Do Folhaonline:
Um protesto pela renúncia do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Gilmar Mendes, reuniu cerca de 300 pessoas em frente à sede da Suprema Corte, na Praça dos Três Poderes, em Brasília (DF), ontem à noite.
O movimento afirma que a postura de Mendes no comando da Corte não representa o significado de Justiça. Argumentam que o presidente do STF atua a favor dos ricos, como na concessão do habeas corpus em favor do banqueiro Daniel Dantas, do grupo Opportunity, que foi preso durante a Operação Satiagraha, da Polícia Federal.
Quando me perguntam o que mudou em nosso país, nos últimos 25 anos, limito-me a dizer: temos apenas, como “direito máximo”, a “honra” de votarmos em alguém quando das eleições para os poderes legislativo e executivo. No mais, continuamos na mesma: elites arcaicas, com ares “modernosos”, articuladas aos poderes constituídos que atuam em prol dos seus interesses (ou, seja, o de deixar tudo como está) e tornam, num claro jogo de cena, tais interesses (muitos destes de natureza excusa e pouco louváveis) como os “interesses do país”, “da nação”, “da maioria”, “do povo”.
Gilmar Mendes, com sua cara de bonachão e “sabe-tudo” do universo jurídico, é, mesmo respaldado na lei – muito embora esta se auto-denominando guardiã do interesse público e da pessoa humana, o que não a descaracteriza como um componenete (senão o maior) do tenebroso pacto das elites que alinhei acima -, um espantalho patético que ri com desdém de nossas caras, que há tempos estão carregadas com o um certo ar blasé, sintoma da desesperança e da indiferença, e que estão marcadas pelo confronto diário com nossas mazelas.