Divisão do Estado interessa a todo mundo

De Guilherme Augusto, no DIÁRIO

Plebiscito interessa…
É por meio do debate aberto que surgem novas idéias, propostas, sugestões e por aí vai. Na Veja desta semana, o jornalista Roberto Pompeu de Toledo afirma que a questão da divisão do Pará em três estados mexe não apenas com os interesses da região “diretamente interessada”, como defendem os separatistas, ou da totalidade da população paraense, como está na Constituição, mas de toda a nação brasileira.
“Votemos todos os brasileiros” no plebiscito sobre o fatiamento do Pará, diz o jornalista.  
 
 …a todos brasileiros
Segundo Pompeu, “o transtorno institucional” que a divisão causará, “somado à despesa que virá dos impostos de todo o país”, com a criação e manutenção das novas unidades federativas, “conduz à conclusão inescapável de que diretamente interessados são todos os brasileiros. O total do eleitorado deveria ser convocado para o plebiscito”.

Müller abre o coração, sem mágoas

Por Marluci Martins

O nome na história do futebol foi o que sobrou de valioso após 20 anos de uma bem sucedida carreira. Hoje, Müller não tem nem mesmo plano de saúde ou automóvel. Mora na casa do ex-lateral Pavão, amigo desde os tempos de São Paulo. Bicampeão mundial pelo Tricolor Paulista, em 92 e 93, e campeão pela Seleção na Copa de 94, o ex-atacante gastou todo o dinheiro que ganhou, passa por dificuldades financeiras e vendeu até mesmo a igreja da qual era pastor. O programa ‘Esporte Fantástico’, da TV Record, levantou a questão no sábado passado, e ontem, em entrevista por telefone ao MARCA BRASIL, um doce e constrangido Müller aceitou relatar o seu drama, como “um exemplo a não ser seguido”.

MARCA BRASIL: Até que ponto as dificuldades financeiras mudaram sua vida?
Müller: Sempre tive o futebol como meio de sobrevivência. E é assim até hoje. Mas não estou passando fome. Errei muito na vida. Tive bons momentos financeiros, mas errei. Fiz muita bobagem. Gastei tudo com besteira.

MB: Com que besteira?
M: Com mulheres… Não sei se é bom dizer isso. Ah, mas é a verdade. Pode escrever aí que eu gastei com mulheres, com carros e etc. Gastei com vaidades pessoais. Gastei dinheiro com amigos, entre aspas. Amigos de ocasião. Por eu ser uma pessoa generosa, muita gente se aproveitou mesmo de mim.

MB: Onde, aos 45 anos, encontra força?
M: Estou cheio de saúde e pronto para recomeçar. Acertei hoje com uma grande rádio para comentar o Brasileiro. Tenho vigor para recomeçar do nada. Estou muito feliz com o convite que recebi hoje para trabalhar. Era um objetivo voltar a ser comentarista.

MB: E a família, vive bem?
M: Minha mãe e meus seis irmãos levam uma vida normal. Tenho três filhos: Luis Müller, 23 anos, Mateus Müller, 18, e Gabriel Müller, 14. Meus filhos moram num apartamento próprio, o que é um alívio pra mim. Pelo menos isso, né?

MB: Você não tem nenhum imóvel?
M: Comprei vários imóveis ao longo da minha vida. Só fui perdendo, perdendo, perdendo… Hoje, não tenho nenhum.

MB: Você tem algum bem material?
M: Não, eu não tenho nada.

MB: Tem plano de saúde?
M: Também não tenho.

MB: Acha importante falar sobre esse assunto?
M: Não é fácil. Tenho dificuldades financeiras, sim. Espero que os jovens que estão começando não repitam o meu erro. O que eu quero agora é que Deus me dê força para recomeçar do zero. E ele está dando.

MB: Você tem noção de quanto dinheiro ganhou?
M: Não, mas foi muito. Nem sei calcular quanto perdi. Não sei se deveria dizer, mas eu perdi milhões. Perdi tudo que consegui no futebol. Joguei fora o que construí ao longo de 20 anos. Tenho caráter e isso não tem preço. É por isso que admito estar passando por isso.

MB:Você era pastor. Que fim levou a igreja?
M: Vendi o terreno e repassei a Igreja. Mas pretendo no futuro abrir outra.

MB: Não tem carro?
M: Não tenho carro.

MB: Teve quantos?
M: (Risos) Tive um monte de carros… Nossa!!! Muitos!!!

MB: Mais de 20?
M: Com certeza, tive bem mais do que 20 carros.

MB: Telê Santana não puxava a sua orelha?
M: (Risos) Puxava direto. Ele era um paizão. Mas… Olha, eu tomei decisões erradas. Fiz as piores escolhas. Foi isso.

MB: Gastou com drogas?
M: Ah, isso não. Graças a Deus, nunca usei. Eu nunca fumei nem mesmo um cigarro.

MB: Você mora na casa do Pavão e está construindo um ‘puxadinho’ na parte de cima. A ideia é ter um pouco mais de privacidade?
M: É, sim. Somos amigos, eu morava de aluguel e estava sempre na casa dele. Então, o Pavão me chamou pra morar lá. Faz uns seis meses que estou na casa. É boa. São quatro quartos e fica no Morumbi.

MB: De todas as perdas, sente mais falta de quê?
M: Futuramente, quero comprar um carro. Quem não tem carro em São Paulo está morto. Fora isso, nada me faz falta.

MB: Anda de ônibus?
M: Não ando de ônibus porque tenho vários colegas que têm carro. O próprio Pavão tem um. Então, a gente está sempre saindo junto.

MB: Sente saudade do tempo em que tinha dinheiro?
M: Deus me dá o privilégio de ter as coisas básicas de que preciso. Tenho casa, roupa e comida. Tenho o que uma pessoa precisa para viver.

MB: Quando começou a dificuldade financeira?
M: Foi depois que eu saí da tevê, em 2009 (era comentarista do Sportv).

MB: Fez amigos?
M: Tenho dois. O Pavão e o André Luís, que também jogou comigo. Você sabe… Não se faz muita amizade nesse meio.

Nasce comitê em defesa do Pará unido

Nasce na Assembleia Legislativa um comitê supartidário em favor da integridade do território paraense. A instalação ocorreu ontem, com a participação de deputados dos mais diferentes partidos: Eliel Faustino (PR), Celso Sabino (PR), Nilma Lima (PMDB), Carlos Bordalo (PT), Edmilson Rodrigues (PSOL), Raimundo Santos (PR), e pelos vereadores Luiz Pereira, de Belém, e Pedro Soares, de Ananindeua. O objetivo do comitê é lançar um debate sobre o tema, relizando palestras nas escolas e universidades e convocando a população a participar. O vereador Pedro Soares informou que organizará palestras no município de Ananindeua para esclarecer a população sobre o tema. (Do blog ParáUnido)

O último olé do Mané

Por Fernando Faro

Mané descansava em paz no céu quando ficou incomodado com uma “homenagem” feita pelos sérios políticos brasileiros, que resolveram dar seu nome a um estádio. Batizar um local de concreto, duro, imóvel e estéril com o seu nome era a antítese do que ele, lépido e desconcertante, merecia. Como os homens não falam a língua dos anjos, Mané nada pôde fazer a não ser sorrir como fazia nos tempos em que era usado pelos engravatados de discurso vazio que queriam um garoto-propaganda popular e carismático. O tal estádio estava lá meio esquecido e Mané, curtindo a vida no céu, também se desligou e acabou se dedicando às pescarias e peladas nos fins de semana. Se sua cervejinha santa de cada dia estava lá era um mistério.

Veio a Copa do Mundo e os mesmos engravatados que construíram o falso Mané Garrincha resolveram demoli-lo. O Mané de verdade, que lá do céu já estava cabreiro com o Mundial no Brasil (como podia um país que não consegue nem se organizar sediar um evento desses, pensava ele), não podia acreditar no que via: iriam dinamitar o estádio que leva seu nome da mesma forma que zagueiros dinamitaram suas sacras pernas tortas ao longo da sua carreira.

Era hora de agir e Garrincha sabia.

Sem pedir para Deus (desde quando Mané pede autorização para fazer qualquer coisa?), o Anjo desceu em Brasília e encarnou no gigante que estava para ser arrasado. Agora Mané e o estádio eram uma coisa só e iriam enfrentar aquilo juntos. Coitados dos seus oponentes…

No momento de “celebração” da detonação das bombas, a surpresa. Apesar de toda a carga de explosivos, Mané permaneceu de pé. Uma, duas vezes. Do mesmo jeito que debochava de zagueiros brucutus naquelas tardes de domingo no Maracanã, Mané fez os engravatados demagogos passarem vergonha. A TV estava lá e gravou tudo para que não parecesse história de pescador. Era como se Mané mostrasse para nós que basta querer que ninguém pode nos fazer engolir um evento que vai consumir bilhões que deveriam ir para hospitais, escolas, programas sociais.

A torcida desta vez era todo o povo brasileiro, que assistia inerte à gastança de rios de dinheiro em um evento que só vai beneficiar meia dúzia. E qual não foi a alegria em gritar um olé de Mané em Agnelos, Luizes Inácios, Dilmas, Jerômes, Josephs. Quadris duros que achavam que bastava apertar um botão para suas vontades serem realizadas. Tolos.

Mané mostrou que não se brinca com ele. Anos depois de sua morte, o Anjo desceu à Terra e fez da classe política o seu grande João. Mesmo sabendo que essa é uma luta que fatalmente irá perder e que teremos uma Copa apesar de não merecermos (nós não, a classe política que usa e abusa do nosso dinheiro com pretexto do desenvolvimento), ele mostrou que os deuses da bola ainda olham por nós. Satisfeito, voltou para o céu e gargalhou ao ver a cara perplexa dos engravatados. Deu seu recado e foi disputar uma partida com seus amigos no primeiro campinho de terra que avistou. Nós ficamos felizes e com gostinho de quero mais. Que pena que não falamos a língua dos anjos.

A frase do dia

“Sou amigo do Ricardo Teixeira mesmo, sou amigo da Globo mesmo, apesar de ser gangster”.

De Andrés Sanchez, presidente do Corinthians e deslumbrado amigo de quem manda no futebol tupiniquim.

Rock na madrugada – Stone Temple Pilots, Between the Lines

Coluna: O limbo pode virar luxo

A Série D 2011, que já tem um representante paraense definido (São Raimundo) e outro que emergirá da disputa particular entre Remo, Cametá e Independente, abre boas perspectivas de rentabilidade para clubes de torcidas grandes e apaixonadas. O São Raimundo, aliás, já provou isso em 2009, quando levantou o título e faturou um bom dinheiro na competição – embora sem aproveitar adequadamente esse sucesso financeiro.
Em relação às edições anteriores, a competição traz mudanças importantes quanto à forma de disputa. Ficou mais copeira e com oportunidades maiores para equipes tradicionais. Na fase inicial, serão oito grupos de cinco equipes, classificando-se dois times por chave.
Da segunda fase em diante, o campeonato ganha em emoção com jogos realizados no sistema de mata-mata até a finalíssima. Acrescente-se a isso que o gol marcado na casa do adversário ganha peso para um eventual desempate, como ocorre na Copa do Brasil.
Os mandos de campos serão sorteados e não há exigência de capacidade mínima de público nos estádios na etapa de abertura. Na semifinal e na final, o regulamento impõe capacidade de 10 mil torcedores no mínimo.
A CBF estabeleceu prazo até a próxima segunda-feira, 23, para os clubes apresentarem desistência oficial da competição, que começará no dia 17 de julho, com jogos sempre aos domingos. E este é um item particularmente interessante para os representantes do Pará. Como no ano passado, a entidade vai fazer convites (com base no ranking das federações estaduais) para preencher vagas abertas por desistentes. O Cametá foi beneficiado em 2010 e isso pode voltar a ocorrer, contemplando um terceiro paraense, se confirmadas as especulações sobre provável desistência do Trem (AP).
Limbo do futebol profissional no Brasil e sob ameaça de extinção, por pressão das federações nordestinas, a Série D pode ganhar uma sobrevida neste ano se conseguir diminuir o déficit financeiro e superar o desinteresse nacional pelo torneio.
  
 
De olho justamente na vaga à Série D, Givanildo Oliveira não perdeu tempo e já assumiu o comando no Remo. Ciente do pouquíssimo tempo disponível para arrumar a casa a seu gosto, o pernambucano foi franco no primeiro contato com o elenco: há necessidade de concentração máxima em torno do objetivo maior do clube no Campeonato Estadual. Deixou claro que, a partir de agora, o Remo passa a viver sob regime de tolerância zero com indisciplina e rebeldias internas, fatores que afetaram o trabalho de seu antecessor.
Por outro lado, bem ao seu estilo, cantou a pedra para a diretoria. Avisou que não trabalha com salários em atraso. Mais que isso: Givanildo é exigente quanto à estrutura e organização. É um técnico à moda antiga, que gosta de ser informado (e consultado) sobre as áreas diretamente ligadas ao futebol profissional. A conferir. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 18)