O passado é uma parada…

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O extinto cine Iracema, em Nazaré. Início dos anos 80.

Papão levou 14 mil torcedores à Curuzu

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O jogo Paissandu x Gavião teve público pagante de 13.044 torcedores. Com 1.204 não pagantes, a partida teve um total de 14.248 espectadores. A renda foi de R$ 264.410,00. Já descontadas as despesas, o Papão ficou com R$ 203.877,98. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

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Uma noite de Pikachu

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POR GERSON NOGUEIRA

O primeiro tempo nem deixou saudades, tamanha a dificuldade que o próprio Papão criou no jogo. Mas o segundo foi para deixar o torcedor em êxtase com as jogadas em velocidade, os cruzamentos caprichados e, principalmente, a quase impecável atuação de Pikachu, que fez dois gols e participou dos outros dois. Não foi exatamente um show, mas revelou um time que soube sair do imobilismo inicial para um triunfo categórico.

Além dele, Rogerinho, Djalma, Leandro Cearense e Augusto Recife participaram bem da partida, principalmente na metade final. A goleada retrata com clareza a acentuada superioridade bicolor em campo. Bela estreia, coroando a noite de festejos pelo 101º aniversário do clube.

Os 45 minutos iniciais deram a impressão errada aos 14 mil torcedores que foram à Curuzu. O Papão não evoluía, atrapalhando-se nos próprios erros. Avançava na base da vontade, mas insistia em afunilar o jogo pelo meio, justamente onde o Gavião concentrava seus defensores.

Pelo próprio estilo, Rogerinho se lançava com a bola e buscava as tabelinhas, mas não essas iniciativas não eram acompanhadas pelos demais companheiros. Leandro Carvalho também fez boas jogadas, mas sem objetividade. A exceção, mais uma vez, foi Pikachu. Consciente de seu papel, explorava o lado direito com inteligência, confundindo a marcação e criando boas situações.

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Isolado entre os três beques do Gavião, Leandro Cearense não conseguia se movimentar. À primeira vista, as coisas nem pareciam tão difíceis, mas a desarrumação do meio e uma certa afoiteza inibiam as tentativas do Papão.

Depois do intervalo, a situação mudou por completo. Contou muito para isso o gol nascido logo no primeiro minuto. Cruzamento de Pikachu na medida para a antecipação de Cearense, testando para as redes.

A vantagem teve um efeito transformador. Quase todos incorporaram o espírito de Pikachu e as jogadas de aproximação começaram a acontecer. O Gavião já não acertava a marcação. Vibrante, o Papão aumentou a pressão e, aos 10 minutos, Pikachu ampliou.

Nem deu pra respirar. Logo em seguida, Rogerinho aumentou para 3 a 0, com nova participação luxuosa de Pikachu. Mas ainda faria mais. Aos 27, encaçapou o quarto gol.

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O Papão passeava em campo, dosando suas energias e sem forçar mais. O Gavião, destroçado pela goleada, repetia erros primários, mas Leandro Carvalho deixou de aproveitar duas chances, por excesso de preciosismo. Placar inteiramente condizente com o que houve em campo, graças à iniciativa pessoal de Pikachu, o dono do jogo. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

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101 anos de futebol em números

Até hoje, o Papão jogou 4.097 vezes. Obteve 2.127 vitórias, 941 empates e 1.028 derrotas. Marcou 8.367 gols a favor e 4.786 contra.

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Inimigos do futebol aprontam de novo

O ato que a gangue uniformizada do Flamengo praticou no sábado em Macaé é o sonho dos inimigos do futebol. Elementos que se agrupam em facções ligadas aos clubes. Buscam notoriedade fácil, se alimentam das “façanhas” exibidas no noticiário e usam o nome das torcidas para escapar impunes.

Além de intimidar os jogadores e comissão técnica do Macaé, o grupo furtou objetos pertencentes aos atletas e ao clube, além de agredir o goleiro Ricardo Berna. Foi um arrastão filmado pelas equipes de TV, cuja presença em nenhum momento intimidou os baderneiros.

No ano passado, no estádio Evandro Almeida, em tom mais moderado, um grupo também interrompeu o treino do Remo a fim de cobrar e intimidar os jogadores. A cena foi filmada, mas algumas pessoas acabaram detidas.

A arruaça vista em Macaé não é, portanto, uma atitude inédita. Por todo o Brasil essas cenas se repetem de vez em quando. Clubes, federações e dirigentes deixam as coisas esfriarem e os delinquentes se safam.

No Rio, em meio às desavenças entre a federação e a dupla Fla-Flu, houve jornalista que viu a invasão dos uniformizados como um ato para prejudicar o Flamengo. Ora, apenas a má fé pode permitir que se desvie o foco do verdadeiro problema: o ataque visou intimidar atletas do Macaé.

O resto é viagem na maionese ou interesse escuso. Cabe à Polícia identificar e prender os integrantes da facção. Depois, encaminhá-los a julgamento. Qualquer coisa que não seja isso significará um novo e perigoso estímulo ao crime.

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Leão de volta à ciranda da crise

Nem bem o campeonato começou e o Remo já se vê mergulhado em situação tensa. Por culpa dele mesmo. A desafortunada estreia contra o Parauapebas desencadeou previsível estremecimento entre diretoria e comissão técnica, levando a atitudes infelizes de alguns diretores. O técnico Zé Teodoro, experiente e acostumado a enfrentar problemas do gênero, saiu muito agastado da reunião de domingo à noite.

Continua no cargo, mas sabe a gravidade do momento. Caso o Remo tropece no jogo de amanhã em Tucuruí, sendo eliminado precocemente do turno, o técnico poderá ser demitido. Clubes de massa funcionam assim, historicamente. O drama azulino é ainda mais complicado porque, além da pressão natural do torcedor, há o peso da responsabilidade pela conquista da vaga à Série D.

Em meio a isso, surgem especulações quanto a nomes de outros treinadores, incluindo o de Mazola Jr., ex-comandante do Papão, que chegou a ter altercações com o então presidente Zeca Pirão ao insinuar um esquema de favorecimento ao Remo no Parazão do ano passado.

A situação foi contornada depois que Mazola se retratou, admitindo um dia trabalhar no clube, desde que Pirão não estivesse mais no poder. Como há um novo presidente (Pedro Minowa), as portas estariam abertas.

Ocorre que Zé Teodoro tem chances de se reerguer depois do mau passo inicial. Com modificações pontuais no meio-de-campo, o Remo deve ter outra postura contra o Independente. Nada está perdido, mas o quadro é preocupante.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 03)