A overdose de clássicos

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Por Gerson Nogueira

Paissandu e Remo realizam hoje à noite mais um da infindável série de clássicos desta temporada. Será o décimo, contando com os dois da Copa Verde. Mais Re-Pa do que o interesse (e o bolso) do torcedor pode suportar. Por sorte, este é pra valer, afinal pode decidir o título da temporada. Mas não anula o falto de que presenciamos uma quantidade exagerada de confrontos.
Costumo dizer que a fórmula desenhada pelos dirigentes vai, irracionalmente, matar a galinha dos ovos de ouro a tiros de canhão. Só os muito ingênuos e os coniventes não enxergam o mal que a overdose de clássicos faz ao campeonato e, principalmente, aos dois grandes clubes.
A fonte está secando, e os números do borderô acusam isso. Na quinta-feira passada, por ocasião do primeiro jogo da decisão do returno, as bilheterias do estádio Jornalista Edgar Proença registraram pouco mais de 6 mil pagantes, um dos menores públicos de Re-Pa nos últimos 20 anos.
Sem dúvida, um número ridículo para a grandeza da rivalidade e inteiramente normal para a repetição excessiva de jogos entre os dois clubes. Sob a desculpa de que o clássico virou a salvação da lavoura do Parazão cheio de jogos deficitários e clubes sem torcida, os dirigentes abusam do remédio.

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Pelo que se observa, nem passa pela cabeça dos idealizadores da fórmula de disputa que seria bem mais atraente realizar dois clássicos por turno, mais um (se necessário) para decidir o título. A ansiedade e a expectativa acumulada gerariam o clima necessário para que o torcedor lotasse as arquibancadas.
Atualmente, com ingressos inflacionados pelos programas de sócio-torcedor e um Re-Pa a cada 15 dias, fica difícil competir com o conforto do lar ou a tranquilidade do bar mais próximo. Sem esquecer que as transmissões ao vivo também forjam um novo cliente, cada dia mais comodista e distante dos estádios.
Óbvio que não se pode atribuir apenas à TV o esvaziamento do clássico. Ela é a parte mais visível de um balaio de sérios problemas – horário/dia inadequado, transporte caótico, insegurança nas ruas etc. No ritmo de hoje, com gestores preocupados apenas com as arrecadações sem se incomodar com o futuro próximo, o Re-Pa corre o sério risco de ingressar na alentada lista de tradições paraenses que se desmancharam no ar ao longo do tempo, como o carnaval de rua e as quadrilhas juninas.
Ainda há tempo de mudar o rumo da prosa.

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Estilos e expectativas diferentes

O jogo de hoje é, em tese, mais propício para o estilo do Paissandu, que se fecha e explora as saídas em contra-ataque. Foi assim que Mazola Júnior conseguiu as duas vitórias sobre o rival nesta temporada.
Ocorre que o futebol tem o péssimo hábito de contrariar as teorias e aí pode residir a chance de o Remo reverter um quadro que lhe é desfavorável.
Como aconteceu na semifinal do returno, diante do Independente, Roberto Fernandes deve escalar um time mais ofensivo do que normalmente utiliza. Além de Leandro Cearense e Roni, Potiguar e Eduardo Ramos jogarão em cima da defesa do Papão, contando com o auxílio dos laterais Levy e Alex Ruan.
É um esquema ousado, sujeito a muitos riscos, mas atacar é o único caminho que resta a quem precisa vencer.
No Papão, cujo esquema cauteloso não impede o funcionamento da artilharia (a segunda do país na temporada), a melhor notícia é a anunciada volta de Vânderson, Bruninho e Zé Antonio. Com eles, Mazola refaz o equilíbrio da meia-cancha e fecha ainda mais sua linha de defesa.

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Comendo sardinha e arrotando caviar

O atacante Barcos, que carregou a fama de mercenário ao trocar o Palmeiras pelo Grêmio, conta em entrevista à ESPN que saiu do clube paulista porque estava há quatro meses sem receber salários. A afirmação do artilheiro argentino deixou sem palavras a sempre altiva imprensa esportiva paulista, mas a situação é bem mais comum do que se pensa na vida dos grandes clubes.
Acima de tudo, expõe a má gestão do futebol brasileiro, cujos dirigentes normalmente fingem uma bonança que não existe.

(Coluna publicada na edição do Bola/DIÁRIO desta quarta-feira, 28)

23 comentários em “A overdose de clássicos

    1. Meu grande amigo vascaíno, pela lei natural das coisas (que nem sempre prevalece em Re-Pa), Papão leva boa vantagem, pois é um time normalmente retrancado e pode ser campeão com um 0 a 0.

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  1. Gerson e amigos, eu não sei de que forma, mas só o que poderia salvar o nosso futebol, é uma reforma salarial.

    O jogador Cicero do Santos, se recusou a jogar a sétima partida pelo Santos, pois espera uma proposta melhor, já que o Santos não topou lhe pagar os incríveis 500 mil mensais.

    O que faz de gênio esse rapaz pra ganhar o que quase todos os jogadores do Paysandu ganham?

    O pior é que tem time que fazer isso.

    Por aqui tem jogador de time de lama que ganha 70 mil.

    Esse lama foi o Mazola quem disse.

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  2. Amigo Gerson e demais companheiros do blog, acho que o esquema retrancado e suicida do Mazola é que dará a vantagem para o time azulino pois este joga por uma bola só, aquela que pode surgir de uma jogada fatal aos 45 do segundo tempo.
    Chateado com a forma covarde de jogo do Papão e mais ainda com a lerdeza irritante da diretoria em não contratar o que mais precisamos. Tudo bem que para o parazão não há mais jeito, é lutar com o que se tem nas mãos.
    Fase ruim do Lima é um ponto crucial ao funcionamento da artilharia bicolor. O time já está manjada e o adversário conhece as peças que enfrentarão. Ponto para o Remo que tem tudo para sair campeão ao final dos 90 minutos mais os acréscimos!

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  3. Amigo Édson, também não consigo vislumbrar nos dias de hoje com os jogadores medianos que o futebol brasileiro (digo o jogado dentro do Brasil), razões para um atleta receber 500 mil de salário, isto é totalmente surreal.

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  4. Meu caro Edson, boa tarde o MAZOLA sempre teve Razão e coragem em suas colocações,coisa que muita gente não tem neste Estado.Independente do resultado de hoje,devemos fechar com ele até o fim,doa quem doer.Sobre o jogo é dificil prever o resultado,mas,espero um bom resultado em favor do PAPÃO,se não tiver bastidores envolvido. Pra vc meu caro Gerson uma boa tarde e um bom trabalho que vc merece.

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  5. Hoje, mais um empate. Paysandu campeão do segundo turno. Mais dois jogos pela frente e os dois times faturarem mais 500 mil para pagar as dívidas, somente um idiota poderia pensar diferente.

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  6. Eu já estou de saída para o mangueirão, não acredito em porra de marmelada. E o dia que eu tiver essa certeza, que o meu amado Clube do Remo, entregou um jogo por um motivo dão bestial como esse, eu deixo de torcer para o Leão. Podemos perder sim, não somos imbatíveis , mas não que nossos atletas facilitem, são coisas que no futebol acontecem. São três os resultados , vitória,empate ou derrota. Agora digo uma coisa, dificilmente quando eu me empolgo eu me engano. Hoje vou lá e sei que o Remo vence e vence bem, quem quiser acreditar que acredite, digo o que eu sinto e o que estou pressentindo ,a vitória será azulina e uma vitória bem convincente. Eu acredito piamente. E é por isso sou um dos maiores vencedores de replay da história do futebol paraense. Vou lá buscar mais um campeonato, eu sou eu e boi não lambe, se lamber eu corto a língua. Fuiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiiii

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  7. Egua… O Rocildo voltou…
    Meu tio Gilberto que trabalhou no correio, famoso bombinha, mandou lembranças Rocildo…

    Retorno do Rocildo é um alívio Edson e Miguel… Certeza que o Papão vencerá hoje.

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  8. Bem como o Remo levou o campeonato todo para criar só uma jogada (explorar o garoto Rony), o Mazola vai colar o Djalma na marcação, hoje o jogo será empate com a decisão ocorrendo em Junho. Sem falar que o Frangiano será o goleiro remista.

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  9. Ué, o futebol paulísta não é o melhor futebol do país? Não tem o melhor estadual? O Barcos não era mercenário? O certo é que há algum tempo SP e RJ estão perdendo lugar para os vizinhos mineiros e sulistas que também estão indo para o mesmo limbo, vide os times milionários que disputaram a Libertadores da América.

    Sobre o crássico, só posso dizer uma coisa: o seu Rocildo voltou. Será que é por isso que choveu? Meu palpite é que o PSC deve ganhar seu único título nessa temporada e no seu centenário hoje a noite.

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