Por Danilo Couto
Li sua coluna sobre a comemoração dos gols de Kaká e fiquei um tanto surpreso. Em relação ao uso da camisa com frases de efeito, sejam elas quais forem, até me resguardo e assino embaixo, pois como o próprio Iarley (ex-ídolo do Papão) comentou em um programa de rede nacional, na Argentina (no Boca, precisamente), é extritamente proibida a comemoração de gol tirando a camisa. Caso isso seja desobedecido pelo grupo, geram graves consequências. Da mesma forma em clubes como Real, Flamengo, São Paulo, Íbis etc… A comemoração do gol, retirando seu instrumento de trabalho (a camisa oficial com patrocinadores), realmente não pega bem mesmo. Seria como se você aí nos corredores da RBA saísse pulando e tirando sua camisa de manga comprida, por conta da aceitação e sucesso como sempre da sua coluna quase todos os dias neste jornal).
Agora, em relação ao próprio Kaká comemorar seus gols, olhar para o Céu e proferir palavras que nem mesmo a tecnologia avançadíssima das câmeras consegue registrar, aí não. Pára porque já é demais!
Isso não tem nada a ver com religião. Ele simplesmente reconhece naquele momento (apontar para o céu) que o seu sucesso é atribuído a Jesus (realmente não vejo nada demais nisso). Lhe garanto que o sucesso dele provém desse reconhecimento, pois é temente a Deus. Quem sabe, inclusive, se tantos e tantos outros que fazem gols, ao invés de saírem estufando e batendo no peito, dizendo: “Eu sou f…”, simplesmente repetissem o gesto de Kaká talvez não fossem bem mais sucedidos em suas carreiras. Não encaro isso como marketing pessoal ou proselitismo, mas sim reconhecimento. Daí a receita do seu sucesso. Acredito que, por conta do estilo de vida que leva, certamente ele (Kaká) jogará em grande nível ainda por muitos e muitos anos e encerrará a carreira no seu auge. Pode apostar!
Danilo,
Em nenhum momento, o texto faz referência às preces e gestos de contrição, que o Kaká normalmente faz em campo. Falei exclusivamente do contrato minucioso que o Real obriga a moçada a assinar, evitando constrangimentos futuros. No fundo, cada um tem o direito de cultuar suas crenças e até propagá-las, mas existe hora e lugar. Por exemplo, nas empresas e repartições o proselitismo religioso não é recomendável, até porque pode constranger colegas – e já vi isso acontecer. Ainda quanto aos gestos em campo, a crítica se justifica pelos excessos que todos conhecemos. Lembra do Marcelinho Carioca beijando a bola, elevando as mãos para o céu, revirando os olhinhos e depois baixando o cacete nos companheiros de profissão, cuspindo em árbitros? Pois é. Há também o incrível caso do Edilson Pereira de Carvalho, que fazia uma verdadeira novena antes de dar início às partidas – o cara tirava uma santinha do bolso, beijava, benzia-se todo e erguia as mãos aos céus. Lembra disso? São os exageros que merecem controle, mas jamais quis desmerecer a fé das pessoas e suas opções espirituais. Também sou temente a Deus, católico (meio relaxado), mas não me sinto impelido a ficar catequizando ninguém ou patrulhando ninguém. Jogadores famosos como Kaká, que se transformaram em fenômenos de mídia, precisam avaliar com responsabilidade o peso de seus gestos e atitudes – como se associar a uma igreja cujos donos estão sob denúncias fortíssimas de maracutaias e golpes.
Também possuo uma posição bem clara quanto a isso. Já passou da hora desse tipo de proselitismo em um terreno bem delicado como esse da religiosidade de cada um. Temo que daqui a algum tempo começe a haver reserva de mercado e discriminação em escalações onde jogadores rebeldes, sem religião, baladeiros, mas craques comecem a ser preteridos em defesa de um bom mocismo que pode até nem ser hipócrita (que é o caso do Kaká diante de sua reconhecida postura religiosa, sincera e até louvável), mas que pode gerar formas sutis de discriminações. Nem santos, nem bíblias. O futebol é um lugar profano, laico, de competição saudável e que não pode servir de púlpito a ninguém, nem de combate à religiosidade de outrem. A melhor foma de evangelizar é atuar nas torcidas organizadas e em outros setores complementares ao futebol. Não na praça, na arena, no espaço do espetáculo para o fim destinado à competição. Agradecer a Deus ou não, é uma atitude individual de cada jogador por gol marcado e vitória obtida, mas o cristianismo também ensina a humildade e o respeito (o amor no sentido “ágape” paulino) ao outro. A religião não deve servir de lição de moral e bons costumes a ninguém, muito menos à imposição de padrões excludentes em qualquer nível profissional. Por isso, respeitando todas as tradições religiosas, o bom senso sempre deve pautar esse tipo de relação, antes que caiamos na tentação do sagrado na definição do que é certo ou errado. O risco para a evolução da tirania é um passo…
Danilo,
Parabéns pelo comentário, é isso mesmo, o Kaká assim como outros, querem apenas expressar a gratidão e reconhecimento a DEUS, pois é ELE quem os capacita para realizar o que de melhor sabem fazer. Agora, é notório que alguns fazem isso para auto se promover, para passar a idéia de “bom moço”. Em todo lugar e qualquer segmento da vida, há sempre muitos bons exemplos e uma minoria de mau caráter.
Danilo, só um adendo em sua postagem que vc fez corretamente. Não é a Argentina que proíbe e sim a FIFA, pois a maior autoridade em futebol informa que se um jogador levantar a camisa levará amarelo antes do reinicio de jogo…
Gerson, vc precisa acompanhar e desde já sinta-se convidado, a assistir jogo de pelada na grande Belem antes do seu inicio. Jogadores de um lado oram o Painosso e adversarios de outro a salve rainha….qndo começa a partida é uma saraivada de palavrao que ..bom deixa pra lá…
1 abraço
Edmundo Neves
Edmundo,
Vc tá correto quando diz que isso é uma proibição da FIFA, porém no clube Boca Junior da Argentina, os atletas são multados quando adotam essa prática, segundo declarações do atleta Yarlei em programa na Gazeta Esportiva.
Perfeito PB, quem sabe no Real Madrid não seja assim tambem neh verdade ? é o que se espera de um clube profissional, parecido alguns da terrinha…rsrs..
1 abraço pra vc …
Edmundo Neves
Jogadores famosos como Kaká, que se transformaram em fenômenos de mídia, precisam avaliar com responsabilidade o peso de seus gestos e atitudes – como se associar a uma igreja cujos donos estão sob denúncias…
Gerson,
Quando procuramos uma igreja para se “associar” como vc fala, fazemos isso como único propósito de adorar e cultuar a DEUS, pois só ELE é digno de toda Honra, Glória e Poder. Agora, cada um vai prestar contas individualmente com o SENHOR de tudo aquilo que fazemos nesta terra.
Longe de mim querer ser juíz nesta causa, apenas minha opinião e procuro me posicionar desta maneira. Que nós possamos nos mirar em Cristo Jesus, porque nós simples mortais somos falhos.
Realmente, Paulo. Não creio que tenha havido má intenção do Kaká em buscar a igreja do bispo Hernandes, pois não tinha como adivinhar. Acho até admirável que ele se posicione em defesa dos bispos, mas vejo com preocupação o ativismo exagerado que ele vinha praticando – contido agora por força de contrato.
O respeito aos que não crêem também deve ser considerado, afinal, tolerância se exige de todos: deístas e ateus.
A pergunta que não quer calar: Se o sujeito for adorador do Capeta (ele tem direito, não?!)… E saísse fazendo gestos louvando seu “senhor”, apareceriam tantos defensores?… Gente, fé é questão individual e religião é foro íntimo. Kaka é um grande craque de bola pela sua habilidade, mas certamente escreve pior do Gerson, entende menos de energia elétrica do que eu, e nem é “filho de Deus” mais do que ninguém (até porque a líder daquela igreja freqüentada por ele é uma pilantrona). Nenhuma religião precisa de garoto-propaganda. Deus muito menos.
Soeiro, desculpa o desvio, mas você é filho ou parente do saudoso Soeiro, falecido em 2007?
estes neo pentecostais, essa turma destas igrejas da auto-prosperidade e dane-se o resto perceberam como poucos o poder da midia, o poder oportunista da visiblidade, mesmo que se apropriando de espaços de outras empresas ou pessoas. Outro dia entrei numa oficina de veiculos e naquele calor de matar, o dono evangélico, não coloca ventiladores para amenizar o sofrimento dos trabalhadores, mas o som fica tocando sem parar a música envagélica. Esse é um bom exemplo deste tipo de fiel, são seguidores de um outro Deus, um outro Jesus Cristo, não aquele que fala em amai-vos uns aos outros como eu os amo. É um Deus do paraiso na terra, na conta bancária, do salve-se quem poder.
Cássio, éramos primos. Jogamos muita bola juntos…
A VERDADE É DEUS E DEUS É A VERDADE.
Sérgio, de longe já o reconheço como homem de caráter, ético e honesto, considerando os valores que o velho Soeiro apregoava. Ele foi um exemplo para muitas gerações e marcou com orgulho o nome de vocês. Abs.
Pôxa, Cássio!… Nem sei como agradecer esses elogios. O velho deixou saudades em todos nós… Fico envaidecido e desde já saiba que você fez um amigo. Obrigado, mesmo!
Náo precisa agradcer, Soeiro. É um reconhecimento justo ao que seu primo representou para todos nós. Abs.