Atletas do Paissandu pedem dispensa de treino

Jogadores do Paissandu reuniram na manhã desta terça-feira e pediram à comissão técnica dispensa do treino da tarde, alegando cansaço. Essa é a versão oficial, mas na própria Curuzu circulou a informação de que vários atletas estariam descontentes com o atraso salarial superior a dois meses. A diretoria não confirma (nem desmente) o impasse com o elenco.

Mundico enfrenta motim de atletas

Na semana do jogo decisivo contra o Independente, o São Raimundo enfrenta uma inesperada crise interna motivada por atraso salarial. Os jogadores se recusaram hoje a cumprir a agenda de preparação física determinada pelo fisicultor Nicolau Barros. A situação está sob análise da diretoria, mas não está descartada a punição a alguns atletas.

A frase do dia

“É preciso estar preparado para tudo. Vão atuar 11 jogadores extraordinários liderados por um treinador muito competitivo. Eles têm jogadores para fazer o que queiram, com boa saída de bola e um dos melhores volantes do mundo, Xabi Alonso”.

De Pep Guardiola, técnico do Barcelona, sobre o clássico desta tarde contra o Real Madri, no Camp Nou.

Na TV, Ganso revela coração azulino

Em entrevista ao programa CQC, da Band, na noite desta segunda-feira, o meia paraense Paulo Henrique Ganso revelou que é torcedor do Remo. “Pra que time você torce?”, foi a pergunta de uma telespectadora e isso deu origem à declaração. O jogador participava do quadro PQS – “Povo quer saber” -, no qual os convidados respondem às perguntas feitas por pessoas comuns na rua. Ganso passou pelas divisões de base do Paissandu antes de ser levado para o Santos.

Jornalismo esportivo em debate na Feapa

Nesta terça-feira, às 19h30, acontece a mesa-redonda “Jornalismo Esportivo e o Século XXI” dentro da III Semana de Empreendedorismo da Feapa, com a participação dos jornalistas e radialistas Abner Luiz, Valmir Rodrigues, Carlos Ferreira e este escriba baionense. O debate será mediado pelo professor e jornalista Ismael Machado no estúdio de TV da instituição, na avenida Augusto Montenegro, Km 4.

Morte de Bin Laden é repetição de um filme antigo

Por Daniel Malcher

Nos estertores de 1945, os debates sobre geopolítica mundial ou política internacional estavam balizados por uma certeza, uma obviedade: a proeminência de soviéticos e norte-americanos no cenário geopolítico. A Europa, outrora centro do mundo capitalizado e industrializado, que congregava ricos e imensos impérios coloniais desde meados do século XIX saía de cena arrasada por 37 anos de guerra – sim, 37 anos! Afinal, não seria a Segunda Guerra Mundial uma continuação da Primeira Grande Guerra, com um hiato de relativa “paz”, uma “paz-branca” entre os dois conflitos? – e no seu lugar, novos atores surgiram nos papéis principais, seguindo um roteiro que se adequou a novos enredos que se apresentaram quase imediatamente, logo ali, perto, já nos anos 50.
Coréia, golpes e ditaduras militares na América Latina, Vietnã, Laos, Camboja, Irã-Contras, Afeganistão, Nicarágua, Panamá, Golfo, Afeganistão novamente e Iraque vitaminaram script’s onde a trama se desenrolou apenas ao sabor de um dos atores principais. “Ao vencedor as batatas!”, como diria Quincas Borba; aos perdedores, a compaixão, a comiseração etnocêntrica das potências (ou melhor, do “império”) que depositam numa pretensa “inferioridade” e “incivilidade” dos coadjuvantes a justificativa das derrotas, das invasões e dos massacres. Cuba e Vietnã, nos já longínquos anos 60, desmistificaram tais premissas. Não quiseram ser “bandidos” nos filmes feitos por e para “mocinhos” e “xerifes” durões.
Logo após as bombas de Hiroshima e Nagasaki, qual seria então o fio condutor das tramas elencadas acima? Uma frase-efeito-bandeira, evocada em tempos de paz, de guerra, de relativa paz ou de conflito iminente: “conquistar corações e mentes”. E, independentemente do inimigo a ser vencido (durante 46 anos foram os “vermelhos” e agora é tudo aquilo genericamente chamado de “terror” ou “terrorismo”), e ao sabor das ocasiões, esta frase foi invocada quase como um imperativo, uma espécie de mantra. Conquistar para vencer (ou vice-versa) ou dominar requer brutalidade, jogar jogos escusos e, parafraseando conhecido filme, dar a estes o caráter de “jogos patrióticos”. Conquistar, vencer ou dominar requer o uso da força, mas, sobretudo refinamento, discurso, convencimento, criar o pânico, fomentar o medo. “Somos nós ou eles!”. É o “mundo livre”, a “Liberdade”, a “Democracia” (termos hipócritas e pastiches dos tempos da Guerra-Fria) que precisam trinfar sobre o “Mal”, o “Eixo do Mal”, o “Terror” e seus congêneres, e para tanto se valem inclusive de expedientes nada democráticos ou bondosos. Afinal de contas, na luta do “Bem” contra o “Mal” (ou, de “Nós” contra “O Resto”), tudo, mas tudo mesmo, é valido!  Quem presenciou a quartelada de 64, incentivada e até articulada pelos interesses do “império”, sabe muito bem o clima causado por tais construções do discurso. E é esse eficaz jogo de conquista e “sedução” e o clima de comoção por ele provocado que forja adesistas de última hora e reafirma posições de partidários convictos.
Perante o  histórico de “serviços” norte-americanos “prestados” ao mundo e que são de conhecimento público, o que seria então a morte de Osama Bin Laden, artífice do “maior atentado terrorista da história” (como se vê, para os norte-americanos há alguns atentados mais e outros menos) e bandido no faroeste da vez? Anunciada em tom triunfalista por Barack Obama e pela mídia televisiva dos “irmãos do norte” e por alguns de seus aliados mundo afora – o tom efusivo de uma apresentadora e de repórteres de um telejornal global de início de tarde na segunda-feira foi flagrante e, ao mesmo tempo, deprimente – é apenas um mise-and-scene para alavancar a popularidade de Obama e o sempre perigoso e egocêntrico orgulho nacionalista yankee? A consumação da justiça em nome daqueles mais de 2.500 norte-americanos mortos naquela manhã de 11 de setembro? Um recado àqueles que queiram contestar ou atrevidamente “cutucar” os Estados Unidos, como quem quer dizer “aconteça o que acontecer, ou dure o tempo que for, nós sempre venceremos”? Uma demonstração de que mesmo perante as recentes crises econômicas, os Estados Unidos estão sinalizando que “ainda estamos fortes e de pé”? Ou uma indicação clara de que, por mais que o enredo do filme seja longo, que haja percalços, encontros, desencontros, informações desencontradas ou falsas informações sobre países alheios (e as armas de destruição em massa do Iraque? Estão onde mesmo?), o script deve sempre ser seguido à risca, ou seja, num batido e já manjado happy end na Times Square? É a confirmação, mais uma vez, do destino manifesto de grande nação, encerrada na clássica evocação “Deus, salve (“salve” este que no fundo significa “está com”) a América? Como diria Renato Russo em célebre canção, “mudaram as estações, mas nada mudou”. O filme ainda é o mesmo desde 1945, e talvez seja o mesmo por muito, mas muito tempo. Só há uma certeza: Deus salve os árabes, os judeus, os Estados Unidos (e por que não?) e a todos nós.

Coluna: Dois volantes em alta

Na coluna de ontem, sobre as frustrações do Re-Pa, acabei omitindo o registro das atuações corretíssimas de dois volantes, Vanderson e Moisés. É fato que pouco se ressalta o trabalho da marcação num time de futebol, embora sua importância seja fundamental. Ocorre que os olhos da torcida e dos analistas estão sempre voltados para quem cria grandes jogadas ou faz gols. Os operários da bola ficam em segundo plano, aparecendo muitas vezes por motivos pouco nobres – como Felipe Melo na recente Copa do Mundo da África do Sul.   
Na falta de armadores criativos e atacantes definidores, o clássico de domingo abriu espaço para a luta incansável de Vanderson na proteção à zaga do Paissandu, desarmando e vigiando de perto as tentativas de Jailton e Rodrigo Dantos. Quando havia chance, saía também para o jogo. Essa disposição acabou premiada com a bola que sobrou limpa, à entrada da área, para o tiro seco no canto direito do goleiro remista.
Foi a melhor apresentação de Vanderson no campeonato e apenas o quinto gol na carreira, marca modesta, mas que lhe dá vantagem sobre alguns outros volantes (como Charles Guerreiro na fase madura) pouco afeitos a tiros certeiros. Mais que isso: o chute foi perfeito, calibrado e certeiro. Prova de competência técnica de um jogador que chegou a ser questionado nesse retorno ao Paissandu.
Além do gol, a boa atuação defensiva da equipe – mesmo quando Sidny e Brayan saíram lesionados – deveu-se, em larga escala, a Vanderson. Como cão-de-guarda, foi preciso, teve fôlego e não precisou apelar.
Do outro lado, por apenas 45 minutos de atuação, outro volante também se sobressaiu. Moisés substituiu Tiaguinho no intervalo e deu ao meio-campo do Remo a consistência para reagir e buscar o empate, alcançado logo aos 12 minutos, através de Rodrigo Dantas.
É curioso como um jogador com os recursos técnicos de Moisés continua apenas como opção no banco de reservas. Verdade que o Remo tem dois volantes bem entrosados, Mael e San, mas é visível que a meia-cancha ganha em estabilidade quando Moisés está em campo. Tem sido assim em todas as partidas, inclusive nos poucos minutos da estréia diante do São Raimundo, em Santarém.
Paulo Comelli tem tentado dar agressividade ao Remo usando dois meias, geralmente Tiaguinho e Ratinho. A estratégia ainda não funcionou. Pelo futebol mostrado, Moisés já merecia atuar naquela faixa entre a proteção à zaga e a ligação. Sabe driblar, passar e chuta de média distância. No fundo, talvez seja um meia-armador disfarçado de volante.   
 
 
Saldo final da batalha da Ressacada: Avaí e Botafogo punidos pelo STJD com multa de R$ 10 mil pelo sururu. Até aí, tudo bem. Já o soprador de apito Ricardo Marques, responsável por 90% do clima bélico criado no jogo ao inventar um pênalti nos acréscimos, foi absolvido e por pouco não saiu do tribunal com medalha no peito. 

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta terça-feira, 3)