A primeira das cinco decisões

POR GERSON NOGUEIRA

Uma rodada antes da impressionante sequência que ressuscitou o time na Série B, a torcida azulina viu o time ser derrotado pelo Atlético-GO em pleno Baenão. A apresentação pífia confirmou todas as críticas ao trabalho de Antônio Oliveira e obrigou o clube a finalmente tomar uma atitude, trocando o comando técnico.  

Àquela altura, chegar ao G4 parecia um sonho distante para o Remo. Os vários tropeços em casa geraram perda excessiva de pontos para quem tinha declarado o propósito de buscar o acesso à Primeira Divisão.

Guto Ferreira assumiu como última esperança de uma redenção da equipe, embora sob justificada desconfiança da torcida. Afinal, tudo o que havia sido construído no começo da competição caíra por terra na gestão de Oliveira. A larga experiência em campanhas de Série B – com quatro acessos – foi o aspecto determinante para a contratação de Guto.

As cinco vitórias obtidas desde então justificaram a escolha. O Remo retomou o sonho e passou a se destacar como um legítimo candidato ao acesso. Para resgatar esse respeito, o time teve que repetir o feito de Criciúma e Athlético-PR, que também emplacaram sequências de vitórias e dispararam na classificação.

Hoje à noite (21h35), na Arena Pantanal, Guto Ferreira e seu time voltam a ser desafiados. O Cuiabá vai tentar usar o fator casa para desbancar o Leão e se reaproximar do G4. Um adversário difícil, com defesa forte e excelente retrospecto dentro de casa, com aproveitamento de 70% como mandante.

O dado que pode contribuir para mais um resultado positivo para o Remo é o fato de que Guto Ferreira treinou e ajudou a montar o time do Cuiabá. Conhece muito bem o perfil e os segredos da equipe. Além disso, vários desfalques importantes (incluindo o artilheiro Safira) atormentam o Dourado nesta reta final de Série B.

Para manter a invencibilidade e garantir permanência no G4, o Remo terá a equipe quase completa – apenas Nathan Camargo e Sávio estão fora. A zaga volta a contar com Willian Klaus ao lado de Kayky. Do meio para frente, o Remo não tem mudanças em relação ao jogo diante do Athletic. Pedro Castro, Caio Vinícius e Panagiotis formam a linha média, combinando marcação forte e saídas rápidas ao ataque.

Na frente, o artilheiro Pedro Rocha permanece com a função de atacante centralizado, com Diego Hernández e Nico Ferreira nas pontas. Não há uma formação possível melhor do que essa. Guto Ferreira, além de ter injetado mentalidade vitoriosa na equipe, fez o que se espera de todo técnico: escolher os melhores e colocar para jogar. Simples e prático.

Dúvidas no Papão atormentam Márcio Fernandes

Apesar da boa notícia do retorno de Novillo e Thiago Heleno, o PSC continua um poço de problemas para o confronto deste sábado contra o Avaí, na Curuzu. O meio-de-campo, por exemplo, é território indefinido até agora. As atuações sofríveis de Ronaldo Henrique, André Lima e Denner obrigam o técnico Márcio Fernandes a buscar soluções no elenco.

Deve optar por Marlon como organizador, levando em conta a boa atuação no Re-Pa, mas há dúvida quanto à utilização dos volantes. Nicola volta a ter chance diante do baixo rendimento do setor de marcação, alvo de críticas até de ex-jogadores do clube, como Vanderson, que observou medo por trás das pífias apresentações dos volantes.

No ataque, porém, reside a maior encrenca a ser resolvida por Márcio Fernandes. Sem Maurício Garcez, o atacante mais importante do time, impedido de atuar por força de contrato, ele terá que apostar em Wendell, Denilson e provavelmente Marcelinho, finalmente reabilitado.

Como já não teria Diogo Oliveira, lesionado, o PSC se descaracteriza ofensivamente justo nos momentos mais delicados da campanha. Com 27 pontos, o time ambiciona pelo menos abandonar a lanterna da competição, onde está há 10 penosas rodadas.

Libertadores: sacode inesperado ameaça final brasileira

Um 3 a 0 acachapante nos primeiros 45 minutos marcou a primeira partida da semifinal entre LDU e Palmeiras, ontem à noite. Depois de eliminar Botafogo e São Paulo, o time equatoriano partiu com um apetite voraz para cima do alviverde paulista, estraçalhando a estratégia de forte marcação que Abel Ferreira costuma usar como visitante.

A Libertadores pode ter, de repente, uma final inesperada. A decisão entre times brasileiros, prevista como quase certa, corre o risco de ter um penetra improvável. A LDU, treinada pelo brasileiro Tiago Nunes, mostra disposição para ir em busca do troféu e vem para o jogo de volta com uma gigantesca vantagem de três gols.  

Foram momentos vexatórios para o Palmeiras, que não costuma perder na competição. Villamil, um meia boliviano bom de bola e quase desconhecido, triturou o esquema defensivo montado por Abel e contribuiu para colocar a LDU em vantagem desde os primeiros minutos.

O placar de 3 a 0, imposto nos primeiros 45 minutos, só não virou um desastre maior porque a LDU preferiu administrar a vantagem no 2º tempo, evitando correr atrás do quarto gol. O Palmeiras ficou fazendo o que sabe: botar bolas na área para Flaco Lopez e Vítor Roque, mas não deu certo.

(Coluna publicada na edição do Bola desta sexta-feira, 24)

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