Valencianas

Por Flávio Gomes

Muito bonita e emocionante a vitória de Barrichello em Valência. Na verdade, bonita porque emocionante, se é que vocês me entendem. A corrida em si foi bem chata, como fora a do ano passado nesse circuito que tem forma, mas não conteúdo.

Tecnicamente falando, a melhor parte da prova foram as voltas de Rubens antes do segundo pit stop. Impecáveis, que lhe dariam a chance de brigar pela vitória (seria difícil conseguir) mesmo se a McLaren não tivesse atirado a corrida de Hamilton pela janela, ao se atrapalhar no pit stop. Coisa rara: para a McLaren, um erro desses, e para Barrichello, uma sorte dessas.

O brasileiro aproveitou. E conquistou a 100ª vitória de um piloto do país na F-1. Está em boas mãos, a marca histórica. Rubens é um sobrevivente, um cara batalhador, que pode não ser brilhante, fenomenal, mas tem seu nome assegurado na história da categoria pela longevidade e por algumas atuações dignas de lembrança de todos que gostam de corridas.

No rádio, Ross Brawn lhe deu os parabéns e lembrou “os velhos tempos” de Ferrari. Isso deve ter emocionado Barrichello mais ainda, porque ele sabe que a longa carreira está chegando ao fim, e os tempos tendem a ser, mesmo, cada vez mais velhos. É legal ter uma trajetória escrita, construída com sangue, suor e lágrimas. Essa vitória de hoje pode até ser interpretada como um belo ponto final de uma carreira honesta, embora cheia de altos e baixos.

Mas ainda faltam algumas corridas, e talvez esse ponto final possa ser outro. A diferença de pontos entre Rubens e Button, que fez uma corrida medíocre, caiu para 18 pontos. É bastante, ainda, considerando que mesmo não andando nada, Jenson tem condições de administrar a vantagem. E a lógica do campeonato, até o fim, indica que a Brawn não vai lutar por vitórias com a mesma facilidade que teve no começo do ano. A McLaren está muito na briga, e a Red Bull, em condições normais, também. Até a Ferrari, com Kimi, anda colocando o pescocinho para fora do engradado.

Em resumo: a chance de título para o brasileiro é pequena, e Button segue sendo o favorito, mais pelo que fez na primeira metade do campeonato do que pelo que não está fazendo ultimamente. E ele, Button, ganha cada vez mais aliados, gente capaz de tirar pontos de seus adversários enquanto ele soma os seus.

5 comentários em “Valencianas

  1. Olha Gerson sinceramente acho que você e alguns outros caras sempre pegaram pesado demais com o Barrichello o texto é otimo. Rubens realmente nunca foi brilhante, mas está longe de ser o piloto mediocre que muitos querem mostrar, ele carregou por anos um fardo pesado demais ( e por inexperiencia ou ingenuidade ele embarcou nessa furada) o de ser o substituto de Airton Sena esse sim um piloto brilhante, pode-se questionar as atitudes de Rubens durante a carreira, mas o seu talento jamais.

    1. J.,
      Claro que eu às vezes pego pesado, mas não é diretamente com a pessoa do Barrica, mas com o personagem – formatado pela Globo e abraçado, com toda força, pelo próprio Ás da Mooca. Além do mais, o sarro é todo em cima do oba-oba, tão brasileiro, nas horas das vitórias. Óbvio que é um sujeito esforçado, disciplinado, que batalha de fato. Mas é mediano, um Patrese melhorado, um Berger… Não tem aquela chispa de talento que caracteriza os grandes (Piquet, Senna, Schumacher…). O chato é que o tempo todo, por falta de humildade, Barrica se compara a eles, o que é despropositado. Por isso, leva tanto xaveco. Pra você ter uma idéia, já saiu falando bobagem depois da vitória, dizendo que venceu pela poder da mente… Éguaaa…

  2. Eu continuo achando que naturamente ele tinha que ganhar umazinha né ?

    Só não sei quando ele se colocará na condição de favorito para vencer outra vez.

    Acho que o torcedor Brasileiro (incluo aí o Reginaldo Leme …rsrsrs…), compreendem mais a mim (…rsrsrs…) do que os anseios do próprio Barrichello.

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