

POR GERSON NOGUEIRA
O Remo entrou com banca de favorito e acabou surpreendido pela maior organização do adversário em campo. Foi a vitória da vontade contra a apatia, da objetividade sobre a lentidão. E o mais curioso é que o Parauapebas de Léo Goiano treina há menos de duas semanas, com o time formado por jogadores que chegaram em cima da hora.
A torcida compareceu, o clima era altamente favorável ao Remo como mandante e todas as projeções indicavam que o campeão estadual levaria vantagem. Até eu caí nessa, duvidando das ambições do Parauapebas no campeonato. Na verdade, pelo que se viu em campo, o time interiorano parece estar mais focado do que o Leão da capital.
O gol logo na saída de bola assustou os remistas, mas não quebrou a convicção de que seria possível dominar e superar o visitante. O cochilo dos zagueiros e volantes do Remo ainda se repetiria em outro lance aos 26 minutos, mas Fabiano desviou bem o arremate rasteiro de Célio Codó.
Do lado azulino, as jogadas mais insistentes nasciam sempre pela lateral esquerda, onde Jadilson não encontrava com quem dialogar. Fabrício caía por lá, mas quase sempre investia pelo meio. Rafael Paty tentou duas jogadas, porém tinha obrigações dentro da área. Eduardo Ramos foi o mais frequente, mas travava as jogadas e tudo recomeçava, com passes que faziam o jogo girar sem evoluir.
Um dos bons lances do primeiro tempo foi o cruzamento baixo de Roni para Paty mandar sobre o gol. Depois, Rafael Andrade desviou de cabeça à esquerda de Paulo Rafael. A melhor chance viria quase ao final, quando Paty aproveitou rebote da zaga e mandou forte pelo alto, mas o goleiro espalmou por cima do gol. Na maior parte do tempo o Remo se dedicou a cruzar bolas no segundo pau, em direção a Roni, seu mais baixo atacante.
Seguro, Paulo Rafael era quem mais marcava presença na tarde nublada do Bengui, embora os chutes do Remo não tenham sido assim tão calibrados a ponto de representar perigo. Fechado atrás, o Parauapebas pouco se arriscava na frente, só indo mesmo nas bolas, mas um chutão acabou decidindo o jogo.

A bola veio pelo alto e Ilaílson, completamente desarvorado, tentou se agarrar no grandalhão Codó e cometeu falta infantil e desnecessária junto à área. Detalhe: além dele, três outros defensores remistas cercavam o solitário atacante. Juninho foi lá e mandou na gaveta direita de Fabiano, ampliando o suplício dos azulinos.
Fabrício, pouco participativo na partida, foi substituído por Flávio Caça-Rato no segundo tempo. A mexida agradou a massa e deu a falsa impressão de que a equipe finalmente iria se plugar na tomada. Antes, porém, Magno teve tudo para fechar o caixão azulino e desperdiçou. Aos 10 minutos, em jogada iniciada por Caça-Rato, Roni foi à linha de fundo e cruzou na cabeça de Paty. Foi a melhor tentativa ofensiva do Remo em todo o jogo.
Acontece que no meio-de-campo a situação continuava inalterada. Eduardo Ramos buscava jogo, mas pouco avançava em direção ao gol do Parauapebas e na lateral direita Dadá fazia figuração. Zé Teodoro decidiu mexer mais uma vez e lançou Lucas no lugar de Macena, outro que pareceu jogar fora das condições ideais (como Fabrício). Com isso, Dadá foi deslocado para o meio e assumiu até o papel de meia ofensivo em vários momentos, na ausência de alguém que fizesse esse papel.

O Remo seguia insistindo com as bolas aéreas, mas a zaga do Parauapebas não arrefecia. Val Barreto substituiu Paty, mas os problemas permaneceram. A evidenciar a falta de jogadas, Barreto saía seguidamente da área para tentar buscar jogo no lado esquerdo. Sem cacoete para isso, perdia seguidamente a bola e permitia contra-ataques ao adversário.
Por volta dos 35 minutos, já no auge do desespero remista, um erro de marcação deixou Barreto no mano a mano com a defesa. Precipitado, o atacante chutou de longe e a bola passou ao lado da trave. Logo em seguida, Roni foi lançado entre dois beques e bateu de bico de chuteira, mas Paulo Rafael, bem colocado, defendeu.
A partir daí, o Parauapebas controlou as ações e deixou que o Remo se entregasse à precipitação, assegurando a vitória e a liderança do grupo no primeiro turno.

Com total justiça.
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Jogadores fora de ritmo, técnico pouco criativo
Um time sem alternativas para furar o previsível bloqueio defensivo do adversário. Assim foi o Remo durante toda a partida de ontem. Sem criatividade, ficava passando a bola burocraticamente no meio, à espera de um milagre. Como milagres não acontecem com facilidade, prevaleceu o empenho de marcação por parte do Parauapebas, que justificou plenamente o apelido de Trem de Ferro.
Léo Goiano utilizou o que tinha em mãos. Jogadores altos para enfrentar e anular o jogo aéreo remista e a estratégia de jogar por uma bola. Afortunadamente, conseguiu duas e liquidou a fatura.

Do lado remista, a ausência de ritmo dos jogadores Felipe Macena e Fabrício contribuiu muito para a lentidão da meia cancha, mas Eduardo Ramos se recolheu ao jogo de toques improdutivos. Habilidoso, deveria ter chamado a responsabilidade para si e tentado mais investidas pelo meio, a fim de desmontar o esquema defensivo inimigo.
As laterais, por onde muito do futebol costuma ser decidido, inexistiram. Jadilson errou muitos passes, cruzou sem direção e pouco arriscou como finalizador. Dadá, improvisado, ficou muito recuado e deixou de ajudar nas arrancadas de Roni.
A decepcionante estreia acende todas as luzes de alerta no QG azulino. Briga pela vaga à Série D começou da pior maneira. A partir de agora, serão apenas nove pontos em disputa e nenhum erro será mais permitido, sendo que os dois próximos jogos serão em campo inimigo.

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Cametá faz estreia vitoriosa
Notícias de um empolgante confronto entre São Francisco e Castanhal em Santarém. O Japiim chegou a estar na frente, mas vencer no Barbalhão não é tarefa fácil para visitas. O empate final expressa a força dos dois times.
Na outra partida da rodada, triunfo sobre Paragominas confirma as previsões de que o Cametá pode brigar pelo bicampeonato.
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Festa para o aniversariante do dia
Papão prepara grande evento para celebrar hoje a passagem de seu 101º aniversário de fundação e marcar a estreia no Parazão diante do Gavião. Que a chuva não estrague a festa e nem atrapalhe o futebol.
Parabéns à nação alviceleste!
(Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 02)