POR GERSON NOGUEIRA

A decisão esteve aberta na primeira metade do clássico. Para espanto geral, a vantagem de três gols imposta no primeiro jogo escorreu pelo ralo antes dos 40 minutos de bola rolando. Os azulinos afrouxaram a marcação, além de errar praticamente todos os passes. Nem parecia uma decisão de campeonato. Aplicado, o PSC construiu o placar que precisava ainda no 1º tempo. A sorte do Leão mudaria num raro ataque de qualidade: Leonan acertou um belo chute e garantiu o título.
Depois de um início desastroso dos azulinos, o PSC assumiu as rédeas da decisão. Com avanços de Marlon e Marcelo Toscano, participação ativa dos meias José Aldo e Ricardinho, o time atropelava e não dava um minuto de sossego para o Remo. Além da ocupação de espaços, os jogadores esbanjavam entrega e determinação.
Empurrado pela torcida que lotava a Curuzu, o time não sossegou enquanto não alcançou o objetivo de igualar a disputa. Na luta por um objetivo que parecia improvável de atingir, o Papão mostrou que havia superado as deficiências do primeiro clássico. Ao contrário do rival, que se perdia em passes errados e lançamentos sem direção.
Aos 10 minutos, a porteira se abriu. Igor Carvalho avançou pela direita e cruzou. A bola atravessou a área e chegou a Ricardinho, que encheu o pé para abrir o placar. O gol nascido tão cedo encheu de entusiasmo e esperança o time e a torcida.
Não demorou muito e a casa azulina caiu outra vez. Aos 22’, o lateral esquerdo Patrick Brey lançou bola na área, José Aldo se antecipou aos zagueiros e tocou no melhor estilo rabo-de-arraia para ampliar a contagem.
O Remo parecia paralisado, sem forças para esboçar a mínima reação. Brenner e Bruno Alves mal pegavam na bola. Ronald, marcado em cima e com rispidez, pouco produzia. Quando ainda tentava se organizar em campo, a marcação vacilou de novo e o PSC chegou aos 3 a 0.
Aos 37’, Marlon fez um disparo em direção à área e a bola bateu no travessão de Vinícius. Um minuto depois, já sem Ricardinho (que saiu lesionado), o Papão foi à frente e Marcelo Toscano dividiu bola com o lateral Ricardo Cruz junto à linha lateral esquerda. Em seguida, cruzou para José Aldo desviar no canto esquerdo.
Tudo igual na decisão. O placar de 3 a 0 levava a disputa para a cobrança de penalidades. O Remo estava grogue, contra as cordas, mas havia um segundo tempo a disputar. Indiferente a isso, a Fiel fazia a festa nas arquibancadas, em êxtase com a resposta que o time estava dando.
Depois do intervalo, Paulo Bonamigo trocou Ronald por Lailson e Pingo por Marciel. As mudanças foram positivas. O Remo, pela primeira vez, conseguiu se organizar para sair tocando a bola. Não encaixava ataques porque a marcação sobre Brenner e Bruno Alves era muito forte.

Mas, de tanto insistir pelo lado esquerdo, as portas se abriram para o ataque remista. Em tabela curta com Marco Antônio, o lateral Leonan avançou até a intermediária do PSC e disparou um chute forte, quase no ângulo, vencendo o goleiro Thiago Coelho, aos 15 minutos.
O golaço devolvia o Remo ao jogo e, ao mesmo tempo, permitia novamente respirar com a vantagem de 4 a 3 no placar agregado. Para melhorar ainda mais a situação, aos 24’, o zagueiro Marcão agrediu Marciel e foi corretamente expulso por Raphael Claus.
Depois disso, o jogo ficou à feição para os azulinos. Bonamigo botou Felipe Gedoz em campo para tentar controlar as ações, mas o PSC já estava afoito e sem a pegada do 1º tempo. O Remo se defendeu bem e garantiu a conquista do 47º título estadual. (Fotos: Samara Miranda/Ascom CR)
Apagão na Curuzu apequena o futebol paraense
A cena foi pavorosa, digna de torneios de várzea, indigna para a importância do evento de encerramento do Campeonato Paraense. No momento em que a taça seria entregue ao capitão azulino Marlon, as luzes do estádio da Curuzu foram apagadas. A cena revoltou jogadores e dirigentes do Remo, além de constranger as autoridades presentes.
Em meio à celebração pelo fim de um campeonato marcado por tantos problemas, eis que a atitude antidesportiva por parte da diretoria do PSC pôs a perder o merecido festejo por parte dos campeões estaduais.

Além do apagão, os jogadores e a comissão técnica do Papão não apareceram para receber suas medalhas pelo vice-campeonato, em nova demonstração de incivilidade e desrespeito com os adversários.
A presidente interina da FPF, Graciete Maués, deplorou a atitude do PSC. “Lamento profundamente que os refletores tenham sido apagados. O Campeonato poderia ter terminado de uma forma melhor. No futebol, só há um vencedor e um derrotado. E é preciso entender isso”, ensinou.
Os refletores permaneceram desligados durante toda a cerimônia de entrega da taça e os jogadores do Remo fizeram a festa utilizando as lanternas dos aparelhos celulares para driblar o apagão – de luzes e ideias.
Uma roda de conversa sobre o Botafogo
A Torcida Botafogo Belém promove hoje, às 18h, um bate-papo informal com o historiador e desportista Luís Felipe Carneiro sobre o processo de revitalização do complexo de General Severiano, no Rio de Janeiro, patrimônio histórico do Glorioso. Todos os alvinegros da cidade estão convidados a prestigiar o encontro, que vai ocorrer na sede da TBB, à rua Almirante Wandenkolk, nº 686, ao lado do Quem São Eles.
(Coluna publicada na edição do Bola desta quinta-feira, 07)
Cara Gerson, bom dia
Brilhante sua análise, quase perdemos o título pela escalaçao errada do 1 tempo, Pingo muito mau no jogo, passava insegurança ao demais, Marciel, deu a tranquilidade no 2 tempo. Quanto aos refletores, lamentável isso, futebol amador. Jamais seremos grandes no futebol com essas atitudes. Pobre Futebol Paraense.
Saudações Azulinas.
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Amigo Nilton, aquele apagão foi um atestado de incivilidade. Atitude deplorável.
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Não é a primeira vez. Em 1993, o Remo ganhava aquele jogo do muro com o gol de Biro-biro de costas. Eu estava lá.
Logo depois houve um apagão, chamaram a Celpa (nunca saberemos se foi de propósito e a Celpa foi chamada para despistar), com isso, o portão aberto para a entrada do veículo da Celpa, permitiu-se a entrada de uma avalanche de torcedores que acompanhavam pelo rádio e que estavam nas imediações. Resultado, depois de um chute de Tarcísio no pau direito da trave que dá para o Chaco, o muro caiu e o árbitro – corretamente – paralisou o jogo, aliás bem diferente do Manoel Serapião Filho, naquele jogo contra o ABC, dois anos antes, quando o escore favorecia à equipe listrada.
Resultado que o jogo foi cancelado e realizado outro no domingo seguinte no Mangueirão. Não adiantou: 1 a 0, gol de Agnaldo de cabeça.
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Serapião, vulgo Serapapão.
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