POR GERSON NOGUEIRA
A equação para o acesso não era simples. O Remo precisava vencer e, além disso, tinha que torcer por um resultado favorável nos jogos da Chapecoense e do Criciúma. Contra as previsões mais pessimistas, tudo transcorreu de acordo com as esperanças azulinas e o esperado acesso à Série A finalmente aconteceu, 33 anos depois.
Cabe dizer que o capítulo final da Série B começou da pior maneira para o Leão. Em jogada despretensiosa, o Goiás saiu na frente. Um golaço de Willian Lepo, aos 7 minutos. As coisas não pareciam se encaminhar para a celebração que a torcida havia preparado com tanto esmero.
Com 47 mil espectadores lotando o Mangueirão, o gol gerou preocupação, mas a massa torcedora se encarregou de manter a crença na vitória. E o time correspondeu, tomando conta das ações e controlando o jogo com tentativas de cruzamentos e chutes de fora da área.
O Goiás recuou e não saía de seu campo nem por decreto, bem ao estilo Fábio Carille. A estratégia era conservar a vantagem e segurar o resultado. O principal mérito do Remo foi não perder a concentração e o foco. Seguiu acreditando. Pedro Rocha se livrou da marcação e mandou um chute perigoso, próximo à trave de Tadeu, aos 14’.
Como o Goiás se fechava com até oito jogadores dentro da área, o Remo precisou diversificar os ataques. Kayky disparou um chute forte, que pegou curva e quase entrou no canto esquerdo do gol, aos 26’.
O lance mais perigoso veio em um escanteio cobrado por Pedro Rocha. Klaus desviou de cabeça deu rebote, mas João Pedro chegou atrasado. Quando a chuva voltou e o jogo parecia destinado a terminar empatado no 1º tempo, eis que as coisas começaram a se encaixar para o Leão.
Aos 49’, Pedro Rocha recebeu bola cruzada por Pedro Costa e avançou em direção à meia-lua da grande área. Mesmo marcado de perto, o artilheiro do campeonato bateu à meia-altura e a bola entrou junto ao poste esquerdo de Tadeu. Na trajetória do chute, Jaderson contribuiu com um corta-luz que ajudou também a confundir o goleiro.
O empate veio na hora certa e encheu de entusiasmo o Remo para a etapa final. Os resultados lá de fora continuavam insatisfatórios. A Chape vencia o Atlético-GO e o Criciúma empatava com o Cuiabá.
Só que por volta dos 10 minutos, a torcida explodiu de alegria nas arquibancadas. O Cuiabá fez 1 a 0 lá na Arena Pantanal. O barulho da torcida funcionou como corrente elétrica junto ao time do Leão, que passou a fustigar com mais insistência em busca do segundo gol.
Aos 17 minutos, Pedro Rocha recebeu passe de Panagiotis, avançou pela esquerda e lançou a bola na área. João Pedro se antecipou à defesa e tocou para o fundo das redes, marcando 2 a 1 para o Remo e enlouquecendo o Fenômeno Azul. O Goiás, mesmo em desvantagem, continuou tímido. Fábio Carille fez mudanças, mas o time permaneceu muito atrás.
O Remo, já com Pavani e Jorge em campo, forçou mais o jogo pelos lados e, aos 38’, veio a recompensa. Jaderson passou para Pedro Rocha e este cruzou na área. João Pedro subiu mais que a zaga e testou, ampliando para 3 a 1. Uma linha de passe entre o artilheiro da Série B e o goleador do jogo.
Aí o jogo virou festa porque, instantes depois, veio a confirmação da vitória do Cuiabá. A combinação perfeita esperada pelo Remo para permitir que a torcida gritasse a plenos pulmões: “O Leão voltou!”.
Leão teve ousadia, investimento e boas escolhas
Após o jogo, começou a tradicional avaliação dos responsáveis maiores pela imensa conquista azulina. Garantir presença na Série A, um ano após o acesso à Série B, é uma façanha reservada a poucos times. Méritos para o esforço da diretoria, comandada por Antônio Carlos Teixeira, que teve a ousadia de investir e acreditar de verdade no acesso.
Outro acerto foi a contratação de Guto Ferreira quando o time começava a perder fôlego na disputa, caindo para a 12ª posição em função do fraco trabalho do técnico Antônio Oliveira. Guto deu início a uma reação espetacular, conquistando seis vitórias seguidas e colocando o Remo entre os postulantes reais à conquista do acesso.
Nem mesmo os últimos resultados, com dois empates e uma derrota, arrefeceu a confiança do torcedor, atento ao bom trabalho de Guto e sua comissão técnica. Os 47 mil torcedores presentes no Mangueirão, um recorde na Série B, confirmam que o Fenômeno Azul nunca perdeu a fé na subida para a Série A – maior conquista do Remo nos últimos 20 anos.
Papão até começa bem, mas sofre a virada
O jogo não valia mais nada para o PSC, a não ser a preocupação com uma despedida honrosa, mas o gol de Peterson aos 8 minutos deu à equipe a vantagem inicial sobre o Athletic, em S. João Del Rey. O placar poderia ter sido ampliado ainda no 1º tempo, com chute do mesmo Peterson na trave do time mineiro, cujo nervosismo era visível.
A primeira etapa foi toda favorável ao Papão, que trocava passes em velocidade e levava perigo sempre que botava pressão. Pode-se dizer que foi o melhor 1º tempo da equipe sob o comando de Ignácio Neto.
Mesmo quando o Athletic criava situações de perigo, a zaga respondia bem e o goleiro Gabriel Mesquita não dava chances ao ataque adversário.
Na virada para o 2º tempo, com o Athletic correndo o risco de rebaixamento, o jogo começou a mudar. Aléssio Da Cruz entrou na partida e, em menos de 10 minutos, conseguiu marcar os gols necessários para virar o placar e garantir a permanência do Athletic na Série B.
(Coluna publicada na edição do Bola desta segunda-feira, 24)