Papão com as mãos na taça

Vencer as armadilhas da acomodação é o maior dos desafios do Paissandu, hoje, na partida final do campeonato. Depois de golear o S. Raimundo por 6 a 1 no primeiro jogo, seria mais do que normal que a equipe se deitasse nos louros da vitória e encarasse o confronto de hoje como simples amistoso. Como se sabe, futebol não funciona exatamente assim.

Com a ampla vantagem estabelecida, o Paissandu obviamente entra com toda a tranqüilidade necessária para fazer da partida uma agradável coroação de toda a bela campanha no campeonato estadual. O torcedor certamente estará contando com isso, mas os jogadores sabem que a bola pune, como prega o filósofo tricolor Muricy Ramalho.

Não é possível encarar um adversário valoroso e qualificado como o S. Raimundo esperando facilidades ou fraquezas. A goleada acachapante da primeira partida não pode ser vista como parâmetro, pois é um daqueles escores anormais, produtos de uma conjunção especial de fatores. Por isso mesmo, dificilmente se repetirá.

Durante a semana, a preocupação clara da comissão técnica do Paissandu foi justamente com o clima de oba-oba. Decisão é decisão e deve ser levada a sério mesmo quando há uma confortável diferença no saldo de gols. Essa noção consciente dos caminhos da bola faz com que o treinador Edson Gaúcho sinalize para a repetição da escalação inicial do primeiro jogo.

A única alteração cogitada é o retorno do meia Rossini, que cumpriu suspensão automática no domingo passado. Nesse caso, Paulo de Tarso Alex Sandro pode perder vaga no meio-campo, mas a dupla Mael-Dadá será mantida. Quanto a Vélber, que ainda se recupera de lesão grave, talvez entre no final, apenas para participar do encerramento da campanha. 

 

Mais importante que o placar final de hoje será a coroação de um projeto cuidadosamente elaborado pelos dirigentes do Paissandu, cujo primeiro item era a reconquista da hegemonia estadual. A partir de amanhã, o foco passa a ser a campanha na Série C, em busca de um título que o rival já conquistou, em 2005.

 

Do lado santareno, Valter Lima dedicou os últimos dias a uma tarefa específica: incutir em seus comandados a importância de provar que o desastre de domingo passado foi exatamente isso – um acidente de percurso. Para limpar a imagem e fazer justiça à excelente campanha do S. Raimundo, será necessário jogar muito, sem a apatia mostrada principalmente naquele primeiro tempo do jogo inicial.

Recomposto, o Pantera terá que reeditar o futebol envolvente, de passes curtos e aproximação de setores, que tanto sucesso fez ao longo da competição. De surpreendente, a barração de João Pedro, substituído por Maurian. Cauteloso, como não poderia ser diferente, depois de um massacre de 6 a 1, a equipe deve ter Hélcio isolado no ataque, contando com o eventual apoio de Michel e demais meio-campistas. 

(Coluna publicada no caderno Bola/DIÁRIO, deste sábado, 09/05)

Deixe uma resposta