão amapaense levava perigo nos contra-ataques e esteve perto de empatar em duas oportunidades. Apoiado pelo torcedor, o Papão conseguiu impor um cerco nos instantes finais e saiu do primeiro tempo deixando expectativas positivas.
Ocorre que o Santos voltou ainda mais perigoso no segundo tempo, com o meia-atacante Jean Marabaixo caindo pelos lados do campo. O Papão tinha a posse de bola, mas hesitava em assumir o controle pleno das ações. Como na etapa inicial, a situação só se tranquilizou quando o meia Carlinhos, que havia entrado no intervalo, acertou um bonito tiro da entrada da área, liquidando a fatura.
A partir daí, o cansaço dominou o time amapaense e o Papão passou a jogar sem sustos, apenas administrando a vantagem. Jonathan ainda entrou, mas sem acrescentar qualidade ao meio-campo.
A classificação estava assegurada (para pegar o Nacional-AM nas quartas), mas os obstáculos impostos pelo modesto Santos indicam que o Papão ainda precisa evoluir muito. De todo modo, a vitória constituiu o início da recuperação depois de três resultados negativos, devendo contribuir para a necessária recuperação no campeonato, mesmo que sob nova direção.
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Leão se recupera na Arena da Floresta
O Remo precisava administrar a vantagem de dois gols e fez isso bem nos primeiros minutos, ontem, na Arena da Floresta. Com algumas mudanças de posicionamento bem definidas, principalmente quanto ao papel assumidamente de armador para Bismarck, Zé Teodoro teve a seu favor as vulnerabilidades que o Rio Branco já havia mostrado no jogo do Mangueirão.
Rony perdeu duas chances no começo da partida, mas não desperdiçou aos 31 minutos. O gol deu ainda mais tranquilidade aos azulinos, que passaram a esperar pelo Rio Branco apostando na tática do contra-ataque. Podia ter dado certo se o próprio Remo não desperdiçasse tantos lances por precipitação ou lentidão excessiva.
Na etapa final, o time se dedicou a controlar a movimentação no meio-de-campo, levando boa vantagem sobre a marcação acreana. Mas, quando tudo parecia indicar que o jogo estava sob absoluto controle, eis que o técnico decide substituir três de uma pancada só: Eduardo Ramos, Bismarck e Rony foram substituídos por Fabrício, Felipe Macena e Jadilson.

Ninguém entendeu. Nem o técnico do Rio Branco. Mas os ventos eram favoráveis ao Leão. Mesmo com o time capengando e perdendo a briga no meio-campo, aos 42 minutos saiu o segundo gol. Flávio Caça-Rato, de participação discreta no confronto, mandou para as redes.
A vitória põe o Remo nas quartas-de-final da Copa Verde para enfrentar o Princesa (AM). Como se vê, continuam boas as possibilidades azulinas na competição. O problema continua a ser o comportamento no Campeonato Paraense, principal dor de cabeça de Zé Teodoro neste início de temporada.
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Direto do blog
“Julgando pela porrada que o Galo tomou, o futebol paraense, como um todo, não tem divisão. Como é que o líder geral do Parazão com 100% de aproveitamento toma um sacode destes?”.
Por Miguel Ângelo Carvalho, a respeito da tunda sofrida pelo Independente diante do Brasília.
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Um massacre no Planalto Central
O Independente, líder geral do Parazão, caiu fragorosamente na tarde de ontem em Brasília. Podia perder até por um gol de diferença para avançar à próxima fase da Copa Verde, mas naufragou nos próprios erros e foi facilmente batido pelo campeão do ano passado.
Depois de resistir à pressão inicial, o time de Tucuruí desabou em apenas 14 minutos. O primeiro gol candango saiu aos 24 minutos, o segundo aos 34 e o terceiro aos 38. O Brasília recuperou a diferença e se garantiu ainda no primeiro tempo. Mais fácil do que se poderia supor.
Para o segundo tempo, o Independente ainda voltou com alguma esperança. Se fizesse um gol ficaria com a vaga, mas foi o Brasília que definiu o placar aos 23 minutos e depois disso controlou a partida.
Um resultado vexatório para o Independente e sintomático da atual situação do nosso futebol. O melhor time do Parazão não resistiu a meia hora de jogo diante do Brasília, que nem é tudo isso. Hum, hum.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 23)