Galo Elétrico atropela Leão em Tucuruí

Com grande atuação de Gian, que jogou inteiramente desmarcado, o Independente Tucuruí derrotou o Remo na tarde deste domingo por 2 a 1, no estádio Navegantão, e assumiu a liderança do returno, com 15 pontos. Fábio (cobrando dois penais) fez os gols do Independente e Tiago Marabá marcou para o Remo. Desde o começo da partida, o time de Sinomar Naves foi superior, valendo-se da maior organização em campo e de lançamentos precisos para Wegno e Joãozinho, que deram bastante trabalho à dupla de zaga remista. Ainda na primeira etapa, o Independente desperdiçou duas boas chances para marcar, mas o goleiro Lopes apareceu bem.

Logo no começo da etapa final, o Remo chegou ao gol, em jogada de Tiago Marabá, que acertou um chute forte de fora da área. Mas o Independente permaneceu no ataque e chegou ao empate depois de pênalti cometido por Lopes sobre o atacante Wegno. Fábio cobrou e marcou. Instantes depois, nova penalidade: a bola bateu na mão do zagueiro Paulo Sérgio e Fábio voltou a converter.

O Independente continuou superior e teve novas chances, enquanto o Remo se mostrava confuso na criação de jogadas e extremamente vulnerável na defesa. Finazzi, que teve atuação apagada, foi substituído por Adriano Pardal, que pouco produziu. Betinho entrou no lugar de Ratinho e deu nova dinâmica ao meio-campo, mas o time não teve inspiração para buscar o empate. (Fotos: MÁRIO QUADROS/Bola)

Paissandu bate S. Raimundo na Curuzu

Com gols de Rafael Oliveira (pênalti), Héliton e Djalma, todos assinalados no segundo tempo, o Paissandu derrotou o São Raimundo por 3 a 1, na tarde deste domingo, na Curuzu. O então líder do returno fez sua pior apresentação na atual fase do campeonato e se deixou dominar desde os primeiros minutos da partida. O gol de honra foi marcado por Rodrigo Santarém, aos 41 minutos da etapa final, após boa troca de passes iniciada por Fernandinho. No Paissandu, destaque para as atuações de Héliton, Claudio Allax e Marquinhos. O estreante Diego Ourém também se saiu bem fazendo dupla com o volante Alexandre Carioca, improvisado na linha de zaga. A Curuzu recebeu um dos piores públicos de sua história em jogos do Paissandu: apenas 205 pagantes. Do lado de fora, um grupo de torcedores protestou contra a diretoria e o técnico Sérgio Cosme, usando faixas e nariz de palhaço. (Fotos: EVERALDO NASCIMENTO/Bola)

A “gente diferenciada” mostrou seu valor

Por Conceição Oliveira (blog Maria Frô)

Acabei de chegar da manifestação do churrascão da gente diferenciada. Manifestação irreverente, criativa, com a cara de uma parcela da juventude paulistana de classe média: bem vestidos, bem-humorados e acima de tudo bem informados e conscientes de que para a cidade melhorar para todos, todos têm de se envolver e lutar por boas causas. E sim, teve até churrasqueira, carvão, linguiça, carne e abobrinha. O repórter da Globo fazendo inúmeras passagens, descrevendo o cardápio do churrasco me perguntou: Aquilo ali é abobrinha mesmo, né?

Encontrei também muitos moradores do bairro Higienópolis que têm consciência que a cidade é de todos. Conversei com vários deles, uma senhora que vive há 35 anos em Higienópolis, dona Marivone, 80 anos, disse que nunca viu nada igual no bairro e ela estava lá participando da manifestação e se divertindo com a moçada. O Sindicato dos Metroviários também marcou presença.

A manifestação se autogestionou, ocorriam diferentes performances simultaneamente em frente ao Shopping Higienópolis. Alguns manifestantes mais velhos queriam organizar, concentrar, sem sucesso. Eles ainda não entenderam que esses jovens têm um jeito próprio de se manifestar e o espaço para a brincadeira, para as performances individuais devem ser garantidos. Para onde se olhava estava acontencendo algo, um fazendo o camelô vendendo DVD pirata do Calcinha Preta, o outro com a capa do LP do Ultrage a rigor – Nós vamos invadir sua praia, outros com cartazes engraçados, enfim tinha de tudo, afinal somos gente diferenciada

Nos discursos assumiam diversos lados como se fossem pró e contra e arrancavam risos ou vaias dos manifestantes. Até o CQC apareceu, com o repórter Oscar Filho, e foi bem recebido, mas também foi questionado, até eu entrei na brincadeira e disse ao Oscar Filho que ele não era gente diferenciada. E Oscar Filho também brincou teve de tomar a pinga popular oferecida pelos manifestantes. Outros manifestantes perguntaram por que a Band não tinha mandado o Rafinha Bastos ou o Danilo Gantili.

Já participei de muitas manifestações em algumas fui queimada com gás de pimenta. Mas em Higienópolis não houve qualquer violência e vi jovens questionando os policiais de modo bem incisivo que em uma manifestação da periferia os moradores não ousariam fazer. Mas os policiais permaneceram na maior calma, educadíssimos, como gostaríamos de ver toda a polícia. Vou sugerir aos meninos do Passe Livre que façam manifestações em Higienópolis, lá a polícia não bate em manifestante e olhe que teve até churrasqueira ambulante, acesa e tudo!

Gente ‘diferenciada’ como a psicóloga Guiomar se referiu para não dizer gente pobre era a minoria, mas foi bem representada com criatividade e originalidade, nas performances e nos slogans. Aliás Guiomar foi bem lembrada no coro: O Guiomar, cadê você, eu vim aqui só pra te ver! Depois da concentração no shopping os manifestantes caminharam até onde deve ser a futura estação do metrô na esquina da Sergipe com a Angélica, ao caminharmos pela Angélica agora fechada pra que os manifestantes pudessem caminhar os moradores dos edifícios nos acenavam tiravam fotos, funcionárias das lojas foram para a porta e gritavam queremos metrô, chamávamos os moradores pra se unir a nós, alguns desceram.

A classe média paulistana usa e quer mais metrô e mostrou para a minoria de Guiomares de Higienópolis que ela não precisa ter medo de gente diferenciada, que a gente diferenciada trouxe beleza e alegria para o bairro. Será muito bacana uma estação em Higienópolis, conseguiremos juntar a Brasilândia aos moradores que tem um parque como a Praça Buenos Aires que tem playground para cachorros.

Coluna: Da passagem do tempo

Boleiros veteranos têm o direito de exigir respeito como se estivessem no auge da forma? Rivaldo acha que sim. Fugindo ao próprio estilo matuto, bateu o pé e atacou publicamente o técnico Paulo César Carpegiani, por não ser lançado no jogo decisivo contra o Avaí pela Copa do Brasil, na última quinta-feira.
Pelos cálculos do experiente meia-atacante, o São Paulo sairia no lucro com ele em campo. Acha Rivaldo que o time catarinense iria respeitá-lo. Há controvérsias. Carpegiani, senhor das decisões naquele momento, pensou diferente. Mesmo depois de obrigar o ex-craque da Seleção a fazer duas longas sessões de aquecimento, optou pelo novato William José para tentar um gol salvador nos instantes finais.
O gol não saiu e Rivaldo sentiu-se à vontade para estrebuchar. Sacou do bolso o belíssimo currículo para definir sua barração como um ato humilhante. É possível compreender seu protesto, mas a explicação do técnico é razoável: preferia um ataque jovem e rápido, capaz de envolver a zaga do Avaí.
Nos bons tempos, Rivaldo seria a estrela da companhia e opção natural para entrar jogando. Acontece que já se passou quase uma década da fase mais brilhante de Rivaldo, quando ele regeu a Seleção pentacampeã em gramados asiáticos. Os Ronaldos estavam muito bem, Roberto Carlos voava em campo, mas Rivaldo teve indiscutivelmente o papel mais decisivo daquela conquista.
Dói dizer, mas o tempo passa rápido para os craques. E a rapidez é tamanha que nem sempre eles conseguem perceber que chegaram ao fim da linha. Alguns resistem até a última gota de suor. Romário cumpriu um roteiro constrangedor em busca da marca de 1.000 gols, até hoje contestada. Ronaldo Fenômeno brincou perigosamente com a própria história nos meses derradeiros de sua passagem pelo Corinthians.  
Rivaldo, que já rema para a beira há alguns anos, precisamente desde que andou pelo futebol grego, ganhou do São Paulo a oportunidade de uma despedida em alto nível. Estreou fazendo um golaço no Morumbi, mas não conseguiu engrenar uma sequência satisfatória de jogos. Tornou-se reserva de luxo, com todas as implicações negativas que envolvem essa condição. 
Contra o Avaí, Carpegiani foi coerente. Manteve no banco o jogador que disputou dez partidas sem mostrar sinais de que ainda é um fora-de-série. Tem alguns lampejos, trata a bola com perícia e dispara ainda belos chutes com a canhota, mas a pontaria não ajuda e o fôlego não permite alcançar alto rendimento. O mundo do futebol já viu isso acontecer com muita gente boa. Agora foi a vez de Rivaldo.
E a velha lição de saber parar revela-se sempre atual e implacável. Certo mesmo estava o inesquecível Fiori Gigliotti quando soltava o bordão clássico: “O tempo paassaaa, torcida brasileira…”. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO deste domingo, 15)