Controvérsia & liberdade

Ao lado da jornalista e professora universitária Rosali Brito, participei de proveitoso debate, segunda-feira à noite, no programa Controvérsia (TV Cultura), apresentado por Serginho Palmquist, amigo de longa data e jornalista dos bons.

Em pauta, a liberdade de imprensa. Assunto espinhoso, que suscita discussão e que voltou à ordem do dia em função da recente decisão do TJE de proibir a publicação de imagens consideradas chocantes e que possam ferir a dignidade humana.

Em posições antagônicas, pela própria natureza do programa – que é dirigido por Fátima Gonçalves, outra jornalista de respeito –, trocamos argumentações, teses e pontos de vista sobre o instigante tema. Tudo ao vivo, de bate-pronto.

Rosali entende que a decisão judicial é acertada, pois impõe limites a abusos que os jornais teriam cometido. Avalia, entre outros pontos, que isso não configura necessariamente censura ou restrição à atividade jornalística, configurando apenas uma medida necessária para conter a espetacularização da notícia com fins comerciais. Observa, também, que é comum nessas situações as empresas alegarem prejuízos à liberdade de imprensa quando, na prática, estariam mesmo preocupadas com o que denominou de “liberdade de empresa”.

Critiquei a censura prévia aos jornais por considerar que tal ato fere um princípio constitucional elementar. Eventuais excessos ou delitos dos jornais têm instâncias apropriadas de reparação. Argumentei, ainda, que é muito melhor, para todos, um jornalismo imperfeito do que um jornalismo controlado. E manifestei minha natural desconfiança quanto a medidas controladoras, que acabam por expressar um indisfarçável viés absolutista (e preconceituoso) das elites brasileiras, sócio-econômicas e intelectuais.

Pela quantidade de participações por telefone, os telespectadores do Controvérsia aprovaram a discussão, mantida sempre em alto e respeitoso nível.

Todos lucrariam se mais debates e programas do gênero fossem produzidos. Não com o excesso verborrágico e cansativo da TV francesa, mas com a urgência que a realidade brasileira de hoje impõe.       

 

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