O campeonato definiu as semifinais do returno e as duas grandes torcidas paraenses saíram da rodada com sentimentos opostos. A do Paissandu, que foi mantida convenientemente longe da Curuzu pelo absurdo preço dos ingressos, teve o alento de ver alguns reservas jogando com seriedade e boa técnica na incontestável vitória sobre o São Raimundo. Já a do Remo tem razões sólidas para ficar apreensiva depois da derrota para o Independente, nem tanto pelo resultado, mas pela sofrível exibição em Tucuruí. O pior é que as equipes voltam a duelar nas duas próximas rodadas e o cenário não é dos mais favoráveis aos remistas.
Sem pressões maiores e para arquibancadas vazias, o Paissandu jogou como se não houvesse amanhã. Jogadores que andavam esquecidos não perderam a chance de mostrar atitude. Desde os primeiros movimentos, Claudio Allax e Héliton criaram boas situações pelo lado direito. No meio, Vânderson e Billy continham as raras tentativas do São Raimundo e assim o jogo foi se desenhando favorável ao Paissandu.
Na segunda etapa, rápida manobra envolvendo todo o ataque resultou em pênalti sobre Allax, que o artilheiro Rafael Oliveira converteu. As coisas ficaram ainda mais confortáveis quando Billy lançou Héliton e este invadiu a área para fuzilar a meta santarena.
Enquanto o Paissandu corria e se distribuía em campo, o São Raimundo parecia disputar um amistoso. Apático, aceitou o domínio e ainda permitiu o terceiro gol, de Djalma, em tabelinha que envolveu Héliton, o melhor da tarde. Rodrigo Santarém ainda descontou em lance bonito, que não apagou a má impressão deixada pelo time de Charles Guerreiro.
O Remo saiu de Belém com boas perspectivas de terminar a rodada na liderança. Mas, se havia essa intenção, o time ficou na vontade. Ao longo dos 90 minutos, o Independente ditou o ritmo da partida, não apenas na parte tática. A esquadra de Sinomar Naves sobrou também nas atuações individuais, com destaque para Gian, Marçal e Fábio. Joãozinho e Marçal perderam boas oportunidades, Lopes fez grandes defesas e o Remo escapou da derrota nos primeiros 45 minutos.
Nem mesmo o surpreendente gol de Tiago Marabá nos primeiros minutos do tempo final tirou a tranqüilidade e mudou a estratégia do Independente. Ao contrário. Desafiado, foi à frente e conseguiu construir a vitória através de duas penalidades provocadas por manobras agudas de seu ataque. Terminou dando pinta de que podia fazer mais gols.
A semana começa com expectativas de mudanças no comando técnico do Paissandu. Apesar do triunfo de ontem, Sérgio Cosme segue sob ataque. Fontes ligadas à diretoria dizem que o treinador só ficou até agora por pura birra do presidente. Se cair, Vagner Benazzi é o mais cotado para assumir.
(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta segunda-feira, 16)