O blogueiro Francisco Bicudo chamou a atenção para um fato curioso nas capas das revistonas desta semana. Nenhuma delas deu manchete para as explosões populares que abalam as ditaduras pró-EUA no mundo árabe. “Quem aguardava análises e relatos de fôlego sobre Tunísia, Egito e afins deu com os burros n’água”.
As capas da Veja, Época e IstoÉ
A Veja, que mais se parece como uma sucursal rastaqüera do império, deu na capa o “bom-mocismo” de Luciano Huck e Angélica. É certo que o ator global foi um dos principais cabos eleitorais do demotucano José Serra e que vem sofrendo inúmeras críticas na sociedade – por crimes ambientais e outros. Mas é evidente que este assunto, tipicamente plantado, não tem maior relevância do que a explosão social no Egito. Já a revista Época, da Editora Globo – que mantém fortes ligações com os EUA desde o sinistro acordo com a Time-Life –, trouxe na capa outro tema momentoso: “O guia essencial dos imóveis”. E a IstoÉ destacou “O novo astro da fé”, sobre o ex-lavrador que comanda a igreja evangélica que mais cresce no país. Apenas a revista CartaCapital, única que faz um jornalismo mais crítico, trouxe na manchete “A convulsão árabe”.
As suspeitas razões editoriais
O que explica a opção editorial destas três revistonas? Não dá para dizer que foi falta de tempo para um trabalho jornalístico mais acurado. Afinal, as explosões de revolta nesta região estratégica já ocorrem há duas semanas – tendo resultado na derrubada do presidente da Tunísia e em mega-protestos no Egito. Não dá para afirmar, também, que o assunto tem pouca relevância. O fim destas ditaduras, fantoches dos EUA e de Israel, pode alterar radicalmente a geopolítica mundial. O possível declínio da hegemonia ianque fortaleceria movimentos de independência nacional e de integração regional. Numa região rica em petróleo e conflagrada, a conquista da democracia resultaria em governos menos submissos aos EUA.
Defesa das ditaduras “pró-ocidente”
O que explica, então, esta comida de bola editorial? No caso da revista Veja, ela não vacila em confessar sua opção. Em matéria nas páginas internas, alerta para o perigo da vitória dos “grupos radicais islâmicos”, num discurso típico do Departamento de Estado dos EUA. Teme o fortalecimento do “eixo do mal”. Na prática, a famiglia Civita prefere as ditaduras árabes “pró-ocidente”, do que as revoltas populares por democracia. No que se refere às outras duas revistas, as razões não foram explicitadas. Há episódios, no entanto, que devem causar calafrios em toda a mídia hegemônica. Na Tunísia, um dos primeiros alvos dos manifestantes foi o prédio da maior emissora privada de televisão do país, que sempre fez o jogo sujo da ditadura local.
Em toda esta onda de protestos no mundo árabe, as redes sociais superaram a velha mídia na mobilização da sociedade. A “revolução do jasmim” na Tunísia já foi apelidada, erroneamente, de revolução da internet. No Egito, o ditador Mubarak ainda tenta se safar censurando a internet e os celulares. Estes e outros fatores talvez expliquem porque as revistonas preferiram minimizar a explosão popular na região.
Já imaginaram se os protestos tivessem acontecido na Venezuela ou em Cuba?
É por isso que se deve privilegiar a leitura da Carta Capital, do Mino Carta, por sinal, responsável pelos anos de credibilidade da VEJA.
Além disso, é preciso que se denuncie e tente reverter a situação da CC ser distribuida por empresa ligada às concorrentes por isso só chegar em Belém dois dias depois dessas.
Como diz um amigo que tenho, Gerson, “Deus o livre!”. Seria, caso fosse nos países em que mencionas no teu comentário, e também no Irã ou na China, “a luta pela conquista da liberdade” – já perceberam que, mesmo sendo conveniente e de acordo com as posturas ideológicas da grande imprensa ela quase sempre omite o caráter e a palavra “popular” de muitas manifestações? -, pela “volta da demcracia” e da “liberdade de expressão”.
Muitos jornalistas hoje se acham jornalistas-celebridades e intelectuais. Só procuram notícas que são badaladas, que atendem os interesses das classes B, A e intelectuais. O norte da África e a maioria dos países do Oriente Médio estão longe de serem badalados. As revistas Época, Veja e Isto É mostram claramente esta tendência. Isso infelizmente está acontecendo. Exemplo de jornalistas pseudointelectuais e celebridades: Cezar Tralli, William Bonner, Carlos Nascimento, William Waac (escrevi certo?), Pedro Bial… são tantos. Se fosse em outras épocas em que a fama não lhes subia a cabeça, estavam lá fazendo coberturas dos acontecimentos.
Gerson estas revistas sempre foram defendoras dos grandes poderes politicos no Brasil (PSDB), elas são feitas para agradar a elite que não tem responsabilidade social com ninguém. Sempre desperdiçando papel com noticias bobas, se fosse contra o PT ou a DIlma ai sim vc veria o estardalhaço que seria.
Velha ou nova, a midia flutua ao sabor de interesses , vários. A mídia tem fascinio pelo culto à celebridade. Pouco existe de interesse público na maioria do noticiário e sim a exploração do fáto quando da retorno ao veículo. Sou do ramo e estou dando a cara para baterem.
Concordo Tavernard a imprensa é uma empresa com fins lucrativos
Justo comentário, a imprensa segue pelo faro, sem faro não sobrevive.
As terras santas sempre foram as mais conflitantes das nações. Quais as razões para isso? Alguém sabe responder. Boa oportunidade para os ferrenhos pastores.